Wanted Dead Or Alive escrita por ALima


Capítulo 8
Capítulo 7 - Máscaras


Notas iniciais do capítulo

Bon Giorno, mafiosos. Desculpem-me a demora na postagem. Espero que esse capítulo possa presenteá-los nessa semana triste pós-semana do saco cheio.
Divirtam-se.



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- E então, o que acha? – perguntou Stefano, saindo do quarto enorme da cobertura de Sr. Felippe. Stefano vestia uma camisa social azul, calça jeans azul escura, sapatos sociais e um blazer. Seu cabelo desgrenhado loiro, deu lugar pra um cabelo preto cuidadosamente penteado para trás, pintado com um tonalizante, o qual ele teria que retocar. A barba fora feita, e agora ele usava óculos de grau. Felippe, sentado na sala bebendo uma xícara de café, ficou surpreso. Muito surpreso. O jovem parecia completamente irreconhecível. Bem diferente daquele jornalista descuidado com roupas fajutas e velhas.

- Fantástico, Stefano. Nem eu imaginava que pudesse ficar tão bom assim. Agora vamos, que temos alguns documentos para fazer. –disse o chefe, se levantando.

- Vamos.

Stefano estava mortalmente aterrorizado. Um frio lhe percorreu a espinha. E se tudo desse errado? E se os mafiosos não acreditassem nele? E se descobrissem sua verdadeira identidade? Inutilmente, tentou afastar esses pensamentos, tentando se concentrar em sua real matéria. Seguiu Sr. Felippe, enquanto esse ficava tagarelando o tempo todo. Stefano tentou se concentrar, mas não conseguia muito bem. Finalmente chegaram ao endereço. Um sobrado luxuoso num bairro nobre de Palermo. Logo a frente, Stefano podia ver a praia quase deserta, as ondas em seu vai e vem habitual. Saiu de seu torpor e acompanhou o chefe, que já estava fora do carro. Foram recebidos por um senhor de meia idade, de baixa estatura e meio calvo. Sr. Fiello, como se apresentara.

- Bon Giorno, homens. Luis Felippe Bergamo, achei que tivesse morrido! Você desapareceu, cara! –ele disse, cumprimentando o chefe.  – E você deve ser Stefano Borelli. Prazer.

- O prazer é meu. –disse Stefano tentando soar educado.

- Acompanhem-me até meu escritório. –disse o homem gesticulando.

O escritório era quase tão refinado quanto a casa. Tinha estilo clássico romano e várias obras de arte. Stefano e o chefe assentaram-se em um sofá perto da janela, enquanto sr. Fiello tomou lugar numa poltrona confortável de frente pra eles. Uma senhora empregada serviu-lhes café e depois bateu a porta atrás de si.

- Vamos ao assunto. Conseguiu a identidade falsa para mim? –perguntou o chefe.

- Claro. Você irá interpretar Franco Lizzeti, filho de Francesco Lizzeti, que morreu há alguns anos atrás. Ele tinha ligação com Daniel Belucci na adolescência, e posteriormente com a Cosa Nostra, mas não pôde se filiar pois fez faculdade nos Estados Unidos e enfim, formou família e não quis se envolver. Mas é muito amigo de Daniel. Quem você vai interpretar, existiu de fato, mas foi morto há quinze anos, numa estação de esqui em Aspen. Não identificaram o corpo, então não foi considerado morto. Você vai aparecer lá mostrando uma carta supostamente deixada pelo seu pai, que pede que você entre na Cosa Nostra. Agora, vamos tirar as fotos pra identidade, e passaporte. Ele apontou pra uma parede branca no fundo da sala, onde tinha um banquinho. Stefano caminhou e se sentou lá, as mãos suando loucamente, o coração acelerado. Jamais pensara que iria se envolver com esse tipo de coisa ilegal. Talvez estivesse mesmo indo longe demais. Pensou em ligar pra Diana depois disso tudo.

Sr. Fiello estava logo à frente, posicionando a câmera um tripé, e depois pedindo para Stefano se arrumar pra foto ser tirada.

Alguns flashes depois, Stefano meio zonzo, e Sr. Felippe, sorridente, sairam da casa. Stefano  foi deixado em casa para tirar o disfarçe. Iria  no trabalho somente no dia seguinte. Depois estava liberado para trabalhar em casa e cumprir seu disfarçe em tempo integral. Assim que fechou a porta de seu pequeno apartamento, Stefano se jogou em sua cama. Ficou lá, deitado por  um bom tempo apenas pensando sobre tudo o que estava fazendo. Será que valia realmente a pena? Se arriscar tanto, se meter em tanta coisa só por isso? Por ela? Pela carreira e reconhecimento? Agora era tarde demais. Estava envolvido até o último fio de cabelo, e não desistiria. Não agora. Não tão perto. Decidiu que precisava de uma distração. Pegou uma cerveja na geladeira, e ligou pra Diana. Caixa postal.

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-... cento e quarenta e oito, cento e quarenta e nove, cento e cinquenta. Terminamos. –disse Alicia ofegante. Ela e Giovanni estavam no galpão da máfia treinando. Alicia agradeceu profundamente quando o magricela a chamara para treinar, não aguentava mais ficar em casa, deixando sua mente se sucumbir à ideias malucas sobre o que estava acontecendo por trás de suas costas. Além do mais, precisava treinar.

- Ufa. Cento e cinquenta abdominais. Jamais pensei que eu conseguirira! –comentou Giovanni.

- Parabéns. Já evoluiu bastante. Hey, vamos almoçar. São quase duas da tarde.

- Ok. Café Italian? –ele perguntou enquanto enxugava o rosto com uma toalha.

- Não. Eu pensei... Faz tanto tempo que eu não cozinho... Podia preparar algo pra gente. –ela comentou animada.

- Quem é você e o que fez com a Alicia? –perguntou estupefato.

- Não é pra tanto. Eu sou uma boa cozinheira. Isso não significa que eu goste de cozinhar. Vamos, tenho que passar no supermercado.

- E quem foi que ensinou você a cozinhar?

- Sra. Cunha. Nós passávamos muito tempo juntas, enquanto os homens estavam trabalhando. Ela tinha mãos de fada pra cozinhar. Eu acabei aprendendo.

- Ta aí um lado seu que eu jamais poderia imaginar. Cozinheira...

- Cala a boca, senão eu vou mandar você fazer mais 100 flexões. –ela disse rindo.

Os dois sairam do galpão conversando e rindo, coisa que Alicia quase mais não lembrava de ter feito. Ela decidiu que gostava da amizade de Giovanni, e que podia confiar nele.

Duas horas depois, Alicia tinha terminado de cozinhar. Tinha feito um típico risoto e uma mousse de limão para a sobremesa. Abriu um bom vinho de seu estoque, e preparou tudo. Giovanni olhava tudo estupefato. Jamais em sua breve existência imaginaria que Alicia cozinhava. Nem que ela alguma dia o chamaria para comer com ela. Isso sim era novidade. Viu então, que não estava errado quando viu que dentro da Máfia, Alicia era o que mais se aproximava de uma amiga. Não podia mais ficar calado enquanto via o mundo ruir em torno dela. Uma refeição e algumas taças de vinho depois, ele resolveu falar.

- Alicia, não sei o quanto estou errando, nem se vou morrer, mas não posso deixar de te contar uma coisa. –ele começou, desajeitado.

- Uou. O que aconteceu? –ela perguntou assustada.

- Bom, semana passada, tivemos uma reunião...

- Fala rápido. Sem rodeios.

- Eles... Eles vão votar se vão te matar ou não. É isso. Receberam umas fotos de você matando o Francesco e ameaçaram mandar pra imprensa.  –ele disse num fôlego só.

- É por isso... –ela disse baixinho. Um turbilhão de coisas passou pela sua cabeça no momento e de repente, a comida não tinha lhe caido tão bem. Toda essa ideia de morrer, ser considerada uma traidora e... Ela não estava mais em si. Sua visão se tornou embaçada e escura.

- Alicia! Você tá bem? –Giovanni perguntou preocupado. Mas Alicia não respondia. O mundo girava ao seu redor. – Alicia, Alicia! –ele dizia, mas nada dela responder. Um milhão de coisas passava por sua cabeça, mas ela não sabia o que dizer. Sentia como se o mundo tivesse resolvido desmoronar a seu redor. Como se a vida que ela vivia fosse uma mentira, apenas uma metáfora, e que ninguém no mundo nunca poderia entendê-la ou fazer com que ela se sentisse normal. Então, com a mesma rapidez que veio, a crise passou. Ela piscou os olhos e pôde sentir as lágrimas quentes atravessarem seu rosto.

- Giovanni... –ela chamou meio grogue. – Me leve pro meu quarto. Preciso de um banho. E não vá embora.

Ele meneou a cabeça, e segurando-a, levou-a ao quarto. Ela foi para o banheiro, abriu o chuveiro e deixou a água quente demais fritar-lhe os miolos. Finalmente, voltou à sã consciência. A ideia de morrer, alguns instantes atrás, não parecia tão ruim. Mas ela tinha muito amor à vida pra deixar isso acontecer. Resolveu que precisava de um plano. Precisava fugir, adotar uma nova identidade e viver uma nova vida. Fechou o chuveiro, enrolou-se um roupão de banho e saiu de lá, novinha em folha.

- Giovanni, jamais me esquecerei disso que fez por mim. Me desculpe ter o julgado no começo. Você é a única pessoa que eu realmente tenho como amigo. Conte comigo, ou com o que restar de mim, pra qualquer coisa que acontecer. –ela disse sinceramente.

- Que isso, Alicia. Eu só não podia ver tudo isso acontecer sem te contar, sem ver você com algum direito à vida. E você não teria nenhum, confie em mim. Vi como os caras falaram de você na reunião. Sou ator, aprendi a conhecer as emoções mais profundas das pessoas, porque sempre fui fascinado por psicanálise e psicologia. Sei que você não é má, uma serial killer ou assassina a sangue frio. Você é o que é porque foi criada assim, moldada assim.

Enquanto Giovanni falava-lhe tudo aquilo, ela viu como ele, mais do que ninguém, entendia o que ela vivia. Ele sim era seu amigo.

- Obrigada novamente. Bom, estou pensando em sair daqui, fugir, ir viver uma nova vida, mas não posso deixar com que você se arrisque. Vou providenciar tudo pra você também, e se algo der errado, poderá ter uma chance também.

- O que você quiser, mestre. –ele disse, com humor.

- Chega disso. É melhor você ir, antes que fique suspeito. Vou ajeitar as coisas por aqui. Addio, Giovanni.

- Addio.

E ele saiu, deixando Alicia novamente sozinha, mas não presa em seu torpor habitual. Foi logo montando sua estratégia e colocando-a em prática. Ela não costuma brincar em serviço.


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Notas finais do capítulo

E então? o que acharam? Até semana que vem, ou nessa mesmo, queridos.