Wanted Dead Or Alive escrita por ALima


Capítulo 11
Capítulo 10 - Fuga do mundo


Notas iniciais do capítulo

Está aqui mais um capítulo emocionante... Espero que gostem. Até semana que vem. Não morram, ok? shausha



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As ondas balançavam movimentando o barco. O dia apenas amanhecia na agitada Palermo e o sol pintava os grandes edifícios de laranja. A cidade estava acordando. As pessoas iam para o trabalho, as crianças pra escola, algumas outras estavam na praia pensando na vida. Alicia deixava que a leve brisa da manhã balançasse seus cabelos negros, e tão diferentes de antes. Tudo tinha mudado. O bronzeado recém-adquirido de sua pele brilhava com o sol, e ela só conseguia olhar para o horizonte, enquanto Giovanni tagarelava como um louco do seu lado. Ela sentiu as lágrimas se formarem no seu rosto, e mal conseguiu impedi-las. Foi nessa hora que Giovanni calou-se e tentou consolar a amiga.

- Jamais achei que iria ver isso na vida. Alicia, aquela Alicia toda durona chorando aqui na minha frente. – ele brincou, abraçando-a.
- Cala a boca, idiota. Eu só... Eu não pude segurar isso, foi automático. Deixar tudo isso pra trás, pensar que minha família me quer morta, tudo em que eu sempre confiei simplesmente sumiu. Não tinha chorado ainda. No geral, estava ocupada demais arrumando as coisas da fuga, ou bêbada demais assistindo filmes de ação na tevê.
- Era só brincadeira. Eu te entendo, Alicia. Também estou triste por deixar tudo pra trás, mas ah, quer saber, talvez seja melhor. Meu pai não vai ficar me chamando de gay só porque eu gosto de ser ator. Estou livre, finalmente livre!

Nesse momento, ouviu-se um apito. Uma fumaça densa era solta. Sinal de que o navio estava partindo. Alguns homens mandavam beijos e diziam “eu te amo” pra suas esposas que estavam lá embaixo com as crianças. Outras pessoas estavam sentadas ouvindo música ou lendo um livro. Alicia e Giovanni ainda estavam no convés, olhando pra imensidão do mar. O navio começou a se movimentar, e com ele tudo ia embora. Esse foi o adeus. Seria o último?

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Aquela manhã parecia não ter fim para Stefano. Ele estava impacientemente fumando cigarros e escrevendo seu artigo, esperando também alguma ligação de Giovanni para Alicia, mas não havia nenhuma. Nenhuma. E isso já estava dando-lhe nos nervos. Talvez eles já tivessem ido. Talvez os mafiosos foram mais rápidos e assassinaram os dois, talvez... Ah, chega de “talvezes”. Ele trocou de roupa, deu uma ajeitada no cabelo e saiu. Foi primeiro ao porto e perguntou se alguma embarcação pra Mondragone tinha saído naquele dia. A resposta foi positiva. Então Alicia poderia ter ido embora naquela manhã. Ou não.
Então, pela primeira vez na vida, ele percebeu que talvez estivesse realmente obcecado com aquela história toda. Foi à biblioteca pegar um livro pra ler. Sentou-se num banco na praça perto de sua casa e passou a tarde entretido com seu “Juízo final”, obra de Sidney Sheldon, um de seus autores favoritos.
 Do outro lado da rua, Diana andava de volta pra casa, quando viu o rapaz. De começo, ela não conseguiu reconhece-lo, afinal estava muito mudado com aqueles óculos de grau e o cabelo antes tão loiro, agora quase negro. Mas aquele anel, aquele que ela lhe dera dois anos antes, o símbolo da amizade dos dois, ele não deixava que ela se enganasse, só podia ser Stefano. E também, quando você conhece uma pessoa tão bem quanto os dois se conheciam, ela seria capaz de reconhecê-lo até vestido de mulher.

- Stefano. – ela gritou. Ele não olhou de tão entretido que estava. Ela foi atravessando a rua correndo, o cabelo loiro claro se movendo com o vento, aquele velho estilo moleca de ser.  – Stefano. – ela chamou de novo.
- Diana? O que você faz aqui? – ele perguntou assustado, fechando o livro com força. Como ela o reconhecera? Ele se perguntou. Logo chegou a conclusão de que a única pessoa nesse mundo que o reconheceria assim seria Diana. Sorriu pra ela meio de canto.
- Não sei... Eu estava voltando pra casa e simplesmente te vi. Você tá bem diferente, mas mesmo assim, parece tão igual... Hey posso me sentar? – ela pediu.
- Claro, senta aí. – disse ele tirando a mochila do banco.
- Eu estive preocupada com você. Muito preocupada. Você sumiu do escritório... O que houve?
- Eu resolvi tirar umas férias. – mentiu ele. Agora, tudo o que queria é que aquilo fosse verdade. – Eu estava muito atolado com o trabalho, você sabe...
- É eu sei bem. Mas por que toda essa mudança de visual?
- Ah, sei lá. Achei que assim talvez ficasse mais poético. – ele disse meio sem pensar.
Ela desatou a rir, aquele sorriso calmante que só ela tinha. Stefano achou que jamais ouviria aquela risada. Começou a rir também. Com certeza aquilo estava lhe fazendo bem. Ele descobriu que sentia muita falta da melhor amiga.
- Só você mesmo com essa sua história de ser poético. Só falta usar uma boina e se tornar um hipster. – ela comentou ainda rindo.
- Sugestão anotada. Quem sabe da próxima vez que você me vir... Mas então, tem alguma novidade?
- Digamos que sim... Pode soar extremamente estranho e inadequado, mas... Ah, estou tão feliz!
- Isso é o que importa. Conta logo. Você sabe como os jornalistas investigativos são curiosos.
- Ok. Bom, eu... Eu estou apaixonada. E namorando.
- Uau! Sério? Meus parabéns. Fico muito feliz por você, Diana. Quem seria o infeliz?
- Infeliz... Cala a boca, Stefano. – ela riu. – Mas, já que perguntou, essa pessoa é... Ai, como é difícil dizer... É o Luiz Felipe.
- Qual? Aquele seu vizinho chato que ficava cantando?
- Não. O nosso chefe.
- O que? – Stefano mal podia acreditar. Justo o chefe? Tinha algo muito estranho naquela história.
- É. Nós começamos a nos aproximar de uns tempos pra cá, começamos a nos apaixonar e estamos juntos.
- Não consigo acreditar. – ele murmurou.
- Por quê? Você não disse que estava feliz por mim?
- Estou sim. Desculpa, estou sendo inconveniente. Eu passei tanto tempo absorto, longe da sua vida, que nem tenho mais o direito de fazer qualquer comentário.
- Ok, vamos mudar de assunto. E seu coração? Não tem nenhuma dona ainda?
- Digamos que sim... Só que não é lá muito recíproco.
- Sério? Que triste. Eu sei como isso dói. – ela comentou. Realmente sabia, depois de tanto tempo apaixonada por Stefano sem que ele ao menos desconfiasse. Não é como se todo o amor por ele tivesse passado ainda. Ela sempre iria amá-lo.
- É horrível.
Nesse momento, o celular dela tocou. Era Luiz. Ele iria levá-la pra jantar. Ela se despediu rapidamente de Stefano, e saiu correndo pelas ruas, o solado das botas surradas batendo no cimento.

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Luiz Felipe ajeitava o cabelo olhando seu reflexo no espelho. Não podia deixar de sorrir pra si mesmo, satisfeito. Não quando tudo estava dando certo. Seu celular tocou de repente, ele foi atender. Era seu informante.

- Buonanotte. – disse a pessoa do outro lado. – Tenho ótimas notícias. A reunião é hoje e não tem como a Alicia sair imune dessa. Se o tio e o conselheiro votarem por não matarem-na podem perder sua credibilidade e até mesmo seu cargo. Todos os votos serão positivos pela morte dela, eu te garanto. Em menos de vinte e quatro horas, ela terá se tornado um arquivo morto.
- Perfetto! Espero que sim. Ligue-me assim que acabarem tudo por lá. Quero ser o primeiro a receber as informações.
- Claro. Addio.
- Addio.

E desligou o telefone. Não conteve o sentimento de orgulho que invadia o peito e abriu uma garrafa de champagne. Diana bateu na porta nesse momento, e ele atendeu ainda cheio de felicidade, puxando-a para si e dando-lhe um beijo digno de cinema. Depois a rodopiou pela sala e encheu uma taça pra ele. A pobre coitada não estava entendendo nada, mas tentou entrar no clima.
Aquela seria uma noite feliz. Pelo menos pra algumas pessoas.

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Ainda era hora do almoço quando Alicia e Giovanni desembarcaram em Mondragone. À primeira vista, a cidade era linda. Bem mais calma que Palermo, uma típica cidade de interior, com seus quase vinte e oito mil habitantes. Chamaram o primeiro taxi que encontraram e pediram pra levarem-nos para o hotel no qual Giovanni tinha feito a reserva.
Passaram pela praia principal, que estava lotada de turistas; pela feira no centro da cidade que vendia peixes e legumes frescos; e por um bairro residencial cheio de casas milionárias. O sol a pino iluminava a cidade. Chegaram ao hotel e foram para seus quartos. Em sua acomodação, Alicia se jogou na cama e dormiu rapidamente. Estava tudo acabado. Agora ela podia recomeçar. Ia começar pela noite de sono digna, que ela não tinha havia muito tempo. Depois ela podia se preocupar com o resto.

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