Shattered

Capítulo 22

As duas semanas seguintes foram tão agonizantes para Hermione quanto para Draco. Ela não sabia o que fazer com aquela decisão, e ele havia a ignorado desde então.

Hermione começou a passar todo o seu tempo de sobra na biblioteca, para que assim não ficasse pensando muito em Draco e Rony. Assim, ela saiu das aulas e rumou diretamente para a biblioteca, pouco antes do jantar. Acenou para M. Prince e pegou seu lugar costumeiro, ao lado da janela.

Havia montes de deveres de casa que tinha de fazer, e Hermione começou a fazê-los, sem notar o tempo passar. Quando estava terminando o quarto rolo de pergaminho sobre os animagos, foi interrompida.

- A biblioteca está fechando, Srta. Granger!

Ela ergueu os olhos e notou que já estava escuro, e a única luminária acesa era a de sua mesa. A bibliotecária já estava pronta para sair. Hermione guardou rapidamente suas coisas na mochila e correu porta afora.

Ela nem vira o tempo passar.

Desejou boa noite para Madame Prince e rumou para o seu dormitório, sem se preocupar com o caso de Filch pegá-la perambulando pelos corredores.

- Achei que estaria aqui.

Hermione sobressaltou-se e se deparou com Draco.

- Ah, é você – ela suspirou, desviando os olhos. – O que quer?

- Pelo jeito, de monitora certinha você não tem nada – comentou, sem conseguir conter um sorriso debochado.

Hermione arregalou os olhos.

- Esqueci completamente da ronda! – exclamou, olhando novamente em seus olhos e se arrependendo. Ah, aqueles olhos.

- Sim, eu percebi. Não se preocupe, arrumei as detenções em ordem alfabética, como Minerva pediu.

Ela assentiu.

- Objetos confiscados? – perguntou.

- Todos na sala de Filch.

- As detenções?

- Suspensão do passeio de Hogsmeade.

Hermione suspirou, aliviada. Draco havia feito e pensado em tudo.

- Obrigada.

- Não fiz por você.

Ela o olhou, com as sobrancelhas levantadas. Ouch. Draco não pareceu arrependido, sua expressão era séria. Hermione não notou, mas algo em seus olhos estava triste.

- Certo, então. Boa noite, Malfoy.

Hermione passou por ele, segurando as lágrimas, mas algo a impediu de continuar. Draco havia segurado seu pulso.

- O que quer? – perguntou, novamente, de um modo ríspido.

- Você não tem o direito de ficar irritada comigo – disse, sério. – Afinal, não sou eu que estou noivo.

Ela puxou seu braço, com a testa franzida.

- Você está sendo grosso comigo, qual é o seu problema?

- Creio que a sua reação seria a mesma se estivesse no meu lugar. – respondeu, suspirando. – Me sinto como segunda opção.

- Desculpe – ela pediu, dando alguns passos para trás. – Mas isso não deveria ter acontecido.

- O quê? O bebê ou nós?

- Ambos.

Draco desviou os olhos. Não sabia que se sentiria tão mal com aquela única palavra.

- Então, você se decidiu.

Hermione o encarou, com o queixo erguido, tentando fingir seriedade.

- Sim, me decidi.

Ele não a encarou e nem a respondeu. Ela hesitou, considerando a possibilidade de dizer algo reconfortante, mas nada lhe veio à mente.

- Certo. Espero que seja feliz com seu marido, Granger.

Seus olhos se encontraram por um mísero segundo e uma série de pensamentos invadiu a mente de Hermione. Ele lhe deu as costas e seguiu para o lado contrário.

- Draco, espere! – ela não conseguiu se refrear.

Ele parou, mas não se virou. Esperança.

- O quê?

Ela hesitou novamente. Engoliu em seco.

- Boa noite.

Draco fechou os olhos por um momento, sentindo o peso do "adeus" que ela colocou em duas palavras. Abriu os olhos e continuou seu caminho, sem olhar para trás.

Hermione deixou as lágrimas rolarem pelo seu rosto. Talvez ela fosse se arrepender dessa decisão para sempre, mas sabia que era certo.

Só que ela não sabia o quão errada estava.