O Diário de Uma Heroína escrita por Kagome_


Capítulo 16
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Ahh.. não me matem... deixe eu postar de novo! xD



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      Capítulo 16

 

- Ele aceitou!

 

Foi assim que a Sango me cumprimentou na quinta-feira de manha, na escola. Eu tinha acabado de precisar abrir caminho através de uma multidão de cem repórteres para ir do carro até a entrada do colégio, de modo que é preciso admitir, mês ouvidos ainda estavam meio que palpitando por causa de tanta gritaria. Mas eu estava bem certa de que a Sango tinha dito aquilo mesmo.

 

- Quem aceitou o quê? – perguntei quando ela começou a me acompanhar até o meu armário.

 

- O Miroku! – a Sango ficou mesmo ofendida por eu não ter lembrado. – Do fliperama. Mas tudo bem, não faz mal. O negocio é que eu o convidei para sair e ele aceitou!

 

- Uau, Sango – respondi. – Muito bem!

 

Só que eu não falei de coração. Bom, sim e não. E não foi nada muito legal da minha parte, acho, e eu nunca teria coragem de dizer isso em voz alta, nem nada assim. Mas a verdade era que, por mais feliz que eu estivesse pelo fato de a Sango ter marcado um encontro com um cara, eu me sentia meio estranha em relação à coisa toda. Tipo, aquilo que ela fizera (ligar para um cara e convidá-lo para sair) parecia, para mim, muito mais corajoso do que o que eu tinha feito (evitar que um cara assassinasse o presidente). Tudo que eu tinha arriscado era a minha vida... que, se eu tivesse perdido, não seria lá grande coisa porque, sabe, eu estaria morta e nem saberia do que aconteceu.

 

A Sango tinha arriscado muito mais do que eu: o próprio orgulho.

 

A verdade era que eu provavelmente nunca ia ter peito para convidar o cara dos meus sonhos para sair. Olha, para começar ele era namorado da minha irmã. Além do mas, bom, e se ele não aceitasse?

 

- Tudo bem se eu falar para a minha mãe que vou dormir na sua casa? – Sango quis saber. – Olha, eu sei que eles gostam do Miroku, quer dizer, meus pai, mais eles acham que 15 anos não é a idade certa para começar a sair com garotos.

 

 - Claro – respondi.- Depois que vocês terminarem o programa, você pode ir lá pra casa. E se você quiser alguma roupa emprestada... sabe, se você achar que não tem nada legal no armário... passa lá antes de sair e a gente deixa a Kikyo dar um jeito no seu visual. Você sabe que ela adora fazer essas coisas.

 

O rosto da Sango brilhava. Nunca a vi tão feliz. Foi bem legal. Olha, apesar de eu estar com inveja e tal, não podia evitar estar feliz por ela.

 

- Ah, Kagome, você está falando sério? – Sango gritou. – Seria maravilhoso!

 

- Vai ser legal. Então, o que é que vocês dois vão fazer? – perguntei. – Tipo, na grande noite.

 

Sango olhou para mim como se eu fosse caso de internação.

 

- Nós vamos à festa da Kagura, claro – respondeu. – Dãh. Para o que você acha que eu o convidei?

 

Àquela altura, eu estava colocando a combinação para abrir o cadeado do meu armário. Mas quando a Sango falou aquilo (sobre a festa da Kagura) os números (15, minha idade atual; 21, a idade que eu gostaria de ter; e 8, a idade que eu nunca mais quero ter) sumiram da minha cabeça.

 

- À festa da Kagura? – eu meio que me pendurei no cadeado e fiquei olhando para ela. – Você vai levar o Miroku a festa da Kagura?

 

- Vou – confirmou a Sango, ignorando alguém que tinha passado por ali e, ao ver a saia comprida dela, gritara: “Ei, onde é a quadrilha?”

 

- Claro que convidei, Kagome – repetiu ela. – A gente vai, não vai? Você e eu e o Miroku e o Inuyasha?

 

- O quê? – agora eu não tinha esquecido só a combinação do cadeado. Tinha esquecido o meu horário de aulas, o que tinha comido no café da manhã, tudo. Estava em estado de choque. – Sango, você está chapada? Eu nunca disse que ia a festa da Kagura. Na verdade, eu me lembro bem de ter dito que não ia nem se o sr. Esquisito quebrado meus dois braços.

 

O rosto bonito da Sango, que um instante antes estivera brilhando igual a uma moeda novinha, se contorceu de decepção e (acho que não estou errada ao dizer) de dor. É, dor de verdade.

 

- Mas Kagome – ela gritou. – Você tem que ir! Eu não posso ir à festa da Kagura sem você! Eu sei que a Kagura só me convidou porque achava que você ia...

 

- É, e a Kagura só me convidou porque ela achava que eu ia legar comigo um monte de repórteres e que ela ia aparecer na TV. Sem contar que ela achou que eu ia levar o Inuyasha – não dava para acreditar que a Sango estava tentando me aprontar uma coisa daquelas. A Sango, minha melhor amiga desde a terceira série! – E eu não vou fazer nada disso. Porque eu não gosto do Inuyasha desse jeito. Lembra?

 

- Kagome, não dá pra ir sem você – Sango choramingou. – Olha, se eu aparecer na casa da Kagura sem você, o pessoal vai ficar tipo: “O que é que você está fazendo aqui?”

 

- Bom, você deveria ter pensado nisso antes. – respondi, escancarando a porta do armário (eu finalmente tinha conseguido lembrar a combinação). – Antes de convidar o Senhor Pontuação Mais Alta em Death Squad para ir com você.

 

- Death Storm – Sango me corrigiu, com os olhos escuros brilhando. – E eu não teria nem convidado se achasse que você falou sério quando disse que não ia.

 

- Eu disse que não ia. Está lembrada? E vê se se liga, a minha mãe e o meu pai zicaram a festa total. Nem a Kikyo tem permissão pra ir.

 

- Eu sei – respondeu Sango. – Mas ela vai de qualquer jeito. Você sabe que ela vai. Ela vai simplesmente dizer para eles que vai a outro lugar qualquer.

 

- Mas isso não conserta nada. Além disso, eu ainda estou a perigo por causa daquele negócio de tirar nota baixa em inglês. Olha, não acho que eles estão pegando no meu pé totalmente...

 

- Kagome – Sango me interrompeu, com a voz meio esquisita, como se tivesse entupida. – Você não saca? Por causa do que você fez... ter salvado o presidente daquele jeito... agora tudo vai ser diferente para nós.

 

Ela olhou em volta para assegurar-se de que ninguém estava ouvindo, deu um passo na minha direção e disse, com uma voz baixinha e aflita:

 

- Nós não precisamos mais ser rejeitadas. É a nossa chance de sair com os amigos da Kikyo. Finalmente temos a chance de saber o que é ser a Kikyo. Você não quer que isso aconteça, Kagome? Você não quer saber como é estar na pele da Kikyo?

 

Olhei para ela como se estivesse louca.

 

- Sango, você sabe muito bem o que é estar na pele da Kikyo – respondi. – É ficar dando saltos mortais de costas na chuva, durante jogos de futebol; ler só revistas de moda; e ficar separando os cílios com um alfinete.

 

Como eu já tinha pegado todos os cadernos de que precisava e tinha quardado meu casaco, bati a porta do armário e concluí:

 

- Desculpa, mas tenho coisa melhor para fazer.

 

- Tá – Sango disse com os olhos tão brilhantes porque, eu afinal percebi, estavam cheios de lágrimas. – Tudo bem. Isso tudo é muito bom para você. Mas e eu, Kagome? Olha, a Kagura nunca perdeu tempo para descobrir como é na verdade a garota que está dentro dessas roupas idiotas – Sango pegou na saia da florzinha. – Bom, essa é a minha chance, Kagome. Minha chance de mostrar a todo mundo que existe uma pessoa de verdade aqui dentro. Essa é a única vez que eles podem prestar um pouco de atenção. Só estou pedindo pra você me dar essa chance.

 

Fiquei olhando para ela. O sinal já tinha tocado, mas eu não me mexi. Eu estava paralisada.

 

- Sango – comecei, mais chocada com o que ela tinha dito do que com as lágrimas que acompanharam o discurso. – Você... tipo assim, você liga mesmo para o que eles dizem?

 

Ela ergueu a mão para enxugar as bochechas com um lencinho rendado.

 

- Ligo – respondeu – Tá bom? Ligo sim, Kagome. Eu não sou igual a você. Eu não sou corajosa. Eu ligo para o que as pessoas pensam de mim. Está certo? Eu ligo. E só estou pedindo para você me dar essa chance de...

 

- Tudo bem – concordei, finalmente.

 

Sango olhou para mim, piscando os dois olhos cheios de lágrimas:

 

- O q-q-quê?

 

- Tudo bem – eu não estava nada feliz com aquilo, mas o que é que eu podia fazer? Ela era a minha melhor amiga – Tudo bem, eu vou. Tá certo? Se é tão importante assim pra você, eu vou.

 

Um sorriso foi se espalhando devagarzinho no rosto da Sango. Os olhos castanhos dela estavam felizes de novo.

 

- É mesmo? – disse e deu um pulinho. – É mesmo, Kagome? Você está falando sério?

 

- Estou – respondi. – Tudo bem? Estou falando sério.

 

- Ahhh! – Sango jogou os dois braços em volta do meu pescoço e me deu um apertão cheio de alegria. Então se afastou e disse: - Você não vai se arrepender! Você vei se divertir muito, juro! Tipo, o Kouga vai estar lá!

 

E daí saiu correndo pelo corredor, porque estava atrasada para a aula de biologia.

 

Eu também deveria ter saído correndo, já que estava atrasada para a aula de inglês. Mas, em vez disso, só fiquei parada ali, pensando no que é que eu tinha me metido.

 

Ainda estava perdida nos meus próprios pensamentos quando entrei no ateliê da Ayame Boone naquela tarde, sentei no meu banco e vi o que estava lá me esperando.

 

Isso porque havia, em cima do meu banco de desenho, um capacete militar escuro, salpicado de margaridas de corretivo.

 

- Gostou? – Inuyasha quis saber. Ele estava dando aquele sorrisinho de novo. E, pela segunda vez em dois dias, a visão daquele sorriso provocou algo em mim. Parecia fazer com que meu coração pulasse dentro do peito. Frisson?

 

Ou será que era o sushi que eu tinha comido no almoço?

 

- Achei que uma garota como você precisava exatamente disso – disse Inuyasha. – Sabe como é, já que você está sempre sendo atacada por corvos e assassinos armados.

 

Não podia ser azia de estômago. Era muita coincidência que o meu coração tivesse dado aquele pulo esquisito bem na hora que o Inuyasha sorriu para mim. Algo mais estava acontecendo. E era uma coisa de que eu não estava gostando nadinha.

 

Tentando ignorar o coração disparado, coloquei o capacete. Era grande demais para mim, mas não fez mal, porque eu tinha muito cabelo para esconder.

 

- Obrigada – respondi, tentando enxergar por baixo da aba do capacete. Eu estava emocionada (emocionada mesmo) por ele ter se dado ao trabalho de fazer aquilo. Era quase tão legal quanto ter o nome gravado em um parapeito de janela na Casa Presidencial. – Ficou perfeito.

 

E tinha ficado perfeito mesmo. Naquele dia, quando o Joe pulou no meu ombro para interromper meu desenho eu nem liguei, porque dessa vez não me machucou. Na verdade, ele só ficou lá, com uma cara meio atrapalhada, dando umas bicadas no capacete e soltando uns assobios de interrogação. Daquela vez, estávamos retratando uma peça de carne crua que a Ayame Boone tinha trazido do açougueiro, dizendo que, depois de ter encontrado as cores de um ovo branco na terça-feira, nosso desafio de hoje era desenhar um objeto que contivesse todas as cores do arco-íris, mas sem perder o todo de vista.

 

A turma inteira riu do pássaro, até o Inuyasha. Ele parecia ser o tipo de cara que não deixava que nada o incomodasse. Parecia ser o tipo de cara que saberia lidar com uma centena de Kaguras.

 

Que é a única razão que eu consigo encontrar para explicar por que, logo antes de nos levantarmos para colocar os desenhos na janela na hora da crítica, eu me inclinei na direção dele e falei bem baixinho (tão baixinho que achei que ele não seria capaz de me ouvir, com o meu coração batendo tão alto):

 

- Ei, Inuyasha. Você quer ir comigo a uma festa no sábado à noite?

 

Ele pareceu surpreso. Durante uma fração de segundo, achei que ele fosse dizer não.

 

Mas não foi nada disso que ele fez. Sorriu e disse:

 

- Claro, por que não?


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Notas finais do capítulo

Quem sabe se tiver comentários os não poste ainda hj?? huahuahuahauhauhauahuahua

Bjos



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