POV Taylor

 O que está acontecendo comigo? Por que de um momento para o outro eu fiquei tão confusa? Esqueci de tanta coisa? Eu odeio não saber quem são as pessoas na minha vida!

 De tanto pensar, tentar lembrar de quem era essas pessoas e desistir por não conseguir, percebi que fiquei um bom tempo parada.

 Pedro me olhava sorrindo, esperando alguma reação minha. Nico estava de joelhos no chão, com a boca aberta e seus olhos estavam marejados, atrás dele, a garota ruiva tentava consolar Nico e fazia esforço para não chorar, mas não conseguiu, um tempo depois um lagrima escorreu por seus rosto.

 Eu não sabia o que fazer. Esperei um tempo, até que vi uma saída pela floresta. Olhei para todos com duvida e dó, pedi desculpas pelo meu olhar e sai correndo.

 Eu sou muito idiota. Medrosa. Covarde. Tenho esse defeito: quando não sei o que fazer, fujo, corro, para o mais longe possível. Não enfrento as pessoas. Idiota, idiota, idiota!

Fui para o único lugar que eu podia ficar sozinha, um lugar que eu nunca dividi com ninguém, eu acho. Ficava na floresta, uma pequena clareira, onde ninguém conhecia.

 Sentei em uma pedra e comecei a chorar. Aquele lugar me trazia ótimas recordações, mas por que eu não me lembro?

 Em cima de mim, a lua brilhava, a noite estava tão linda, cheia de estrelas, para um dia tão horrível, tão cheio de confusão.

 Ouvi um barulho, mas ignorei. Ouvi o barulho de novo. E se alguém tivesse me seguido? Não, se eu fugi, é porque não queria falar com ninguém.

 O barulho de aproximou mais ainda. Eu estava com muita raiva de quem seria para me irritar.

-Da para você me deixar! – eu disse me virando para trás. Só que não gostei do que vi. Uma criatura enorme, com dois chifres, estava bem atrás de mim.

 Por estar escuro não consegui ver qual criatura era. Conforme ela se aproximou vi que era um minotauro. Ele estava cheio de raiva e pronto para me atacar.

 Coloquei a mão em meu colar, para virar minha espada. Mas eu não teria força para lutar, estava muito fraca, confusa, magoada.

 Fiquei de pé e tentei correr, fugir, como sempre. O minotauro me empurrou e eu acabei caindo em cima de meu braço, o que fez um corte bem grande. Também virei o pé, mas nem estava doendo.

 O minotauro chegou bem perto de mim, pronto para me matar. Fechei os olhos, com medo do que aconteceria. Ouvi um barulho e quando abri os olhos o minotauro não estava mais lá.

POV Nico

 Eu cheguei à clareira, o único lugar que eu posso ficar sozinho. Não acreditava no que estava acontecendo. Por quê? É assim que termina? A mocinha não fica com ninguém no final? Ou ela fica com o vilão? Porque do jeito que minha vida é, com o mocinho, que eu acreditava ser eu, que ela não vai ficar. Todos são contra, todos tentam impedir. Por que eu tenho que ficar com a pessoa mais difícil? Por que tive que me apaixona justo por ela? O que Afrodite quer de mim? Para me fazer sofrer assim, só querendo alguma coisa mesmo. Por mais que eu pense assim, não mudaria nada, passo por tudo isso de novo, só para ter Taylor para mim. E se não posso tê-la, quero que ela fique com alguém que ame, mas que ela ame de verdade, quero que ela seja feliz, não com uma pessoa que nem Pedro, com uma pessoa que possa amá-la do jeito que eu amei ela, uma pessoa que cuide dela, do jeito que eu cuidei dela, uma pessoa que a faça feliz, do jeito que eu deixei ela feliz e do jeito que ela me deixou feliz. Não tem felicidade maior do que ver Taylor feliz e segura.

    Eu imaginava ver Taylor lá, ainda mais sendo quase morta por um minotauro. No momento que vi pensei que fosse minha imaginação, mas quando vi que era verdade entrei em desespero.

 Peguei minha espada e ataquei o minotauro, que estava pronto para matá-la. Eu estava muito nervoso e com muita raiva, então com um simples golpe fiz o minotauro cambalear para trás. Aproveitei a oportunidade e enfiei minha espada em seu peito. No mesmo instante o minotauro virou pó.

 Virei para trás e vi Taylor me olhando assustada e confusa. Olhei para seu braço e vi um corte grande percorrendo do cotovelo até seu pulso. Corri até ela e rasguei um pedaço de minha camisa. Enrolei em seu braço.

-Você precisa cuidar disso – eu disse. – É um corte bem profundo.

-Eu caí em cima do meu braço no momento em que o minotauro me empurrou.

Apesar de não se lembrar de mim como seu namorado, ela ainda era a mesma.

-Vamos para seu chalé, eu cuido disso. – eu falei.

-Não é melhor ir para a enfermaria?

-Está tarde, já deve estar fechando.

Ela me olhou e me analisou sem medo. Eu devia ter corado, mas não corei.

-Você vai ter que me ajudar. – ela disse.

-Por quê?

-Virei meu pé, na hora não doeu, mas agora esta pior. Não sei se consigo andar sozinha. Posso apoiar em você na hora de andar?

-Não – eu disse e ela ficou confusa – Vou te levar no colo.

-Não precisa.

Ela insistiu, mas eu nem liguei. Peguei-a no colo e comecei a andar em direção ao seu chalé.

-Você não precisava fazer isso. – ela disse.

-Precisava sim.

-Me diga uma coisa: já aconteceu alguma coisa entre nós?

-Você não se lembra?

-Eu não entendo, estou muito confusa.

-Você ama o Pedro.

-Eu não tenho certeza. Algumas lembranças me vieram na cabeça, de momentos bons com ele, mas algo me diz que tem algo muito mais forte entre nós do que com ele.

-Tente se lembrar.

-Eu não consigo. É como se tivesse lembranças ótimas, mas que foram deletadas. Nessa clareira, por exemplo, ocorreram lembranças ótimas, eu sei que sim, mas não sei quais, isso me deixa nervosa.

-Eu não sou a pessoa certa para responder isso.

-Quem é? – pelo seu olhar, ela queria mesmo saber.

-Você mesma. Você sempre soube quem ama, e quem não deve amar.

-Mas eu não me lembro.

-Eu sei que você consegue.

 Quando chegamos ao seu chalé, coloquei-a sentada em sua cama e fui até a gaveta pegar a Ambrósia. Entreguei para ela, que pegou o pedaço e deu uma mordida. Ela parecia pensar, e muito, e nem percebeu que eu a observava. Olhei para seu braço e vi que o corte já estava se curando, a única coisa que sobrou foi às marcas de quando ela foi torturada.

 Seus olhos estavam inchados, ela devia ter chorado. Ela olhou para mim e sorriu, eu sorri de volta.

 Eu conheço Taylor muito bem, tanto que eu sei que ela tem vários tipos de sorriso, um para cada emoção. E aquele sorriso com certeza era de tristeza, para esconder a tristeza.

 -Eu te conheço. – eu disse – Pode desabafar.

Logo quando disse isso ela suspirou e começou a chorar. Ela encostou a cabeça em meu ombro e ficou chorando. Fiquei mexendo no cabelo dela, até ela parar.

-Acabou? – eu disse.

-Sim. – ela disse levantando a cabeça. Limpei um lagrima sua.

Eu levantei da cama e dei um beijo na testa dela. Olhei no fundo dos olhos dela, segurando sua cabeça com as minhas mãos.

-Só quero você feliz, independente de sua escolha, lembre-se disso. – eu disse e beijei sua cabeça de novo.

 Ela sorriu afirmando.

 Fui até a porta, mas quando coloquei a mão na maçaneta senti um vulto atrás de mim. Por ser filho de Hades isso poderia ser normal, mas eu sentia que aquilo não era um fantasma. Virei para trás e fiquei surpreso com quem eu vi.