Capítulo 31 – Narrado por: Caroline Forbes

Klaus apareceu vindo dos jardins furioso. Peguei no seu braço, não me preocupando se alguém nos estava a olhar, e entrei na biblioteca da casa dos Lockwood.

-Klaus, o que se passa? – perguntei, preocupada.

-Damon – foi tudo o que ele proferiu. – Eu odeio aquele intrometido!

-Calma, Nik – disse, utilizando o seu diminutivo, esperando acalmá-lo. Toquei com uma mão no seu rosto e vi através dos seus olhos o quanto ele estava magoado e sem rumo. – O que ele disse? Queres contar-me?

Ele negou com a cabeça e baixou os olhos.

-Nik, sabes que podes falar comigo. Pode não ser agora e sabes que vou respeitar a tua decisão – falei, não sabendo bem o que fazer com aquele Klaus mais vulnerável.

-Eu amo-te muito, Caroline – falou ele, com a sua pronúncia britânica. – Não te quero perder pelo que fiz no passado.

-Não me irás perder, Klaus – disse e levantei o seu queixo. – Não pelo que aconteceu no passado, sabes que nunca faria isso.

-Mesmo em relação à Tatia?

Enrijeci. Eu tinha conhecido Tatia. Ela era morena, alta, olhos castanhos e cabelos perfeitamente ondulados. Todos a adoravam, incluindo Klaus. Os dois já tinham estado enamorados, mas ela morreu. Nunca ninguém descobriu bem o porquê, ou não queriam contar, mas a verdade é que o corpo dela apareceu, sem vida. Klaus tinha ficado destroçado, assim como Elijah que era muito próximo a ela, mas eles conseguiram seguir em frente. Elijah deixou de acreditar no amor e Klaus colocou uma carapaça de tartaruga nos seus sentimentos. Quando o conheci, ele era assim, mas mudou. Ele mudou por mim, mas eu sabia muito bem que ele ainda sofria por dentro.

-Nik, não foi culpa tua – disse amavelmente e abracei-o. – Não foi.

-Na verdade, até foi, Caroline.

-Nik, sei que achas que foste, mas precisas de perceber que o que aconteceu foi um acidente – abracei-o mais forte, como se quanto mais força usasse no abraço, menos ele se iria sentir culpado.

-Eu e Elijah matámo-la. Se não tivéssemos sido tão egoístas em a querermos, ela não se teria atirado dos montes.

Afastei-me num salto e olhei-o chocada.

-Foi isso que aconteceu?

Ele também pareceu surpreendido.

-Nunca ninguém te tinha contado o que realmente lhe aconteceu?

Neguei com a cabeça, ainda em choque. Tatia e eu tínhamos sido amigas, não melhores amigas, como eu e Katherine e Elena, mas entendíamo-nos bastante bem.

-Tatia morreu porque eu e Elijah a obrigámos a decidir. E como ela não decidiu, decidimos nós por ela: começámos uma batalha onde só iríamos parar até um de nós morrer – falou ele duro, e os seus olhos desfocaram-se de mim e focaram-se no passado.

-Conta-me, Niklaus – pedi, a medo.

-É tudo muito confuso para mim. Quando vim para cá, a família de Tatia foi fantástica para nós e quando fundaram a cidade de Mystic Falls, com os outros fundadores, ela começou a passar muito tempo na nossa casa. Eu adorava-a e Elijah também. Por isso, quando descobri que ele também tinha uma afeição especial por Tatia, falámos com ela e obrigámo-la a escolher. Ela pediu tempo para pensar e três dias depois ela apareceu, com a resposta: ela não podia escolher um de nós sem ficar com o outro. Ela disse que não iria sobreviver sabendo que estava com um, mas amava os dois. Por isso, eu e Elijah começámos a lutar com as nossas espadas. Elijah é muito hábil com a espada, mas eu sou mais tático. Tatia não suportava ver aquilo, e então começou a correr para fora dali. Lutávamos há horas, quando Rebekah e os meus pais apareceram para parámos porque já não valia a pena: ela tinha morrido. Eu matei-a, Caroline! – ele gritou a última frase e uma lágrimas escorreu pela sua face, mas eu não me conseguia mover. – Caroline?

-E o que aconteceu a seguir? Tu e Elijah… fizeram as pazes?

-Ambos concordámos que tínhamos sido nós a matá-la. Se não a tivéssemos forçado a decidir… nada disto teria acontecido, as brigas com o meu irmão não tinham acontecido. A resposta à tua pergunta é não, nunca apertámos as mãos depois disso, mas falamos e conseguimos suportar a existência um do outro. Jamais irei lutar com o meu irmão por causa de uma mulher, foi uma promessa que fiz a mim mesmo. Pegar numa espada e apontá-lo ao meu irmão sem ser por divertimento… é doloroso.

Os olhos dele voltaram para o presente e pegou-me no rosto com as duas mãos.

-Consegues amar-me depois do que te contei?

-Eu… - eu estava tão confusa, eu amava Klaus, mas Tatia tinha sido minha amiga. – Eu… eu amo-te muito.

Eu não conseguia pensar naquele momento, e então Elijah abriu a porta de repente, com uma Elena chorosa debaixo do braço dele e Katherine logo atrás.

-O que aconteceu? – perguntei, e afastei as mãos de Klaus do meu rosto. Corri para Elena porque ela parecia que ia desmaiar a qualquer momento. – Elena!

-Precisamos de um lugar onde ela possa descansar um pouco – disse Elijah e virou-se para o irmão. – O Damon?

-Foi para casa com Stefan – respondeu Klaus. – Sentem-na ali.

Elijah indicou o corpo de Elena para o sofá e ela sentou-se. Katherine sentou-se ao lado dela logo de seguida e entregou-lhe um copo com água.

-Bebe, Lena – disse Kath e entregou o copo nas mãos de Elena, que tremia da cabeça aos pés. Não deitava lágrimas, mas estava em choque. Levou o copo aos lábios, mas começou a chorar.

-Ele não confia em mim.

-Não, Elena, não é isso – apressou-se Elijah a dizer e colocou-se de joelhos em frente a ela. – Elena, ele confia plenamente em si, mas ele estava sob o efeito da bebida.

-Elena! – exclamou Giuseppe da porta da biblioteca. – Querida Elena, já soube o que aconteceu. Está bem?

Kath respondeu por Elena, que fazia contacto visual com Elijah.

-Está um pouco abalada. Assim que a acalmarmos, iremos numa carruagem para casa.

-Não! – exclamou Elena de repente e virou-se Kath com desespero. – Não quero ir para casa, por favor, por favor, por favor.

Lágrimas começavam a correr mais depressa pela sua face e Kath pegou nos braços de Elena, tentando acalmá-la.

-Giuseppe, não se preocupe, Elena pode ficar na nossa casa até tudo acalmar – falou Elijah olhando para Elena com preocupação.

-Agradeço muito, Elijah. És um homem nobre. Assim como o teu irmão e o resto da tua família – disse Giuseppe. – Katherine, assim que estiver pronta, eu também estou.

Kath virou-se para Elena e depois para o pai dos Salvatore.

-Eu vou já. Vou só garantir que ela fica um pouco mais composta para enfrentar aquela multidão.

Giuseppe sorriu e saiu da biblioteca.

-Ficas bem, irmã? – perguntou Kath a medo.

-Amanhã vais lá estar? – respondeu Elena com uma pergunta e com olhinhos de cachorro abandonado. Elena era delicada, mas naquele momento ela estava frágil.

-Claro que sim. Vou para lá assim que acordar e dar um sermão ao Damon – respondeu Katherine e abraçou a irmã apenas com um braço.

Aproximei-me de Klaus, tentando compreender um pouco do que lhe tinha acontecido.

-O que aconteceu?

-Eu já te tinha respondido: Damon. Ele estava com o efeito da bebida e tentou… Ouvimos Elena aos gritos e corremos até lá o mais depressa que podíamos.

-Ele ia mesmo fazer isso a Elena? – perguntei, indignada.

-Acho que sim. Ele estava completamente fora de si e estava cheio de ciúmes de Elijah.

-Alguma vez farias isso?

Ele olhou-me e prendeu-me o olhar.

-Nunca – disse ele e abraçou-me. – Nunca faria aquilo contigo sem tu quereres. Não é nobre, nem está na minha educação.

Não respondi, apenas fiquei a aproveitar o seu abraço e de vez em quando olhava para Elena e Elijah. Ele demonstrava sentimentos por ela, que para quem não acreditava no amor, eram um pouco suspeitos.