Capítulo 26 – Narrado por: Stefan Salvatore e Katherine Pierce

Parte 1 – Stefan Salvatore

Eu e o meu pai partimos o mais cedo que pudemos, deixando para trás Katherine e Elena, mas elas ficariam bem. Elijah e Rose tinham-se oferecido para dar uma olhada nelas durante o tempo não determinado que nós iríamos ficar fora.

-Volta depressa. Quero repetir aquela noite, Stefan. De alguma forma, trazes-me o discernimento que sempre me faltou – sussurrou Katherine com a testa colada ao meu ombro.

Depois, foi a vez de Elena.

-Voltem os dois. Por favor – implorou ela e depois eu e o meu pai fomos embora.

Eu estava realmente preocupado. Ninguém sabia do paradeiro de Damon, mas saber que havia 50% de hipóteses de ele estar vivo, já era alguma coisa.

Olhei para a janela mais uma vez. Faziam cinco horas que tínhamos abandonado Mystic Falls e estávamos a ir para o Norte da Virgínia.

-Damon é esperto – falou o meu pai, mas a verdade era que apesar de toda a esperteza dele, ainda havia hipóteses de ele não ter sobrevivido, contudo, fiquei calado, não queria preocupar mais o meu pai, relembrando-lhe das hipóteses que ele tinha.

Eu tinha que o encontrar. Ele podia estar ferido, perdido, sem saber onde se situava o Norte, e eu precisava de fazer isso por ele, por mim, pelo meu pai, por Elena e por Katherine. Damon tinha pessoas que se importavam com ele, apesar de ele ás vezes o negar.

O comboio parou e nós os dois saímos. Um general estava à nossa espera e fomos para o campo das tropas.

-Assim que ouvi que o corpo afinal não era o de Damon Salvatore, vi todos os corpos abatidos no ataque. Nenhum tinha a descrição dele, e quando entrei no hospital militar, também não. O que significa que Damon Salvatore está por aí, algures. Já enviei uma equipa de busca, sendo que ele não é o único que está desaparecido.

-O sol ainda está no seu auge, o que nos dá ainda seis horas de luz. Eu vou – ofereci-me, determinado e o general olhou-me com nojo.

-Ainda nem tem dezoito anos. Não pode andar por aí como um verdadeiro soldado.

-Senhor – falei e dei um passo em frente. – Eu sou irmão de um e se pensa que o vou deixar a andar por aí a vaguear como um mendigo, está enganado.

Virei-me e peguei no cavalo.

-Nem sabe onde foi o ataque! – exclamou ele.

-Não se preocupe com isso, eu mesmo encontro-o – disse, sem me virar. Esporeei o cavalo e ele partiu a galope.

Por uns tempos, não sabia onde estava, mas ao fundo comecei a ver nuvens que vinham do chão, tudo negro e alguns cavalos. Só podia ser aqui, era o único local. Em vez de adentrar na confusão, fui andando pela periferia. Via alguns soldados, que me pediam indicações, e eu tentava dar-lhes o melhor que podia. O sol já se estava a pôr e eu a perder a esperança de o encontrar, até que vejo no chão um corpo imóvel, parecido com o de Damon. Saltei para o chão e corri para o corpo, mas não era ele. Raios! Onde estava Damon?

-Damon! – gritei, completamente desesperado. Eu não voltaria enquanto não o encontrasse.

Voltei a subir para o cavalo e galopei por mais alguns minutos, furioso e desesperado. Eu tinha que encontrar Damon e tinha que voltar para onde o meu pai estava o quanto antes. Os segundos passavam, e diminuíam as hipóteses de o encontrar naquele dia.

-Damon! – gritei várias vezes. A minha voz fazia eco, e ninguém respondia.

Uma nuvem cinzenta escura começou a aparecer no horizonte e parei, esperando que não fossem os soldados do Norte. Virei o cavalo, pronto para retornar, assim que percebesse que eles eram de fonte inimiga. Pararam, e um deles avançou lentamente os trinta metros que nos separavam.

-Damon – sussurrei, olhando para a sua silhueta. Era tal e qual ele. Avancei com o cavalo lentamente e quando estava a cinco metros, reconheci o meu irmão por trás da capa de sujidade que cobria o seu corpo, rosto e cabelo. – Irmão!

Voltei a soltar para o chão e corri até ele. Mal me aproximei, ele sorriu fraco e caiu no chão. Amparei-o e voltei a levantá-lo.

-Nem imaginas como é bom voltar a ver-te – murmurou ele, soltando uma gargalhada rouca.

-Quem são os outros? – perguntei, apontando para os outros soldados atrás dele.

-Alguns sobreviventes que precisam de mais ajuda do que eu.

Acenei com a cabeça.

-Estão a fazer buscas por todo o lado, mas o ataque foi grande. Vai dizer-lhes que voltaremos com ajuda –disse-lhe.

-Acho que vais ter que ser tu a dizer-lhes – falou ele e desmaiou nos meus braços.

Parte 2 – Katherine Pierce

Eu e a minha irmã tínhamos sido convidadas para jantar em casa da família Gillies e lá fomos nós. Mal chegámos, Elijah e Klas estavam à nossa espera.

-Miss Katherine – falou Elijah, sorrindo de orelha a orelha, ajudando-me a descer da carruagem.

-Mr. Elijah, muito obrigada por nos ter convidado – agradeci.

-Cortesia do nosso pai, mas com todo o nosso prazer – falou Klaus, enquanto ajudava Elena a descer da carruagem.

-Obrigada – falou Elena, olhando para Klaus e depois para Elijah. – Um pouco de descontração é o que precisamos neste momento.

-Não podíamos concordar mais. Lexi está ansiosa por vos ver – disse Elijah, dando o seu braço e eu encaixei o meu. – Vamos?

-Claro – disse.

Entrámos em casa, que estava iluminada com candelabros de ouro e velas brancas a emanarem uma chama suave.

-Katherine, Elena! – exclamou Lexi descendo as escadas a correr. – Já soube que Stefan foi com o pai para o campo de concentração. Já tiveram notícias deles?

Neguei com a cabeça, mas Elena acrescentou:

-Não, ainda não.

-Espero que encontrem Damon – disse Lexi. – Venham! Já estão todos no salão de jantar.

Sim, salão e não sala, porque para além de nós, também estavam Caroline Forbes, Vicky Donovan, Tyler Lockwood e… Matt Donovan.

-Katherine, Elena! – exclamou Mikael e apertou-nos a mão delicadamente. – Espero que não se tenham importado de os meus filhos terem convidado mais pessoas.

Elena sorriu amarelo e eu fiquei estática. Matt veio até nós cautelosamente.

-Katherine, Elena – cumprimentou ele. – É bom ver-vos de novo.

Olhei para Elena, esperando alguma reação dela, mas não veio.

-Matt, oi – disse Elena. – Igualmente.

Pegou no braço de Klaus e foi cumprimentar as outras pessoas que estavam na sala, deixando-me com Elijah e Matt. Sozinha.

-Já ouvi que ainda não há notícias de Stefan ou de Damon, mas não te preocupes, em breve terás – prometeu ele, sorrindo para mim. – Ah, Katherine, senti a tua falta!

Abraçou-me fortemente e lágrimas vieram-me aos olhos, devido ao que ele me tinha causado. Eu conhecia aquele abraço melhor do que ninguém, e amava aquele calor dele, mas naquele momento causava-me desconforto. Então notei: eu já não amava Matt como tinha amado. Eu amava outra pessoa e não era ele. Desfiz o abraço e vi o rasto de esperança que ele tinha nos olhos. Tomei-lhe as mãos nas minhas e fixei-o nos olhos.

-Matt, eu e tu tivemos algo que eu jamais irei esquecer, mas acabou.

Vi a desilusão no seu olhar, mas ao mesmo tempo compreensão.

-Eu sei disso, Katherine. Mas achas que podemos conseguir conviver ao lado um do outro.

Sorri.

-Claro que sim.

Ele retribuiu o sorriso e afastou-se.

-O que aconteceu aqui, Katherine? – indagou Elijah curioso.

-É uma longa história – disse e olhei misteriosa para ele, gargalhando de seguida.