Capítulo 15 – Narrado por. Elena Pierce e Stefan Salvatore

Parte 1 – Elena Pierce

-Devemos descer – falei, mas a verdade é que não queria sair daquele quarto. Eu não queria sair daquele lugar que me fazia sentir isolada mas segura ao mesmo tempo. Stefan era um perfeito cavalheiro e amava isso nele, mas não era só nisso: ele sabia gargalhar mesmo naquela onda de dor que agora assolava o coração dele pela perda da mãe.

Rimos juntos e falámos muito, especialmente sobre os nossos futuros. Ele contou-me que estava a estudar Medicina com Matt Donovan. Matt… o querido Matt com aqueles olhos fundo do mar e o seu cabelo loiro. Sempre tão simpático, tão protetor e tão amigo.

Quando era mais novo ele era lindo e no baile vi-o brevemente e não tivemos tempo para conversar, mas ele tinha-se tornado num homem muito bonito. No início, os meus pais queriam que eu casasse com ele, mas depois a família dele foi envolvida num escândalo: a irmã dele tinha sido desflorada por um rapaz muito mais velho. Nunca ninguém soube quem ele era, mas os rumores corriam que tinham sido com Trevor Gillies. Bem, verdade ou não, a realidade é que os meus pais voltaram logo os olhos para os Salvatore. A mãe deles e a minha eram muito amigas. Sabem como é, localidades pequenas.

-Posso pedir à Magda para nos trazer o jantar – sugeriu Stefan, fazendo-me voltar à realidade.

-Até podia Stefan, mas o que diriam a minha irmã e o seu irmão?

O seu sorriso esmoreceu, mas ficou lá.

-E isso importa para si, não é?

-Sim, Stefan, importa – falei. – O seu irmão iria ficar magoado e Katherine… bem, Katherine iria pensar logo noutras coisas.

Corei instantaneamente. Katherine não era inocente como todos pensavam. Ela já tinha feito muitas coisas e lembrei-me do que aconteceu com Matt. Se alguém soubesse a verdade sobre Katherine para além de mim, de certeza que iria ser um enorme escândalo.

-Que coisas, Elena?

-Ah, o Stefan sabe… - disse baixando o rosto e sentindo o sangue a fluir até ás minhas bocechas cada vez mais depressa.

-A Elena está a corar! – exclamou ele e levantou o meu rosto para me observar.

-Não estou nada! – exclamei e livrei-me agilmente das suas mãos. Saltei da cama para o chão e apressei-me para a porta. – Vamos?

-Não, agora quero saber o que se estava a passar na sua cabeça!

-Não era na minha, era na de Katherine. E, para que saiba Stefan, há pensamentos que nunca devem ser revelados.

-Isso ainda me deixa mais curioso, Elena – disse ele e também saltou da cama para onde eu estava. Colocou uma das suas mãos em cima da minha que estava na maçaneta da porta e olhou para mim, com aqueles olhos cor de musgo tão penetrantes e divertidos.

Parte 2 – Stefan Salvatore

Ela era tão linda, e quando corava parecia que resplandecia. Prendi o seu olhar e deixei que aquele dia tomasse conta de mim. Aquelas horas ali no meu quarto tinham-me feito nunca mais sair dali, mas também não queria que ela saísse, porque sabia perfeitamente que quando ela atravessasse a ombreira da minha porta ela voltaria a fechar-se na sua concha, o seu sorriso alegre e divertido desapareceria e nunca mais voltaríamos a estar assim, recolhidos no meu quarto a conversar e a tentar dispersar os pensamentos tristes.

Aproximei-me do seu rosto, pronto para beijá-la. Foquei-me na sua boca, tão perfeitamente delicada e esculpida como uma obra Romana.

-Stefan – chamou ela e fitei os seus olhos que demonstravam medo, não me afastando um único centímetro.

-Sim, Elena?

-Não devíamos – disse ela.

-Acho que já tarde demais para isso – disse e acabei com o espaço que havia entre nós. Os seus lábios eram como eu esperava, tão perfeitos e recetivos que não me controlei e encostei-a conta a porta. Peguei no seu rosto com ambas as mãos, com medo de aquilo ser um sonho e ela desaparecer.

Tão depressa acabou como começou. Alguém bateu à porta e trouxe-nos à realidade. Afastámo-nos rapidamente e virámo-nos para a porta. Esta abriu-se e os olhos curiosos de Katherine apareceram à porta.

-Não estou a incomodar, pois não?

-Claro que não Katherine – falei, tentando parecer desprendido, mas a verdade é que eu ainda sentia os lábios de Elena pressionados nos meus.

-Eu e Damon vamos descer para jantar. Acompanham-nos?

-Claro que sim, irmã – respondeu Elena e virou-se para mim. – Vamos?

-Claro.

-Stefan – chamou Katherine e eu desviei o olhar de Elena para Katherine. – Tem um pouco de batom nos lábios.

Instantaneamente, levei os dedos aos lábios e tentei tirar aquela cor. Elena corou e baixou o rosto para ninguém ver e Katherine sorriu divertida.

-Deixe-me ajudá-lo – prontificou-se Katherine e entrou mais no meu quarto. Com um dos polegares limpou o canto da minha boca e sorriu ainda mais. – Assim está bom. Vamos Elena?

-Sim, Katherine – disse Elena e Katherine seguiu à frente, seguida de Elena e eu que ainda estava atordoado com o que tinha acontecido segundos atrás.