Dear Pegasus, escrita por DiraSantos


Capítulo 21
O Beco de China-Town, Ligação e Os Sonhos de Luke Castellan


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura
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Capítulo Vinte: O Beco de China-Town, Ligação e

Os Sonhos de Luke Castellan

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.Narradora.

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Por que ela não pôde ficar dentro do acampamento? Pensou o Deus da medicina andando em círculos na sala do palácio de seu pai, o dourado das paredes e o brilho do ouro que recobria quase todos os móveis do lugar lhe machucavam os olhos, não que isso importasse, porque logo a resposta da sua pergunta surgiu na sua mente com uma lembrança boa.

Sury faria o que quisesse fazer, não importando o risco ou o quão estúpido fosse parecer para os outros. Faria por que Nilá faria, ambas tinham uma afeição e amor muito forte pela sua liberdade, honrariam seus desejos e objetivos sempre. Asclépio suspirou com um sorriso leve nos lábios vermelhos e tomou seu caminho para sua casa que não era muito longe dali.

Na mesa do seu escritório, sorrindo para ele sempre que o deus precisava de um conforto, as três, Nilá, Blythe e Sury sorriam em uma foto que haviam tirado no quarto aniversário de Blythe. Havia sido uma coisa simples, somente os quatro em uma tarde agradável de verão no parque da cidade de Nilá, a Niagara Falls.

A foto fora tirada por um turista turco que passara ali por acaso e estava um pouco fora de foco, mas ainda sim, a simplicidade daquilo lhe deixava ainda mais bela, deixava a saudade que sentia no peito mais pesada contra o coração. Blythe era a única que sorria diretamente para a câmera, um sorriso aberto sem os dois dentes da frente, segurava um balão laranja com um rosto desenho à caneta esferográfica pela mãe. A blusa pintada de forma psicodélica, grande demais para uma garotinha de quatro anos, estava úmida pelo sabão liquido das bolhas que fizera com a mãe e a irmã mais nova, a bermuda masculina jeans estava suja de terra e grama pelo ataque de cócegas do pai. Sentada na toalha de mesa xadrez, os cabelos negros emaranhados caiam na frente dos olhos verdes, as maçãs do rosto vermelhas. Os pés descalços sujos de terra.

Ao seu lado o próprio Ash não escapara da bagunça, a blusa The Beatles estava suja de sabão, terra e sorvete de coco e chocolate, tinha uma pequena maria-chiquinha do lado esquerdo do cabelo, ria com tal felicidade para a amada e para a caçula que batia palmas para o penteado minúsculo no cabelo do pai, batendo palminhas exultantes. Sury estava sentada na sua perna direita virada para a mãe, os cachos grossos e negros soltos e bagunçados nos ombros, a blusa verde-água da irmã que usava como um vestido suja de uma mistura de terra, sorvete de sabão, os olhos fechados de alegria. Não tinha mais de quatro dentes na boca na época, mas ainda sim, do queixo ao nariz o rosto mergulhado em coco e chocolate pingavam no jeans do pai.

Era Nilá que segurava a casquinha, rindo tão abertamente que chegava a ser cruel aquele dia ter acabado. O vestido longo tão sujo quanto todos os outros, as manchas de tinta do tecido lhe grudavam na pele, os cabelos já cheios de grama e folhas amarrados com a caneta que fizera o rosto do balão da pequena Blythe. E no meio deles, uma garrafa de suco de laranja, sanduíches de queijo e presunto, um bolo de chocolate com quatro fatias cortadas, um livro da Branca de Neve que a aniversariante tentara ler sem conseguir naquela tarde.

Ash entrou no seu escritório e pegou o porta-retrato na mão se sentando à mesa mesmo. Ah como sentia falta delas, como sentia falta daqueles dias. Analisou o rosto longo da amada, o sorriso aberto, os olhos castanhos como nozes brilhando na luz do Sol.

Suspirou e passou a ponta dos dedos nela, querendo seu abraço.

Sim ele daria um jeito, salvaria sua filha caçula. Afinal não suportaria perder ela também, talvez morresse pela solidão, porque, no final de tudo que havia acontecendo desde que virara o Deus da Medicina, quase tudo era relevante, ele não deixara de ser o que era.

Porque, afinal, ele tinha uma alma e um coração como a filha.

No fundo, sempre seria um Meio-Sangue, preso entre os dois mundos.

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Seqüestrado outra vez... Cara eu tenho sorte para isso, pensou Seth Gray olhando para as pontas dos dedos que estavam passando de azul para um tom escuro de púrpura. O moreno franziu o cenho para a garotinha que lhe puxava para o beco do outro lado da rua, como diabos um monstro podia se disfarçar de uma garotinha com a aparência tão inocente e doce como aquela? E como Carpe sabia tão de antemão que era um monstro?

Não que ele quisesse as respostas agora, estava com um nó na garganta. Vira todo o desespero desenfreado nos olhos de Sury; ela estava chorando agora, podia ver os ombros trêmulos apesar de que ela tentava se controlar, um esforço jogado aos ventos na opinião quase profissional do filho de Hades. Gray sabia o que era ter o medo de perder alguém importante, se sentira assim algumas dezenas de vezes assim na sua vida, não que se orgulhasse de colocar a vida de seus amigos em perigo, mas na maioria das vezes conseguira tirar todos, menos uma única vez.

E aquela única vez ainda era como estaca no seu peito, ele ignorava ela na maioria do tempo, mas nunca conseguiu esquecer daquele erro e duvidava que fosse se esquecer, aprendera a conviver com aquele peso sobre o peito.

Quando entraram no beco e o cavalo entrou no campo de visão de Sury, ela se largou da mulher-cobra e se lançou em direção a Pegasus empurrando com força o braço do gigante de um olho só. Se tinha um monstro que ele detestava eram os ciclopes, que tipo de criatura imita a voz daqueles que você ama? Seth não odiava muitas coisas, mas os ciclopes encabeçavam a sua pequena lista.

Carpe se jogou em cima do Imortal, arrancando a corda que com certeza havia quebrado as asas do cavalo, já que a mesmas se projetavam de uma forma que ele duvidava que fosse comum. Curou suas feridas, arrancou a rédea improvisada que machucava a animal, depois atirou os braços em volta do pescoço do mesmo, soluçando desculpas e perdões.

Pegasus bufou e cheirou levemente os cabelos da garota, Seth viu o alivio e o carinho nos olhos negros do cavalo, e ficou ainda mais desconfortável ali quando uma lágrima rolou pelo maxilar do animal e escorregou para os cabelos de Sury.

— Desculpa, Peg. — O cavalo bufou novamente.

— A culpa foi minha, não tente levar o credito. — Disse beijando o espaço entre os olhos do animal.

— Ela entende ele? — Perguntou a garotinha que lhe apertava seus dedos. Gray abaixou o rosto para ela e deu de ombros, Miguel lhe avisara que não devia tentar entender como os dois se comunicavam, só saber que funciona de alguma forma.

— É, ninguém sabe como. — Jessie se virou para ele franzindo o cenho logo depois.

— Jessie, amarre os dois e rápido, temos um longo caminho a seguir até San Fransisco. —Disse Equidna, fechando melhor o robe cor de vinho que usava com Quimera aos seus pés, tremendo com sua roupinha de bailarina. Seth e Sury tiveram seus pulsos amarrados com força, Carpe com Sess espetando uma flecha nas suas costas e ele com a pequena manticore o puxando como um cachorrinho pela corda. Colocaram somente uma corda frouxa mo pescoço do imortal, sabendo que ele não ia fugir.

Nenhum dos dois ia fugir sozinho, fora um jogada bem bolada, tendo um teriam os dois, pensando bem, bem bolada demais para um grupo desgarrado de monstros...

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. Sury Carpe.

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Eles nos arrastaram de beco em beco até China-Town até que Simon, o ciclope, começou a chorar de fome com Jessie já fungando também, a dracaenae os mandou "montar acampamento" em um beco do lado de um dos milhares de restaurantes chineses dali.

O ciclope fez uma fogueira dentro de um tonel de metal e Jessie saiu para ir atrás de comida e logo voltou com umas vintes caixinhas com Porco Mu Shu quentes. Não queria comer, mas Peg insistiu, empurrando meu ombro quando me sentei encostada em seu dorso quente. Eu adorava porco mu shu, talvez não tanto como yakisoba, mas ainda sim... Um grande caroço tampava minha garganta, mas comi apesar de tudo, mais por Peg do que por qualquer outra coisa.

Os monstros começaram a dormir logo depois que Simon desabou na lixeira industrial que ficava ali do lado, a manticore foi logo depois já com seu corpo de leão vermelho ressonando e babando em uma lata de lixo que virara seu brinquedo de morder, a Equidna dormiu em cima de um saco de lixo somente com aquele chihuahua monstruoso velando pelo sono de todos. A dracaenae dormiu na entrada do beco enrolando as caldas de serpente para se proteger do frio, agarrada ao seu arco.

— Foi mal. — disse para o garoto que estava ajeitando um pedaço do papelão para se deitar, ele virou o rosto para mim, confuso por um segundo depois curvou o canto esquerdo da bocam em um meio sorriso. — Por ter te metido nisso, foi mal.

— Tá se culpando por quê? Eu fui atrás de você. — Respondeu se sentando, pegando, com os pulsos amarrados, algo do bolso e me lançando logo depois. Eu quase sorri, era mais um dos seus chicletes. — Relaxa, Carpe.

— Você tá bem tranqüilo pra quem foi seqüestrado, não? — Ele riu. Não faço idéia de como ele conseguia ter tanto bom humor naquela situação, mas... Foi algo bom de ouvir, ele deu de ombros.

— Bem, lembra quando eu lhe falei que eu fiz muitas merdas da minha vida?

— Claro que lembro, você me deu um belo de um sermão.

— Só disse o que você tinha que ouvir. — Revirei os olhos, não ia admitir que era verdade, não pra ele. Seth riu rapidamente. ---- De qualquer jeito, ser seqüestrado foi uma das merdas que eu fiz.

— Tens uma vida bem calma, não? — Ele sorriu de novo, mas não soube dizer o que significava ou o que ele estava sentindo, ele achou meu olhar logo depois, o meu sonho voltou a mente, respirei fundo sem desviar meus olhos. O fogo dançava nas suas orbes castanhas.

Seth passou a língua nos lábios. Não sei quanto tempo ficamos nos encarando

—Vamos dizer que não. —lenta, ia perguntar sobre o que ele estava falando, mas ele me cortou — Bem, acho melhor dormimos, vamos caminhar bastante amanhã. —Franzi o cenho o vendo usar as mão como um travesseiro, tentando ficar o mais confortável possível naquele papelão.

— Caminhar? Como sabes?

— Bem, pelo o que o monstro de roupão disse, estamos indo para San Fransisco e se eu estiver certo nós vamos pegar a Highway Lincoln e como eu duvido que alguém vá nos dar carona... É melhor irmos dormir.

Ele fechou os olhos e se preocupou em pegar no sono o mais rápido possível, já que não demoraria muito para amanhecer e eu fiquei quieta por um tempo tentando absorver a lógica cansativa e inegável do filho de Hades, atravessaríamos o pais na horizontal e a pior parte, andando.

Encostei-me no tronco de Peg, respirei fundo e olhei para Seth que estava deitado como se o papelão meio úmido onde estava deitado fosse um ótimo lugar para dormir, um sorriso leve torcia seus lábios cheios, seus tornozelos estavam cruzados e balançando um pouco, como se estivesse tudo bem. Invejei aquela calma. Só conseguia pensar nos meus... Na minha família.

Os rostos de Miguel, Guilherme, Rany, Nathy, Velkan e Valle, Púlox, Violet pareciam estar cravados na minha mente. Miguel principalmente, imaginava o rosto dele, quer dizer, ele era meu melhor amigo, no seu jeito torto e sarcástico de ser, mas ainda sim era quem eu tinha de mais próximo. Mas, quem parecida estar cutucando meu coração com uma agulha era Luke.

Ele ainda nem conseguia andar e estava recheado de pessoas que poderiam fazer algum mal a ele, ou mesmo tentar matá-lo. Senti uma raiva repentina no peito. Que ninguém ousasse tocar em um fio dos cabelos loiros dele; eu me preocupava com ele, eu o tinha trazido de volta a esse mundo, então ele tinha que ficar bem, tive trabalho de trazê-lo de volta.

Franzi o cenho, esfregando o bracelete de Blythe.

—Que ele fique bem. — Disse para mim mesma. Peg encostou o focinho úmido nas minhas costelas e bufou, me convidando a deitar ao seu lado. Dormir ao lado de Pegs foi quase fácil demais, considerando que eu estava em um beco em China-Town.

Pegasus estava com a cabeça entre as patas, as usei como travesseiro também, ele levantou a cabeça me acomodando para depois deitar, os fios lisos e perolados da sua crina se misturaram com meus cabelos, me encolhi mais contra seu corpo grande e quente e, com a sua respiração profunda e regular contra mim, a sensação macia do seu pêlo, com seu cheiro de terra úmida e grama recém-cortada mesmo misturado com o cheiro de poluição nova-iorquina, esgoto e comida chinesa estragada... Seu cheiro era reconfortante.

Pegs me cobriu com uma de suas asas, me protegendo do frio, e no cimento sujo e úmido do beco, percebi que estava mais cansada do que eu acreditara, minhas pálpebras pesaram e logo eu estava dormindo feito um pedra, e sim, eu sonhei outra vez, acho que já sabia disso.

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Eu estava na base da Colina Meio-Sangue, uma tempestade castigava tudo em volta do Acampamento, olhei para o céu,  irritada. Eu já estava deitada em um chāo sujo e molhado e estava sonhando que estava na chuva. Que ótimo. Bufei e olhei para frente, vendo, na escuridão da noite, um garoto de uns quinze anos arrastando junto a uma garotinha de no máximo sete anos um sátiro desmaiado, enquanto uma garota lutava com um monstro que eu não consegui definir.

A menina tropeçou e os três caíram a uns dois metros de mim, prendi a respiração ao reconhecer os três. O sátiro desmaiado e ferido era Grover, a garotinha só poderia ser Annabeth, eu reconhecia seus olhos e a estranha sensação de parecer ouvir engrenagens girando na cabeça dela e o mais velho era... Era Luke. Não tinha uma cicatriz no rosto, os cabelos lhe grudavam na testa.

Annabeth parecia estar chorando. Luke pegou Grover nos ombros e mandou Chase correr, mas ela se negou, plantada ao seu lado, se virou para a garota que lutava, e por mais idiota que eu fosse com relação a sentimentos, eu pude ver que ele gostava da garota.

—Thalia, vamos! Thalia!

Thalia? Lembrei-me de Luke me contando sobre ela... Thalia Grace, filha de Zeus e uma Caçadora de Ártemis, mesmo eu não sabendo nada sobre essas caçadoras, eu pelo menos não conseguia ver Thalia como caçadora, ela era... Meio gótica, não tão gótica como Velkan e Valerie, mas ainda sim, seu estilo era claro. Seu cabelo repicado e os olhos azuis marcados por grossas linhas de rimel, lápis e delineador, que, com a chuva estavam borrados.

–-- Não! Luke, leve Annabeth e Grover para o Acampamento, eu vou logo depois que eu acabar com esse aqui ----- Berrou, tentando soar mais alto que o trovão que soou no céu escuro. O Luke jovem arregalou os olhos e ficou paralisado, tentou discutir, mas Grace já havia corrido contra o monstro.

Luke correu com Grover e Annabeth, e Thalia ficou lutando com o que parecia ser um gigante, mas não um ciclope, afinal esse tinha dois olhos, apesar de ser alto como um gigante de um olho só, musculoso como tal, mas definitivamente mais esperto. A filha de Zeus se lançou contra ele com uma lança e um escudo que, quando eu olhei, senti vontade de sair correndo. Era um desenho fiel da Medusa, com toda a sua feiúra e monstruosidade.

Eles lutaram por um tempo, e por mais que a garota fosse simplesmente fantástica com a lança e o escudo, o gigante acertou seu flanco direito com um tronco de arvore, lançando-a para o lado e finalmente correndo para agarrá-la com as mãos. Thalia parecia estar morrendo, quando ele a pegou como uma boneca, mesmo dolorida o encarou com firmeza.

— O que foi seu lestrigão idiota? Tá esperando o quê? — Vi o Lestrigão abrir a boca cheia de dentes para engoli-la, mas fui sugada por um redemoinho, como água indo pelo ralo da banheira, não que fosse uma comparação boa.

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Voltei a sentir meus pés nos chão e percebi que estava no Mundo Inferior, nos Campos de Punição pela quantidade de gritos, fuligem e risadas malévolas. Não sabia o que fazia ali, não havia ninguém ali com quem eu tivesse alguma ligação, até que vi, no mesmo cercado de arame farpado, Luke sendo torturado outra vez.

Sem pensar duas vezes corri em sua direção, já apertando o bracelete de Blythe, a katana pronta para matar o aquele cara, mas uma mão me impediu. Ofegante e com as pupilas dilatadas de pavor e culpa, Luke me segurava pelo pulso, arregalei meus olhos, talvez até mais do que ele.

O que diabos ele fazia nos meus sonhos? Ou eu nos dele?

Não tive tempo para pensar. Percebi que estava prestes a chorar e, com isso senti minha própria exaustão vir a tona, me lembrei de tudo o que tinha acontecido, de tudo que era culpa minha e... Em um ato de preocupação e, eu admito, profunda carência, o abracei pelo pescoço.

O loiro não me abraçou de imediato, mas quando abraçou, seus braços apertaram meus ombros com força, senti suas lagrimas molhando a manga da minha camisa, também senti que fazia um tempo que ele se segurava para não chorar. Outra vez, passei pelo o que Quíron me falara. Compartilhar a dor.

— Como... Como entrou no meu sonho? — Perguntou depois de um instante, me afastei, limpando os caminhos incômodos de lágrimas do meu rosto, dei de ombros.

— Não importa como. Eu preciso da sua ajuda, Luke. — Franziu as sobrancelhas e assentiu. Vi seus olhos vagarem doloridos e vazios para a tortura que passara, o azul tomado por um angustia que doía tanto nele quanto em mim, e eu não sabia o real motivo disso, do fato de nos entendermos nesse ponto.

O tomei pela mão, o arrastando dali para qualquer lugar e, com isso, percebi um pouco tarde para onde meus pés estavam me levando. Paramos longe o bastante para eu não ver onde eu tinha sido quase engolida por... Por Cronos. Mas estávamos perto o suficiente para eu sentir o frio e um vento quase imperceptível nos puxando para o Tártaro.

— Luke, você está bem? —Toquei seu pulso, o filho de Hermes focou os olhos no meu rosto, por um segundo perdido na própria cabeça, no outro assentindo para mim.

— Estou. O que aconteceu? — indagou ele. Não, ele não estava bem, eu sabia disso, mas poderia não ter outra chance dessas, então... abri minha boca para falar, mas ele me cortou — Não duvide de mim. — Rugiu ofendido com o meu olhar, provavelmente de pena, balancei minha cabeça e pisquei varias vezes. Pela fuligem que fazia meus olhos arderem e também surpresa pelo vigor surpreendente que ele tinha.

—Desculpa. O que aconteceu? —Perguntou mais calmo, mas eu ainda via uma chama orgulhosa no fundo dele, não me pergunte como, mas eu sabia que ela estava ali.

— Certo. Eu, Pegs e Seth Gray, um filho de Hades fomos seqüestrados por um grupo de monstros. Um ciclope adulto, uma manticore filhote, uma dracaenae, Equidna e a Quimera. Vão nos levar para San Fransisco, preciso que avise Quíron e aos outros — tirei meu bracelete e coloquei na sua mão — Não sei se vai funcionar, mas leve o bracelete. Se Quíron não acreditar, mostre para os gêmeos Stark de Éris, para Violet e Púlox do Sr. D, para Miguel de Momo, Guilherme do chalé Nove, Nathy do de Ares, Rany Crowfford do de Eros.... Eles vão te ouvir é só mostrar o bracelete, se der certo. —Luke ficou calado por um tempo, absorvendo o que eu disse, depois arregalou os olhos azuis, me agarrando com força pelos ombros.

— Você saiu do Acampamento?! Vão lhe levar ao Monte Etna, querem ressuscitar Cronos! Você sabia disso, não é?! — Berrou para mim, exasperado. Mordi o lábio e olhei para o outro lado, ficando irritada e constrangida

— Eu sei muito bem que isso é culpa minha, okey? Não precisa jogar na minha cara a burrada que eu fiz tá bom? Reconheço meu erro.

— Nem sempre isso adianta alguma coisa, Sury. Você pode botar a perder o... A batalha e o sangue de todos aqueles morreram para deter Cronos. — Mordi minha língua com força para não jogar na cara dele a traição dele a ponto de sentir gosto de sangue na minha boca. Coisa que não adiantou muito, tenho certeza que ele viu todo o que eu queria falar quando eu lhe encarei com raiva.

— Conversamos sobre as merdas que fizemos depois, Castellan. Vai me ajudar ou não?— Minha voz estava rouca de raiva, dei um passo grosseiro para trás, arrancando suas mãos do meu ombro. Que se dane se eu estava agindo feito uma criança.

Vi a chama azul de o seu orgulho brilhar no seu olhar.

— Falarei com Quíron. —olhou para o bracelete na sua mão. Senti falta dele no meu braço, esfreguei meu pulso. — E com seus amigos, eu prometo.

— Ótimo.

— E Sury? — O olhei. Luke sorria para mim. Mas não um sorriso qualquer, era um sorriso de irmão mais velho, o mesmo sorriso que Blythe me dava quando estava orgulhosa ou simplesmente feliz por me ter do seu lado. Um nó se formou na minha garganta, quis pedir desculpas, mas ele não deixou.

— Fica bem, pequena. — Tentei pedir desculpas, mas uma espada atravessou o peito de Castellan da mesma forma como que da primeira vez que sonhei com ele, Luke deu um grito horrível, só que dessa vez eu gritei com ele.

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Abri meus olhos de repente, sem conseguir respirar por um tempo. Ofegante, procurei Pegs e, surgido de algum lugar, Peg apertou seu focinho contra a lateral do meu rosto, soltei algumas lagrimas de desespero, e me agarrei a sua crina, aos poucos me lembrando do sonho e me acalmando ao mesmo tempo.

— Carpe? Você tá legal? — Sentado no seu papelão, Seth me olhava curioso. Dei um sorriso para ele, que o fez levantar a sobrancelha. — O que você está planejando?

Abri minha boca para falar, mas vi que os monstros se aproximavam, com o chihuahua possuído me encarando com seus olhos enormes e meio estrábicos. A fechei novamente e olhei para Gray outra vez e pisquei para ele e sussurrei:

— Dando um jeito, querido. — Simon, que chegou primeiro, nos colocou de pé pela gola, nos arrastando para frente e, vi que na frente do beco que era a traseira de um caminhão estava aberta, passamos pela Equidna, que nos olhava cheia de tédio.

— Entrem, semideuses, essa é a nossa carona para San Fransisco.

Enquanto entravamos na traseira do caminhão, vi o corpo do motorista sendo devorado pela manticore, que levantou a cabeça para mim, o rosto mergulhado em sangue, deu um sorriso macabro.

Suspirei e fui jogada em um canto da traseira do caminhão-militar, logo depois Seth que estalou ao meu lado e por fim Pegs que relinchou raivoso quando Simon tentou tocá-lo, entrou com elegância e se deitou as minhas costas, se curvando ao meu redor.

Eu só esperava que Luke conseguisse convencer Quíron, não sabia o quanto essa viagem ia durar de caminhão, e viajar com Jessie sentada a minha frente era no mínimo perturbador. Senti o olhar curioso de do filho de Hades em cima de mim, lhe mandei uma piscadela ele me deu um sorriso de canto tentador.

Bem, se fosse para ser seqüestrada, estar à beira da morte, viajar com uma menina-monstro canibal....

Que bom que Seth Gray estava comigo.



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Notas finais do capítulo

Oi gente, eu sou a Bárbara, a nova beta da fic, mas podem me chamar de Lice, porque eu amo esse apelido. Estou muito, muito feliz com esse meu novo "emprego".
Espero que tenham gostado porque eu amei! A Dira se supera a cada capitulo!
Bjão
DiraLautner On: Eu não morri. Perdão outra vez, mas eu posso explicar, se vocês ainda estiverem ai eu poss explicar. A Placa Mãe do meu PC queimou. Sim, por sorte eu tinha salvo no Tablet que ganhei de natal, ou seja minhas Fanfics não foram perdidas, mas também não há como eu postar sozinha.
Então cá estou eu com a minha linda nova Beta, Barbara "Lice" Night postando a você. Eu realmente espero que gostem.
Espero que tenham gostado.
Tenho direito a review?
Beeijos