A batalha era pesada e sangrenta. Muitos já havia morrido e outros estavam a caminho da morte. O final ainda era duvidoso e não parecia estar chegando. Mas quem poderia imaginar que aquilo iria acontecer daquela maneira? Nem mesmo ele poderia imaginar. A dor em seu corpo era grande. O cansaço era inimaginável. Mas a derrota era intolerável. Por isso ele continuava, mesmo quando todas as suas forças pareciam se esvair; mesmo quando sua vontade era que tudo acabasse logo.

A grande explosão veio e o pavor daqueles que assistiam podia ser visto nos olhos. Alguns outros foram pegos pela explosão e morreram. Ninjas que lutaram por sua vila com todas as suas forças, mas que, pelos ferimentos de guerra, não puderam escapar a tempo. Mesmo estando transformado, a dor por saber que tudo aquilo era sua responsabilidade assombrava seu coração. Num último pensamento perguntou “Está mesmo disposta a morrer comigo?”, a resposta veio com um rosnado “Sim! Vamos por um fim a tudo isso.”

A luta não durou mais que alguns minutos, pois logo após essa explosão uma outra muito maior aconteceu. Mas ela era diferente. Todos puderam sentir a energia se espalhando pelo local e atravessando seus corpos. Mesmo aqueles que estavam numa distância segura da primeira explosão não puderam se proteger. O céu foi tingido de tons de laranja no momento do grito. O grito que deu fim a quarta grande guerra ninja.

O silêncio posterior não durou muito, mas perpetuou o momento nas mentes de todos aqueles que presenciaram a batalha. No meio de tanta dor e desespero somente uma pessoa conseguiu se mover e correr para o lugar da batalha. O lugar da destruição. E foi no meio dos escombros que ela encontrou ele. Foi no meio dos destroços que sentiu que seu coração iria parar após doer com o que pensou ser a última batida. E foi ali que ela se deixou cair de joelhos para alcançar o dono de seu coração. “Naruto.” Seu corpo inerte era aconchegado em seus braços.

As lágrimas que rolavam soltas por seu rosto morriam no rosto dele, e foram essas lágrimas que trouxe ele de volta do mundo dos espíritos, mesmo que somente para dizer adeus. Seus olhos se abriram mostrando um azul profundo, mas cansado. Em meio a tanto vermelho que tingia todo o cenário, aqueles azuis eram bem-vindos. E ela correspondeu com o mais belo sorriso, mesmo que somente para mascarar sua grande dor, pois ela sabia que aquelas seriam as suas últimas palavras, ela sabia que aquele seria seu último momento com seu amado.

“Acabou. Acabou Hinata. O último jinchuuriki e seu bijuu irão morrer.”

“Não diga bobagens Naruto!” Embora falasse isso ela sabia que o fim dele estava próximo, por isso deixou que ele dissesse suas últimas palavras e se deixou levar pelo amor que sentia por ele. No último instante antes de seus olhos se fecharem para sempre, Hinata capturou seus lábios num beijo cálido. Naruto usou suas últimas forças para corresponder ao beijo que recebia, e foi durante o maior ato de carinho e amor que recebera durante a vida que ele deixou o mundo dos vivos e foi se encontrar com aqueles que já haviam partido.

Hinata percebeu o instante em que seu amado partia, pois seus lábios já não possuíam mais a vivacidade de antes. A dor era imensurável, mas ela não estava só, ao redor deles outros ninjas já se faziam presentes e a dor também era compartilhada.

Seu corpo foi erguido como deveria ser: como um herói. E foi como um herói que ele foi carregado através dos portões da Vila da Folha. Da mesma maneira que Gaara fora recebido de volta em sua vila quando fora seqüestrado, Naruto era recebido pelos moradores. Mas não havia gritos nem festa, a dor e a tristeza pairavam no lugar. A única coisa que quebrava o silêncio era a salva de palmas da população e de todos os ninjas presentes.

No dia seguinte foi o velório e o enterro não somente de Naruto, mas também de todos os ninjas que haviam morrido e ainda não haviam sido enterrados. Tsunade presidia a cerimônia embora não se sentisse bem para aquilo. Havia perdido todos que amava: seu irmão, seu amado e agora Naruto. Todos com o mesmo sonho: tornar-se Hokage. E todos com o mesmo destino triste. Realmente aquele pingente era amaldiçoado.

Hinata fechou os olhos e lembrou-se do passado. Um sorriso surgiu em seu rosto quando percebeu que aquele sorriso contagiante, aquele oceano que eram seus olhos e o jeito travesso de ser, sempre estariam em sua memória. Até podia ouvira sua risada enquanto coçava a cabeça com uma das mãos. Aquele era o jeito dele. E ela nunca iria esquecer.

Do time 7 somente Sakura estava presente, já que Sasuke também morrera na guerra e Kakashi estava no hospital em coma depois de gastar quase todo o seu chakra na tentativa de abrir um portal para outra dimensão com seu sharingan no momento da explosão. O corpo de Sai ainda não havia sido encontrado, nem do Aburame. Não havia um único ninja ali que não tinha perdido alguém próximo.

Ao lado de Sakura, Hinata estava de cabeça baixa para esconder suas lágrimas e seu sorriso. Não iriam entender. Ela não queria explicar. Kiba e Akamaru também estavam ao lado de Hinata e sofriam com a perda do companheiro. Foi nesse momento que a Hokage começou seu discurso.

“Ele nasceu do amor de dois grandes ninjas, e foi ainda bebê que ele recebeu a grande incumbência de guardar dentro de seu corpo a maior ameaça que essa vila já recebeu: a Kyuubi. Namikaze Minato, seu pai, foi quem lhe deu essa árdua tarefa. Ao contrário do que o yondaime pensou, ele não foi aceito como um herói, mas sim como um monstro. Foi odiado e maltratado por todos dessa vila, mas isso não endureceu o seu coração, não. Com seu jeito alegre e brincalhão ele convencia as pessoas e as conquistava. Ele cresceu com um sonho: ser Hokage. Ele não realizou isso. Não em vida. Por isso, agora, com o poder que me foi dado, eu declaro que Uzumaki Naruto será enterrado como o Rokudaime Hokage de Konoha!”

A surpresa estava estampada no rosto dos presentes ali, mesmo assim a decisão foi aceita com alegria, mesmo num momento de dor. Sakura que tinha no rosto as marcas de seu sofrimento, agora chorava com uma emoção diferente, pois ele tinha conseguido, de uma maneira diferente, mas conseguido alcançar o sonho.

Dois meses se passaram... As folhas das árvores começavam a cair dando boas vindas ao outono que chegava. A vida continuava seu rumo e as pessoas tentavam se acostumar com as mudanças.

Hinata estava se preparando para uma audiência, algo muito importante, pois ela seria indicada, por seu pai, como nova líder do clã Hyuuga. Seu nervosismo era grande e ela ainda sentia muito a falta daquele que sempre fora sua força, sua motivação, sua vida. Enquanto aguardava na sala ao lado ser chamada pelo pai, foi surpreendida por uma presença.

“Hinata-sama.”

“Neji-nissan!”

“Desculpe, eu não queria assustar. Só queria que soubesse que estarei sempre ao seu lado para te proteger. Você e...”

“Arigatou, Neji.”

Hinata foi chamada e Neji a acompanhou até a porta, depois voltou para seus afazeres. Hinata foi indicada como líder e aceita sem nenhum voto contra. Agora, como líder do clã, ela tinha muitos deveres e pouco tempo para o lazer.

Muito tempo depois...

“Hinata! Passeando?”

“Kiba-kun! Akamaru! Há quanto tempo! Sim estamos passeando!”

“Au au!”

“Vá brincar com ele Akamaru! Eu vou ficar aqui com a Hinata.”

Kiba e Hinata se sentaram num banco ali perto. Ela era uma líder atarefada e ele também tinha seus afazeres como jounin e pai de família, por isso não tinham muito tempo para conversar. O tempo os afastou um pouco, mas a amizade continuou.

“Ainda sente a falta dele?”

“Todos os dias. Mas quando olho para ele eu me conforto. De certa maneira eu o tenho perto de mim.”

“Sim, eles são bem parecidos... Até nas travessuras, hehe...”

Ficaram ali lembrando o passado por um tempo. O sorriso de Hinata havia voltado ao seu rosto há algum tempo, desde que ele tinha entrado em sua vida. Ela se lembrou da primeira vez que o viu, seus olhos azuis fitaram os seus e foi quando ela deu seu primeiro sorriso sincero depois da morte de seu amado. Agora não estaria mais sozinha, um pedaço dele estaria com ela sempre. Agora ela tinha uma nova razão de viver, agora ela tinha um novo amor. Seu filho. O filho de Naruto.

“Aiko! Venha, já vamos embora querido!”

“To indo mãe, tebayo!”

“Au au au!”

Hinata fez um carinho em Akamaru pensando que este latira para dizer tchau, mas ele estava latindo para alguém que estava ali sem que ninguém percebesse. Na verdade quase ninguém. Aiko olhou para o cão e deu uma risada baixa, logo depois ele olhou para quem Akamaru latiu e sorriu. O homem loiro mostrou um lindo sorriso antes de colocar um dedo na frente da boca num gesto claro de “não conte a ninguém”. Aiko apenas acenou concordando.

Hinata tinha razão, ele sempre estaria por perto...

Fim.

Aiko: Filho Do Amor.