White Feathers - Blood Chronicles escrita por Ceshire


Capítulo 8
002.5 ~ Over the Sky




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/15785/chapter/8

 

002.5 ~ Over the Sky

 

Seus cabelos esvoaçavam, como chamarizes, faziam meus olhos se perderem em suas brilhantes e douradas madeixas, o sol parecia intangível, se não pelo seu brilho, que parecia ofuscá-lo.

 

Não consigo lembrar-me de seu nome, nem sei explicar como me sinto quando me lembro de você, tudo aquilo que está presente no meu mundo parece não existir quando ao seu lado estou, como se vivesse uma nova vida dentro da minha.

 

Pequena flor de lis, que aos meus olhos restaram apenas lembranças do que possa ou não ter acontecido, disso que sinto falta e agora trago novamente ao meu coração, sobre a promessa de estar novamente ao seu lado, para sempre.

 

Das palavras de uma criança que mostrou em seus olhos meu passado, o qual fizeram-me esquecer, disso tudo que mal sei por que, e agora para mim se misturam às confusões de meu passado e do que o presente tornará a vir me revelar.

 

Quem somos eu?!

Koyuki?

 

Agora já era tarde da noite, o céu estava estrelado, mas nuvens agora percorriam o céu, e uma delas obscurecia o brilho delas, que agora a pouco pareciam estar sobre a janela. Ele havia acabado de assustar-se ao acordar derrepente, poderia aquilo ter sido um pesadelo, mas, este não parecia pensar assim, deitou-se novamente, mostrando uma expressão pensativa e perturbada ao mesmo tempo.

 

— Um sonho?

 

Rebuscava seus pensamentos, tentando encontrar o que fora visto agora pouco em seus sonhos, mas, tudo derrepente pareceu estar desaparecendo outra vez.

 

Moveu-se para o lado da cama, acendendo rapidamente a lamparina, às pressas caminhou com ela pelo quarto, indo até sua escrivaninha; Relatou todo o sonho, e o que mais havia em seus pensamentos, com medo de que tudo aquilo fosse desaparecer novamente, fosse um sonho, ou não.

 

Apagou a lamparina, onde agora estava iluminado pelo claro do céu, passou pela janela, fixou-se ao jardim, onde notou um movimento, um vulto, algo que não saberia identificar. Pôs-se a olhar deixando seu corpo atrás da parede, mas agora não conseguia ver mais nada.

Pensou que talvez o sono houvesse dominado, e seus olhos agora estariam sendo enganados pela sonolência, decidiu então voltar para cama, e assim logo adormeceu novamente.

 

O outro dia já se colocava a raiar lá fora, na mansão de Kaday já amanhecera e já era tarde, Takeshi havia acabado de acordar e agora se retorcia sobre a cama, espreguiçando e bocejando, olhou por todo o quarto esmaecendo seu olhar, com aquele leve sorriso lhe pairando no rosto.

 

— Te procurando em outros mundos e você aqui, do meu lado.

— Sortudo eu sou, se sou.

 

Se levantou e pôs se a janela, abrindo toda ela, sentindo o vento que percorria os céus daquele meio dia.

 

— Por que pensar em você me faz sentir menos sozinho?

— Por que quando estou com você não sinto como se fosse o único a vagar por tantos caminhos distantes?

 

— Mal lhe vejo e você me desregula todo, talvez esteja louco, não faço idéia do que isso seja, mas, sinto que gosto.

 

De surpresa, Walter rompeu suas palavras quando silenciosamente abriu a porta do quarto, fazendo com que Takeshi se virasse inesperadamente, observando-o.

 

Apenas se olharam, até que Walter se pronunciou lhe dizendo que o almoço já estaria pronto, e que não deveria estar despertando naquela hora — Takeshi riu, colocou por sobre as roupas uma manta e foi caminhando rumo a porta, logo atrás de Walter que acabara de descer. Ainda bocejava enquanto descia, e falava algumas palavras enquanto descia bocejando.

 

— Waah-lter.

— Acho que vou comer tudo que ver pela frente.

 

Walter se virou levantando o olhar para ele enquanto descia.

 

— Vire isso pra lá, o almoço está é na cozinha.

 

Takeshi riu desbocadamente, levando a mão ao peito — Você sabe ser indescente Walter; Ele apenas desvirou o olhar com um leve sorriso, feliz pela não descontência de seu mestre pelo dia anterior.

 

Alimentou-se e ficou na varanda, pensativo e distante, olhando às nuvens.

 

— Depois de tanto me afastar para não machucar ninguém, será que realmente devo me entregar a isso?

 

Às nuvens se moldavam a sua frente, em formatos variados, num deles pareceu ver uma grande imagem, com o que seriam chifres, fixou o olhar, forçando-o logo em seguida, como se o atraísse.

 

Fechou os olhos e entrou para dentro, esbravejando dentro de si, maldição!

 

Desceu até a biblioteca da mansão, no que seria um imenso e profundo subsolo, percorreu por um longo tempo, até chegar numa porta de pedra lisa, que ao ser tocada por Takeshi, tomou um leve brilho, trazendo consigo inscrições sobre a porta.

 

Até agora fechava os olhos para não descrever tamanha beleza marcada por todos os lugares onde passava, apesar da escuridão, mesmo até a parte de cima, nada se compararia mesmo com os mais requintados lugares de outrora.

 

No mesmo instante que já estivera, agora já voltava, e com a face abaixada, erguia rumo a luz que vinha da parte superior, com um leve sorriso e um brilho nos olhos, e assim disse:

 

— Ligação que une o tempo que para e se volta, de tempos em momentos, onde às lembranças se tocam em instantes.

— Eu que sempre estive sozinho, nunca deixarei tirarem de mim, aqueles que nunca tive.

 

...

 

Atravessando algumas milhas estava Stella, que se levantou da cama logo cedo, mais energética que meio grupo de aprendizes de Kanemaki.

 

Logo ao nascer do sol, aproveitou-se da belíssima paisagem dada naquela posição da Mansão, e a luz que se projetava sobre a fria manhã que estava, e então começou a pintar lá fora.

 

Mas não se contentou apenas com isso, estava plenamente inspirada, e tudo que lhe acontecera dava lhe motivos e desejos para tal, e então, assim que terminou de amanhecer, tomou seu café da manhã apressadamente e seguiu sem destino a caminhar pra onde seus pés lhe guiassem, com sua bolsa, seu bloco, lápis e tinteiro.

 

Atraiu olhares enquanto saiu da Mansão, Myriev nessa hora treinava, e ouvia os comentários dos outros que puderam ver.

 

— Vejam, vejam, ela parece animada, não?

 

E então outro disse logo em seguida:

 

— Sim, veja só como está radiante, fica bonita de qualquer jeito!

 

E assim foram amontoando aprendizes e comentários.

 

Myriev se esticava rumo a porta para tentar ver o que se passava, mas Kanemaki que agora o treinava não lhe dava oportunidade, fazendo o ficar sem saber o que fazer. Impulsionava-se contra ele de todas as maneiras, inspirado por Kaday noutro dia, mas, nada surtia efeito.

 

Kanemaki não estava atordoado pela noite passada, após tudo aquilo reuniu com alguns de seus alunos, consolidando opiniões de que tudo aquilo não era normal, e assim, quando amanheceu colocou todos em treino pesado.

 

— Vamos, vamos!

— Quero ver todos se mechendo... disse Kanemaki.

 

Ouvia-se ao longe os barulhos dos contatos entre os bokens¹, e dos homens intimidando-se uns aos outros, aprimorando suas técnicas de combate.

 

Existiam vários espalhados pela área da mansão, quando estavam em seu horário de guarda, todos ficavam quase imóveis, apenas observando os movimentos ao redor, sob a supervisão de dois dos dez capitães, conhecidos como os dez mais.

 

Os aprendizes e os samurais que viviam ali em sua maioria tinham um nível elevado de combate, e um ou outro se disciplinava sobre os treinamentos e os que se destinavam a proteção da mansão, eram denominados soldados, e esses possuíam classes de acordo com suas habilidades físicas ou com a espada.

 

Todo aquele movimento podia parecer normal para quem já fosse dali, mas, a olhos de fora, percebia-se que era um lugar bem protegido; Apesar da enorme quantidade de pessoas rodeando o lugar, Koyuki reduzia parte dos soldados e guardas em ronda, para não chamar tanta atenção; Estes ficavam em prontidão, caso houvesse algo.

 

____________________________

-bokens¹: espada de bambu, comumente usada em treinos.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "White Feathers - Blood Chronicles" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.