White Feathers - Blood Chronicles escrita por Ceshire


Capítulo 4
002.1 ~ Basket of Feelings




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002.1 ~ Basket of Feelings

 

Stella cabisbaixa estava, pensava que não o veria outra vez; no brilho daquele instante e o que havia causado ao seu coração, pensar nisso logo a entristecia.

 

Alguns dias passaram e Stella ainda não conseguia parar de pensar em tudo aquilo, que agora se tornara mais intenso e queimava ao pensar não poder vê-lo outra vez. Depois de muito pensar decidiu então que o reveria com o pretexto de buscar sua cesta; seus olhos então brilharam novamente, irradiando um sorriso esplendoroso ao pensar que enfim iria reencontrá-lo.

 

Seu pai notara que antes dessa felicidade repentina, alguns dias atrás permanecia em tristeza e com ela seguia, essa o afligia, pois pensava que a nova casa e a falta da mãe seria o motivo de tanta tristeza.  O mesmo não sabia que às coisas que estariam por vir poderiam marcar para sempre sua doce alma, em felicidade ou tristeza.

 

Sem querer se manifestar diretamente, conversou com ela no almoço sobre praticar alguma arte que a detivesse um pouco, assim poderia se acostumar mais um pouco com a nova casa esquecendo assim as mágoas refletidas do passado.

 

Ela ficou contente, pois assim talvez ocupasse um pouco de seus pensamentos com outras coisas, mas disposta estaria a vê-lo em breve.

No dia seguinte, recomeçou com seus trabalhos artísticos, dentre eles, pintura e escrita; a pedido de seu pai iniciaria aulas de kendo, apesar de ser um tanto contra essas atividades não femininas, gostava da idéia ao fundo, pensava que as virtudes da espada poderiam deixá-la mais forte.

 

Nunca pensou em ter sua filha ao seu lado, assim como nunca pensou que a deixaria praticar tal arte; A arte da espada não era bem aceita sobra às mãos de uma mulher, além do não interesse delas nisso.

 

Seu pai fora um esplêndido general no Japão, mas agora preferira a paz e a calmaria, assim como a beleza destas terras, sabia que um dia teria de seguir outro caminho e que às guerras de outrora não seriam para sempre.

 

Mesmo após deixar sua posição continuava muito poderoso, obtivera informações por meio de seus contatos, sobre um jovem brilhante mestre que recentemente teria comprado grande parte de terras próximas a mansão, nomeado; Takeshi Kaday.

 

Isso o deixou pensativo, concluiu que algo poderia estar errado, alguém provavelmente queria espioná-lo, quem sabe até matá-lo.

Ficou então preocupado, pois muitos segredos guardava alguém de sua posição, muito além disso.

 

Na cerimônia do chá, teve uma idéia que poderia reverter essa situação caso assim realmente fosse.

Em pensamentos...

 

— Hmpf.

— Talvez não seja nada além de uma coincidência.

— Enfim, tomarei minhas precauções.

 

— Enviarei uma carta de combate para com o mestre dos meus cavaleiros; Kanemaki Ryuu, se ele o vencer deixarei que ensine minha filha.

 

— Assim ficarei assegurado de que os olhos de meus servos serão quem estarão vigiando-o.

— Hahaha, espere para ver, jovem insolente.

________________

Kendo¹ Arte da Espada.

 

Na manhã seguinte, avisou Kanemaki Ryuu que prontamente ordenou que escrevessem uma carta pedindo o duelo com Kaday, confiante de suas habilidades logo mandou um de seus alunos entregá-la.

 

Estava ansioso, desde que chegara nestas terras não teve a oportunidade de lutar com alguém de tal experiência, se alegrava por saber que o jovem já era considerado um mestre na arte da espada, seu sorriso mostrava o quanto à ansiedade já o consumira, então restou somente o tempo que se encarregaria daquela batalha.

 

O sol já brilhava alto as nove, quando um aluno de Kanemaki; Myriev, estava chegando nas terras do Mestre Kaday.

 

Ao longe via uma enorme mansão, seu cavalo galopava rápido naquela pequena relva, até então não percebeu movimento algum, continuou a toda velocidade.

 

— Uau, que enorme.

— Esse mestre deve realmente ter muito prestígio.

 

Myriev estava encantado com a imensidão e a beleza daquela mansão, que se igualava ou até superava o tamanho na de seu general; Agora estava um pouco repressivo, diminuiu o galope cavalgando sem pressa, pois pensará que até então não havia notado nem ouvira falar de tamanha mansão nas proximidades da Mansão, apesar de saber que toda essa era uma área nobre e que todos pertencentes a ela eram poderosos financeiramente.

 

Quando chegou, encantou-se ainda mais com toda beleza, às janelas e seus entornos decorados dentre tudo ao seu redor; mas tudo estava quieto demais. Apoiou a mão em sua espada, pensando que algo poderia estar acontecendo ali, então foi caminhando em alerta.

 

Ao se aproximar da porta, ouvia agora o som de um piano, numa calma melodia que seguia até seus ouvidos, bateu então na porta; aguardou alguns instantes e então um mordomo apareceu.

 

— Sim?

— Por favor, poderia entregar essa carta ao mestre Kaday?!

— Eu gostaria de uma resposta se possível.

 

— Claro, entre por favor.

 

Entrando na mansão viu o quão bela realmente era, aguardava numa poltrona naquele imenso salão principal, enquanto ouvia o piano vindo de algum lugar não tão longe, notou que alguns minutos após o mordomo partir o som do piano havia parado; pensou então que quem estaria a tocar seria Kaday.

 

— Poderia ser?

— Heh, Que homem incomum.

 

Ao voltar em si, percebeu aproximando a si um alto homem de olhos castanhos, vestido com uma roupa em veludo verde, um tanto exótica; Arregalou os olhos, pensou imediatamente que seria Kaday.

 

— Se-senhor.

 

O homem olhara pra ele entre o reflexo, analisando-o.

 

— O que o traz aqui, jovem...?!

 

— Venho sobre ordens de meu mestre, Kanemaki Ryuu, para lhe entregar esta carta.

— Entendo, saberia me dizer o porquê estar e se interessar por isso tão longe de casa? Logo com alguém em passagem de férias?!

— A carta que vieras entregar fora escrita com sede de lutar, ao que parece seu mestre não possui tantas ocupações.

 

Myriev o interrompeu.

 

— Me desculpe senhor, mas tenho que discordar.

— Talvez ele já o conheça e queira testar suas habilidades contigo.

 

— Nem cheguei a me apresentar, perdoe-me, sou Myriev Nakai.

 

— Hmm interessante, tentar livrá-lo com tão singelas palavras.

— Mas talvez eu não chegue a crer.

 

Kaday aparentava indisposição, com o decorrer da conversa o mordomo lhe trouxe chá, então dialogaram mais alguns instantes.

— Quanto a apresentações, sou Takeshi Kaday.

— Dirija-se a mim como Mestre Kaday.

 

— Parece um bom rapaz, aceitarei então o pedido.

— Poupá-lo-ei de levar uma carta minha.

 

Diga apenas que duelaremos amanhã sobre a passagem final de Amaterasu¹

 

— S-Sim senhor Mestre Kaday!

— Me encarregarei de levar sua mensagem.

 

Myriev sentia-se como uma criança, pensava em todo treinamento que tivera nesse instante sobre a calmaria das palavras de Kaday.

 

Aguardava ansiosamente para presenciar o duelo, queria ver o quão forte seriam os dois, mesmo não conseguindo acreditar que Kaday,

 

que seria pouco mais velho que si conseguiria fazer algo contra o grande Kanemaki Ryuu.

 

Assim que Myriev foi-se embora, Kaday bocejou subindo ao segundo andar, encostando-se a uma das paredes, sentou ao chão admirando o quadro de uma plantação de trigo.

 

— Mar de ouro, uma plantação de trigo.

— O sol transpassando o céu azul, iluminando entre as nuvens às proezas da terra.

— O vento corre como nunca entre o brilho dourado.

— Levando consigo todas minhas mágoas.

_________________

Amaterasu¹ Deusa do Sol.

 

Olhou pela janela, o céu agora nublado com raros feixes de luz vindo das nuvens.

 

— Chuva?

 

— Onde estará você agora linda pequenina?!

 

Fechou os olhos vagando pelo tempo, num perdido momento onde talvez não pudesse reencontrar-se em memórias distantes; sonhava acordado.

 

Ouvia o barulho dos passos quase nulos de Walter, seu mordomo. Rapidamente levantou-se colocando em prumo, levando o olhar às escadas, onde Walter acabara de aparecer.

 

— Tudo bem senhor? – Perguntara Walter.

— Estou bem – Respondia Takeshi, obstinado.

 

— Walter o que acha que Kanemaki estaria pensando me convidando a um duelo?

 

— Sinto que alguém precisa mostrar forças diante seus alunos, ouvi dizer que já aconteceu outras vezes, dentre elas, não me lembro de ouvir derrotas — Ainda sim, creio que há algo maior nisso.

 

— Hmm, isso parece interessante – Contudo, não tenho vontade alguma em lutar com ele.

 

— Vá se distrair um pouco, será bom ver pessoas novas já que não há conhecidos nas proximidades — Quem sabe não acaba fazendo algumas amizades?

 

— Amizades?! — Heh, vamos parar com essa conversa — Vou deitar-me um pouco.

 

Caminhou até seu quarto — Enquanto dava seus primeiros passos, acenou a Walter.

 

Walter desceu então as escadas voltando ao andar de baixo — Penso que deve ser a pessoa mais desnaturada que conheci na vida, entre amizades e amor, talvez algo dê um rumo diferente nessa vida de solidez.

 

Myriev já estava ao longe, galopava como um louco por uma pequena trilha assim encurtando a distância entre às duas mansões, pelo menos acreditava nisso, afinal, sentia se um desconhecido não sabendo de tamanhas grandezas nessa parte ao norte das terras.

 

Enquanto galopava, vinha a mente a pequena filha do general — Ah, como é bela, pena ser da nobreza — Assim sendo, creio que ficará somente em meus sonhos.

 

Kya, devo para de pensar nisso, tenho de me tornar um samurai de verdade antes de pensar em mulheres, logo abandono essa vida se penso de mais nela — oh vida cruel.

 

— AAH!

 

Na distração de Myriev o tropeço do cavalo foi fatal, desceu ao chão cambaleando entre o mato — Nas cambalhotas já resmungava. Oh céu, além de não poder ter a mulher que desejo me dá o chão como prova do que mereço?

 

Os relinches do cavalo mais pareciam risadas — Myriev olhava furioso ao cavalo que continuava a relinchar — Mas que diabos, até você?!

 

— Te odeio cavalo.

— Te odeio e te odeio!

 

Ao se levantar percebeu que estava todo sujo pela terra, o tempo molhado dessa época facilitou então, piorando sua situação, se não bastasse arranhado por todo ficou, dentre os braços e o rosto.

 

Tsc, mulheres, mulheres — Até em sonhos ruins elas são capazes de te deixarem sujos.

 

Se apoiou na cela subindo novamente ao cavalo — Quanto a você, me paga! — Subiu o tornozelo em sua barriga para que corresse como nunca — Vamos cavalo, vamos — Veremos se é tão bom em correr quanto em rir de mim.

 

Após a tragicômica cena, correu até chegar à Mansão; alguns alunos que a postos estavam lá fora agora gritavam, olha lá se não é Myriev de volta, mas que é aquilo, não estava de azul?! — Parece marrom ou preto, que estranho.

 

Quando se aproximou percebeu que alguns riam, nisso ele já falava do outro lado.

 

— De que riem imprestáveis?

— Tomem nota do que acontece antes, riam depois.

— Continuem com esse comportamento impertinente e reportareis tais atos ao mestre, se não puni-los eu mesmo.

 

Em silêncio todos ficaram; apesar de ser apenas um adolescente, era querido por Kanemaki, assim como um ótimo espadachim, ocupava uma posição entre os dez mais da academia, o que lhe talvez lhe rendesse prestígio suficiente para agir assim.

 

Contudo, sabia que tal atitude era pelos nervos que lhe foram tocados instantes atrás — Deixou o cavalo, pedindo para que um dos alunos ali fora o aprontasse e soltasse de novo ao campo.

 

Deixou suas sandálias no lugar e entrou no dojo². Vários alunos treinavam sobre a supervisão do 3º Jeremiah Willow, atravessou pelo lado até chegar a Jeremiah — Hey, miah-dono¹ sabe onde o mestre está? — Ele abriu um sorriso, quase chegando a rir; Myriev brincava na terra?! — Enfureceu-se, mas nada disse, simplesmente olhou pra ele como seu superior aguardando uma resposta.

 

— Segurando o riso respondeu então — Vi-o algum tempo atrás em seus aposentos, parecia estar organizando algumas coisas, creio que ainda esteja lá. Myriev agradeceu então, voltou até a porta do dojo, calçando então suas sandálias. Caminhava pelo gramado, seguindo até os aposentos de seu mestre, quando notou de súbito a filha do general admirando o céu pela janela.

 

Ergueu o olhar até a ela, ficou a admirá-la enquanto ela se perdia entre às nuvens do céu nublado, aguardando que chovesse outra vez. Quando de súbito sentiu uma mão em seu ombro — AAAH! — Virou-se para ver quem poderia ser assustando-o naquele momento tão divino.

 

— M-Mestre.

— Pe-Perdoe minha distração.

 

De leve um tapa na cabeça — Que fazia aqui parado Myriev?

 

 

____________________________

-dono¹: sufixo para nome pessoal representa de forma polida muito respeito.

-dojo²: local onde os japoneses costumam treinar artes marciais.

 

— Não lhe ordenei que entregasse uma carta e buscasse uma resposta?!

 

Stella percebeu o alvoroço ali, mas não chegou a perceber o motivo de tal; mal sabia ela, que admirada estava sendo pelo jovem Myriev.

 

— Sim senhor!

— Estava a sua procura, acabo de chegar Mestre Kanemaki.

 

— Me procurava na janela?! — direcionou o olhar a janela, porém nada havia lá agora.

 

— Diga-me homem!

 

— N-não senhor, pensei ter visto algo — Parei apenas para verificar se poderia ser algo de importância.

 

— Entendo, mas agora explique-me por que estas sujo como um porco?

 

— Senhor, foi aquele maldito cavalo; não sei que diabos aprontou que ao chão acabou me levando.

 

— Ora Myriev, dê um jeito, não quero meus aprendizes imundos dessa maneira, você receberá um treinamento dobrado para que isso não torne a se repetir — E quanto a minha mensagem?

 

— Entreguei a carta como havia pedido, ele disse que não o importunaria com uma carta, simplesmente pediu para que entregasse algumas palavras.

 

Impaciente, Kanemaki fechava o rosto, com uma expressão não muito amigável.

 

— Desembuche homem.

 

— Disse ele que duelaria com você, na passagem final de amaterasu¹.

— Finalmente uma batalha — Seus olhos então brilharam — deu um pequeno abraço em Myriev; vá se lavar e venha me ver, seu treino se inicia agora e também o meu.

 

— Amanhã ao pôr do sol, espero que seja um momento e tanto.

— Hah! Será!

 

Myriev partiu ao banho e Kanemaki ao dojo; Respirou fundo olhando os alunos treinando e disse — Essa parte do treino está encerrada, quero todos limpando o dojo, agora!

 

Os alunos entreolharam Jeremiah e Kanemaki, então Jeremiah bateu às mãos dizendo — Vamos lá, vamos lá, isso também faz parte do treino, quero todos se organizando.

 

A tarde passou e a noite agora vinha chegando, essa tarde havia sido um tanto exaustiva, pois Kanemaki não dera tempo para descansarem, nenhum dos menores alunos soubera como possa ter sido tal treino, após limparem, o dojo foi fechado com Kanemaki, Jeremiah, Myriev e alguns combatentes do esquadrão especial.

 

Mais tarde numa sala de banho...

 

— Myriev, como pode estar tão cansado?

— Não brinque Jeremiah, sei que também está cansado.

 

— Haha, sei que estou. Mas não como você.

— Também pudera, não pode se equiparar a mim.

— Mas verá, um dia te alcançarei Jeremiah.

 

— Creio que sim Myriev, só não morra até lá.

— Hey, hey, o que está dizendo, nem brinque com isso.

— Haha, certo, certo.

 

Após o banho, destinaram-se aos seus aposentos, mesmo com vontade de pairar sobre o tempo nesta linda noite, o cansaço consumira Myriev por inteiro, que dormiu logo após chegar.

 

Como um tropeço, ouvia-se também outros estranhos barulhos.

 

— ...

— Aah, não, não aqui.

 

Sobre a ala direita da mansão, especificamente no jardim; Stella conseguiu ouvir alguns gemidos, não imaginava o que poderia ser, abriu vagarosamente a janela, que silenciosamente foi-se ao lado de fora, notou algumas sombras, mas não conseguira ver nada ao certo.

 

Fixou seu olhar ao jardim, esta noite de luar permitia uma visão especial da noite ao redor dando um enorme charme a todo jardim, seu quarto levemente escurecido facilitava a absorção da luz do luar, fazendo-a perceber um casal ali fora, imaginou-se novamente nos braços do seu inesquecido príncipe, enquanto observava, ficava atenta aqueles estranhos barulhos.

 

Não conseguia identificar às vozes, ainda não conhecia ninguém o suficiente, levara o indicador ao lábio, tentando desvendar o que poderia estar acontecendo ali às sombras da parede, onde o luar não conseguira iluminar.

 

— Não me morda assim... Queimo-me toda ao sentir.

— Deixe-me apagar tal fogo então, donzela.

 

— N-não, não quero.

— Quero me queimar em todo esse fogo.

 

Stella estava abobalhada na janela, mal conseguia ouvir, mas seus pensamentos agora sobrepunham qualquer voz que poderia chegar a seus ouvidos. Lembrava de seus doces romances, quais sempre lia, relembrava agora de cenas onde o homem e sua amada encontravam-se escondidos lutando pelo seu amor.

 

— Ah, minha doce e ingênua.

 

Ouviu agora pequenas batidas na porta de seu quarto — Rapidamente voltou a si, sem saber o que fazer.

 

Deitou-se rapidamente, estendendo o olhar a porta.

 

— P-pode entrar.

 

Seu pai então entrou, trazendo consigo a pequena lamparina, acendendo a que ficava sobre o criado de Stella. A luz das velas agora predominava sobre o brilho do luar em seu quarto.

 

— Como está minha filha?!

— Me sinto bem papai, o que lhe preocupa?

 

— Me parece cabisbaixa, quase sempre quando lhe vejo; sinto que algo tem lhe perturbado...

 

Stella agora arregalava um pouco os olhos, com todos aqueles pensamentos, tentando amenizar um pouco de tudo para que não acabasse falando algo que não deveria; uma gota de suor agora percorria sua face, pensando no que responder.

 

— P-pa-pai.

— Não há com o que se preocupar.

 

— E-eu, creio que talvez, só não tenha me acostumado ainda.

 

Direcionou o olhar a seus olhos, como se soubesse que havia algo mais, por fim achou melhor deixar que ela contasse quando estivesse preparada. Passou os solhos sobre a janela, indo até ela e trancando novamente; Melhor não dormir com as janelas abertas Stella, vai acabar se resfriando.

 

Deixou então o quarto de sua pequena e foi até a sala, onde Kanemaki o aguardava.

 

— Então, todos os preparativos estão prontos?!

— Sim, senhor Koyuki.

— Amanhã ao entardecer lutarei com o suposto jovem mestre.

 

— Perdoe minha intromissão, mas, acha mesmo que alguém tão jovem como disseram ser pode ter pensamentos tão astutos?

— Haha, não seja bobo Kanemaki.

— Qualquer mestre ou pessoa importante que se preze sabe das importâncias da cautela.

 

— Ainda falta muito para conseguir chegar onde deseja, acredite.

 

Virou-se e subiu as escadas, seguindo para seu quarto; Kanemaki ficou calado somente observando.

 

Antes do amanhecer; Stella já havia se levantado, bem disposta por sinal. Tomou um rápido banho e então desceu para o café, seu pai se surpreendera um pouco com sua agitação.

 

— Papai.

— Quando iniciarei minhas aulas de kendo?

 

— Breve.

 

Embora meio ríspido, não disse nada mais sobre isso.

 

— Estarei resolvendo alguns assuntos na cidade, creio que estarei aqui novamente somente à tarde, cuide-se então, certo?

 

— Sim, sim — Sorriu.

 

O sol nem havia se posto ao céu, seu pai agora saia e ela permaneceu ali, tomando seu chá com bolinhos. Enquanto comia, pensava no que fazer nesse dia que se mostrava tão belo antes mesmo de iniciar.

 

— Já sei!

— Vou procurá-lo hoje.

 

— Isso! – Pensou –

— Tentarei encontrar novamente aquela cabana.

 

Ergueu em sua face um enorme sorriso, que fez até a encarregada parar para contemplá-lo.

 

— Ora, ora, mas se não é a pequena Stella feliz novamente.

 

Ela continuava sorrindo sem responder.

 

— Qual a razão de tanta felicidade senhorita?!

 

— Ah, acordei disposta.

— Bons pensamentos vieram também, fico contente então.

 

A encarregada então sorriu — Lembre-se, quando precisar de algo senhorita, me chame — Sou Maura, a encarregada.

 

— Stella mexeu então o rosto, fazendo uma expressão positiva — Certo Maura, conto com você.

 

Levantou-se e saiu afora comendo um docinho, ao passar pela janela notara o vento frio dessa manhã e também os raios de sol já se apresentando ao céu.

 

Kanemaki estava ansioso por essa tarde, essa hora já treinava duramente relembrando suas lutas passadas; talvez esperasse demais desse garoto, mas o sentimento que o trazia, já bastava.

 

Stella foi aos seus afazeres para que a tarde então chegasse e fosse então de volta aquele lugar esperando reencontrá-lo novamente. Nesse instante, pintava o que fez aquele encontro tornar-se possível.

 

Uma macieira, maçãs.

 


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