Magnetismo escrita por LittleFish


Capítulo 1
One-Shot


Notas iniciais do capítulo

Cá estou eu me arriscando novamente. Nunca consegui terminar uma fanfic desse gênero, por isso já tinha me conformado e desistido. Mas enquanto eu devia estar estudando para o simulado e para as provas, essa ideia me ocorreu e tive que escrever algo.
A história não tem nada a ver com os comics, por isso não me apedrejem. Como diz nas notas da história, a fanfic é baseada em X-men: First Class. Que por sinal, é um ótimo filme.

Chega de enrolação! Espero que gostem da fic ~



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Erik POV on

Aquilo era óbvio para mim: o mundo nos via como uma aberração. Os que não quisessem nos aprisionar para fazer experimentos, queriam nos matar. A verdade é que os humanos normais têm medo de nós. Sabem que somos superiores e que podemos acabar com a raça deles. São seres fracos e medrosos que por ignorância, punem o que lhes é desconhecido. Tão patéticos.

Mas Charles não consegue ver isso. É um cego, como os humanos. Acha que esse mundo ainda tem salvação. Ele sempre foi muito bondoso com esses ignorantes, fato que eu nunca pude entender. Talvez seja produto de uma índole melhor do que a minha, não sei dizer. Não vejo razão para proteger aqueles que nos rejeitam.

Erik POV off

Alguns dias atrás

Era uma partida acirrada de xadrez. Ambos os jogadores eram inteligentes e experientes naquela atividade. Apesar de parecer concentrado, Erik mantinha os pensamentos voltados para outros assuntos. Sabia que era arriscado pensar assim, ainda mais sob o risco de Charles ler sua mente. Mas também sabia que o telepata não faria isso. Como o próprio dizia, tinha “plena confiança” e não precisava mais vasculhar os seus pensamentos pessoais.

- É sua vez – Xavier disse em voz baixa.

- Sei disso, estou apenas pensando no próximo movimento.

- Eu poderia ler a sua mente para descobrir e ganhar o jogo, sabia?

- Mas você não faria isso. – Afirmou.

Charles sorriu.

- Até parece que é você que está lendo a minha mente.

- Não é a sua mente e sim sua índole.

- Ah, quer dizer que eu sou bondoso? – Indagou.

- Não é disso que estou falando. Estou apenas dizendo que você seria incapaz de usar suas habilidades para tirar benefício de alguém.

O telepata ainda não tinha desfeito o sorriso, mas abaixou a cabeça como num sinal para ocultá-lo.

- É, tem razão. Deixe-me adivinhar: você acha que isso é uma fraqueza, certo?

- Tem certeza de que não está lendo minha mente? – Erik levantou a sobrancelha.

- Claro que não. – Disse calmamente.

O outro esperou alguns segundos e finalmente respondeu.

- Só não entendo por que você insiste em acreditar que os humanos irão nos aceitar um dia.

- Eles podem não entender ainda, mas quando precisarem de nós–

- Você falou certo: quando precisarem de nós. Quando não precisarem mais, vão nos matar ou nos fazer de cobaia – Interrompeu.

Charles suspirou e olhou diretamente nos olhos de Erik. Era estranho para ambos se encararem daquela forma, mas nenhum desviou o olhar. Pareciam estar ligados por um magnetismo invisível.

- É possível que isso aconteça, mas se não arriscarmos–

- Você está mesmo disposto a arriscar sua vida por pessoas que te odeiam? Que te vêem como uma aberração?

Ainda mantendo aquele contato visual e o sorriso perfeitamente esculpido nos lábios, Xavier hesitou antes de responder.

- É como você pensa: somos melhores do que eles e temos que provar isso.

- “Como você pensa”? Achei que você não estivesse lendo meus pensamentos.

- Eu não estava lendo. Mas acho que já te conheço tão bem que posso dizer o que está pensando sem precisar ler sua mente – Declarou.

Erik sentiu-se estranhamente constrangido. Desejou desviar os olhos e quebrar aquele clima estranho que estava se formando, mas não conseguiu. O magnetismo que os envolvia parecia forte demais para ser quebrado assim com tanta facilidade. Ele era capaz de mover objetos gigantescos e de destruir aqueles que se intrometessem em seu caminho... Mas não era capaz de desviar o olhar de Charles Xavier.

- Leia minha mente – Pediu.

- O que? – Indagou. – Pensei que você não quisesse.

- Não importa. Apenas leia.

Charles massageou a têmpora, ainda mantendo o contato visual e viu exatamente o que havia na mente do outro. Sentiu uma confusão muito grande dentro de si quando os pensamentos se tornaram claros. Ele fechou os olhos e colocou a cabeça entre as mãos.

- E–Eu não sei o que dizer.

- Você também não pensa nisso, Charles? Lembro que uma vez te ouvi dizer que não havia só coisas ruins em mim. Não havia só ódio ou dor. Você estava certo.

O telepata parecia ter perdido o dom da fala. Não conseguia manter os pensamentos em ordem e muito menos formular alguma palavra. Tentou não encarar a face do amigo, então pegou o Rei que estava em seu tabuleiro de xadrez. Ficou o encarando por longos minutos até que criou coragem para dizer algo.

- Eu estava certo... – Repetiu.

- Sim. Na verdade, você está certo sobre muitas coisas. Só por que pensamos diferente, não significa que não podemos juntar forças.

- Mas não era nisso em que você estava pensando.

- Não, não era.

Subitamente, Erik tomou o Rei que estava nas mãos de Charles, forçando-o a encará-lo. Quase que instantaneamente, pousou um beijo nos lábios do outro. Tinha um gosto de confusão e certeza, medo e coragem, tinha um gosto paradoxal. Assim como ambos eram: diferentes, possuíam idéias contrárias. Mas como todo paradoxo, ambos estavam unidos por um estranho magnetismo.

- Me desculpe...

- Não precisa se desculpar, Erik. Não precisa mais se esconder – Tentou sorrir.

- Acho que essa frase é minha.

- Pensei que você não fosse se importar que eu a usasse.

- Você pensa muito, Charles.

- E essa é a minha maior fraqueza.

---

Presente

- Erik, pare! – Charles gritou.

Mas o outro não lhe deu atenção. Desferiu um soco no rosto do telepata e voltou a apontar os mísseis em direção aos navios soviéticos e americanos.

Os minutos seguintes passaram como uma fração de segundo na mente de Charles Xavier. Ele que nunca tivera nenhuma dificuldade para pensar, viu-se encurralado quando não conseguiu manter sua mente em ordem. Sabia que as intenções de Erik eram diferentes desde o início, mas não acreditou que ele lhe desse as costas e agisse por conta própria.

Os mísseis iriam atingir a qualquer momento os navios, quando um barulho de tiros surgiu. Era Moira quem disparava, mas em vão. As balas eram desviadas até que uma delas atingiu Xavier. Uma dor lancinante o dominou. O grito ficou reprimido em sua garganta e se transformou num gemido rouco. Foi então que ele caiu ao chão.

Erik olhou perplexo para a cena que acabara de acontecer. Correu até o telepata e o amparou entre seus braços. Era loucura! Não podia estar acontecendo. Charles era superior, era um mutante! Não poderia morrer por causa de uma bala disparada por uma humana estúpida. Sentiu o sangue queimar em suas veias e olhou para aquela imensidão azul que eram os olhos do amigo. Eles estavam repletos de dor, mas não parecia ser em relação à bala que lhe acertara. Parecia que sentia dor pelo que Erik fizera.

- Não foi Moira que fez isso. Foi você – Disse, enquanto o outro tentava matar a autora do disparo, fazendo-o parar imediatamente.

- Ficamos um contra o outro. Era o que eles queriam. Eu te avisei.

Charles apenas o observava.

- Quero que fique ao meu lado. Vamos nos unir, proteger um ao outro – Dizia com convicção. Era o que mais desejava. – Nós queremos a mesma coisa.

- Não, não queremos – Respondeu com tristeza.

Erik se inclinou um pouco mais para dizer algo que os outros não puderam perceber e nem ouvir.

- Não imaginei que você fosse me dar as costas, Charles.

- Não estou fazendo isso, mas você sim. Essas são as suas escolhas e se é isso que você quer, se é nisso que acredita, então não podemos mais caminhar juntos.

- Lembra do que aconteceu há alguns dias? Você vai deixar que isso simplesmente desapareça?

- Não vai desaparecer. Se eu conseguir manter isso em minha mente, vou sempre pensar–

- Você pensa demais, Charles.

O telepata sorriu amargamente.

- E essa é a minha maior fraqueza.

Não entendia por que não poderiam trilhar a mesma estrada. Podiam pensar diferente, mas ainda eram iguais. Eram mutantes. Mas não isso que os ligava... Era aquele magnetismo, aquela necessidade de proteger, de estar perto. Era a única coisa que confundia a ambos, que desconcertava o impassível Erik e embaralhava os pensamentos do concentrado Charles.

- Não, não é. Você sabe muito bem qual é sua maior fraqueza e que ela não é só sua. Também é a minha. Não somos tão diferentes assim. – Disse por fim.

Erik Lehnsherr encarou aqueles olhos durante longos segundos e o soltou. Sabia que aquela não seria a última vez. Querendo ou não, estavam em um campo magnético. Cedo ou tarde, ambos seriam atraídos para o centro e estariam novamente diante daquilo que os tornava fracos. Isso também os tornava mais parecidos. E que elemento era esse? Qual era esse ponto em questão?

Um era a fraqueza do outro.

Fim


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Notas finais do capítulo

Sim, é isso. Espero que a leitura tenha sido agradável. Também espero que ambos não tenham ficado muito OOC /apanha. Realmente me empolguei.
Quero ter mais oportunidades para escrever sobre esses dois, mas quem manda nos meus textos é a minha inspiração -q

Seria muito importante para mim que vocês mandassem reviews dizendo o que acharam. Muitíssimo obrigada e até a próxima!