Rachel se sentiu sozinha assim que Lizzie foi embora. Não queria conversar com ela, mas precisava falar com algum. Seu primeiro pensamento foi Edward! Mas Edward estava morto, então… Uma imagem de uma morena pintou-lhe na cabeça. Ligaria para Patricia, é claro. Apenas dela ser um tanto arrogante e fofoqueira, sempre dava conselhos melhores dos que os de Lizzie e entendia Rachel melhor do que qualquer dos homens da família Moore.

  Sentou-se na cadeira no quarto de Charlotte e amamentou a menina e assim que fez a garota dormir de novo, ligou para Patricia. A morena prometeu dar uma passada ali, assim que saísse da aula de ioga, antes que a ruiva começasse a chorar.

  Uma hora e meia depois, Patricia estava lá.

  _Oi._ disse ela, entrando, assim que Rachel abriu a porta.

  _Oi, Patricia, tudo bem?

  _Primeiro, me chame de Patty, OK?

  _Tá bom…_ Lizzie se demorou em cada palavra, confusa.   

  _Ah, sua casa é linda sabia? Se bem que a minha é mais, mas…_ esse era o tipo de arrogância de Patricia, achava que tudo o que era dela era melhor, pelo simples fato de ser dela.

  A casa de Patty, não era exatamente normal, era inteirinha cor de rosa.

  _Sabe, acho que você precisa usar umas coisas mais na moda, querida…_ disse ela, olhando para Rachel e sua calça jeans e blusa de corações.

  _Não é para isso que é chamei aqui.

  _Certo, certo. Vamos nos sentar, certo? Esse salto esta me matando!

  As duas se sentaram. Patty, com toda a certeza do mundo era lindíssima. Tinha penetrantes olhos mel e cabelos pretos lindíssimos. Muitos homens a cortejavam, mas ela desprezava todos.

  _Enfim, qual o problema?

  _Eu e a Lizzie brigamos, o Edward morreu a uns 8 meses, sou órfã. Quer mais problemas? Minha vida é um problema!

  E Rachel, percebendo só então o quão azarada era, se pois a chorar.

  _Não chore, já borrar a maquiagem!_ falou Patty._Você não está usando maquiagem? Então pode chorar.

  E Rachel chorou um monte.

  _Certo, agora para, seu choro está me irritando.

  Rachel parou na hora, agora se lembrava porque não gostava de Patty.

  _Bom, quer saber? Conversar é o melhor jeito para se restabelecer uma amizade. Não conheço nenhuma poção que ressuscita os mortos, mas se eu descobrir uma te havia. Temos que dar um fim aos problemas e sermos felizes, certo?

  Rachel assentiu.

  _Olha a hora! _ Patty olhando para o relógio de pulso._ Tenho cabeleireiro marcado agora. Tchau.

  E Patty foi embora no salto alto.

   Rachel ficou pensando no que Patty dissera. Sua vida era um problema e temos que dar um fim aos problemas. Agora, começava a temer pela vida de Charlotte. Não podia deixar que a filha morresse. Rachel começou a pensar em uma coisa. As pessoas que ela mais amava, morriam. E ela amava demais Charlotte. Sentia que era uma questão de sua vida ou a dela. Alem disso, para que servia no mundo? Era apenas uma fonte de problemas. Lizzie tinha brigado com ela. Charles terminara com ela. Edward, sua mãe e seu pai morreram por sua culpa. Sua vida era apenas mais um parasita no mundo, que tinha que ser eliminado.

  Não. Deixe de ser boba, Rachel. Ela pensou. Isso não tem nada a ver com você. Vá tomar um banho quente e vai ficar tudo bem, você verá.

  E fazendo o que sua cabeça mandava, ela subiu as escadas e se entrou no banheiro de sua suíte. Esqueceu a porta aberta. Mas acho que não haveria problemas. Já estava debaixo do chuveiro quando percebeu que não trancara a porta e não ia sair só para trancá-la.

  Estava depilando a perna com a Gillette quando fez um pequeno corte na perna.

  _Ai!

  Ela viu o sangue escorrer pelo machucado. E os pensamentos de mais cedo começaram a fazer mais sentido do que antes. Ela não merecia viver. Todos os problemas eram culpa dela. Tudo de ruim.

  Pegou a Gillette e passou no pulso direito. Doía. Mas isso o que ela merecia. Viu o sangue correr pelo machucado e apertou a Gillette com mais força, mas não deixou os cortes profundos demais, merecia morrer devagar e com dor. Fez o mesmo do outro lado. A lâmina assassina cortava-lhe a pele fina e rasgava as veias, deixando o sangue vermelho correr solto junto com a água. Muito sangue, sangue vermelho como licor. Podia ver algo como fantasmas negros a sua volta, teve certeza de ser a morte. Percebeu que estava perdendo a consciência aos poucos. Ela, fraca demais, caiu no chão batendo a cabeça. O vermelho do sangue começou a se misturar com o cabelo e a água quente que ainda caia do chuveiro. Com uma fração de consciência, ela viu quando a porta do banheiro se abriu e logo depois, Rachel, entrou em uma escuridão profunda.

  Lizzie entrou no quarto da amiga. Patty tinha ligado para ela e Lizzie abandonou todo o orgulho para ir ver a amiga, que precisava dela. A garota não estava ali. Viu a porta do banheiro entreaberta e ouviu o chuveiro, ela estava tomando banho. Sentou na cama de casal da amiga e esperou a ruiva sair do banho.

  A morena esperou, esperou, esperou, esperou…

  Mas nada de Rachel. Como o chuveiro continuasse ligado, achou que a amiga estava ainda tomando banho.

  Esperou, esperou, esperou…

  Mas a ruiva não saia nunca. Já preocupada com a amiga, abriu um tantinho a porta e para sua surpresa encontrou Rachel caída dentro do boxe. Correu até ela.

  Os pulsos estavam ensangüentados, a água vermelha e asquerosa. Sentiu a amiga morrer. Entrou em desespero. Sabia que ainda estava viva, mas por quanto tempo? Minutos? Horas? Desesperada, ligou para a mãe. Depois, desligou o chuveiro e pegou algumas toalhas, para tentar estancar os corte da ruiva, esperando pela ajuda da mãe e mais quem a mãe chamasse, para salvar a amiga.

  _Vamos, Rachel, agüente firme. Vai ficar tudo bem, eu prometo. Agüente. Você vai ver amiga, fique tranqüila.

  E logo depois, sentiu seus olhos ficarem molhados por lágrimas.