Digimon Beta - E o Hexágono do Mal escrita por Murilo Pitombo


Capítulo 40
Quem Vê Cara, Não Vê Coração




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Carlos, Terriermon, Davi e Palmon caíram em uma emboscada planejada pelo Vamdemon, um dos ditadores do Hexágono do Mal. Ele quem sucedeu o Devimon nos ataques contra os humanos assim que o mesmo foi destruído.

Ao chegarem à cidade que Terriermon avistara da copa de uma árvore, o grupo percebeu que a mesma estava deserta. O digimon do Carlos seguiu, então, a direção de uma música que tocava ao longe e, ao entrarem em uma lanchonete, caíram pelo alçapão que se abriu embaixo dos seus pés.

Davi recupera a consciência e, percebendo que seu amigo e o digimon dele haviam desaparecidos, saiu a procura de ambos pelo labirinto subterrâneo até se deparar com uma forte explosão a sua frente.

– PALMON! – grita o garoto em meio à poeira.

– Eu to aqui, Davi! Estou bem!

Um desmoronamento acontece na frente do garoto e da sua digimon e seguia se alastrando na sua direção.

Davi, rapidamente segura Palmon por uma das mãos e corre pelo sentido que havia tomado até chegar ali. Ao passar novamente pelo cruzamento de corredores, o garoto segue direto até chegar a um salão semelhante ao que estava há poucos instantes.

O desmoronamento cessa.

– Nos livramos por um triz.

– Agora eu percebi porque você não quis que eu evoluísse para destruir o teto.

– Qualquer ataque, por mínimo que seja, pode desmoronar isso tudo e nos soterrar.

O garoto ruivo olha ao redor e percebe que, no lado oposto ao que ele e sua digimon estavam, havia uma pessoa sentada no chão e de cabeça baixa. O choro lembrava o de uma mulher. Ela estava abraçada as próprias pernas. Uma lâmpada presa à parede a iluminava.

– Hei! O que aconteceu contigo? – pergunta Davi se aproximando.

A garota de cabelos negros preso em um coque ergue a cabeça e não consegue visualizar quem se aproximava por conta da luz que a iluminava.

– Lúcia? Sou eu, Davi!

– Davi?

A garota negra rapidamente se levanta e corre até Davi, abraçando-o com força.

– Que bom te ver!

– Você está bem? – questiona o garoto. Lúcia chega-lhe ao ombro em altura.

– Estou! É que eu tenho medo de escuro. E esse lugar fedido está me dando nos nervos.

– Onde está Gotsumon? – pergunta a digimon verde com uma flor sobre a cabeça.

– Eu não sei te dizer. Já grite por ele e nada de uma resposta.

– Como que você veio parar aqui? – pergunta Davi.

– Eu tinha acabado de me despedir do Leo e do Gotsumon dele. Logo que Devimon nos separou eu o encontrei e, juntos, encontramos um vilarejo onde só moram Gotsumons. Fomos muito bem tratados por lá. Descobri que existem muitos digimons que acreditam que os humanos que possuem o dom da evolução podem acabar com o poder do Hexágono do Mal. Mas, voltando a falar de como eu vim parar aqui...

Lúcia caminhava com Gotsumon por uma estrada asfaltada até se depararem com uma mesa redonda com sucos, café, leite, pães, patês, geleias, queijos, presunto e bolos à sua frente.

Domadora e digimon ficam admirados com tamanha fartura.

– Quanta coisa gostosa!

– É verdade!

– Adoro geleia de morango. Não sei quanto a você, mas eu to morrendo de fome.

– Divido do mesmo buraco no estômago que você, Lúcia.

– O dono disso tudo que me perdoe, mas eu vou é comer. Com fome é que a gente não pode ficar.

Lúcia puxa uma das cadeiras, se senta, e avança nas guloseimas. A garota prova um pouco de cada coisa que havia ali.

Gotsumon olha assustado para sua domadora.

– Lúcia! Deixa um pouco pra mim também.

O boneco de pedra faz como sua domadora e também começa a comer.

Instantes depois, ambos estavam fartos e mal conseguiam caminhar.

– Como é bom comer. E essa brisa ta me dando um soninho...

– A mim também - Gotsumon boceja – Lúcia, bem que poderíamos dormir um pouco! Mas não aqui, expostos a qualquer soldado do mal. Vamos atrás de um lugar tranquilo.

– Você está certo, Gotsumon! Como sua domadora, exijo que fique de guarda enquanto tiro uma sonequinha.

– Ah, não! Isso não é justo. Eu também estou com sono!

Um estrondo acontece.

– O que foi isso? – pergunta Lúcia olhando para os lados.

– Não sei dizer. Boa coisa que não deve ser.

O chão onde eles estavam cede e ambos caem juntamente com a mesa, cadeiras e os resquícios que sobraram do lanche.

– Desde então, quando eu acordei já estava nesse lugar e não vi o Gotsumon.

– Tua história me deu uma fome... – diz o garoto ruivo.

– Davi, você come feito um Tyranomon! – repreende Palmon.

– Faz muito tempo que você está aqui? – questiona Davi tentando retornar ao assunto.

– Faz! Acho que mais de três horas. Eu quero sair daqui logo. Morro de medo de escuro.

– Tenha calma, vamos da um jeito nisso. Primeiramente vamos procurar Carlos e Terriermon. Estávamos juntos quando caímos pelo alçapão. Eles também estão por aqui.

– E Verônica, João e Rafael. Tem notícias dele?

– Infelizmente não!

– Que droga! Devimon conseguiu separar todos mesmo. Vamos logo procurar Gotsumon, Carlos e Terriermon.

Lúcia, Davi e Palmon seguem caminhando por uma passagem que havia ao lado do local onde a garota estava chorando.

Já é noite quando por uma gruta, aos pés de uma gigantesca rocha, Terriermon sai comemorando pela floresta.

Carlos surge em seguida.

– Eu disse que era pela direita! Eu disse que era pela direita! – vibra o pequenino.

– Você realmente tinha razão, Terriermon! – concorda Carlos a contragosto.

– Se tivéssemos andando pela direita todas as vezes que eu disse, teríamos encontrado a saída muito antes.

– Você é maluco? Em todas as bifurcações e cruzamentos você mandava seguir pela direita. Desse jeito a gente iria andar em círculos eternamente. Agora faça silêncio. Já é noite, se não percebeu. Vamos esperar aqui até o amanhecer. Se Davi e Palmon não derem sinal de vida, a gente entra novamente no labirinto.

– Só entro com uma condição?

– O que?

– Que você sempre escolha a direita.

– Não começa!

Lúcia, Davi e Palmon já haviam caminhado por vários minutos até que entram em um salão idêntico ao salão em que a Lúcia chorava.

No centro desse salão havia um foco de luz onde estavam três digimons idênticos. Lembram bolas de boliche prateada com olhos e boca. Com pernas com botas vermelhas e braços com luvas de boxe também vermelhas. Sua feição é inocente e meiga.

– São Mamemons! – brada Palmon.

Os Mamemons se viram, sorriem e, ao verem que os humanos e a Palmon os observavam, dizem em coro:

– Olá!

– Que lindinhos!

Encantada, Lúcia recolhe informações dos digimons.

Mamemon, um digimon no nível Perfeito. Relutam até as últimas consequências quando o assunto é batalhar. Pacífico e brincalhão, até sua principal técnica remete a felicidade, apesar de ser bem destrutiva. A “Bomba Sorriso”.

– O que vocês fazem aqui? – questiona a garota negra – Também estão perdidos?

– Sim, estamos! – responde o Mamemon que estava no centro – E você? Eu nunca vi um digimon como você.

– Mas eu não sou um digimon! Ele e eu somos humanos.

– Humanos? – bradam assustados os Mamemos das extremidades.

– Nós nunca vimos humanos antes – prossegue o digimon que está no centro.

– Eu me chamo Davi – adianta-se o rapaz de sardas no rosto e cabelo avermelhado.

– E eu, Lúcia!

– Humanos são engraçados! – diz o digimon redondo da direita - Todos são parecidos! Mudam pouquíssimas coisas uns dos outros para diferenciá-los.

– Mas você não acabou de dizer que não conhecia outros humanos? – pergunta Palmon.

– Eu digo isso por causa do humano branco e do humano preto que estão ao seu lado, Palmon.

– Estamos procurando a saída desse labirinto – diz a garota negra – Vocês não querem vir com a gente?

– Queremos sim! – gritam os três Mamemons sorrindo.

Davi segura Lúcia pelo braço e a afasta dos digimons Perfeito.

Palmon os acompanha.

– Você é louca? – diz Davi - Como que os convida, assim, para ir com a gente? E se eles forem Soldados do Hexágono?

– Quer dizer que agora temos que viver com medo até da própria sombra por causa desses ditadores desgraçados? Eu mesmo não, querido! Além do mais, eles são tão fofinhos!

– Lúcia – interfere a digimon vegetal – Davi pode ter razão. Eles três são digimons no nível Perfeito. Eu posso não conseguir dar conta de acabar com os três ao mesmo tempo.

– Fica calma, Palmon. Isso não vai acontecer. Se eles quisessem nos pegar, saberiam, ao menos, que eu e Davi somos humanos e domadores.

– Olá humanos! – dizem os digimons já próximos do trio, assustando-os – Vamos andando?

– Vamos sim – responde Lúcia sorrindo.

A garota caminha ao lado de Davi, enquanto Palmon vinha mais atrás. Os três Mamemons os seguiam.

Uma fogueira iluminava o clarão feito recentemente no meio da densa floresta.

Verônica e Plotmon conversavam aos sussurros.

– É estranho a maneira como ele trata o Leomon – diz Plotmon.

– Me fez lembrar do Rafael lá em Salvador. Ele tem uma autoestima de dar inveja – diz a domadora sorrindo.

– Ele ter mandado Leomon te carregar nos braços por causa do seu tornozelo, foi bem legal!

– Admito que ele foi cavalheiro fazendo isso. Tá doendo muito! Ainda não consigo firmar o peso do meu corpo nessa perna.

– Será que ele não está afim de você?

– Hã? – surpreende-se – O que é isso, Plotmon?

– Eu só acho...

– Você acha demais pro meu gosto!

– Vamos mudar de assunto – interfere a digimon que lembra um cachorrinho de pelúcia - Eles estão voltando.

Leomon surge carregando lenhas enquanto Alex seguia montando em seu ombro e trazia algumas folhas ovaladas, largas e com o limbo azul que formavam quadrados.

– Tudo bem por aqui? – questiona o domador após saltar do ombro do digimon.

Leomon põe as lenhas ao lado e regride para um filhote de leão de topete vermelho.

– Leormon! – repreende o garoto de olhar apertado - Quem mandou você regredir?

– Eu pensei que o Leomon não seria mais necessário.

– Alex – interfere Verônica – Deixe-o descansar. Qualquer emergência Plotmon pode nos proteger. Obrigada, Leormon! Sua ajuda hoje a tarde foi essencial.

O digimon leão fica corado.

– Eu trouxe algumas ervas. Elas são excelentes contra dores e torções. Vamos tirar o sumo e aplicar na região.

– Você já fez isso antes?

– Sim! Aprendi com Blaze. Uma digimon nos contou sobre as propriedades dessa planta.

–Ah, está bem. Obrigada!

Alexandre rapidamente se despe da camisa xadrez que vestia por cima da camiseta regata branca e usa sua extremidade para envolver as folhagens e esmaga-las com uma pedra até se transformar em uma pasta esverdeada.

O garoto de olhar apertado se aproxima da Verônica e apoia as mãos sobre a bota do pé esquerdo.

– Não precisa...

– Me deixa cuidar de você!

Verônica não questiona e cede ao pedido do garoto.

Alex finalmente aplica a pasta e veste a meia no pé da garota.

– Amanhã você já vai sentir uma boa diferença.

– Obrigada!

– Tu não precisas agradecer a todo o momento.

– Me diz uma coisa – pergunta a garota – Existe outro Alex por aqui?

– Não! – sorri – Sou o único!

– Eu estava com o Victor antes de te encontrar.

– Sério? Estou procurando ele e os outros. Ele foi pra qual direção?

– Isso foi em outro continente. Ele estava a sua procura e bastante preocupado. Nós combinamos de reunir todos os domadores para atacarmos os ditadores na base secreta deles.

– Isso vai dá um trabalho...

– Nem me fale... Mas nós dividimos tudo. Cada um ficou responsável por reunir um grupo e o Victor deve está te procurando.

– Irei atrás dele quando amanhecer. Não gosto de viajar à noite.

Davi, Lúcia, Palmon e os três Mamemons já caminhavam por mais de quarenta minutos e nenhum sinal da saída do labirinto.

A frente deles, a garota negra se depara com uma bifurcação.

– Direita ou esquerda?

– Direita! – responde Davi.

O grupo segue pela direita.

Apesar do esgotamento por conta das horas intermináveis que estavam andando sem a mínima previsão de quando aquilo tudo iria acabar, os digimons semelhante a bolas de boliche seguiam cantando de maneira animada.

– “Piririm, Piririm, Piririm alguém ligou pra mim. Quem é? Sou eu bola de fogo e o calor ta de matar. Vai ser na praia da barra que uma moda eu vou lançar. Vai me enterrar na areia? Não, não, vou atolar. Vai me enterrar na areia? Não, não, vou atolar. To ficando atoladinha. To ficando atoladinha. To ficando atoladinha. Calma, calma foguetinha”.

– Eles conhecem o funk. To passada! – diz Lúcia num misto de surpresa e felicidade.

– Pelo menos alguém feliz com isso tudo! – pontua Davi sorrindo.

– Verdade! E você implicando com os pobrezinhos digimons indefesos.

– Pobrezinhos? Eles são do nível Perfeito, se não está lembrada.

– Eu já não consigo mais caminhar! – pontua Lúcia mudando de assunto – To com muita sede. Meus pés doem.

– Eu não sei mais no que pensar! To quase mandando a Lilymon destruir tudo isso. Mas tenho medo que desmorone sobre nossas cabeças.

– É bem capaz de que isso aconteça. Se ao menos o digivice tivesse as mesmas utilidades que ele tinha lá em Salvador...

Davi sorri.

– O que foi? Eu disse alguma coisa engraçada?

– Eu me lembrei da mensagem que você mandou pelo digivice, assim que conseguiu me localizar.

– Ah! Nem me fale... Aquele dia foi um dos piores da minha vida! Rafael, Carlos, João e Verônica estavam batalhando. Um queria acabar com o outro. Até que eu me lembrei de que durante a viagem até Salvador, eu vi um digimon voando e resolvi arriscar em localizar um domador naquela região.

– Depois que Palmon conseguiu evoluir para Lilymon, ela sempre me pedia autorização para voar e eu concordava desde que fosse alto. Para que nenhuma pessoa a visse do chão.

– Mas nesse dia que eu a vi, ela estava batalhando! Reconheci pela técnica dela, o canhão flor. Ela destruiu um digimon e eu vi tudo pela janela do avião.

– Pode ter sido! – Davi sorri.

Os domadores seguiam conversando de maneira tão animada que não percebem quando dois dos Mamemons pegam Palmon como refém. Eles tapam sua boca, para que não gritasse, e seguem por um caminho diferente quando o grupo passa por um cruzamento de corredores.

Apenas um dos digimons continuava seguindo os humanos.

– Que silêncio – observa a domadora – Eles estão quietos demais.

Ao olharem para trás, Davi e Lúcia percebem que apenas um dos digimons os seguia.

– Onde está Palmon e os outros dois Mamemons? – pergunta o garoto ruivo.

– Foram por outro caminho já faz algum tempo.

– E por que não nos avisou? – questiona Lúcia.

– Nossa intenção sempre foi separá-los dos seus digimons. Mestre Vamdemon nos avisou que se fizéssemos isso digimons não conseguiriam evoluir.

– Droga! – esbraveja o garoto - Eu sabia que eles não eram de confiança.

Davi segura Lúcia pelo braço e tenta passar correndo pelo digimon bola de boliche, retornando pelo mesmo caminho que haviam feito até aquele ponto do labirinto, quando o mesmo estica os braços.

– Vocês não passaram por aqui!

Continua...


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