Digimon Beta - E o Hexágono do Mal escrita por Murilo Pitombo


Capítulo 4
Surge Mais um Domador




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– Monstro? - João, tentando despistar, começa a rir descontroladamente – Velho tu deve ta chapado!

– Rafael, você só pode estar bêbado. – afirma Verônica - Você acredita em monstros? Eu pensei que você fosse um pouco mais maduro.

– Não adianta sorri e dizer que estou bêbado. – Rafael estava sério - Vocês sabem muito bem que esses casos de aparecimentos de monstros são reais. Eu também não acreditava, mas não dá pra duvidar quando você vê um muito próximo.

– Rafael. – explica João – Todos esses casos de monstros são invenções de uma mídia sensacionalista que ta querendo faturar. Nada foi confirmado.

– Todo mundo fala desses monstros, mas eu nunca vi nenhum, nem filmagem ou foto que pudesse comprovar a veracidade disso. – ressalta Verônica.

– Vocês querem me fazer de idiota a todo custo. - Rafael se irrita com a chacota de João e Verônica - Eu disse que vi os dois neste instante montados em um e quero saber toda a verdade!

João e Verônica não sabiam mais o que dizer para convencê-lo do contrário, até que surge uma colega deles bêbada, a mesma que havia levado Rafael para pista de dança, e atrapalha a conversa.

– Olha o mostro!

A garota, que mal se aguentava sobre o salto, indica o final da rua escura e começa a rir, imitando o que seria um mostro.

– Eu vim pegar vocês! – diz com sua voz naturalmente rouca, tropeçando logo em seguida e sendo socorrida pelo João.

– Quem és tu, nobre cavalero, que me tomas assim de noite?

– Não é cavalero, é cavalheiro, Flávia! – corrige Verônica.

– O cavalero é meu. Eu chamo como quiser.

João entrega Flávia ao Rafael.

– Você tem que cuidar da aparência e principalmente da voz, moça! Pega leve na bebida e nas farras. Afinal, tem bastante gente apostando alto na “Cais do Porto”.

– Eu to muito feliz – Flávia se joga no ombro de Rafael, que a segura – Era tudo o que eu queria. A chata da empresária fica no meu pé. Liga, liga, liga toda hora. Ela quer mandar em mim! Mas hoje eu to comemorando.

– Linda, leva o Rafa lá para dentro. Ele quer conversar contigo!

– Eu mesmo não!

– Vamos Rafinha – a moça de corpo escultural e cabelos loiros, que lhe chega ao ombro, segura Rafael pelo braço - Vem comigo se não eu chamo o bicho pra te pegar.

– Daqui a pouco eu vou, me deixa conversar com eles. O papo é sério! – Rafael tentava a todo custo, intimidar João com o olhar.

– Venha agora, eu to mandando! Ou você quer que eu arme um barraco aqui Rafael Costa?

– Nosso papo ainda não acabou, João. – diz Rafael sendo arrastado pela Flávia.

– Vem bebê da mamãe, que bebê mais lindo.

– Chega Flávia, que saco!

Rafael se livra de Flávia e segue mais a frente.

Finalmente os dois entram e o segurança fecha a porta.

– Flávia apareceu na hora certa! – João respira aliviado.

– Eu já estava ficando sem argumentos – João e Verônica passam a caminhar - E que história é essa de “Cais do Porto”? – prossegue Verônica.

– É uma banda de axé que começou a fazer sucesso ano passado. Só que o vocalista brigou com o restante da banda por conta do repertório que eles tocaram no carnaval desse ano e pediu pra sair. Fizeram um concurso em busca do novo vocalista e Flávia ganhou!

– Que legal! Então, se tudo correr bem, teremos uma celebridade no colégio?

– Pois é! Já disse pra ela pegar leve na bebida e nas farras. Ela agora tem que se preocupar com aparência e atitudes.

João e Verônica chegam ao local onde os digimons estavam. Plotmon continuava desacordada.

– Coitada de Plotmon – Verônica a pega nos braços.

Plotmon acorda.

– O que houve?

– Está tudo bem agora.

– Me desculpe Verônica, eu fracassei.

– Você não teve culpa, foram eles que trapacearam.

– Nos o que? Que papinho de perdedor – João tenta se defender.

– Perdedoras mesmo – reforça Betamon.

– Vocês chamam isso de quê? Por que levar Tailmon pra água para lhe dar um golpe elétrico é trapaça.

– Moça eu nem vou discutir. Já está mais do que na hora de irmos para casa.

– Está bem então. Eu já vou indo – Verônica se levanta com Plotmon nos braços e segue andando.

João pega Betamon no colo e segue mais atrás.

– Quer uma carona?

– Dispenso a companhia de trapaceiros.

João acelera os passos e a alcança.

– O que você quer garoto? Você mora na direção oposta.

– Quero te acompanhar até a sua casa.

Verônica sorri

– Seu sorriso é lindo!

– Oxe... Ta me cantando é?

– Um amigo não pode elogiar uma amiga?

– João, você é cantor? – pergunta Betamon.

– Não é sobre isso que eles estão falando – explica Plotmon - O cantando que ela disse é quando uma pessoa gosta da outra e se declara, entendeu?

– Acho que sim.

Por volta das três e meia, Rafael chega à sua casa revoltado. Estava com cara de poucos amigos. O rapaz se joga na cama ainda vestido e apoia a cabeça sobre as mãos.

– Eles terão muito a explicar! Quero saber de tudo nos mínimos detalhes.

– E Rafael? O que vamos fazer com ele?

João estava na casa de Verônica, mal conseguira dormir o restante das horas que lhe faltavam. Fazia um sol espetacular na capital baiana. Todos os domingos pela manhã, João ia até a praia dar um mergulho. Já naquela manhã foi diferente. Era quase meio dia e já fazia três horas que o rapaz estava lá.

– Eu não sei. Ninguém, ta me ouvindo João, ninguém pode saber sobre a existência dos digimons.

– Com certeza! Não seria nada bom se todo o mundo soubesse sobre eles.

O celular de Verônica toca e ela só faz olhar para o aparelho, que estava ao lado do seu digivice, sobre o pequeno móvel entre os sofás.

Um toque. Dois toques. Três toques...

– Atende logo isso!

João estava irritado. O toque polifônico do celular de Verônica tinha o dom de tirar qualquer um do sério.

– É Rafael. – irritada, Verônica atende o celular - Eu já te disse e vou tornar a repetir: Eu não sei nada sobre esses monstros... Se você continuar insistindo eu vou desligar... Tchau Rafael.

Verônica retira a bateria do celular.

– A gente tava falando sobre o que mesmo?

Por alguns segundos, João sente-se hipnotizado pelo olhar garota. Era um olhar penetrante e por mais que quisesse, não conseguia desvia seu olhar do dela.

– Rafael Costa – retoma João sorrindo – Esquece. To curioso sobre outra coisa.

– Quê?

– Ontem você me disse que só conhecia duas domadoras. Quem são elas?

– Na verdade eu só conheço uma, é que eu me incluir como a segunda. Ela não é daqui de Salvador.

– Ela é de qual cidade?

– Do Rio. Tem dezenove anos.

– Hum... E como você a encontrou?

– Foi através de uma mensagem que eu recebi pelo digivice.

– Quer dizer que o digivice tem outras utilidades, além de ser um elo com os nossos digimons?

– Só sei que ele serve como um comunicador entre os domadores, podendo receber torpedos e fazer ligações, além de rastrear informações e mostrar a localização dos digimons inimigos. Ah! Sem falar que ele tem relógio.

– Como essa domadora carioca se chama?

As praias do Rio de Janeiro estavam lotadas. Um dos destinos mais procurados em todo mundo, que chama atenção pelo seu povo alegre e de corpo escultural, sofria com o inchaço das praias, mesmo em uma época atípica para o turismo. Pessoas nadando, surfando, jogando futevôlei, deitados na areia se bronzeando, caminhando pelo famoso calçadão de Copacabana somente de shorts e roupas de banho.

Em uma rua sem saída do porto da cidade, um pequeno ser de forma humana e inteiramente feito de pedra, com grandes olhos amarelos, lutava contra um também pequeno dinossauro laranja, ambos possuindo oitenta centímetros de altura, sob o olhar atento de uma garota.

– Gotsumon derrote-o!

– Punho de Pedra.

O pequeno digimon lança sua mão direita, fechada como um soco, no inimigo. Outra instantaneamente se regenera em seguida.

Gotsumon, um digimon no nível Novato. Um perfeito boneco de pedra de olhos graúdos e amarelos. Sua principal técnica é o “Punho de Pedra”.

O ataque avança no pequeno dinossauro, que consegue se esquivar e se aproximar de Gotsumon, aplicando-lhe uma sequencia de socos. O digimon de pedra se esbarra contra a parede.

Agumon, um digimon no nível Novato. O principal ataque desse pequeno dinossauro de pele laranja e de grande mandíbula é a “Chama Neném”.

– Chama Neném.

Agumon lança uma pequena bola de fogo de sua boca contra Gotsumon, que cruza os braços na altura do rosto e não sofre nenhum dano, já que é feito de pedra.

– Punho de Pedra.

Gotsumon dispara de ambas as mãos, vários punhos contra Agumon que se desvia de todos com muita facilidade. Gotsumon se distrai e Agumon lhe dá um esbarrão de ombro fazendo-o cair. O digimon de pedra rapidamente o segura pelo pé e começa a girá-lo no ar, lançando-o a vários metros. Agumon bate a cabeça contra parede e fica levemente tonto.

– Gotsumon acabe logo com isso! – grita a garota de pele negra, lábios carnudos, cabelo cacheado preso em um coque, comprimindo seu digivice, que é semelhante ao de João e Verônica, só que na cor roxa.

– Esmagador Irregular.

Os olhos do boneco de pedra ficam vermelhos e ele começa a controlar todas as pedras ao seu redor, erguendo-as com a força do pensamento. Gotsumon lança várias pedras no Agumon, ainda caído, que não resiste e se converte em dados. Os olhos de Gotsumon voltam à cor original, o amarelo. O digimon se senta no chão muito ofegante.

A garota se aproxima e agacha.

– Pensei que perderia.

– Ele era muito rápido Lúcia. Foi difícil acertar um dos meus ataques.

– Porque não evoluiu?

Gotsumon fica desconsertado com a indagação de sua domadora.

– Desculpa.

– Tudo bem. Eu sei que no final você vence, mas se conseguisse evoluir nosso trabalho ficaria bem mais fácil.

– Não se preocupe, na próxima batalha irei evoluir e ficar mais forte, do jeito que você quer.

– Queria conhecê-la. – diz João.

– Eu também. Ela aparenta ser muito legal.

– E se não for?

– Acho que não corremos esse risco. Ela é uma domadora! – Verônica sorri.

– E se algum domador quiser usar o poder do seu digimon para fazer o mal?

– Acredita que eu não tinha parado pra pensar nisso.

Carlos surge repentinamente e põe a mão no ombro de João, assustando-o.

– Ah, vai assustar outro! Você parece uma alma penada!

– Oi Carlos – cumprimenta Verônica sorrindo.

– Olá!

Plotmon entra correndo pelo quarto.

– Plotmon o que você esta fazendo aqui? – repreende Verônica. Tecnicamente Carlos não poderia saber nada sobre os digimons.

– Desculpa. É que eu tava brincando com Betamon...

– Outro digimon? – interrompe Carlos - Você tem outro digimon João?

– Não. Essa é a Plotmon, e ela é de Verônica.

– Oi Carlos – diz Betamon chegando ao quarto feliz por rever o garoto de olhos verdes.

– Oi Betamon, tudo bem?

Verônica estava pasma.

– Você conhece Betamon?

– Carlos estava comigo quando Tyranomon nos atacou – explica João.

– E se não fosse Seadramon, acho que nem estaria aqui.

Betamon fica envaidecido com o elogio.

– Gente, eu tenho uma parada pra mostrar a vocês.

– O que é Carlos? – pergunta Verônica.

– Mostra logo! – ordena João sorrindo - Nunca vi uma pessoa com tantas coisas pra mostrar como você.

Carlos tira do seu bolso um digivice de cor azul.

Continua...


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