Digimon Beta - E o Hexágono do Mal escrita por Murilo Pitombo


Capítulo 35
O Bem x O Mal - Angemon x Devimon




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O domador loiro de físico atlético caminhava juntamente com Gabumon por uma estrada de paralelepípedos. A sua frente havia um denso bambuzal que formava um túnel em volta da trilha. Uma placa próxima à entrada da floresta dizia o seguinte: Mata dos Bambus.

Ao entrar na floresta de bambus Rafael olha em todas as direções a procura de algum perigo ou digimon que pudesse ataca-los a mando do Hexágono do Mal. Os poucos olhos escondidos em meio aos bambus, olhavam apreensivos e temerosos pela presença do humano.

– Gabumon, - sussurra Rafael – tem alguns digimons nos observando.

– Eu já percebi. Eles devem estar com medo de você.

– De mim? Por quê?

– Do mesmo jeito que os humanos têm medo dos digimons, alguns digimons também devem temer os humanos.

Mais a frente, domador e digimon se deparam com uma encruzilhada que os forçam a parar a caminhada.

– Gabumon, vamos por qual caminho agora?

– Não faço a mínima ideia, Rafael. Você quer reencontrar seus amigos?

– Não tenho nem coragem de olhar nos olhos deles...

– O que aconteceu no Mundo Real não foi culpa sua! Devimon estava te controlando.

– Se eu não tivesse dado a oportunidade dele me controlar, nada disso teria acontecido.

– Mas ficar se crucificando não adianta em nada!

– Também acho Gabumon – interfere uma voz feminina - Acho não, tenho certeza!

Rafael e Gabumon olham para trás e percebem que a domadora de vestido longo vermelho e sua digimon mecânica em forma de engrenagem se aproximavam.

– Deu pra me seguir, Fernanda?

– Te vi entrando nesse bambuzal e corri pra te alcançar. Você acha mesmo que eu vou ficar te seguindo? – sorri.

– Só perguntei...

– Acho bom! – interrompe sorrindo - Você deveria procurar seus amigos e pedir desculpas. Depois daquela luta eles devem desconfiar que você fosse controlado pelo Devimon.

– Eu sempre fui um mauricinho que só olha para o próprio umbigo. Mesmo antes de ser controlado pelo Devimon, eu já fazia minhas “maldades”. Nunca engoli o não de Verônica.

– É... Percebe-se pelo seu jeito. Devimon deve ter visto em você a oportunidade perfeita para acabar com alguns dos domadores sem precisar sujar as mãos. Além disso, tem outra coisa que me intriga.

– O que é? – questiona Rafael.

– Se nós somos domadores e temos o poder de fazer nossos parceiros evoluírem e ficarem mais fortes, acho que alguém nos escolheu. Alguém muito poderoso, por sinal.

– Faz sentido. Até por que se esses digimons instalaram uma ditadura aqui, é por que existia outro poder que dominava tudo isso.

– E deve ser esse poder, ou esse ser, que nos escolheu.

– Onde será que ele está nesse exato momento? Será que foi morto ou destruído?

– Não faço a mínima ideia. Deve estar escondido ou preso em algum lugar! - Fernanda sorri.

– Qual é a graça?

– Nada demais. É que nós formamos uma ótima dupla investigativa.

Rafael também sorri.

– Agora temos que ir.

– Então vamos indo!

– Não! Melhor eu ir só. Até prefiro.

– Mas por quê? – a garota de cabelos ondulados e castanhos pensa em questionar, mas acata a opinião de Rafael - Certo então! Você precisa mesmo de um tempo só seu pra pensar.

– Que bom que entendeu... Agora vou indo. Tchau.

O garoto loiro a segura pela nuca e dá um beijo em seu rosto e segue andando com Gabumon. Fernanda o olha caminhar até desaparecer em uma curva.

Verônica, Bruno Soares e Guilherme estavam frente a frente ao Devimon. O ditador esperava pelo melhor momento para atacar os domadores que ele mesmo havia separado durante a batalha no deserto. Ao ouvir que Patamon ainda não controlava sua evolução para fase Adulta, Devimon resolve se aproximar dos domadores para terminar o que havia começado na noite anterior.

Devimon, após derrotar Kiwimon e lançar um forte ataque na Tailmon, lança sua técnica “Trevas do Apocalipse” contra os humanos. Patamon e Bruno, que até então não tinham lutado, resolvem ir pra frente de batalha. A determinação do pequeno domador consegue ativar o brilho do digivice, possibilitando a evolução do seu digimon.

Patamon, envolto pelo casulo de luz, cresce e atinge uma altura semelhante à de Devimon, possuindo aproximadamente dois metros e quinze de altura. Ao se dissolver, o casulo revela um anjo de forma humana com três pares de asas com plumas bancas. Veste um macacão branco com detalhes em prata no peito magro e definido, e em dourado na perna e no ombro esquerdo. Um capacete também prata esconde-lhe os olhos, revelando apenas o nariz e a boca idênticos ao de um humano. Cabelos loiros e lisos desciam até a sua cintura. Uma tanga azul e uma fita de mesma cor seguiam em torno da sua perna direita e braço esquerdo. Carrega consigo um bastão da sua altura de cor amarela.

Verônica olha deslumbrada para o digimon arcanjo e saca seu digivice para recolher informações.

Angemon, um digimon Adulto. Esse arcanjo pertence ao grupo de digimons sagrados. É um excelente lutador e destrói as trevas com a sua luz. Sua principal técnica é o “Punho do Destino”.

Com um simples golpe de bastão, Angemon desvia a técnica do ditador para o céu.

– ANGEMON! – grita Bruno.

Tailmon e Guilherme também olhavam impressionados para a evolução do Patamon.

Angemon vira seu rosto para trás, sorri para o seu domador e torna a olhar para Devimon.

– Não permitirei que machuque esses humanos e esses digimons.

– Quem você pensa que é para dizer o que devo fazer? – retruca o domador.

– Eu sou aquele que combate às forças das trevas.

Angemon voa até Devimon e lhe golpeia com o seu bastão. O digimon negro consegue se defender com as mãos e tenta atingir o arcanjo com um chute, que também se defende com os braços. O digimon de Bruno se afasta do oponente e segura na extremidade do seu bastão com ambas as mãos. O bastão encolhe até desaparecer e sua mão direita passa a brilhar intensamente. Com a mão fechada, Angemon a recolhe como se fosse socar fisicamente Devimon.

– Punho do Destino!

Angemon estica seu braço direito e da sua mão sai uma poderosa rajada de energia laranja.

Devimon projeta suas asas para frente e recebe a técnica, que o lança a vários metros no chão.

O bastão torna a aparecer na mão direita do arcanjo.

– Tailmon, proteja-os!

Angemon corre na direção do ditador, salta e passa a voar a poucos centímetros do chão. O digimon demônio tenta levantar voo para contra-atacar, mas é impedido pelo rival que lança seu bastão como um bumerangue, atinge suas asas e o derruba. O bastão volta para Angemon que pousa ao lado do ditador ainda caído.

– Desista, Devimon!

– Nunca!

Devimon, como um borrão de tinta rapidamente consegue se posicionar atrás do digimon anjo e lhe dá um chute. Angemon cai e seu bastão cai mais afastado. O ditador aproveita a situação e disfere uma sequencia de socos e chutes no Angemon, que se encolhia como um feto a fim de reduzir os impactos dos golpes.

O digimon demônio salta e após com uma cambalhota espalma uma das mãos e brada:

– Trevas do Apocalipse.

Angemon rapidamente corre até seu bastão e revida:

– Punho do Destino.

Arcanjo e demônio disputam de forma equilibrada suas técnicas.

– Angemon não desista! – grita Bruno Soares.

– Desgraçado! Como pode ser tão poderoso assim? – comenta Verônica indignada.

Tailmon olha a luta com uma sensação de impotência. Angemon era o único digimon naquele momento que conseguia fazer frente ao ditador.

Repentinamente a energia de Devimon para de fazer frente à técnica de Angemon, que avança pelo céu até desaparecer. O digimon arcanjo olhava intrigado tentando adivinhar qual o próximo movimento do ditador, quando seu domador grita:

– Atrás de você, Angemon!

Angemon gira no próprio eixo tentando golpear o digimon demônio com seu bastão, mas não consegue. Devimon havia saltado e consegue chutar o rosto do digimon anjo, derrubando-o novamente. Dessa vez Devimon consegue pisar nas asas do oponente e seguia socando-lhe o rosto e o peito. Angemon gritava de dor.

A fita azul enroscada na perna direita do arcanjo rapidamente se enrosca no pescoço do digimon das trevas, estrangulando-o, além de prender suas asas. Angemon ergue o digimon do chão e segue disferindo uma sequencia de socos e chutes no ditador. Ao perceber que Devimon estava enfraquecido, o joga para o alto e gira seu bastão a uma alta velocidade.

– Tufão Deus.

Um tornado, formado a partir do giro do bastão, atinge o ditador por todos os lados sem lhe dar chance de defesa. Devimon cai no chão da Planície Xadrez.

O céu continuava escuro e tempestuoso.

Angemon ergue seu bastão sobre a cabeça, gira-o com ambas as mãos e o posiciona como antes, a fim de conjurar sua técnica mais poderosa.

– Por todos os digimons que morreram durante as batalhas orquestradas por vocês e por todo o caos que você e seus companheiros geraram. Decreto o seu fim como forma de remissão dos seus pecados.

– Não, Angemon! Eu te imploro, perdoe-me!

Carlos anda pela areia de uma praia. Estava com cara de poucos amigos. Terriermon estava logo atrás dele. Seguia imitando-o no jeito de andar, olhar e mexer os braços. Mais a frente o domador visualiza um quiosque abandonado com mesas, guarda-sol e cadeiras ao redor. Sobre sua cobertura de palha estava fincada uma bandeira francesa.

– Terriermon – chama Carlos enraivecido – Ta vendo aquilo?

Quando o pequeno digimon de grandes orelhas se aproxima, o garoto que usa óculos de armação preta o pega nos braços, o coloca sobre seu ombro e indica o quiosque.

– O que? – questiona sem entender.

– Aquele quiosque, Terriermon! – Carlos o coloca no chão – Já passamos por ele faz uns 30 minutos. Que droga! Com tanto lugar pra nos mandar, a gente cai logo numa ilha!

– Carlos... Relaxa e goza!

– Terriermon! Que coisa feia é essa que você disse?

– Por que é feio? Eu vi uma mulher do cabelo amarelo na televisão dizendo isso.

– Eu já te disse que não é pra você ir dizendo o que ouve na televisão.

Terriermon planta bananeira com as orelhas.

– Desculpa!

O pequeno digimon ouve um ruído de bater de asas, fica de pé e coloca suas orelhas também em pé.

– O que foi Terriermon?

– Tem um digimon se aproximando.

– Tem certeza?

– Claro que tenho, agora vem se esconder.

Terriermon segue correndo até o quiosque e Carlos o segue. Ambos ficam na espreita.

Aos poucos, o zumbido de asas torna-se audível para o domador. Ao olharem para o céu, veem que o domador ruivo, primo do João, surgia segurando a mão da Lilymon que voava em direção ao oceano.

– Ai Davi, assim é uó. Você é muito pesado!

– Faça um esforço. Você conseguiu me levar para Salvador voando.

– Você quer comparar voar sobre a terra e voar sobre o mar, querido? Quando eu te levei para Salvador a todo o momento eu parava para descansar. E também te levei como Togemon. E sobre o mar? Onde é que eu paro para descansar?

– Lilymon! Davi!

Domador e digimon se assustam e percebem que Terriermon seguia correndo de encontro a eles. Carlo seguia mais atrás.

– Terriermon! Carlos!

Davi fica feliz ao reencontrar o colega e começa a se agitar. Lilymon, que já vinha fazendo um esforço descomunal, começa a brilhar.

– Lilymon não! Segura ai.

– Eu não consigo mais.

Lilymon regride e cai, juntamente com seu domador, de uma altura de aproximadamente três metros sobre o mar. O garoto rapidamente pega a Palmon nos braços e caminha para fora da água.

Carlos e Terriermon se aproximam e ficam na areia.

– Vocês estão bem? – questiona o domador de cabelo liso e bagunçado sobre a testa.

– To sim cara... – Davi prova da água do mar. Palmon o companha - Nossa! Acredita que essa água toda é doce?

– Sério? – Carlos faz uma concha com as mãos e bebe um gole da água – Que excelente notícia! Vem beber, Terriermon!

O domador e o digimon seguiam bebendo água.

– Vocês demoraram pra perceber que estamos em uma ilha? – questiona Carlos lavando seus óculos.

– Não! O portal do Devimon nos deixou lá no meio, em uma clareira. Dormimos atrás de uns arbustos e hoje pela manhã mandei a Lilymon fazer uma varredura pelo local.

– Davi pensa que é leve – interrompe a digimon de braços longos que se arrastam pelo chão e uma enorme flor sobre a cabeça – Queria que eu o levasse até o continente. Não é tão longe, mas eu precisaria descansar.

– Pelo menos vocês podem tentar sair daqui. Já eu e Terriermon... Ele não sabe nadar e nem voar.

Terriermon responde cantando e dançando.

– Eu aprendo! Eu aprendo! Eu aprendo!

– Começou...

– Está decidido – interfere o rapaz de cabelos vermelhos - Ficaremos aqui com vocês!

– Não! É melhor vocês irem para o continente. Acho que só Seadramon pode nos tirar daqui. Ou o digimon de algum dos outros domadores.

– Esses ditadores não estão pra brincadeira, Carlos. É melhor ficarmos juntos.

– Será que Lúcia, João, Rafael e Verônica estão bem?

Verônica estava abismada. Durante a batalha no Deserto do Norte, Devimon em nenhum momento implorou de tal forma pela sua vida. Angemon acabara de comprovar à Verônica, em poucos minutos, o porquê de toda a admiração que Levi sente por ele e seu domador.

– Acabe com ele, Angemon! – ordena seu domador.

Angemon recolhe seu bastão como antes e seu punho direito passa a brilhar.

– Punho do Destino!

O ataque reluzente do digimon divino cruza o céu como a única fonte de esperança para destruir o mal. Devimon tenta se proteger como pode, mas estava bem debilitado para voar ou contra-atacar. Verônica, Bruno, Tailmon e Guilherme observam atentamente a técnica avançar na direção do ditador, que olhava seus últimos momentos de vida com os olhos saltados.

Um vulto negro rapidamente surge no campo de batalha e entra na frente de Devimon, desviando o ataque de Angemon que acaba explodindo no céu. Logo após a explosão, todos percebem que um inimigo tão ou mais poderoso que Devimon apareceu para lhe ajudar.

Devimon se põe de pé gargalhando.

– Até que enfim resolveu dar as caras...

– Não é possível! – brada Angemon.

– Outro digimon demônio? – questiona-se Verônica incrédula.

Continua...


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