Digimon Beta - E o Hexágono do Mal escrita por Murilo Pitombo


Capítulo 28
A Batalha Contra Devimon




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Perdido em meio à completa escuridão, Leandro corria sem destino certo. Seguia olhando ao redor e buscando desesperadamente por água. Ao continuar a busca, uma gigantesca gota cai à sua frente com forte estrondo. O garoto para de caminhar e olha para cima, certificando-se que gotas de chuva do tamanho natural caíam. Feliz e sedento por água, Leandro ergue sua cabeça numa tentativa de beber todo o líquido que caía e gira de braços abertos, irradiando felicidade.

Ao abrir os olhos, Leo percebe que um garoto desconhecido apoiava sua cabeça na perna dele, e lhe dava a água armazenada em um cantil. Rapidamente põe-se sentado e toma o cantil do garoto que o ajudou, bebendo todo o conteúdo do pequeno reservatório.

O boneco de pedra o observava com ar de preocupação.

Um enorme dragão cyborg estava próximo dos garotos. Esse digimon de cor roxa possui a cabeça completamente de metal, além das coxas, braços, tronco e asas.

– Você está bem? – pergunta o garoto de voz rouca, apesar da aparente pouca idade.

– Valeu pela água.

– Esse mar todo é de água doce!

– Jura?

– Acabou de beber um pouco dele! Você é novo por aqui? Me chamo Bruno, mas todos me chamam de Pastreli, que é meu sobrenome.

– Eu sou Leandro, mas conhecido como Leo.

– Foi atacado por algum digimon? – pergunta Pastreli ajudando-o a ficar de pé.

– Ele estava me seguindo – responde Leo indicando Gotsumon com a cabeça – Mas to vendo que você não tem medo desses monstros.

– Esse daqui é Raptordramon, meu digimon. E com certeza esse Gotsumon deve ser o seu!

– Gotsumon?

– Leandro. Eu queria te dizer isso, mas você nem ao menos me ouviu.

– Você tem um digivice? – pergunta Pastreli, que tem altura e corpo semelhante a João.

– Não.

– Olha nos bolsos.

Leo verifica nos bolsos da sua bermuda até que encontra o aparelho.

“O digimon encontrado está acoplado a esse aparelho”.

– Sejam bem-vindos ao grupo dos rebeldes! – diz o garoto de voz rouca sorrindo.

Os domadores estavam sentados em círculo esperando o retorno de Levi, João e Verônica. Igor estava mais calmo quanto à existência dos digimons, porém seguia impressionado com as histórias contadas por Davi, Lúcia, Carlos e seus digimons.

Labramon também escutava atentamente.

– Eu não sei o que faria se tivesse que enfrentar isso tudo sozinho – pontua Igor - Ainda bem que encontrei vocês.

– Só quero entender por que nossos digimons conseguiram ir pro Mundo Real – diz Lúcia prendendo o cabelo com um palito.

– Algo me diz que isso tem a ver com o fato de nossos aparelhos possuírem cores diferentes – responde Carlos limpando os óculos na camiseta.

Terriermon estava deitado sobre a cabeça do seu domador.

– Olhem! Levi está vindo! – diz Davi colocando-se de pé, sendo seguido pelos demais.

Levi surgia pela trilha entre as árvores montado em uma enorme raposa quadrúpede. Amarela, possui as quatro patas brancas e uma enorme pelugem branca ao redor do pescoço, onde também carregava uma enorme estrutura de metal cilíndrica, que forma um laço na parte superior, listrado em vermelho e branco. Essa raposa conta com nove longas e finas caldas amarelas com a extremidade branca.

A digimon para próximo dos garotos. Levi desce das suas costas.

– Levi, que digimon lindo! – diz Lúcia com os olhos brilhando.

Davi saca seu digivice. Igor o observa.

Kyubimon, um digimon no nível Adulto. Essa grande raposa é uma Renamon com beleza e poder aperfeiçoados. Sua principal técnica é a “Onda Fantasma”.

– Kyubimon foi excelente agora! Vocês precisavam ter visto.

– Modesto você! – diz Carlos, que arranca um sorriso do garoto de pele negra.

Levi nota a presença de um novo domador.

– Quem é esse? – pergunta Levi.

– Acabou de chegar por aqui. Ele se chama Igor.

– Prazer. Igor Almeida – diz o garoto ansioso, aproximando-se e estendendo a mão.

Levi o cumprimenta.

Seadramon aterrissa e dele descem João e Verônica, que carregava Plotmon com algumas escoriações.

– Galera... Kyubimon foi incrível! Destruiu a ave cor de fogo num piscar de olhos – brada João animado.

– É... Ele disse! – pronuncia-se Carlos. Terriermon tentava tapar-lhe a boca.

– Modesto você!

– Foi o que eu disse.

– Quem é esse?

– Igor. E esse aqui se chama Labramon. Chegou a pouco, como a gente.

– Ambos?

– Não, somente Igor. Ele conheceu Labramon agora.

– Então ainda não evolui?

– Não!

– O que aconteceu com a digimon nos braços dela? – pergunta Igor curioso ao ver às escoriações no pequeno corpo de Plotmon.

– Um digimon chamado Birdramon, um pássaro gigante, acabou pegando-a com suas enormes garras – explica Carlos.

– Igor – interfere Labramon – Eu acho que posso ajudá-la.

– Claro! – exclama Davi – Acabei de ver no digivice que a saliva de Labramon é uma poderosa porção. Possa ser que ajude na cicatrização.

– Credo! Que coisa nojenta – grita Lúcia – Acho que vou vomitar!

– Larga de frescura, garota! – interfere o garoto ruivo sorrindo.

– Frescura nada!

Labramon se aproxima de Verônica, que tranquilamente coloca Plotmon no chão. O digimon, que mais parece um filhote de labrador, lambe todo o corpo da digimon inclusive suas escoriações e feridas. Como que num passe de mágica, todos veem a instantânea cicatrização da digimon, que logo se põe de pé com todas as energias recuperadas.

– Que digimon especial, Igor! Obrigada Labramon – diz Verônica acariciando sua cabeça.

– Obrigada Labramon. Nem sei como te agradecer.

– Somo parceiros agora, Plotmon! Não precisa agradecer.

Seadramon e Kyubimon também regridem e o digimon canino se aproxima de cada um para curá-los com lambidas.

Betamon e Renamon sentem suas energias restaurarem automaticamente.

– Eu to preocupado com os outros – balbucia Igor.

– Quem? – pergunta Davi.

– Antônio, Fernanda e Leo. Acabamos nos separando quando os digimons vieram em nossas direções.

– Então você não é o único domador novato?

– Não mesmo!

Uma densa névoa negra surge no céu, espalhando-se a partir de uma única origem. Origem essa localizada morro acima. Levi e Renamon são os primeiros a perceber e acabam por atiçar a curiosidade dos demais.

– Vem chuva por aí?

– Não, Lúcia. Ditador mesmo!

– COMO? – exclamam todos quase que ao mesmo tempo.

– A energia maligna do Hexágono é tão destrutiva que a simples presença de algum dos ditadores acaba por gerar essas nuvens, transformando o ambiente ao seu redor em trevas.

– Será que algum dos recém-chegados está sendo atacado? – pergunta João.

– Novato ou não, ninguém tem força suficiente para enfrentar um ditador sozinho. Quem quer que seja o domador, é melhor irmos ajudá-lo.

– Quer dizer que com esse aparelho conseguirei algumas informações sobre os digimons que eu encontrar? - pergunta Leo.

– Basicamente – responde Bruno Pastreli.

– Como que faço?

– Só é erguer na direção do digimon e ele fará uma espécie de scanner.

Leandro ergue seu digivice na direção do dragão cyborg de pele roxa e o aparelho que até então exibia um ícone animado de Gotsumon, exibe uma imagem do Raptordramon acompanhada de uma breve informação, que também é narrada.

Raptordramon, um digimon no nível Adulto. Esse dragão cyborg é ultraveloz e utiliza o elemento surpresa como estratégia de batalha. Sua técnica é a “Emboscada Esmagadora”.

Um zumbido se aproxima dos garotos. Leandro olha em direção ao oceano e nota que algo se deslocava pelo ar, vindo ao seu encontro.

– O que é aquilo? – pergunta assustado.

– Certeza de ser um digimon. Só espero que tenha um domador com ele.

– Eu não to pronto pra enfrentar nada por agora!

– Calma, Leo. Eu to aqui pra te ajudar. Faremos tudo junto a partir de agora!

– Valeu, Gotsumon.

– Tente rastrear as informações desse digimon! – propõe Pastreli ao Leandro, que prontamente ergue seu digivice na direção do zumbido.

Kabuterimon, um digimon no nível Adulto. Esse digimon inseto de aparência estranha não possui olhos e orienta-se através de um sonar emitido pelo som das suas asas. Sua técnica é o “Eletrochoque”.

– E agora. O que faremos? – pergunta Leo ansioso.

– Se precisar, iremos batalhar. Agora vamos observar. Raptordramon! – grita o garoto de voz rouca – Prepare-se para qualquer eventualidade.

– Já estou preparado.

Gotsumon se põe ao lado do seu domador, de punhos cerrados.

O digimon segue ganhando tamanho à medida que se aproximava. Um garoto vinha montado em sua cabeça, abraçado ao seu único chifre. O enorme digimon com dois pares de braços, pernas, corpo corcunda, carapaça sobre a cabeça com um enorme chifre, e dois pares de asas pousa à frente dos domadores. Sua boca possui três mandíbulas, sendo duas verticais e uma horizontal, que o deixa com uma aparência ainda mais assustadora.

Sobre o digimon inseto de exoesqueleto azulado, estava um garoto baixo, corpo redondo e pele branca.

Kabuterimon leva uma das mãos à cabeça e retira seu domador de lá, colocando-o no chão.

– Salve Will! – cumprimenta Bruno Pastreli – Pelo que vejo, Tentomon conseguiu evoluir para um forte digimon.

– Pois é Pastreli. Cara foi uma batalha emocionante! Um digimon que mais parece uma naja, nos atacou no “Deserto do Oeste” e tivemos que nos proteger. E quem é esse? É um domador novato? Prazer. Me chamo Will – o garoto aperta a mão de Leandro com força.

Antes que o novato pudesse dizer algo, é interrompido pelo Will que torna a falar:

– Não necessariamente me chamo Will, quero dizer, é meu apelido. Meu nome verdadeiro é William. William Matheus. Minha mãe acha bonito nome composto...

– WILL! – grita Bruno interrompendo-o – Vai devagar! Assim você vai assustá-lo. Estava indo aonde?

– Nossa! Vocês não perceberam as nuvens escuras se espalhando pelo céu? Ao que tudo indica alguém está sendo atacado por um dos ditadores. Levi disse que hexágono tem haver com seis digimons. Eu sei que o hexágono é uma forma geométrica de seis lados, assim como o pentágono tem cinco, o quadrado tem quatro e por aí vai. Mas o que realmente importa, é que mais de um ditador pode estar atacando um dos nossos amigos.

Leo o olhava bestificado. Will tem o dom de engolir pontos e vírgulas quando fala, tornando praticamente impossível a compreensão de certas frases.

– Entendeu alguma coisa, Leo? – pergunta Pastreli sorrindo.

– Nada! E nem precisa repetir, Will! – adverte – Só quero saber quem é Levi.

– Levi Silva é outro domador. Existem domadores aos montes por aqui, e cada dia aparecem mais e mais, como você. Ele chegou deve ter por volta de um mês e já está super ambientado. Lógico que ninguém se acostuma a viver sem conforto, mas se acostuma a levar uma vida de guerrilheiro. Como diz o ditado: A ocasião faz o ladrão. Não que eu seja a favor de assaltos e furtos, mas é que esse ditado...

– Vamos indo então! – Bruno interrompe novamente – Precisamos ajudar esse domador.

– Espero que não seja nenhum dos que estavam comigo!

– Quer dizer que existem novos domadores, além de você? – pergunta Bruno preocupado.

– Comigo estavam mais três, sendo um deles uma menina.

– Uma menina? Então vamos logo! Esse ditador pode estar perseguindo eles. Quer aproveitar da inexperiência dos novatos para matá-los.

Leo e Gotsumon, juntamente com Bruno Pastreli montam no Raptordramon e alçam voo em direção à origem da névoa escura. Will e Kabuterimon os seguem pelo ar.

Rafael permanecia estático observando o digimon negro que estava parado à sua frente, no meio do deserto. Fernanda, Solarmon e principalmente Gabumon estranharam o fato do digimon o chamar pelo nome.

– Você o conhece? – pergunta a garota de cabelos ondulados.

– Cuidado gente! – adverte Solarmon – Ele tem cara de mal.

Fernanda rastreia informações sobre o digimon.

Devimon, um digimon no nível Adulto. Esse digimon demônio é o sexto ditador do Hexágono do Mal. Cruel e inteligente, consegue controlar energias malignas e implantá-las em quem bem entender. Sua principal técnica é a “Garra da Morte”.

– O que é esse Hexágono do Mal?

Antes que Solarmon pudesse responder o questionamento da sua domadora, Devimon interfere.

– Você não cumpriu sua parte no acordo!

– Mas eu irei cumprir... Dê-me mais um tempo – diz o garoto desconcertado.

– Seu tempo acabou! Permitiu que seus amigos chegassem até aqui.

– Rafael. Me explica o que está acontecendo – pergunta Gabumon segurando-lhe a mão. O garoto loiro transpirava e tremia – Sua mão ta gelada!

– FERNANDA!

A garota e os digimons olham para trás e veem que se tratava do garoto branco e forte que estava com ela na praia. Ele corria na direção de Fernanda e era seguido pelo besouro de carapaça azul e mãos grandes.

– Antônio! – grita Fernanda.

– Acredita que esse monstrinho disse que eu sou o domador dele? O nome dele é Kokabuterimon – diz Antônio feliz da vida.

Fernanda ergue seu digivice na direção dele.

Kokabuterimon, um digimon no nível Novato. Esse pequeno besouro azul, semelhante ao Tentomon, é companheiro e divertido. Sua principal técnica é o “Koka Trovão”.

Kokabuterimon esbugalha os olhos ao perceber que se tratava de um dos ditadores.

– Antônio. Ele é um dos ditadores! Vamos fugir

– O que é isso, Koka? – pergunta Antônio.

– Ele é um dos ditadores do Hexágono do Mal! - exclama Solarmon.

– O que isso que dizer, Solarmon? – pergunta a garota aflita.

– Ele e mais cinco são os reais motivos pela estadia de vocês aqui nesse mundo.

Rafael suplicava pela sua vida de joelhos quando Devimon brada irritado, abrindo suas asas.

– Estorvo! Não perdoo falta de compromisso. Te prometi muito poder e você desprezou nosso pacto. Deveria ter usado mais trevas em seu coração naquela noite, porém hoje será seu fim. Dê adeus a sua inútil vida!

Continua...


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