Digimon Beta - E o Hexágono do Mal escrita por Murilo Pitombo
Lúcia seguia observando a tela do seu digivice, que estava conectado ao computador de Carlos sobre o capô do carro de Rafael, quando ouve o grito de Verônica. Ao virar-se, percebe que todos a olham assustados e que as brigas haviam terminado. Nesse momento a garota se dá conta de que a técnica de Gargomon avançava na sua direção e que, por mais que tentasse fugir seria impossível para um humano conseguir se desviar. Em fração de segundos, seu digivice brilha e possibilita a evolução de Gotsumon que corre de encontro a si.
A garota torna a se virar de frente para o computador, numa tentativa de conseguir fugir do lugar, quando sente uma forte explosão nas suas costas.
Icemon estava ferido. Havia se lançado a sua frente para lhe proteger.
– ICEMON! – grita Lúcia agachando emocionada.
– Está vendo o que seu digimon fez? – implica João.
– Gargomon não teve culpa! – grita Carlos assustado.
Gargomon estava completamente paralisado por conta do que acaba de acontecer. Por pouco não destruiria um humano por acidente. Seadramon e João, Verônica e Tailmon correm até Lúcia que continuava de joelhos e próxima ao digimon.
Rafael se aproxima de Carlos.
– Avise ao Gargomon para ter mais cuidado da próxima vez.
– Ele não teve culpa!
Garurumon se aproxima de Rafael enquanto Gargomon seguia estático, completamente paralisado.
Aos poucos Icemon se coloca de pé, para surpresa de todos a sua volta.
– Icemon. Que bom que está bem! - diz Lúcia enxugando seus olhos.
Icemon nada responde.
– Icemon está tudo bem? Seus olhos... Eles estão...
Os olhos do digimon de gelo estavam completamente brancos quando ele urra com muita raiva e dá um soco contra o chão. O ataque avança no digimon de Carlos como uma onda congelante que, ao tocá-lo, acaba congelando-o.
Icemon regride e cai desacordado.
– GARGOMON!
Gargomon permanecia estático e completamente congelado. Carlos rapidamente avança até seu digimon e, com o auxílio de uma pedra tenta quebrar a densa camada de gelo.
– Garurumon – sussurra Rafael - Vamos sair daqui. Estamos em desvantagem!
Sem questionar, o digimon lobo regride e acompanha Rafael até o carro.
Lúcia ouve um bip de seu digivice e rapidamente levanta, olhando para o aparelho que estava acoplado ao computador de Carlos.
– Finalmente te achei!
– Achou o que amiga? – pergunta Verônica curiosa.
João observava.
– Um novo domador – diz a garota.
– Outro? Onde? – exclama Verônica espantada.
Antes que Lúcia começasse a explicar, João nota a estranha movimentação de Rafael e Gabumon.
– Ei! Onde você está indo? Não vai ajudar seu amigo a quebrar o gelo? – pergunta João.
– Meta-se com sua vida!
– Nós ainda não terminamos nossa batalha – diz Verônica.
Enquanto os domadores reiniciavam as batalhas, Lúcia seguia digitando uma mensagem de texto no digivice.
Itabuna é uma cidade localizada no sul da Bahia e vizinha da mundialmente famosa Ilhéus. Essa cidade destaca-se como uma das maiores cidades do estado, funcionando como centro comercial, educacional e de saúde das cidades circunvizinhas.
Em uma praça em pleno centro da cidade, um rapaz alto, de pele extremamente branca, cabelo ruivo e rosto com sardas, caminhava tranquilamente carregando alguns livros até que, ouve um insistente bip. Ao erguer a barra da camiseta que vestia, ele percebe que o digivice verde, preso ao coes da sua calça, reagia.
– Uma mensagem? Agora fiquei curioso.
O rapaz pega o aparelho nas mãos e senta-se em um dos bancos para ver do que se tratava a tal mensagem.
Olá, meu nome é Lúcia.
Você deve está estranhando essa mensagem, mas é que eu também sou uma domadora. Possuo um digimon e estou precisando da sua ajuda!!! Nós não somos os únicos, tenho mais quatro amigos que são domadores também, e eles estão, nesse exato momento, duelando entre si. Não sei se você sabe mais nós temos uma missão e precisamos nos unir, por isso resolvi te procurar e pedir ajuda.
Estamos em Salvador. Se você puder vir ou estiver por aqui, entre em contato com a gente.
Bjo.
O rapaz ruivo fica completamente paralisado com o que acabara de ler. Não pelo teor, mas pelo fato de ter recebido uma mensagem de uma possível domadora. Já conhecia os digimons por volta de seis meses e essa era a primeira vez que recebia uma mensagem.
Animado com a possibilidade de conhecer outras pessoas, que também sabem sobre a existência dos digimons, o garoto corre até sua casa, que ficava a poucos quilômetros do local onde estava.
O rapaz, que é de família simples, entra em casa às pressas e passa pela sala como um raio.
– Filho o que houve? – pergunta uma senhora baixa, corpo robusto, cabelos castanhos encaracolados e curtos, que assistia TV no exato momento.
– Vou para Salvador, Dona Sara!
– Como é que é?
Assustada, a senhora levanta-se do sofá e segue pelo corredor que o rapaz havia tomado, entrando na segunda porta a direita.
Nesse quarto, o garoto de cabelos vermelhos relativamente curtos, colocava algumas peças de roupa dentro de uma mochila sobre a cama de casal.
– E sua faculdade Davi?
– Só vou ficar lá uma semana.
Davi termina de organizar suas coisas, não se esquecendo da máquina fotográfica, como todo bom estudante de jornalismo.
O garoto entra pela porta em frente à porta do seu quarto com uma toalha de banho no ombro.
Sara seguia preocupada, sentada na cama.
– Mas você só vai levar isso Davi? E as passagens? Já avisou ao seu tio?
– Calma mãe. Está tudo sobre controle.
– Mesmo assim vou ligar pra ele!
Sara deixa o quarto em direção à sala.
Embaixo da cama, haviam dois olhos verdes e graúdos observando toda movimentação.
Davi sai do banho, se arruma e, após se despedir de sua mãe, parte com destino a Salvador.
– Choque Elétrico.
– Soco Pequeno.
Seadramon e Tailmon haviam regredido e atacavam Gabumon, que mal se aguentava em pé.
– GABUMON! – grita Rafael em meio ao sofrimento do seu digimon - Parem com isso!
– Por que deveria parar? Você fez o mesmo comigo e com Betamon, não acho justo que você saia ileso dessa.
– Você agiu de má fé quando mandou seu Garurumon nos atacar... Agora aguente as consequências – diz Verônica.
Gabumon já estava praticamente desmaiando quando um brilho no céu atrai a atenção dos domadores. Um portal havia se aberto e através dele um pégasus branco de armadura laranja sobre a cabeça, se liberta no Mundo Real.
– Isso ta começando a ficar chato! – diz João sacando seu digivice.
Verônica e Lúcia se aproximam.
Unimon, um digimon no nível Adulto. Esse cavalo alado é muito poderoso e utiliza forças da luz a seu favor. Sua técnica é o “Tiro Sagrado”.
Carlos finalmente consegue romper o gelo e liberta Gargomon, que regride e desmaia.
Rafael se aproxima.
– Se quiser ir embora, to indo! Não quero virar comida de cavalo voador.
– É o melhor que temos a fazer.
Carlos pega seu computador, que ainda estava sobre o capô do carro, antes de entrar no veículo com Rafael e Gabumon.
João, Verônica e Lúcia observavam o digimon sobrevoá-los em círculo e só percebem a fuga dos garotos ao ouvir a tração do pneu na estrada.
– Covardes! – grita Verônica irritada.
– Gente, infelizmente eu não poderei ajudar vocês – diz Lúcia com pesar, já que Gotsumon estava bastante ferido e havia desmaiado.
– Acho que eu e João daremos conta desse inimigo.
– Betamon – diz João agachando ao seu lado – Consegue evoluir?
– Vou tentar!
O digivice negro brilha e Betamon é envolto por um casulo de luz, que cresce assustadoramente. Instantes depois, o casulo de luz regride e revela Betamon desmaiado. Tentar evoluir naquelas condições havia esgotado o digimon por completo.
João o pega no colo.
– É galera... Vamos ter que fugir!
Rapidamente todos entram no carro. João coloca Betamon no banco de trás e corre para ajudar Lúcia, que tentava arrastar Gotsumon pelas pernas. Verônica seguia no banco da frente com Plotmon no colo.
Unimon, que continuava sobrevoando o local em círculos, visualiza João e Lúcia, e mergulha como um falcão prestes a agarrar sua presa.
– Pessoal. Cuidado! – grita Verônica de dentro do carro.
Ao olhar para o alto, João e Lúcia veem que o pégasus branco estava muito próximo deles e se lançam no chão, forçando-o a arremeter. Lúcia e João novamente ficam de pé para carregar Gotsumon, e são obrigados a deitar no chão para escapar da mordida do cavalo voador.
Plotmon salta pela janela do carro e corre até os domadores.
– Hei, Unimon. Venha me pegar!
O digimon alado, ao vê o pequeno novato correndo e chamando seu nome, avança na sua direção. Plotmon desenvolvia uma grande velocidade, mas por conta do desgaste físico da última batalha, não conseguia fazer frente ao Unimon que a atinge com a pata, fazendo-a rolar sobre as pequenas pedras no chão.
– Lúcia. Essa é a nossa chance!
João e Lúcia, agora livres das investidas de Unimon, conseguem pegar Gotsumon e carregá-lo até o carro. Plotmon seguia correndo e se desviando das esferas de energia que o digimon alado lançava pela boca.
João entra no carro e coloca o cinto.
– Pessoal! Segurem-se porque o bicho vai pegar pro nosso lado.
João liga o carro e força a aceleração, fazendo com que a pequena digimon de coleira dourada e bochechas rosada voltasse sua atenção para os domadores.
Plotmon, ao perceber que todos estavam prontos e que sua domadora a esperava apreensiva, corre. Unimon segue voando e se aproximava cada vez mais da pequena digimon, que se esforçava ao máximo. João engata a primeira e se preparava para arrancar a toda velocidade. Unimon estava muito próximo da pequena digimon quando arremete e passa por cima do carro, enquanto Plotmon salta pela janela e torna a entrar.
O carro canta pneu e segue em alta velocidade.
– Você foi incrível baixinha! – diz João sorrindo enquanto engatava a segunda e acelerava cada vez mais.
Lúcia olha para trás e vê que o pégasus os seguia voando.
– Ele ta muito próximo, João!
– Acelerando... – João engata a terceira – Lúcia. Olha o Beta pra mim!
– Não se preocupe!
Unimon seguia voando próximo do carro quando, ao se aproximar de um trecho da estrada cercado por árvores de copas densas, que praticamente formavam um túneo, passa a galopar com as assas recolhidas próxima ao corpo.
– Ele ta galopando? – exclama João ao observar o pégasus pelo retrovisor central, seguindo-os por terra.
– Pelo visto ele é muito bom no ar e no chão – pontua Verônica.
– E você ainda tem dúvida?
Finalmente o trecho da estrada cercado de árvores fica pra trás e Unimon abre suas asas e torna a voar.
O digivice de Lúcia emite um bip. A garota acabara de receber uma mensagem:
Lúcia.
Estou chegando a Salvador daqui a pouco.
Beijos, Davi.
– Que bom!
– Que bom o que minha filha. Você ta maluca? – exclama Verônica.
– É que enquanto vocês batalhavam, eu lembrei que tinha visto um digimon voando quando viajei pra cá.
Já na pista, Unimon lança uma bola de energia da sua boca e acerta poucos metros a frente do carro. As garotas gritam com a jogada rápida de João para a lateral, desviando da cratera.
– Continua o papo amiga! – diz Verônica num misto de susto e curiosidade.
– Aí decidi, com a ajuda do computador de Carlos, fazer um rastreamento assim como fiz quando te encontrei e consegui encontrar um domador. Ele acabou de responder meu pedido de S.O.S.
– S.O.S.?
– É. Pra colocarmos um ponto final nessa rivalidade infantil de vocês.
Em uma curva acentuada, próxima a um despenhadeiro, Unimon lança outra esfera de energia que novamente atinge a pista à frente do carro. Com a explosão, João perde o controle do veículo que avança fora da rota por uma pequena rampa que termina no despenhadeiro.
Continua...
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