Digimon Beta - E o Hexágono do Mal escrita por Murilo Pitombo


Capítulo 18
O Sexto Domador




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Lúcia seguia observando a tela do seu digivice, que estava conectado ao computador de Carlos sobre o capô do carro de Rafael, quando ouve o grito de Verônica. Ao virar-se, percebe que todos a olham assustados e que as brigas haviam terminado. Nesse momento a garota se dá conta de que a técnica de Gargomon avançava na sua direção e que, por mais que tentasse fugir seria impossível para um humano conseguir se desviar. Em fração de segundos, seu digivice brilha e possibilita a evolução de Gotsumon que corre de encontro a si.

A garota torna a se virar de frente para o computador, numa tentativa de conseguir fugir do lugar, quando sente uma forte explosão nas suas costas.

Icemon estava ferido. Havia se lançado a sua frente para lhe proteger.

– ICEMON! – grita Lúcia agachando emocionada.

– Está vendo o que seu digimon fez? – implica João.

– Gargomon não teve culpa! – grita Carlos assustado.

Gargomon estava completamente paralisado por conta do que acaba de acontecer. Por pouco não destruiria um humano por acidente. Seadramon e João, Verônica e Tailmon correm até Lúcia que continuava de joelhos e próxima ao digimon.

Rafael se aproxima de Carlos.

– Avise ao Gargomon para ter mais cuidado da próxima vez.

– Ele não teve culpa!

Garurumon se aproxima de Rafael enquanto Gargomon seguia estático, completamente paralisado.

Aos poucos Icemon se coloca de pé, para surpresa de todos a sua volta.

– Icemon. Que bom que está bem! - diz Lúcia enxugando seus olhos.

Icemon nada responde.

– Icemon está tudo bem? Seus olhos... Eles estão...

Os olhos do digimon de gelo estavam completamente brancos quando ele urra com muita raiva e dá um soco contra o chão. O ataque avança no digimon de Carlos como uma onda congelante que, ao tocá-lo, acaba congelando-o.

Icemon regride e cai desacordado.

– GARGOMON!

Gargomon permanecia estático e completamente congelado. Carlos rapidamente avança até seu digimon e, com o auxílio de uma pedra tenta quebrar a densa camada de gelo.

– Garurumon – sussurra Rafael - Vamos sair daqui. Estamos em desvantagem!

Sem questionar, o digimon lobo regride e acompanha Rafael até o carro.

Lúcia ouve um bip de seu digivice e rapidamente levanta, olhando para o aparelho que estava acoplado ao computador de Carlos.

– Finalmente te achei!

– Achou o que amiga? – pergunta Verônica curiosa.

João observava.

– Um novo domador – diz a garota.

– Outro? Onde? – exclama Verônica espantada.

Antes que Lúcia começasse a explicar, João nota a estranha movimentação de Rafael e Gabumon.

– Ei! Onde você está indo? Não vai ajudar seu amigo a quebrar o gelo? – pergunta João.

– Meta-se com sua vida!

– Nós ainda não terminamos nossa batalha – diz Verônica.

Enquanto os domadores reiniciavam as batalhas, Lúcia seguia digitando uma mensagem de texto no digivice.

Itabuna é uma cidade localizada no sul da Bahia e vizinha da mundialmente famosa Ilhéus. Essa cidade destaca-se como uma das maiores cidades do estado, funcionando como centro comercial, educacional e de saúde das cidades circunvizinhas.

Em uma praça em pleno centro da cidade, um rapaz alto, de pele extremamente branca, cabelo ruivo e rosto com sardas, caminhava tranquilamente carregando alguns livros até que, ouve um insistente bip. Ao erguer a barra da camiseta que vestia, ele percebe que o digivice verde, preso ao coes da sua calça, reagia.

– Uma mensagem? Agora fiquei curioso.

O rapaz pega o aparelho nas mãos e senta-se em um dos bancos para ver do que se tratava a tal mensagem.

Olá, meu nome é Lúcia.

Você deve está estranhando essa mensagem, mas é que eu também sou uma domadora. Possuo um digimon e estou precisando da sua ajuda!!! Nós não somos os únicos, tenho mais quatro amigos que são domadores também, e eles estão, nesse exato momento, duelando entre si. Não sei se você sabe mais nós temos uma missão e precisamos nos unir, por isso resolvi te procurar e pedir ajuda.

Estamos em Salvador. Se você puder vir ou estiver por aqui, entre em contato com a gente.

Bjo.

O rapaz ruivo fica completamente paralisado com o que acabara de ler. Não pelo teor, mas pelo fato de ter recebido uma mensagem de uma possível domadora. Já conhecia os digimons por volta de seis meses e essa era a primeira vez que recebia uma mensagem.

Animado com a possibilidade de conhecer outras pessoas, que também sabem sobre a existência dos digimons, o garoto corre até sua casa, que ficava a poucos quilômetros do local onde estava.

O rapaz, que é de família simples, entra em casa às pressas e passa pela sala como um raio.

– Filho o que houve? – pergunta uma senhora baixa, corpo robusto, cabelos castanhos encaracolados e curtos, que assistia TV no exato momento.

– Vou para Salvador, Dona Sara!

– Como é que é?

Assustada, a senhora levanta-se do sofá e segue pelo corredor que o rapaz havia tomado, entrando na segunda porta a direita.

Nesse quarto, o garoto de cabelos vermelhos relativamente curtos, colocava algumas peças de roupa dentro de uma mochila sobre a cama de casal.

– E sua faculdade Davi?

– Só vou ficar lá uma semana.

Davi termina de organizar suas coisas, não se esquecendo da máquina fotográfica, como todo bom estudante de jornalismo.

O garoto entra pela porta em frente à porta do seu quarto com uma toalha de banho no ombro.

Sara seguia preocupada, sentada na cama.

– Mas você só vai levar isso Davi? E as passagens? Já avisou ao seu tio?

– Calma mãe. Está tudo sobre controle.

– Mesmo assim vou ligar pra ele!

Sara deixa o quarto em direção à sala.

Embaixo da cama, haviam dois olhos verdes e graúdos observando toda movimentação.

Davi sai do banho, se arruma e, após se despedir de sua mãe, parte com destino a Salvador.

– Choque Elétrico.

– Soco Pequeno.

Seadramon e Tailmon haviam regredido e atacavam Gabumon, que mal se aguentava em pé.

– GABUMON! – grita Rafael em meio ao sofrimento do seu digimon - Parem com isso!

– Por que deveria parar? Você fez o mesmo comigo e com Betamon, não acho justo que você saia ileso dessa.

– Você agiu de má fé quando mandou seu Garurumon nos atacar... Agora aguente as consequências – diz Verônica.

Gabumon já estava praticamente desmaiando quando um brilho no céu atrai a atenção dos domadores. Um portal havia se aberto e através dele um pégasus branco de armadura laranja sobre a cabeça, se liberta no Mundo Real.

– Isso ta começando a ficar chato! – diz João sacando seu digivice.

Verônica e Lúcia se aproximam.

Unimon, um digimon no nível Adulto. Esse cavalo alado é muito poderoso e utiliza forças da luz a seu favor. Sua técnica é o “Tiro Sagrado”.

Carlos finalmente consegue romper o gelo e liberta Gargomon, que regride e desmaia.

Rafael se aproxima.

– Se quiser ir embora, to indo! Não quero virar comida de cavalo voador.

– É o melhor que temos a fazer.

Carlos pega seu computador, que ainda estava sobre o capô do carro, antes de entrar no veículo com Rafael e Gabumon.

João, Verônica e Lúcia observavam o digimon sobrevoá-los em círculo e só percebem a fuga dos garotos ao ouvir a tração do pneu na estrada.

– Covardes! – grita Verônica irritada.

– Gente, infelizmente eu não poderei ajudar vocês – diz Lúcia com pesar, já que Gotsumon estava bastante ferido e havia desmaiado.

– Acho que eu e João daremos conta desse inimigo.

– Betamon – diz João agachando ao seu lado – Consegue evoluir?

– Vou tentar!

O digivice negro brilha e Betamon é envolto por um casulo de luz, que cresce assustadoramente. Instantes depois, o casulo de luz regride e revela Betamon desmaiado. Tentar evoluir naquelas condições havia esgotado o digimon por completo.

João o pega no colo.

– É galera... Vamos ter que fugir!

Rapidamente todos entram no carro. João coloca Betamon no banco de trás e corre para ajudar Lúcia, que tentava arrastar Gotsumon pelas pernas. Verônica seguia no banco da frente com Plotmon no colo.

Unimon, que continuava sobrevoando o local em círculos, visualiza João e Lúcia, e mergulha como um falcão prestes a agarrar sua presa.

– Pessoal. Cuidado! – grita Verônica de dentro do carro.

Ao olhar para o alto, João e Lúcia veem que o pégasus branco estava muito próximo deles e se lançam no chão, forçando-o a arremeter. Lúcia e João novamente ficam de pé para carregar Gotsumon, e são obrigados a deitar no chão para escapar da mordida do cavalo voador.

Plotmon salta pela janela do carro e corre até os domadores.

– Hei, Unimon. Venha me pegar!

O digimon alado, ao vê o pequeno novato correndo e chamando seu nome, avança na sua direção. Plotmon desenvolvia uma grande velocidade, mas por conta do desgaste físico da última batalha, não conseguia fazer frente ao Unimon que a atinge com a pata, fazendo-a rolar sobre as pequenas pedras no chão.

– Lúcia. Essa é a nossa chance!

João e Lúcia, agora livres das investidas de Unimon, conseguem pegar Gotsumon e carregá-lo até o carro. Plotmon seguia correndo e se desviando das esferas de energia que o digimon alado lançava pela boca.

João entra no carro e coloca o cinto.

– Pessoal! Segurem-se porque o bicho vai pegar pro nosso lado.

João liga o carro e força a aceleração, fazendo com que a pequena digimon de coleira dourada e bochechas rosada voltasse sua atenção para os domadores.

Plotmon, ao perceber que todos estavam prontos e que sua domadora a esperava apreensiva, corre. Unimon segue voando e se aproximava cada vez mais da pequena digimon, que se esforçava ao máximo. João engata a primeira e se preparava para arrancar a toda velocidade. Unimon estava muito próximo da pequena digimon quando arremete e passa por cima do carro, enquanto Plotmon salta pela janela e torna a entrar.

O carro canta pneu e segue em alta velocidade.

– Você foi incrível baixinha! – diz João sorrindo enquanto engatava a segunda e acelerava cada vez mais.

Lúcia olha para trás e vê que o pégasus os seguia voando.

– Ele ta muito próximo, João!

– Acelerando... – João engata a terceira – Lúcia. Olha o Beta pra mim!

– Não se preocupe!

Unimon seguia voando próximo do carro quando, ao se aproximar de um trecho da estrada cercado por árvores de copas densas, que praticamente formavam um túneo, passa a galopar com as assas recolhidas próxima ao corpo.

– Ele ta galopando? – exclama João ao observar o pégasus pelo retrovisor central, seguindo-os por terra.

– Pelo visto ele é muito bom no ar e no chão – pontua Verônica.

– E você ainda tem dúvida?

Finalmente o trecho da estrada cercado de árvores fica pra trás e Unimon abre suas asas e torna a voar.

O digivice de Lúcia emite um bip. A garota acabara de receber uma mensagem:

Lúcia.

Estou chegando a Salvador daqui a pouco.

Beijos, Davi.

– Que bom!

– Que bom o que minha filha. Você ta maluca? – exclama Verônica.

– É que enquanto vocês batalhavam, eu lembrei que tinha visto um digimon voando quando viajei pra cá.

Já na pista, Unimon lança uma bola de energia da sua boca e acerta poucos metros a frente do carro. As garotas gritam com a jogada rápida de João para a lateral, desviando da cratera.

– Continua o papo amiga! – diz Verônica num misto de susto e curiosidade.

– Aí decidi, com a ajuda do computador de Carlos, fazer um rastreamento assim como fiz quando te encontrei e consegui encontrar um domador. Ele acabou de responder meu pedido de S.O.S.

– S.O.S.?

– É. Pra colocarmos um ponto final nessa rivalidade infantil de vocês.

Em uma curva acentuada, próxima a um despenhadeiro, Unimon lança outra esfera de energia que novamente atinge a pista à frente do carro. Com a explosão, João perde o controle do veículo que avança fora da rota por uma pequena rampa que termina no despenhadeiro.

Continua...


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