Godless Soul escrita por Koneko-chan, Yukari Rockbell


Capítulo 7
O verdadeiro sentido da palavra "imortal"




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Chapter 6: o verdadeiro sentido da palavra “imortal”

No fim da tarde do dia seguinte.

- Ei, não durma. – Envy rosnou. – E de preferência responda quando ela te perguntar algo, seu humano estúpido.

Havoc resmungou alguma coisa, tragando mais uma vez do cigarro que estava em sua boca.

- O que vocês querem, droga?

- Responda à pergunta dela! – Envy gritou.

- Qual foi a pergunta?

Lie suspirou, cansada.

- Afinal de contas, o Führer vai vir? Já se passou um dia inteiro e ele não apareceu. Quero falar com ele.

Havoc sentou-se direito e olhou o homúnculo nos olhos.

- Garota, não é simples assim, sabe? Não é do tipo, você quer ver o Führer e ele aparece na sua frente. Ele tem coisas melhores para fazer, como cuidar da última tentativa de assassinato que aconteceu hoje de manhã.

Envy franziu o cenho.

- Tentativa de assassinato?

- É. – ele resmungou, franzindo o cenho. – Naquela hora em que deixei vocês com o Breda passei pelo Sargento Fuery e ele comentou comigo.

- Quem quase foi morto? – Lie perguntou.

- A Primeiro Tenente Hawkeye.

- Ah, a desgraçada. – Lie rosnou, lembrando-se de como quase Envy morrera por causa dela. – Mas o que aconteceu? Quem tentaria matar a Hawkeye?

Entretanto, não foi Havoc que respondeu.

- Alguém que quisesse me deixar bem furioso, talvez .– a voz de Roy Mustang ecoou.

Ele adentrou o corredor e parou à porta da cela. – Alguém que soubesse que ela é importante para mim.

- Está me acusando. – falou Lie, notando que era para ela que a direção do olhar dele estava voltada. – Mas estive o dia inteiro enfurnada nesta cela, como acha que eu tentei matar a sua namoradinha?

- Sei muito bem que pode colocar cópias suas em qualquer lugar que queira. Pode muito bem ter colocado uma cópia na casa dela.

- Você só não sabe que eu preciso ter conhecimento de onde esse lugar fica. – rebateu. – Não tenho ideia de onde ela mora.

- A Primeiro Tenente disse que foi uma mulher, tem que ter sido você.

- Sou a primeira pessoa que te vem à mente para acusar de qualquer coisa não é? Não estamos sendo nada justos aqui, Mustang.

- Quem mais seria?

- Outro homúnculo.

- Não fale bobagens.

- Sei que parece difícil de acreditar. – ela continuou, dando alguns passos para perto da grade para olhar bem nos olhos do Führer. – Mas tenho quase certeza de que existe mais um homúnculo aqui além de nós. E você sabe que existe essa probabilidade. Edward te falou. Você sabe que ele não mentiria sobre isso.

- Mas você mentiria, não é mesmo?

Ela sorriu.

- Você leva meu título a sério demais. Sou mais sincera do que muitas pessoas que você conhece.

- Apenas quando lhe convém.

Eles ficaram se encarando durante um bom tempo.

- Em parte isso ainda é vingança, não é mesmo? Pelo que Envy fez com o seu amigo.

Envy soltou uma risada alta do outro lado da cela.

- Ah! Nossa ainda está nisso? Pensei seriamente que já tivesse superado! Eu achei que a Hawkeye tivesse te mostrado a razão.

Mustang estreitou seus olhos para Envy e virou para Lie novamente.

- Isso não tem nada a ver com Hughes, a princípio. Quero vocês em algum lugar onde eu possa vê-los. Se não forem os culpados, é uma pena, mas vão continuar aí até que peguemos a pessoa que está por trás de tudo isso.

Ele se virou e começou a ir embora.

- Argh! Quanta hipocrisia! – Lie rosnou e agarrou as barras de metal. – Ei! Mustang! – gritou, mas ele não escutou. – Eu não quebrei minha promessa! Faria isso em qualquer outra ocasião, mas tratando-se da vida do Envy eu jamais voltaria atrás!

Mustang parou e virou um pouco o rosto, olhando para trás.

- Bom trabalho, Havoc. – disse, colocando as mãos nos bolsos.

- Até mais, Roy.

- EI! EI! Não me ignore! – Lie gritou e começou a chutar as barras que a separavam da liberdade. – Seu humano imbecil! Agora entendo por que o Edward te detesta tanto!

Ela sentiu uma mão em seu ombro e se virou rapidamente, empurrando-a para o lado. Envy franziu o cenho.

- Lie, tente se acalmar.

- Não me mande me acalmar! – ela gritou. – Eu vou mandar esse Führer desgraçado para o inferno se ele não nos tirar daqui agora!

- Você sabe que ele não vai fazer isso.

Ela se virou e continuou chutando a cela.

- Eu não quero saber! – ela gritou e continuou, começando a perder o fôlego. Começou a alternar um chute a cada palavra: - Eu... Não... Matei... Ninguém!!

No momento seguinte, ela parou. Escorregou de joelhos com as mãos segurando a grade meio enferrujada e tentou restaurar a respiração ao ritmo normal. Envy ajoelhou-se ao seu lado e passou os braços por seus ombros.

- Ei, vai dar tudo certo. – ele disse. Mas começou a notar que ela fazia um som estranho, quase como se tentasse decidir se chorar ou rir. – O que foi?

- Envy – ela disse. – Você não negou nenhuma vez.

- Neguei o quê?

- As acusações de que matamos aquelas pessoas.

Ele franziu o cenho e a soltou, olhando seu rosto escondido pelo cabelo.

- E daí?

Ela cerrou os punhos.

- Você matou alguém? – perguntou rudemente.

Envy franziu o cenho e soltou um som de desprezo, erguendo-se do chão com os braços cruzados.

- Pare de falar besteiras.

- Envy! – ela disse, erguendo-se também e puxando seu rosto para que o encarasse. Os olhos de Lie estavam repletos de traição. – Responda-me!

- Não preciso responder. – ele disse.

Ela trincou os dentes, furiosa.

- Não acredito nisso, Envy! Conversamos tanto!

- Ei, não vá pensando que eu...

- Eu devia ter entendido quando você me disse ontem que sentia falta das coisas como eram antes. Argh! Não acredito que me enganou desse jeito! Sei que sou mentirosa, mas não custava nada ser sincero comigo desde o começo!

- Lie!

Lie se virou enraivecida e seu olhar se desviou para Havoc, que adormecera em sua cadeira pouco depois da saída do Coronel. Ele passara a noite toda vigiando os homúnculos, era normal para um humano que depois de tanto tempo estivesse esgotado.

Lie, no entanto, não era humana. E não, ela não estava esgotada, mesmo que tivesse ficado quase a noite inteira acordada esperando que Mustang ousasse aparecer. Na verdade, ela se sentia capaz de matar com um olhar.

- Lie, pode se virar e me escutar?! – ele insistiu.

- Já chega. – ela ignorou. – Vamos sair daqui agora.

Ela fez uma cópia de si mesma do lado de fora da jaula e trocou de lugar com ela. A cópia, agora dentro da cela, desapareceu e a verdadeira Lie puxou a chave do bolso do militar com extremo cuidado. Foi até a cela e a abriu, largando a chave no chão em seguida e, sem esperar por Envy, começando a caminhar rapidamente pelo caminho que tomaram antes com os Elric.

- Ei, Lie, aonde nós vamos? – Envy balbuciou, acompanhando seu passo por trás.

- Por enquanto sair daqui. Vou pensar para onde vamos depois que estivermos fora.

Pelo corredor um homem cruzou o caminho com eles e arregalou os olhos, apavorado, e saiu correndo para acionar o alarme. Ela conseguiu chegar a tempo, mas sua vida não foi poupada. Lie puxou uma adaga da saia e cortou sua garganta. Um rio de sangue começou a se formar. Ela limpou a lâmina.

- É muito melhor ser presa por um crime que você cometeu. – comentou, já se sentindo melhor.

Mais adiante, tendo ouvido o alarme disparar, guardas  e mais guardas começaram a vir correndo, apontando suas armas para eles. Lie sorriu e tirou a outra adaga do bolso, mas foi puxada por Envy para longe.

- Rápido, idiota! – ele gritou, puxando-a por uma dobra de corredor. – Eles são muitos, você não vai dar conta sozinha!

- Então você não pretendia me ajudar?

- Você deixaria que eu o fizesse?!

Ela ficou quieta, sabendo que ele estava certo, e continuou a correr para acompanhar seu passo.

Por sorte, homúnculos são bem mais rápidos que humanos. Eles não se cansam com tanta facilidade, afinal de contas. Mesmo que estejam correndo por um terreno difícil ou estejam fora de forma, homúnculos têm estruturas diferentes dos humanos normais.

Então eles esbarraram com mais alguém que passava. Alphonse arregalou os olhos. Estava justamente indo ver como os dois estavam. Seu irmão não quisera acompanhá-lo, pois sabia que Lie começaria a questioná-lo e a pedir que ele falasse novamente com Mustang.

- Epa, epa, epa! – Lie murmurou em alerta, empurrando Envy para outro corredor. - Alphonse-kun no caminho. Lado errado!

Alphonse ficou parado alguns segundos para entender o que acontecera, mas saiu correndo atrás dos outros dois.

- Ei! Ei! Esperem!

A história acabou ficando assim: guardas militares correndo atrás de Alphonse Elric, Alphonse Elric correndo atrás de Envy e Lie, e Envy e Lie fugindo. Depois de algum tempo de correria, Envy parou abruptamente e arregalou os olhos. Lie foi de encontro com suas costas e caiu para trás, mas ergueu-se o mais rápido que pôde e foi para o lado do homúnculo, querendo saber o que acontecera.

- Qual é o seu problema, idio... – ela parou, arregalado os olhos.

A primeira coisa que ela viu foi uma figura alta, com longuíssimos cabelos negros e lábios finos desenhados com um batom vermelho chamativo. Um vestido negro ultrapassava os joelhos e as pernas eram cobertas por botas altas de cano médio.  Luvas pretas encobriam suas mãos e em seu peito, entre as clavículas, uma tatuagem de ouroboros vermelha era perfeitamente visível.

Lie apontou para ela, repentinamente pálida e berrou:

- F-F-F-F-F-F-F-F-F-FANTAAAAAAASMA!

Envy franziu o cenho e olhou para ela, confuso.

- Você é um homúnculo. Como pode ter medo de fantasmas?

- M-M-M-M-Mas você não entende! E-E-ELA MORREU NA MINHA FRENTE! COMO PODE ESTAR AQUI?!

- Ahh, então eu estava certa, você estava mesmo lá e não me ajudou. – Lust comentou, cruzando os braços e observando a mentira com um tom de desprezo.

- Bom, eu é que não ia morrer! – ela gritou em resposta. – Ainda que você parecesse bem felizinha morrendo nas mãos do das Chamas!

Lust estreitou os olhos.

- Não me desafie.

Lie balançou a cabeça com força.

- M-M-Mas o que você está fazendo aqui?? Aliás, COMO está aqui?? Eu te VI morrer!

- Digamos que Deus me deu outra chance de mostrar ao mundo o verdadeiro significado da palavra “imortal”. – ela respondeu pomposamente. – De qualquer forma, eu vim aqui para salvar vocês, mas parece que não é mais necessário.

- Lust, você está falando comigo. – Envy disse – Eu nunca precisei e nunca vou precisar da sua ajuda para me salvar.

Passos apressados percorreram o corredor e, antes que qualquer um pudesse falar mais alguma coisa, Alphonse Elric apareceu, tropeçando para não cair. Ele arregalou os olhos quando viu o trio de homúnculos.

- Lust! – exclamou. – C-Como?!

Ela franziu o cenho.

- E quem é você?

Lie e Envy começaram a rir, recebendo um olhar de repreensão da luxúria enquanto Alphonse continuava a observando, aturdido.

- Qual a graça, seus inúteis?

- É que... bem, mais de um ano se passou desde que você morreu. – Envy falou.

- E os Elric voltaram para os seus corpos... – Lie completou.

- E esse aí é o Armadura-kun!

Lust arregalou os olhos para o rapaz loiro.

- Nossa... É mesmo.

Mais passos começaram a se aproximar e Lie se virou reflexivamente.

- Os guardas! – rosnou.

- Vamos logo! – Envy disse.

- Não se preocupem – Lust falou enquando os homens estavam chegando perto. – Isso é algo bem simples de se acabar. Agora sim: veja e aprenda, Lie.

O homúnculo lançou um olhar de desprezo à outra. Então Lust esticou seus longos dedos e lançou-os contra os guardas que vinham. Vários urros de dor foram ouvidos e sangue começou a tingir o chão. A maioria já estava ferida quando a parede que dava para o lado de fora desmoronou e um buraco se abriu nela. Uma garota, de cabelos verde-claros e olhos amarelados que usava uma blusa e saia pretas, luvas e uma faixa na cabeça amarrada atrás apareceu. Lie a reconheceu na mesma hora.

- Você! – exclamou.

- Rápido, rápido! – Pandora gritou.

- Nem pensar! – Alphonse gritou enquanto os homúnculos corriam para o buraco. “Não posso deixar que escapem!”, pensou “Tenho o pressentimento de que algo muito ruim vai acontecer se eu os deixar fugir!”.  Ele uniu as mãos como numa prece e pressionou-as no chão. Uma luz azul subiu e uma barreira surgiu do chão impedindo a passagem dos homúnculos.

- Droga! – Envy falou.

- ARGH! – um grito se ouviu do outro lado da barreira. Todos fizeram silêncio depois disso, assustados. – Pan teve muito trabalho para abrir esse buraco! Pan está com muita raiva de Alphonse Elric! Pan vai mostrar a Alphonse Elric seu próprio inferno!!


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