Godless Soul escrita por Koneko-chan, Yukari Rockbell


Capítulo 4
Contato




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Chapter 3: contato.

Mustang olhou no relógio.

- Elas estão atrasadas – murmurou.

- Ah, Roy, não se preocupe, elas não devem demorar! – Havoc falou.

- Ei – Madame Christmas perguntou ao filho por trás do balcão do bar onde eles estavam sentados. – Não tem problema você sair assim desse jeito?

- Não se eu estiver disfarçado – disse Roy apontando para a capa e o capuz. – E de qualquer forma estou aqui para tratar assuntos profissionais, não beber.

- E mesmo assim está bebendo. – Riza comentou sentada do outro lado de Roy, oposta a Havoc. – Você não tem jeito.

- O que posso fazer? – ele deu de ombros.

- Bem, se elas demorarem muito mais, nós vamos embora. – Hawkeye bufou, apoiando o cotovelo no balcão.

- Como quiser.

Coincidentemente, assim que essas palavras foram pronunciadas, eles ouviram uma derrapada de carro do lado de fora do bar. Olharam por através da porta de vidro da entrada e viram um carro estacionar de modo nada auspicioso numa vaga e quase bater no carro da frente. Era óbvio que estava ridiculamente acima do limite de velocidade e atropelara cerca de vinte barracas de feira pelo caminho.

Riza olhou sugestivamente para Roy, esperando que ele fosse multar o motorista. Ele desviou o olhar e deu um gole na cerveja.

- Não olhe para mim, estou bebendo.

- Agora não está aqui a trabalho, não é...? – ela suspirou.

Segundos depois, a porta do bar se abriu escancaradamente e por ela entraram duas pessoas. Uma mulher relativamente alta com o cabelo vermelho e pele parda, magra e atlética com um sorriso aventureiro no rosto. Ela era seguida nos calcanhares por uma garotinha que parecia ser o oposto dela: intrometida, baixinha, pálida e com longos cachos cor-de-rosa escorrendo pelos ombros. Mi-Cha estava vestindo uma saia marrom-clara e uma camisa social com um colete rosa por cima.

- Oláááá! – Kirii falou, entrando e chamando a atenção de todos, não apenas do Führer e seus imediatos. – Desculpem a demora, tivemos um pequeno imprevisto, algum imbecil estacionou um carro preto de um jeito tão ridículo que não deixou espaço suficiente para o meu carro.

Riza e Roy olharam para Havoc e ergueram as sobrancelhas.

- N-Não fui eu! – ele exclamou.

- Bem, então não tem problema se eu concertar o carro depois. – Kirii deu de ombros.

Havoc pareceu ficar branco feito papel e os demais se viraram para Kirii.

- Você é Kirii Kylie, a Lightning Alchemist, certo?

- Sim senhor, Führer!

- E a baixinha é a Health Alchemist?

- S-Sim. – Mi-Cha respondeu, corando.

- Bom, é um prazer conhecê-las. – Roy ergueu-se da cadeira, flanqueado por seus imediatos. – Flame Alchemist.

Elas apertaram a mão dele, uma de cada vez.

- O prazer é todo nosso! – Kirii respondeu. – Bem – ela olhou ao redor no bar. – Não seria melhor irmos para um lugar mais reservado?

- Roy, se quiser pode ir lá no fundo – Madame Christmas ofereceu.

- Ah, obrigado, eu aceito. Sigam-me.

Mustang os encaminhou até uma sala nos fundos do estabelecimento. Era aconchegante, com dois sofás vermelhos virados um para o outro e uma mesinha de centro marrom, algumas caixas de papelão e vários móveis de madeira fina. O Führer sentou-se acompanhado de Havoc no sofá da esquerda enquanto Kirii e Mi-Cha acomodavam-se no da direita. Hawkeye ficou em pé, parada próxima à porta.

- Bem, creio que sabem o motivo de estarmos aqui. – disse Mustang.

- Só nos disseram que o senhor tinha uma missão para nos passar, Führer. E, sinceramente, espero que seja boa, porque eu vim de Briggs até aqui. – Kirii comentou.

Ele assentiu condescendentemente.

- Imagino que vá gostar – ele tirou do sobretudo algumas fotos e jogou-as sobre a mesa.

- O que é isso? – Kirii pegou e começou a analisar. Todas pareciam um cenário do mesmo crime, mas as vítimas eram diferentes. – Um Serial Killer?

- Observe bem.

Ela notou outro padrão em todas as fotos. Um símbolo grande de Ouroboros pintado em um lugar próximo à vítima. Quando prestou mais atenção, notou que era pintado com o próprio sangue da vítima.

- Quais os dados?

- Não sabemos quem foi, a pessoa não deixou pistas. Mas o desenho aí é bem sugestivo.

- Certamente – disse Kirii passando a foto para Mi-Cha, que as observou friamente.

Quando se tratava da mestra, Mi-Cha era absolutamente insegura. Mas quando tratava-se de mortes, casos, assassinatos, ou lutas, ela conseguia ser mais fria do que a maioria das pessoas. O que é de se estranhar já que sua personalidade usual demonstra que ela deveria ter medo da primeira gota de sangue que aparecesse.

- Tenho dois suspeitos principais. – Mustang pegou no sobretudo retratos-falados e deu-os nas mãos de Kirii também, perfeitamente desenhados por Alex Armstrong. Eram dois homúnculos: um com cabelos verdes longos e espetados, uma bandana na cabeça e corpo esguio e outra com cabelos castanhos bem penteados, uma jaqueta preta longa e um sorriso tenebrosamente amigável. Amigável demais para um homúnculo, o que tornava a aparência do sorriso quase mentirosa.

- Eles têm nomes?

- O rapaz é Envy e a garota é Lie. São daquele último incidente que houve na Central.

- Fugiram vivos?

- Não. Concordamos em deixá-los se não fizessem bagunça, mas aparentemente essa era apenas mais uma mentira dessa garota. – Mustang demonstrava raiva e tristeza em seu olhar. Desejo de vingança também, mas ele não se deixaria levar por isso àquela altura.

- Não acho que ela estivesse mentindo. Não consigo acreditar que estejam envolvidos nisso, não nesse ponto. – Hawkeye opinou.

- Você a conheceu, sabe que ela não é a pessoa mais confiável do mundo. E eles são os únicos homúnculos na Central. É impossível que alguém tenha conseguido uma Pedra Filosofal e criado mais algum.

- Que você saiba -- Kirii falou, ainda absorta nos retratos dos homúnculos. De repente ela ergueu os olhos, olhando aflita para Mustang. – Ah, perdão. Que o senhor saiba.

Ele deu de ombros.

- Quero que capture esses dois. E caso os assassinatos não parem, vou mandar tanto você quanto a Health Alchemist para interrogá-los para descobrir quem é o verdadeiro assassino.

- Pode deixar, senhor.

- Ah, sim, o FullMetal Alchemist e o irmão dele estão vindo para ajudar também.

Mi-Cha franziu o cenho e falou pela primeira vez em minutos, ainda olhando para as fotografias, sem ter dificuldade para gravar cada uma com sua memória fotográfica. Ela apenas não queria encarar ninguém naquele momento.

- Por que tanta preocupação com um caso que já tem principais suspeitos?

Silêncio. Depois de alguns minutos, Mustang ousou responder.

- Sinto que não é tão simples quanto parece.

A porta se abriu e o Sargento Fuery entrou correndo.

- Führer Mustang! Führer Mustang!

Ele se ergueu rapidamente.

- O que foi, Sargento Fuery?!

- Aconteceu de novo! Outro assassinato!

Ele franziu o cenho e assentiu, começando a caminhar para a porta.

- Lightning Alchemist, Health Alchemist, venham conosco!

Elas assentiram imediatamente e foram correndo para a saída, entrando nos próprios carros. Quando chegaram ao local, se depararam com uma mulher com uniforme do exército estirada no chão de uma rua pouco movimentada. Ela tinha cabelos curtos e negros e olhos escuros que ainda estavam abertos mesmo depois de morta. Um ponto que lhe chamava atenção era uma pinta bem embaixo de um dos olhos. Suas roupas estavam completamente ensanguentadas e um desenho de um ouroboros havia sido feito bem ao lado de seu corpo.

- Essa é... – Mustang murmurou quando chegaram, arregalando os olhos.

- Maria Ross! – Hawkeye completou, tão surpresa quanto o Führer.

- Saiam da frente, por favor! – Mi-Cha falou, passando. Quando ela se aproximou foi impedida de passar por um dos legistas.

- Desculpe senhorita, não pode passar daqui.

Ela arregalou seus olhinhos puxados e Kirii parou ao lado dela.

- Ela é a Health Alchemist, aposto que pode fazer uma avaliação mais precisa dos motivos dessa mulher ter morrido do que qualquer um de vocês. – disse fuzilando-o com o olhar.

O homem hesitou, mas consentiu a passagem quase forçadamente quando a garota correu para o lado do cadáver. Ela começou a examinar, puxando suas luvas de plástico do bolso e começando a abrir mais o buraco do corte deixado no abdômen da vítima.

- Já sabemos a causa da morte, está estampada bem aí. – o legista falou.

Mas Mi-Cha o ignorou. Segundos depois, ergueu-se do chão com as luvas e os joelhos finos sujos de sangue.

- Eh... Não foi o corte que a matou, nem a hemorragia. Ela foi morta aproximadamente 3 minutos e 28 segundos antes disso. E-Eu não tenho como saber qual a causa da morte a não ser que faça uma avaliação precisa num laboratório. – ela se virou para o Führer e para o legista espantado. – Preciso de um laboratório em 2 horas 35 minutos e 18 segundos. É o tempo até que algum resíduo tóxico que eu possa detectar por alquimia tenha desaparecido. Er... Mas... Se tiver sido um homúnculo como a marca sugere, talvez nem existam efeitos colaterais que eu possa encontrar mesmo com minha análise. Pode fazer isso, por favor, senhor Führer?

Ele assentiu na mesma hora.

- Onii-san! Onii-san, acorde, por favor! – a voz de Alphonse ecoava na cabeça de Edward, que começava a tamborilar de dor graças à quantidade de informações que sua mente processara nas últimas horas. Ele abriu os olhos lentamente, piscando. – Onii-san! Ah, graças a Deus.

Ed se sentou na poltrona do trem. Ainda estava parado... Ou será que parara de novo?

- O quê...? – ele murmurou e então arregalou os olhos, jogando-se contra o irmão menor. – Al! Você está vivo!

- Huh? Er, é claro que estou. Por que não estaria? Foi você quem desmaiou de repente.

- O que aconteceu? – perguntou o outro, sentando-se direito na poltrona e aceitando a água que um funcionário do trem lhe oferecia. – Obrigado.

- Bem, depois que a Pandora lhe disse não a subestimasse, você desmaiou de olhos abertos e parecia que estava tendo um acesso, ou algo assim. – ele franziu o cenho. – Depois ela se levantou e se afastou, olhando para você com mais intensidade e falando sozinha... Primeiro que ia fazer você viver um pesadelo e depois parecia que estava conversando com alguém, mas só ela era quem falava. Fiquei sem saber o que fazer.

Edward franziu o cenho.

- Mas não foi você que desmaiou? Eu vi... Eu vi todos os passageiros do trem mortos e... Você também... E depois uma voz começou a ecoar do nada e ela estava respondendo...

Al ergueu as sobrancelhas.

- O que ela disse?

- Primeiro a voz a mandou voltar... Não sei para onde. Depois ela respondeu pedindo para que a deixasse brincar mais um pouco e...

- Perguntou se ainda teria que nos matar?

Edward franziu o cenho.

- Exatamente. Então ela apenas me colocou num pesadelo?

- Pelo que parece. Esse deve ser o poder dela, tornar tudo ao redor uma ilusão...

- E o que ela diz afeta o que acontece dentro do pesadelo. – Edward complementou.

- Será? – Al franziu o cenho. – Talvez apenas o que ela queira que você ouça.

- Sim! Ela cantarolou?

Alphonse balançou a cabeça.

- Só riu muito.

- É isso. – ele se ergueu cambaleante. – Ela me fez ter um pesadelo. Onde ela está?

- Fugiu... Mas onii-san! Você não iria lutar com ela nessas condições! Além do mais não sabemos o suficiente sobre o poder dela. Pare de subestimá-la!

Ed grunhiu e Alphonse se levantou, pois estivera agachado.

- Vamos relatar isso ao Führer o mais rápido possível, está bem?

Ele assentiu.

- Huh, com licença. – murmurou o funcionário do trem, que estivera até agora ouvindo tudo. – Vocês têm que descer, precisamos continuar.

- Ah, certo – Alphonse falou. – Obrigado por esperar.

Quando eles estavam saindo do trem, Ed perguntou a Alphonse:

- O que foi isso?

- Ah, é que como você desmaiou, quando chegamos o funcionário permitiu que esperássemos você acordar, o que não demorou muito.

- Oh, entendi.

- Onde temos que encontrar o Mustang?

- Na verdade, ele disse que o Armstrong-san viria nos encontrar aqui e...

- EDWARD E ALPHONSE ELRIC! – uma voz masculina forte ecoou pela estação.

Armstrong apareceu por trás dos dois, abraçando-os apertadamente com seus músculos.

- Uhhhh – Ed fez.

O loiro os soltou, sorrindo brilhantemente e prestando continência.

- É sempre um prazer revê-los!

- Igualmente, Major. – Alphonse sorriu. – Huh, e então, vai nos levar até o Führer?

- Claro, claro. No momento ele foi chamado para uma emergência, mas vamos até seu gabinete e ele nos encontrará lá em alguns minutos.

- Certo. – assentiram os irmãos e seguiram Amrstrong pela estação da Central.


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