A Caçada Começa escrita por Simone Hoffmann


Capítulo 7
Morte não intencionada


Notas iniciais do capítulo

Estou ficando chateada com a pouca quantidade de leitores. Quase não recebo reviews.

Acho que vou ficar sem escrever por um tempo. Me toma muito tempo e praticamente ninguém lê.

Meu humor não tá legal ultimamente, eu tô acabada.



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Olhei para o livro logo a minha frente. Fiquei paralisada por alguns instantes, tentando evitar um susto caso o livro resolvesse subitamente mover-se. Eu ainda precisava de respostas para as minhas milhares de perguntas. Eu estava mais confusa do que nunca. Precisava saber mais, principalmente sobre esses tais Volturi. Provavelmente eu encontraria algo naquele livro. Olhei para ele mais alguns segundos.

 - Eu preciso conseguir – Suspirei. Peguei o livro na mão e me levantei do chão. Caminhei até meu pufe e sentei ali. Respirei fundo e concentrei todas as minhas forças em me segurar ao mundo real enquanto vagarosamente abria o livro. Eu precisava saber mais, a qualquer custo. Não que fosse uma surpresa muito grande para mim, mas agora eu conseguia compreender as diversas línguas ali escritas. Talvez fosse uma das habilidades que aquele tal Victor mencionou...

Após muitas horas lendo, pois eu tinha de ler pausadamente para não acabar perdendo a concentração e voltar a entrar no livro. Descobri muitas coisas que jamais pensei que seriam possíveis, eram sobrenaturais demais para poderem ser reais. Com o passar do tempo eu iria adquirir experiência. Poderia fazer muitas coisas que os seres humanos provavelmente nunca desconfiaram, como por exemplo viajar para diversos locais e épocas, montar e destruir coisas apenas com o movimento das mãos, voar, ir além do céu e do inferno e muitas coisas mais.

Encontrei alguns textos que falava brevemente sobre os Volturi. Era um povo feliz, que gostava de seu modo de vida e aceitavam uns aos outros. Seu modo de vida parecia dar mais certo do que o humano. Eles cultivavam os próprios alimentos, inclusive animais. Porém havia uma coisa com a qual eu jamais esperei. Sempre que utilizasse as habilidades que me foram reveladas, isto me custaria força e energia. A única forma de eu recuperar minhas forças era totalmente repugnante. Quase vomitei enquanto lia aquelas palavras ali escritas:

“Quase não haverá limites, porém você sempre precisará recuperar energias de acordo com o seu gasto. A única forma de recuperar suas forças é bebendo sangue humano.”

Meu corpo arrepiou-se por inteiro e senti-me gelar até os ossos. Eu não poderia fazer aquilo, de maneira alguma! Estava tremendo enquanto continuava a ler. Percebi que teria de mudar radicalmente meus hábitos alimentares.

“Alimento humano não mais satisfará sua fome. Qualquer coisa que ingerir seu corpo irá rejeitar, exceto de sangue. Sangue animal é suficiente para satisfazer sua fome, mas não para restaurar suas energias.”

Eu fiquei com uma raiva tão poderosa que queria destruir tudo a minha volta. Eu estava em apavorada. Minha vida que já era completamente bagunçada agora havia se tornado mais confusa ainda, algo que pensei que não poderia piorar. Enquanto me retorcia com pensamentos ruins, minha cabeça começou a girar, senti fraqueza por um momento.

 - Então eu vou me transformar em um monstro? – Murmurei. Senti minhas mãos se apertarem no pufe. Eu precisava me acalmar, mas a idéia de que provavelmente precisaria beber sangue humano para sobreviver me atormentava. Era inadmissível.

Eu ainda não acreditava que poderia ser uma Volturi, eu não queria acreditar. Ele mesmo havia dito que não encontrou qualquer descendente durante séculos. Uma parte de meu cérebro me dizia que eu estava apenas sendo usada por aquele homem, para que assim a sua espécie voltasse a prosperar.

Era por este motivo que o tal Victor parecia tão satisfeito. Eu havia caído em sua armadilha sem sequer suspeitar. Ele havia criado aquele livro como uma coisa ruim e não boa. Não era bom eu ter lido aquele livro. Agora essas supostas habilidades haviam tomado conta de mim, e eu não sabia o que fazer. Sequer podia chamar de habilidades, eu sentia como se um monstro houvesse se unido a mim. Mas uma coisa era certa, eu iria me vingar daquele que havia feito tal coisa comigo, ah como eu iria me vingar.

Eu estava ficando confusa demais para pensar em qualquer coisa. No fundo eu queria sumir e nunca ter existido. Tudo parecia surreal demais para mim e minha vida ficava cada vez mais embaraçada. Olhei em volta. A biblioteca estava escura. Eu havia passado tanto tempo ali e nem mesmo percebi. Subitamente senti um cansaço muito grande. Mal consegui voltar até meu quarto antes de pegar no sono. Pelo menos eu sabia que enquanto dormia eu iria me acalmar e talvez deixar de lado muitas das minhas milhares preocupações.

Acordei com o humor renovado e sentindo-me muito melhor. Eu havia dormido durante muitas horas e dormira bem. Esquecendo-me de tudo, como se nada houvesse acontecido, fui até a cozinha e tomei meu café da manhã normalmente. Minha fome era imensa. Logo ao terminar de comer, enquanto estava caminhando na direção do banheiro, senti um mal estar muito grande. Enquanto estava a lavar meu rosto em uma tentativa de me sentir melhor acabei por vomitar tudo que havia acabado de comer. Fiquei com muito nojo daquela situação

 - Meu corpo está rejeitando comida – Murmurei apavorada. Eu estava com muita fome e sabia que de acordo com aquele maldito livro, apenas sangue satisfaria minha fome. Tentei afastar este pensamento da minha mente, respirei fundo e fui até a biblioteca pegar meu violão. Senti-me mais tranquila enquanto tocava, e fiquei ali horas sem mesmo perceber o tempo passar. Mesmo distraída, algumas vezes eu acabava por perceber que meu estômago continuava a roncar quase constantemente. Eu estava com muita raiva, e precisava descontá-la em algo. Procurei um livro que pudesse me satisfazer.

 - Este é perfeito – Murmurei ao retirar um livro de lutas de espadas da estante. Nem cinco segundos depois de eu abrir o livro, estava de volta a uma época muito antes de eu nascer, a qual eu não fazia idéia de qual era.

Estava ao lado de fora de um castelo e já estava anoitecendo. Ao olhar ao redor pude avistar uma pequena claridade. Muitas pessoas pobres estavam aglomeradas ali perto e murmuravam entre si.

 - ... E precisamos roubar as espadas dos guardas assim que entrarmos, então teremos mais sucesso em nosso saque – Sussurrou um deles. Sem perceberem que eu estava ouvindo sua conversa, continuaram conversando normalmente.

 - Isto – Disse outro – Vamos nos separar e assim que algum chegar até a sala do ouro dará o sinal para os demais.

E assim seguiram-se muitos murmúrios de planos e idéias. Eu estava começando a ficar interessada no assunto, quando subitamente um homem apontou para mim e gritou.

 - Vejam! Uma ratazana está espionando!

Todos viraram ao mesmo tempo na minha direção. Engoli em seco. Eles estavam caminhando em minha direção e não pareciam felizes. Precisava pensar em algo a dizer, e o mais breve possível.

 - Não se preocupem comigo – Falei apressadamente, de mãos erguidas enquanto saía das sombras – Estou do lado de vocês.

 - Será que está mesmo, garotinha? – Zombou um, enquanto outro alisava a barba – E o que uma menininha faz fora de casa uma hora dessas.

 - Acho que isto não é do vosso interesse – Falei sem alterar o tom de voz.

 - Ela pode nos ser útil – Interrompeu outro enquanto se aproximava de mim.

Eu sabia que eles estavam planejando algo semelhante ao uma revolta. Talvez fosse interessante participar, pelo menos eu conseguiria me distrair um pouco e saber como se sentia uma pessoa revoltada daquela época. Enquanto observava ao redor, cheguei a conclusão que eu deveria estar em um feudo. Não sei como cheguei a esta conclusão, mas...

 - Me digam quais são as ordens que as seguirei – Disse de boa vontade. Eu queria comprar uma briga com esses supostos guardas. Precisava de um pouco de aventura.

Os homens hesitaram por uns instantes, trocaram alguns murmúrios entre si e resolveram aceitar minha proposta. Disseram que me dariam alguma porcentagem do lucro se obtivessem sucesso. Uma barra de ferro e alguns trapos foram entregues à mim, para que pudesse me misturar. E então, loucos e desprotegidos, fomos ao ataque.

Corremos como loucos, avançando em qualquer um que ousasse interferir em nosso caminho. Logo consegui arrumar uma espada estilo pirata. Muito resistente, pensei. Procurando divertir-me um pouco, comecei a lutar com quem aparecesse. Meu corpo, agora com características de um descendente dos Volturi, tinha uma capacidade incrível de aprendizagem. Eu podia prender qualquer movimento apenas ao olhar e mesmo tocar nas armas. Estava começando a achar divertido.

 - Isso vai ser muito útil – Murmurei – É muito mais divertido participar de revoltas do que ler sobre elas – Disse num sorriso zombeteiro.

Fui a primeira a chegar até a sala onde se encontrava o ouro.

 - Talvez ele possa me ser útil na vida real... Será que conseguirei levar um pouco? – Refleti. Ajuntei um saquinho feito de fios de ouro no chão, concentrei-me em usar minhas habilidades para fazê-lo mágico. Felizmente funcionou. Agora eu poderia colocar tudo que quisesse ali. Catei uma quantidade razoável de moedas, coloquei-as no saquinho e guardei-o no bolso. Quando o primeiro rapaz revoltado entrou na sala, gritei que teria de ir embora. Não sei se ele me compreendeu, mas eu joguei-me atrás de uma pilha de moedas na intenção de não ser vista e concentrei minhas forças em voltar para o mundo real.

Uma pequena claridade e eu estava de volta. Eu tinha muitos trapos ainda amarrados em mim, e eles evitaram que minhas roupas ficassem esfarrapadas.

 - Pelo menos tiveram utilidade – Suspirei. Desamarrei-as e joguei ao canto da biblioteca. Quando as roupas caíram no chão, escutei um leve tilintar. As moedas haviam vindo junto. Agachei-me perto das roupas, peguei o saquinho e o guardei no bolso de minha calça.

Apesar da minha divertida experiência com espadas, eu me sentia apenas mais elétrica. Minha raiva em nada havia diminuído, e eu havia ficado mais estressada devido ao cansaço que a viajem havia me provocado. Caminhava distraída pela biblioteca, olhando a capa de livros e removendo alguns de seus devidos lugares. Tenho de admitir que gosto de fazer bagunça. Muitos já estavam fora de seu devido lugar, não faria mal se eu removesse mais alguns. Ultimamente Kayla havia tido pouco trabalho para o salário que recebia, não faria mal eu lhe dar um pouco mais. E falando em Kayla, quando eu menos esperava, ela entrou na biblioteca. Ela não deveria ter feito tal coisa, e a partir desde dia, fiquei durante muito tempo reclamando comigo mesma por não ter trancafiado a porta da biblioteca após entrar.

 - Não vai ficar bagunçando o dia inteiro, vai? – Resmungou ela – Estou farta de ficar arrumando as prateleiras que você sempre bagunça – Disse entre dentes.

Ela conseguiu o que desejava: Acabar com o pouco de paciência e controle que me restava. Respirei fundo, tentando encontrar alguma forma de poder dizer algo para aquela maldita.

 - Eu faço a bagunça que me der vontade, Kayla – Respondi no mesmo tom de voz – E você é minha empregada, não tem nada do que reclamar.

 - Oooh – Zombou ela – Então quer dizer que a criancinha agora precisa de uma babá para ficar limpando a sujeira que ela faz? Não tenho culpa de sua mentalidade de dois meses, estou farta e acho bom você terminar logo com isso! – Gritou ela.

Minha paciência sumiu. Esqueci de tudo, amigos, família, vida. Tudo. A fração de segundo que perdi minha paciência por completo foi suficiente para fazer minha raiva estourar. Sem pensar em qualquer coisa, por puro impulso de raiva empurrei Kayla contra a parede com toda a força que eu tinha. Minha força era sobrenatural, a sorte dela foi que eu a joguei na parede que ficava mais longe de onde ela estava. Ela gritava como uma maluca, e eu, cega de ódio, mal ouvi seus gritos de pavor. Gemia por causa de seus ferimentos graves que exibiam cachoeiras de sangue. Ela tentava, em vão, se arrastar para fora da biblioteca, pois eu já havia trancado a porta da biblioteca com apenas um movimento das mãos. O monstro que havia se instalado dentro de mim deixou de ficar escondido e conseguiu me controlar por completo.

Aproximei-me dela enquanto eu sentia pena, mas o monstro que sentia fome e a vontade dele de matar era mais forte do que eu. Ele não conseguiu resistir àquele forte cheio de sangue fresco. Esteve muitos séculos sem se alimentar, adormecido naquele livro esperando por sua vítima. Sem conseguir contrariar a vontade do monstro, avancei para cima de Kayla e cravei meus caninos em seu pescoço. Seu grito agudo apesar de muito alto logo foi silenciado. Batia debilmente seus fracos braços contra meu corpo, tentando libertar-se. Aos poucos pude ouvir seus gemidos ficando cada vez mais fracos, enquanto seu coração fraco lutava para continuar a bater. Cravava cada vez mais fundo, sugava a cada segundo com mais rapidez. Sentia o sangue ainda quente descendo pela garganta, aliviando minha fome e acalmando a fera.

O monstro continuou firme até quando havia drenado todo o sangue de Kayla. Somente então que consegui voltar à realidade e perceber o que havia feito. Ela estava jogada no chão como uma boneca, não se movia mais e seu coração havia parado no instante em que uma expressão de horror estava em sua face. Senti repugnância, meu corpo começou a tremer por inteiro e eu cedi. Caí de joelhos e comecei a chorar diante do que eu havia feito. Havia matado uma pessoa, que por pior que fosse nunca havia me feito nada de realmente ruim. O que faria Anne, ao encontrar Kayla sem vida jogada ao canto da biblioteca? Olhei para frente, um pedaço de um espelho estava jogado ao chão. Não sabia de onde ele veio. Quando o segurei nas mãos, vi que minha boca ainda jazia tingida de vermelho, assim como parte de minha roupa e minhas mãos.

Enquanto me atormentava levantei do chão e olhei em volta. Eu jamais desejei ter tal destino ou mesmo Kayla ter um fim tão cruel, ainda mais causado por mim. Eu teria de sumir, desaparecer. Eu não conseguia controlar a fera existente dentro de mim, acabaria ferindo algum amigo meu ou pior. Estremeci, medo apoderou-se de mim. Sequei minhas lágrimas e o sangue de minha boca com a manga da camiseta e continuei olhando a biblioteca a minha volta.

 - De nada irá adiantar eu ficar me atormentando por causa da morte que causei – Murmurei entre soluços – Não tenho como mudar o passado... Ainda.

Como eu não sabia de qualquer alternativa, teria de fugir. Corri até a janela e olhei para baixo. Estava no segundo andar, mas eu sabia que não me faria mal algum. Pulei pela janela e caí de pé no térreo, olhando em volta para ver se estava sendo observada. A noite já estava chegando. Sozinha, corri sem destino, como nunca na minha vida. Mesmo o vento não era tão veloz quando meus passos. O sangue parecia ter me rejuvenescido. Mas, apesar de haver drenado todo o sangue de Kayla, eu não me sentia satisfeita. Em breve o monstro, agora calmo, iria se rebelar e eu novamente não conseguiria controlá-lo. Esconderia-me em qualquer lugar, pelo menos até ter certeza de que conseguiria controlar-me. Teria de me esconder das pessoas para não fazê-las mal, nem que para isso eu precisasse me esconder para o resto de minha vida...

Minhas forças haviam se renovado completamente, mas eu não sabia quanto tempo mais eu demoraria a precisar de mais uma dose. Eu corri pelas ruas e avenidas tão rápido que nenhuma pessoa comum seria capaz de me enxergar. Além da cidade eu sabia que existiam montanhas, montanhas revestidas de florestas muito extensas. Seria um bom abrigo, pelo menos por enquanto.


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Notas finais do capítulo

Reviews sempre são bem vindos c:
Se puderem divulgar para amigos fariam uma autora feliz ♥


Só para deixar uma coisa clara: A única semelhança entre os Volturi de Stephanie Meyer e os Volturi de minha história é que eles bebem sangue, nada mais. MEUS VOLTURI NÃO SÃO VAMPIROS, o sangue humano é necessidade de sobrevivência.



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