A Ninfa da Cascata escrita por Eleanor Devil


Capítulo 8
Como num conto de fadas


Notas iniciais do capítulo

espero que gostem do cap =)



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A Ninfa da Cascata

Capítulo 8 – Como num conto de fadas

Passaram alguns dias desde que Sulfus finalmente decidira terminar de vez a sua relação com Kabale…a notícia já tinha sido espalhada tal como era de esperar mas o que surpreendeu mais foi o facto de não ter causado tanto escândalo como tinham pensado que causaria…no entanto a família Zolfanello decidiu estar mais atenta, sabia que aquilo não iria terminar por ali…trazia água no bico…

Na escola, Sulfus e Kabale mal se olhavam, muito menos se falavam, ou melhor era ela que não olhava ou falava para ele. Mas o rapaz também não tinha mais nada para lhe dizer, queria deixar a maré assentar antes de falar com ela…apesar de saber que mesmo que ficassem amigos a sua relação jamais seria a mesma depois do sucedido, ele tinha-a magoado bastante tal como ele também sofrera em silêncio ao manter de pé uma relação que há muito estava morta.

Outro problema que tinha surgido, era que Edan durante alguns dias não dirigiu a palavra ao filho, não conseguia entender os motivos que levaram o jovem a desistir tão abruptamente de um casamento tão bem planeado. Isto durou até que Sulfus não aguentara mais e…digamos por estas palavras “explodiu” com o pai, acabando por ter o apoio da mãe, a única que sempre soubera que o casamento era uma fachada.

Silêncio reinava na sala de estar da família Zolfanello, estavam todos completamente em silêncio, apesar de parecerem estar num ambiente calmo, a verdade é que a tensão era a rainha daquela sala. Sulfus desviou o olhar da televisão, o qual nem estava a prestar atenção ao que estava a dar, e de rasteio olhou para o pai…estava farto daquela situação, já tinha tentado explicar-lhe os motivos que o levaram a acabar a relação com Kabale mas ele parecia não entender, ou se entendia então fazia de tudo para parecer que não!

Apertou os punhos…e então decidido, virou o rosto completamente na direcção do pai…”Por quanto mais tempo vais ficar sem me dirigir a palavra?” este não lhe respondeu mas olhou-o pelo canto do olho “Estou farto deste teu maldito tratamento de silêncio! Só por causa da porcaria do casamento!”

“As tuas acções vão levar a que o nome da nossa família seja exposto de novo pelas revistas…”

Sulfus franziu a testa…Edan estava tão errado...ele mal sabia dos sacrifícios que o filho tinha feito para manter o nome da família…”Basta!” desta vez não foi o jovem a falar mas sim a mãe deste, ela levantou-se da cadeira onde estava sentada e mirou o marido zangada “Já chega Edan! Estou farta que trates o nosso filho assim, não fazes a mínima ideia do que ele tem vindo a sofrer por causa deste casamento!”

“Do que é que tu estás a falar, Seraph…?”

“Estou a falar dos sacrifícios que ele tem feito durante anos, achas que ele não fez nada para manter o nome da nossa família? Estás errado! Ele fez de tudo pela nossa família, a verdade é que o Sulfus já não amava a Kabale à muito tempo mas decidiu seguir em frente com a relação, com o casamento para que os média deixassem em paz a nossa família. Mas tudo tem limites, eu estava cansada de o ver sofrer em silêncio, a seguir com uma relação que não queria, eu sabia de tudo mas mantive-me calada porque ele assim mo pediu…mas agora basta, não consigo ver a vossa relação desmoronar-se por uma coisa sem sentido!” disse ela, sem alguma vez tirar os olhos do marido “O Sulfus ficou farto de manter esta fachada e disse a verdade à Kabale, ele não está a ser egoísta como tu pensas…ele fez tudo o que podia…”

Edan ficou sem palavras ao ouvir aquilo da boca da esposa…então os seus olhos âmbar deixaram de olhar Seraph e miraram Sulfus, que agora tinha desviado o olhar…

“Isto é verdade, Sulfus…?”

Tudo o que rapaz fez foi assentir com a cabeça, neste momento não conseguia dizer nada…

Depois daquele momento o pai tinha-lhe pedido desculpas pelo seu comportamento nos últimos dias e apesar de ter demorado um pouco a reagir, Sulfus acabou por aceitar as desculpas do pai…

Quanto a Ninfa, apesar daquele período difícil, Sulfus todos os dias até mesmo depois de chegar da escola, ia ter com ela para a continuar a ajudar a desenvolver a sua escrita, algo que dia após dia começou a melhorar bastante, Ninfa já era capaz de escrever sozinha, palavras sem a ajuda do jovem, o que o deixava feliz e de certa forma orgulhoso dela.

Mas desta vez ele decidiu fazer um programa diferente. Neste momento estavam os dois nos estábulos a alimentar os cavalos que pertenciam à família.

“Não é um trabalho que os donos devem fazer mas sim os empregados” disse Sulfus ao colocar um balde cheio de cenouras no chão, virou-se para a rapariga e sorriu “Mas é algo que eu próprio gosto de fazer” ambos aproximaram-se da primeira baía onde se encontrava Basilisk “Bom, tu já conheces o Basilisk mas há mais cavalos para conheceres, tenho a certeza que vais gostar de uma em particular. Agora põe-te aqui à minha frente e dá-me a tua mão.” Ninfa assim o fez, colocou-se frente ao rapaz e ele agarrou na sua mão esquerda, colocando-lhe uma das cenouras sobre a mão

“Agora com calma estende-a até estar perto o suficiente dele” explicou o rapaz, a mão dela começou a tremer ligeiramente pelos nervos, nunca tinha feito algo assim, ao ver isto, ele voltou a colocar a sua mão sobre a dela e ajudo-a a aproximar-se da boca de Basilisk, este abriu-a e aos poucos começou a comer a cenoura.

“Viste? Não é assim tão difícil, é normal estarmos nervosos à primeira vez mas convém controlá-los, porque se os animais sentem o nosso nervosismo, eles também ficam da mesma maneira” disse ele “Queres tentar de novo?” a rapariga assentiu com a cabeça e repetiu a mesma acção de antes, desta vez conseguiu fazer tudo sem a ajuda do rapaz e até fez uma festa na crina do animal. Sulfus agarrou-lhe na mão “Vem, agora mostro-te os outros”

Aproximaram-se de outra baía, lá encontrava-se uma linda égua branca, que ergueu a cabeça ao ver os dois a aproximarem-se dela, nunca tendo visto Ninfa a égua deu uns passos atrás mas acalmou-se logo quando foi Sulfus a acariciar-lhe o pêlo. Quando esta se acalmou, Sulfus virou-se para Ninfa.

“Ela fica um bocado nervosa quando vê pessoas que nunca tinha visto antes, mas não te preocupes é bastante mansa, vem cá” a jovem de cabelos loiros aproximou-se dele, assim que Ninfa olhou directamente nos olhos negros da égua, ambas pareceram repentinamente uma ligação forte uma com a outra, algo que não tinha acontecido quando a égua a viu pela primeira vez, que agora se deixou acariciar pela mão de Ninfa.

“Chama-se Angel, pertencia à família da Raf. Quando eles morreram tudo o que restou da família foi vendido visto que não havia nenhum contacto com mais nenhum parente, a minha família decidiu ficar com a Angel, na altura era apenas um potro tal como o Basilisk.” Explicou ele, depois tal como tinham feito com Basilisk, alimentaram Angel e todos os outros cavalos, de seguida Sulfus surpreendeu Ninfa ao dizer que ambos iam dar um passeio a cavalo, só que desta vez cada um ia montado no seu. Ele em Basilisk e ela em Angel. A rapariga ficou nervosa.

“Não te preocupes, não é assim tão difícil, confia em mim” disse ele, ajudando-a a subir para cima da sela de Angel, então ele fez o mesmo e subiu para cima de Basilisk “Faz como eu faço. Agarra nas rédeas assim, certifica-te que tens os pés bem presos e as costas direitas. Agora dá um toque leve na barriga para que ela comece a andar” Ninfa assim o fez e sobressaltou-se um pouco quando Angel começou a andar devagar, Sulfus fez o mesmo e certificou-se que estava sempre ao mesmo passo da jovem para o caso de ela necessitar da sua ajuda.

No entanto o passeio correu às mil maravilhas, os dois tinham caminhado devagar por uma parte da floresta que Ninfa desconhecia, passearam no meio da neve, tinham observado vários pássaros a recolherem-se nos seus ninhos no interior das árvores. Regressaram cerca de uma hora depois.

Sulfus desceu do cavalo e caminhou até Angel e Ninfa “Anda, deixa-me ajudar-te a descer” estendeu-lhe os braços para os quais ela saltou literalmente, agarrando-se ao seu pescoço “Wow, não te preocupes, apanhei-te!” riu-se ele, ela sorriu-lhe ainda com os braços em roda do pescoço dele e ele ainda com os braços em roda da sua cintura, ambos olharam-se olhos nos olhos, âmbar e azul, sol e mar, ouro e safira…

Os rostos de ambos estavam perto um do outro, a apenas uns centímetros de distância…no entanto Sulfus apercebeu-se da situação e parou-se a si mesmo antes que algo mais pudesse acontecer, piscou os olhos para sair do seu transe e soltou delicadamente a rapariga que fez o mesmo com ele, estava meio embaraçado e para tentar esconder isso tentou entreter-se a colocar os dois cavalos de volta às suas baías. Ninfa simplesmente olhava para ele.

Ambos voltaram para dentro de casa, ainda a pensar na situação que tinha ocorrido nas cavalariças há pouco…Sulfus não conseguia tirar da sua cabeça o rosto e os olhos cristalinos da jovem, estava a agir da mesma maneira como quando a vira pela primeira vez e não sabia quem ela era…abanou a cabeça ligeiramente…

‘Porque é que não paro de pensar nela…estou tão confuso…um lado meu diz-me que a minha mãe tinha razão, que afinal estou a começar a ver a Ninfa para além de uma amiga…mas outro lado diz-me que é apenas a minha cabeça a inventar histórias…não sei o que hei-de fazer…basta, tenho de tirar isto da cabeça!’

Foi então que Elisabeth se aproximou dos dois a correr, tinha dois livros grandes entre mãos “Ninfa, Ninfa! Vem comigo, quero mostrar-te estes livros, vem!” disse a pequena, agarrando na mão da jovem, esta foi literalmente arrastada para o interior do seu quarto, tendo apenas tempo de dar uma última olhadela a Sulfus…este suspirou antes de entrar para dentro do seu quarto…precisava de estar um pouco sozinho…para reflectir…

~*.*~*.*~

Passadas algumas horas, Sulfus havia reflectido sobre a sua relação com Ninfa o suficiente…mas ainda assim estava muito confuso…ele sabia que gostava dela…só que não sabia se este ‘gostar’ era algo mais, algo que estava a evoluir para amor ou se era um ‘gostar’ de como gostava da sua irmã, dos seus amigos, dos seus familiares…

O que é que ele podia fazer…?

Suspirou…talvez não devesse pensar tanto nisso, talvez devesse deixar as coisas correrem com normalidade e ver no que é que isto ia dar…

Levantou-se da cama onde esteve estendido durante horas, saiu do quarto e dirigiu-se para o quarto de Ninfa, bateu à porta duas vezes e tal como fazia sempre, espreitou para dentro do quarto. Sorriu ao ver Ninfa estendida sobre a cama, a balançar os pés para trás e para a frente, estava rodeada de livros, aproximou-se dela, a jovem virou o seu rosto para ele e sorriu-lhe, feliz por o ver.

Sulfus sentou-se ao lado dela e viu o que ela estava a ler ou melhor a ver, ela estava mais interessada nas imagens que ilustravam os livros do que propriamente as palavras do texto em si, riu-se um pouco ao ver qual era o tema central de todos os livros “Estás a ler contos de fadas?” Ninfa assentiu várias vezes, aquele sorriso não lhe deixava o rosto.

Foi então que o jovem de cabelos negros reparou num pormenor…todos os livros…Bela Adormecida, Branca de Neve, Cinderela, Pequena Sereia, e por aí fora…estavam todos exactamente na mesma cena…o beijo entre os príncipes e as princesas…olhou para Ninfa, curioso…

“Estás tão interessada nos beijos dos contos de fadas, porquê?” perguntou o rapaz, visivelmente curioso, a jovem tomou o bloco de notas e o lápis nas mãos e tentou escrever o melhor que conseguia, aquilo que lhe queria dizer. Então entregou-lhe o bloco para que ele pudesse ler, depois de alguns minutos a tentar decifrar a frase, Sulfus chegou à conclusão que o que ela quis escrever foi:

Como é que elas se sentiram quando beijaram as pessoas que amavam?

Arregalou os olhos ao entender a frase…tal não era a surpresa que acabou por deixar cair o bloco das suas mãos, este caiu no chão fazendo um pequeno barulho. Bem devagar mirou a jovem que estava ao seu lado…ela estava tão perto de si…tão perto quanto esteve esta manhã nas cavalariças, depois de terem regressado do seu passeio na floresta…

Os olhos de ambos brilhavam…com intensidade…os corações de ambos martelavam velozmente nos seus peitos, como se estivessem prestes a sair dos seus peitos para fora…os seus rostos perto…sem se aperceber, Sulfus aproximou o seu corpo do da jovem rapariga, tanto que ambos acabaram por cair ligeiramente sobre as almofadas da cama…

Não eram precisas palavras, palavras talvez só arruinariam o momento que se tinha criado…parecia que o corpo de Sulfus já não obedecia ao seu cérebro que continuamente lhe dizia para parar com aquilo, para não seguir em frente com aquela….loucura…?  Loucura ou não…o jovem desligou-se completamente da sua mente e seguiu o que lhe dizia o coração naquele momento…inclinou-se mais e como se ambos já soubessem o que iria acontecer dali pra frente, os olhos âmbar e azuis fecharam-se…e aconteceu…

Os lábios de ambos uniram-se, colaram-se um ao outro, a mão de Sulfus colocou-se sobre o rosto da rapariga e acariciou-o e também aos seus cabelos d’ouro…Ninfa não se mexeu…não fez nada…simplesmente ficou sossegada, com os seus olhos fechados e o corpo imóvel…simplesmente perguntando-se se o que estava a sentir naquele momento, algo que ela era incapaz de descrever era de facto o que as princesas dos contos de fadas sentiam quando beijavam os seus príncipes encantadas…

Pouco a pouco Sulfus afastou-se dela, em sincronia os olhos de ambos abriram-se e miraram-se profundamente…os lábios do jovem abriram-se para dizer qualquer coisa…mas acabou por sair outra…

De repente o rapaz saiu de cima dela e afastou-se, saindo de cima da cama. A jovem sentou-se na cama e fitou-o confusa, tinha feito alguma coisa de errado?

“D-Desculpa, eu não devia ter feito isto! Desculpa!” estava tão confuso que não aguentou a pressão que sentia naquele momento e saiu a correr do quarto da rapariga. Entrou de rompante no seu quarto, fechou a porta…encostou-se sobre ela e deixou-se deslizar até ao chão…a sua respiração estava ofegante…ainda estava a interiorizar o que tinha acabado de fazer…tinha-a beijado!

Parecia tão errado mas ao mesmo tempo parecia tão certo!

Não sabia o que havia de fazer…este beijo não lhe clarificou os sentimentos que sentia por ela…simplesmente o confundiram mais…

Se ele ao menos soubesse os problemas que esta mistura de sentimentos viria a trazer…

TBC…


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Notas finais do capítulo

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