Por muitas vezes chegou a se perguntar se os sentimentos que tinha, chegavam a refletir em seus olhos. 
Como por exemplo, o ódio que tomava conta de seu coração à todo momento em que pensava em seu irmão… E o assassinato do mesmo.
Vingança.
Talvez fosse por isso que sempre lhe diziam que seus olhos eram duros e frios, sem aparentemente qualquer reflexo de sentimento.
Talvez fosse essa a consequência de seu ódio infinito.
Mas nem sempre tinha os mesmo sentimentos, também tinha a arrogância, a determinação… Custava dizer, mas a amizade do dobe também lhe era importante e talvez isso mudasse o modo como seus olhos refletiam de vez em quando.
Porém a garota logo à sua frente naquela rua sombria, não tinha expressão nenhuma, sentimento algum. Seus olhos eram tão - ou talvez até mais - brilhantes quanto duas esmeraldas, entretanto, vazias.
Perdidas, afogadas em uma expressão de certo modo, perturbadora.
Os cabelos róseos caíam perfeitamente sobre seus ombros, a pele, tão branca quanto porcelana, estava completamente manchada de sangue.
Seu vestido negro esvoaçante trazia uma semelhança tenebrosa com o manto da conhecida “Dona Morte”.
E então, como um filme passando em uma velocidade incrivelmente rápida pela sua mente , viu a sua vida.
Os seus erros, os acertos. As perdas, os ganhos. Viu Naruto, o loiro teimoso a quem poderia chamar de melhor amigo sem qualquer dificuldade.
Viu sua mãe, seu pai, seu irmão… Sua namorada, à qual estava pensando em se casar em alguns meses e percebeu que não deixaria àquele filme acabar.
Piscou os olhos e lentamente voltou a visão original da garota que lhe causava estranhos arrepios pelo corpo.
Ela continuou lhe encarando com seus olhos mortos e com apenas um sorriso macabro que não chegava aos seus olhos disse:
_ Pelo ódio você cometeu crimes infindáveis. Pela vingança, perdeste pessoas especiais à sua volta. Dê a devida importância aos sentimentos certos em sua vida mortal, e talvez não chegaremos a nos encontrar tão cedo novamente. Isso é tudo. Até.
E desapareceu tão de repente como tinha chego, deixado pétalas de sakura em seu lugar.

                                                       XxX

Não é sempre que você tem uma conversa com a Morte e volta vivo.
Talvez ele tenha sido o único, talvez não.
A questão é que, graças ao seu amor por Yuuki e sua grande amizade com Naruto, ele sobreviveu.
Sentimentos certos, ela lhe disse.
_ Acho que fiz decisões certas com os sentimentos certos.
Pensou alto enquanto se lembrava do pequeno discurso da Morte.
Depois de quatro anos do acontecimento, ele nunca mais a viu.
Se casou com sua Yuuki e teve dois gêmeos incríveis. Nomeou-os de Itachi e Fugaku, nomes do seu irmão e pai, respectivamente.
Naruto era padrinho deles, e sua esposa, Hinata, a madrinha.
A filha deles, Sayuri-chan, era tão irritantemente agitada quanto o pai e parecia não desgrudar mais dos meus filhotes. Eles pareciam ser os melhores amigos, como eu, Yuuki e Naruto éramos.
_ Querido! Vamos logo! Nós prometemos estar ao lado de Naruto quando Hinata dessa à luz ao próximo filho deles lembra? Corre logo!
Riu enquanto corria em direção à sua esposa e filhos que já estavam no carro lhe esperando.
_ Claro, claro. Vamos lá.
Entrou no carro, deu a partida e engatou a ré saindo da garagem, seguindo em direção ao hospital.
Sasuke jurou que viu aqueles olhos feito esmeraldas de novo pelo retrovisor.
Porém a diferença é que agora, eles transbordavam felicidade.
Quando olhou para trás, para ter a certeza de que ela não estava lá, tudo o que encontrou foi uma flor de sakura no colo de seu filho adormecido.
Voltou a atenção para a estrada novamente e sorriu.
Era isso, tinha feito a escolha certa. Tudo estava bem.
Não chegaria a encontrar sua Sakura da Morte novamente por um bom tempo.

                                                     FIM