Primavera escrita por Jules
Notas iniciais do capítulo
Oie
Os dias passaram rápido, mas as semanas voaram. Não há muita novidade: Carol Anne está tão perfeita quanto no dia em que a vi pela primeira vez – aparentemente ela cresce na mesma velocidade que uma criança humana.
Ela não brinca comigo. Carol Anne prefere mexer em meus cabelos, mostrar-me seus bichinhos de pelúcia e observar minha pele a luz da lua até adormecer, do que brincar comigo.
Eu adoro passar o tempo com ela em seu quarto enquanto Taylor fica em nossa cozinha fazendo o jantar.
Nossa cozinha. Nossos quartos. Nossa casa.
Carol Anne preferia brincar com Taylor. Ela se divertia muito e o mais incrível era que Taylor se divertia tanto quanto ela. Ele não tinha aquela cara que se via em tantos pais e mães – a cara de quando-será-a-hora-da-próxima-soneca? Eu nunca vi um pai de verdade tão animado para brincar de qualquer coisa que seu bebê pudesse inventar. Já tinha visto Taylor brincar de esconde-esconde por uma hora seguida sem se entediar. Era absolutamente adorável observá-los.
Eu ficava sentada na varanda, em uma das cadeiras de balanço todo dia ao entardecer – a hora em que eles começavam a brincar – e os observava até à hora em que Carol Anne se cansava e dava banho nela.
E foi em uma dessas tardes que aconteceu uma coisa totalmente absurda.
Eu estava preparando o banho de Carol Anne enquanto Taylor e ela terminavam de brincar no quintal. Estava quase de noite, e foi um dia quente. Os dois riam no quintal e eu – do banheiro – ria com o som da risada deles.
De repente a risada parou.
– É aqui que mora a Senhorita Juliet? – perguntou uma voz familiar mas que eu não consegui reconhecer.
– Senhorita Juliet? – Taylor perguntou com certa ignorância na voz, certo ciúme. Não pude deixar de sorrir com isso – Quem gostaria?
A resposta demorou a chegar.
– Desculpe-me, mas é necessário sigilo absoluto – respondeu o homem com um tom ignorante na voz.
Ouvi Taylor expirar o ar violentamente pelas narinas. Eu peguei uma toalha, sequei as mãos rapidamente e corri para a porta dos fundos, de onde a vinha a voz.
– Olhe só... Quem te deu permissão pra falar assim comigo na frente... – Taylor começou a discutir.
Quando cheguei à porta a primeira coisa que vi foi Carol Anne sentada na cadeirinha de balanço feita especialmente para ela. Seus olhos estavam arregalados assim como os meus.
– Está acontecendo algo de errado aqui? – Perguntei e olhei para o rosto do homem. A primeira impressão foi um choque, aquilo não era possível.
Eu estreitei os olhos e me aproximei dele. Então meus olhos se estreitaram ainda mais quando pronunciei o nome devagar.
– Allan. Williams?
Ele estreitou os olhos para mim também.
– Sim?
Eu ri e eles (tanto Allan quanto Taylor e Carol Anne) me olharam como se eu fosse louca.
– Ah, por favor! Eu estou velha, mas nem tanto! Acho que eu ainda dou conta de alguns Volturi. – Eu disse erguendo as sobrancelhas.
A boca dele se abriu.
– Jules?! Ah Juliet! – Allan disse me abraçando – Meu Deus! Desculpe-me por não ter te reconhecido.
Eu sorri.
– Tudo bem, não tem problema.
Taylor pigarreou. Ele estava com Carol Anne nos braços.
– Allan, esse aqui é o Taylor – meu marido -, e essa é Carol Anne, minha...
– Filha? Vocês não são nada parecidas. – Completou ele, sarcasticamente.
Carol Anne riu.
– Marido – ele murmurou sem graça mas depois elevou o tom de voz – Eu volto outro dia, desculpe-me por ter estragado o momento família – Ele disse realmente constrangido.
– Ei, ei, ei, ei. Agora você já está aqui. Qual é o problema Allan? Você acabou de chegar! Fique mais um pouco! E trate de me contar o que está acontecendo.
Ele sorriu sem graça.
Sora era, com certeza, um dos poucos amigos que eu tinha. Eu não o via a tantos anos! Tinha tanta coisa para perguntar e sei que ele também tem muitas coisas para perguntar a mim. Ele continuava o mesmo: Os olhos dourados, a pele branca como neve, os cabelos negros e os lábios grossos. A única mudança era que agora seu cabelo estava muito mais arrumado.
– Eu gostaria de te dizer que não é algo realmente importante... – ele disse fazendo uma careta – Mas receio que seja. Bom, não é tão urgente assim.
Eu o encarei como eu costumava fazer a seis anos atrás.
– Eu te conheço. Fale-me agora. Você não viria atrás de mim se não fosse realmente urgente Sora – eu me referi a ele com o antigo apelido – O que aconteceu?
– Você não vai gostar dessa noticia, por isso que eu prefiro não dá-la agora. Venha até este endereço – ele me deu um cartão com seu nome e um endereço -, e eu poderei te dizer tudo que eu sei.
Ele virou as costas e começou a correr.
– Allan! Volte aqui, agora! – gritei e depois bufei, olhando para Taylor e Carol Anne – Mas que diabos foi isso?
Taylor sorriu.
– Você tirou as palavras da minha boca – Taylor respondeu.
A noite, depois que Carol Anne dormiu, Taylor e eu nos sentamos na varanda. Ele encarava a lua, pensativo e ficava lindo quando o fazia. A pressão em sua expressão deixava-o mais inacreditável do que já era, mas eu ainda preferia seu sorriso ensolarado.
– No que está pensando? – eu sussurrei sem poder me conter.
– Estou me lembrando do dia em que te vi assim pela primeira vez. – ele tocou meu braço brilhante – Eu não me perdoei até hoje por te fazer chorar, sabia?
Eu beijei sua mão.
– Não foi a sua intenção, Taylor. Eu nunca fiquei realmente chateada com você, por mais que eu tenha desejado isso.
Ele sorriu.
– Ainda sim... Lembrar de nós daquele jeito é tão... tão estranho! Nós éramos tão tímidos um com o outro, não existia isso que existe entre nós dois hoje. – ele pegou minha mão – Naquela época eu pensava que não podia te amar mais do que eu amava, mas, para variar, eu estava errado.
Eu ri.
– Eu achava a mesma coisa... Achei que nunca poderia ficar mais perfeito do que estava. Mas olhe só para isso! – eu disse olhando para a nossa casa – Parece um outro mundo, feito especialmente para nós.
Ele beijou a minha mão.
– Na primeira vez que eu segurei sua mão – sabe se lá como – eu senti como se já tivesse feito isso. Você é como a luz na escuridão, como a solução de um problema... Amar e ser amado por você são as melhores coisas do mundo e, por algum motivo, você me deixa amar você. Você me permite que eu tenha você – ele sorriu – E o melhor de tudo isso é saber que você me tem também. Saber que você é tudo o que eu sempre quis na vida.
Eu me levantei e sentei em seu colo, colocando meus olhos bem próximos ao dele.
– Você é tudo o que eu mais quis na vida, tudo o que eu quero e tudo o que eu sempre vou querer. Você me tem de um jeito que ninguém nunca me teve e que jamais terá, apenas você. - Sussurrei.
Ele sorriu e entrelaçou os dedos no meu cabelo me puxando para mais perto.
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