Primavera escrita por Jules


Capítulo 3
Gesto




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Fui correndo até meus pais que já me esperavam de braços abertos

– Juliet – eles suspiraram.

– Oi! – eu disse com o rosto enterrado em seus ombros.

– Você está linda filha – disse meu pai

– Você também está bonitão pai. Você está maravilhosa mãe.

Ela sorriu e me abraçou de novo.

– Senti tanto a sua falta Jules! – ela sussurrou - Parabéns filha.

Sorri para ela.

– Eu também mãe, e obrigada.

– Parabéns Jules - Sussurrou meu pai, me dando um beijo na bochecha.

Ficamos ali conversando por um tempo. Queria saber tudo o que tinha perdido nesse quase um ano em que estava longe de casa.

– Esses são seus pais? – Perguntou Jacob.

Virei-me para responder e ele abraçava Nessie pela cintura.

Jacob engoliu seco.

Os apresentei adequadamente e eles ficaram conversando e dizendo o quanto eu era parecida com minha mãe. Eu sorria às vezes, mas era difícil. Eu sabia exatamente como era querer morrer, como doía sorrir, como você tenta se ajustar e não consegue, como você se fere por fora tentando matar o que tem dentro.

Quando você não quer sentir nada, a morte pode parecer um sonho.

Aquilo era cruel, muito cruel. A festa foi no mínimo estupenda. Os noivos não paravam de se agarrar em público porque é lógico que depois que você se casa você pode perder todo o respeito e o semancol, é.

Provavelmente a melhor parte foi quando Jacob tirou a liga da perna de Nessie com a boca e a jogou perto do meu pé. Acho – acho – que foi sem querer, pois quando ele viu onde a liga caiu arregalou os olhos e pela primeira vez vi Nessie corar de vergonha.

Alguém me agarrou por trás e me puxou.

– Obrigado por ter vindo – sussurrou na minha orelha.

– Um homem casado não pode agarrar uma mulher assim – a não ser que ela seja sua esposa.

– Mas você é minha melhor amiga e eu estou te chamando para dançar. – Ele colocou uma de minhas mãos em seu ombro e segurou a outra, depois passou o braço pela minha cintura.

– Eu não sei dançar, Jacob – protestei.

– Nem eu – ele sorriu, aquele sorriso de anjo que eu amava – Você está maravilhosa Jules.

Eu sorri

– Você também está, Jake.

A música que tocava era minha música favorita. Uma mescla perfeita entre piano e violino.

– Onde você ouviu essa música? – Perguntei

– No seu computador.

– Como?

– Aquele dia em que Nesse e eu ficamos sozinhos em sua casa nós ficamos ouvindo música e... Gostamos da maioria delas.

Fiquei encarando ele.

– Não vai falar nada, não? – Ele disse achando graça

– Aonde será a Lua-de-mel?

– Ah! Sem chance! – ele suspirou, jogando a cabeça para trás e provocando um arrepio terrível em minha espinha – Eu sei que você vai falar para a Nessie.

Dei de ombros.

– Vai ser em uma ilha... A ilha Renesmee.

Meu estomago se revirou, mas eu fiz força para sorrir.

– Juliet, por acaso é seu aniversário? Eu acho que ouvi seus pais te desejarem felicidades.

Minha boca se abriu.

– Hã... não, não é.

Ele ergueu uma sobrancelha.

– É mesmo? Então quando é?

– Dez de janeiro.

– Então quer dizer que no dia em que nos conhecemos você estava fazendo aniversário?

Minha boca se abriu. Ele lembrava. Ele se lembrava do dia em que nos vimos pela primeira vez. Ele se lembrava daquele dia em que lutei rigorosamente contra minha timidez e fui falar com aquele menino que estava prestes a se transformar em lobo e parecia meio louco.

Eu não consegui reprimir um sorriso.

– Parabéns – ele disse me abraçando e beijando minha testa.

– Obrigada.

– Jules eu preciso que você me prometa uma coisa.

Fiz uma careta.

– Você sabe que eu não faço promessas.

– Não pode abrir uma exceção? Para mim? – Ele fez uma careta de tristeza e eu bufei – Prometa pra mim que quando eu voltar você ainda estará aqui.

Eu não podia prometer isso a ele, pois amanhã mesmo eu iria embora. Voltaria para a minha casa, a minha cidade natal. O lugar de onde eu nunca deveria ter saído.

Cruzei os dedos.

– Prometo.

Ele sorriu.

Alguém agarrou a minha cintura e me tirou dos braços de Jake.

– Jules! – Nessie disse me abraçando com muita força.

– Nessie!

– Ah Jules obrigada por ter vindo! Nossa! Estou tão feliz! – Ela disse sorrindo.

Eu sorri, e me curvei na frente dela.

– Me dá a honra desta dança, senhora? – Perguntei, imitando antigos membros da corte.

Ela sorriu.

– Claro que sim.

Passei a mão na cintura dela e ela colocou a mão em meu ombro. Depois peguei em uma de suas mãos.

– Que casamento lindo, não? – Eu disse

– Está maravilhoso, não está? – Ela sorriu orgulhosa.

Assenti sorrindo. E ela riu.

– Olhe a cara dos convidados.

Olhei em volta e eles pareciam assustados, alguns pareciam até achar graça.

Eu ri

– Eles não entendem nossa relação

– De acordo – ela disse rindo.

Nós dançamos em silencio por alguns segundos.

– Promete que você vai ser muito feliz Nessie? Que vai viver cada dia da sua vida como se fosse o ultimo? Promete para mim?

Ela pareceu ficar chateada.

– Você não vai embora, não é Jules? – Ela perguntou.

Balancei a cabeça.

– Apenas prometa.

– Eu prometo – ela disse e beijou minha testa.

Alice a chamou e ela saiu correndo. Nessie subiu em um pequeno palco e anunciou que iria jogar o buquê.

Todas as mulheres da festa se juntaram na frente da noiva. Eu me afastei e fiquei ao lado de uma mesa, admirando as belas orquídeas no vaso de cristal.

– Um, dois, três! – Nessie gritou e a multidão feminina explodiu.

Senti algo balançando a mesa. Quando olhei para o lado esquerdo da minha mão vi o buquê.

Universo... Pare com essa conspiração.

Peguei-o e olhei para Nessie. Levantei e sacudi o buquê, depois sorri.

Nessie sorriu de volta.

Eu olhava para todos aqueles homens na festa desejando ter o imprinting por qualquer um deles, mas nada acontecia.

A porcaria da “magia” não ia me salvar. Eu ia ter de passar pela tortura como uma mulher. Eu ia ter de suportar.

Os noivos se trocaram e já iam para o carro que estava cheio de latinhas e sapatos novinhos pendurados. Eu arremessava arroz neles como o resto de todos os convidados.

– Amo vocês! – Gritou Nessie pela janela.

Aquilo era o fim de tudo. O fim da luta que já começou perdida. Uma vida destruída.



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