Andaram durante uma boa parte da noite, pelos becos e até por florestas. O que seria mais perigoso, encontrar ladrões, comuns nesses lugares, ou encontrar o exército? Preferiram os ladrões, mas para saber andar por lugares como este, deveria ser um deles, e Thiago era.

Chegaram à cidade de Nagóia por volta de 3 da manhã, não tinham onde ficar e queriam descansar pelo menos um pouco, decidindo por entrar em uma taverna, um lugar não muito apropriado para uma menina como Nadia, mulheres lá, só se fossem cortesãs, mas como não havia outro jeito, lá mesmo ficaram.

Nadia ficou um tanto assustada com as cenas que vira, moças sentadas no colo de homens, beijando-os, muitas vezes com os seios a mostra e os homens passando a mão em seus corpos.

- Desculpe-me o lugar, mas talvez aqui eu ache alguém conhecido. – permaneceu parado na frente de Nadia falando um tanto quanto envergonhado – Por favor, não se afaste de mim.

- Tudo bem. – disse olhando para baixo, envergonhada.

- Venha cá belezinha. – um homem segura o braço de Nadia, puxando-a.

- Tire suas mãos de mim, ou quer morrer? – falou começando a tirar a espada da bainha.

- Tira as mãos dela, ela já está acompanhada se não percebeu, e também, ela não é uma dessas mulheres, é uma guerreira, então com licença. – Thiago entra na frente e fala com o homem, retirando a mão do outro do braço de Nadia e puxando-a para junto de si.

Foram em direção ao bar, uma mulher se aproximou de Thiago.

- Olá lindo, quer companhia? – disse sensualmente passando a mão em seu rosto e aproximando-se.

- Não. – seu olhar percorre o decote da moça por um minuto e depois ele a afasta – Não vê que estou acompanhado. – falou com o tom sério e depois olhou para Nadia.

- Tudo bem então, mas duvido que esta garotinha consiga te satisfazer, Thiago. – comentou rindo – Não lembra de mim? Sou Regina.

- Regina? – indagou assustado – Você aqui?

- É Thiago, a vida me trouxe para cá. Mas tem certeza que não quer minha companhia, eu sei do que você gosta, em nome dos velhos tempos hein? Ela não conseguirá satisfazer você nem um pouquinho – olhando para Nadia que estava com uma cara emburrada, Regina sorria.

- Não Regina, os velhos tempos já passaram, – um sorriso apareceu em seus lábios – mas aceito sua ajuda, se você puder.

- Ahh, que pena, eu estava com tantas saudades. – disse, passando a mão no rosto de Thiago – Mas diga. O que você quer?

- Um lugar para dormir.

- Os dois juntos? – olhando com um leve sorriso para ele.

- De preferência camas separadas. – ficou imediatamente envergonhado com a insinuação.

- Humm, sei. Bom, isso não dá, só tem quartos com camas de casal, venham, levarei vocês para um.

Os dois se levantam, Nadia estava com a cara emburrada, mas foi assim mesmo. Chegando ao quarto, Regina os deixa sozinhos. Thiago informa que depois quer falar com a moça e fecha a porta. Nadia nem olha para Thiago, só se senta na cama.

- O que foi Nadia? – pergunta Thiago ajoelhado na frente de Nadia com uma cara de inocente, aparentemente sem entender nada.

- Não é nada. – levantou-se e foi em direção à janela.

- Você está bem? – levantando-se, em direção a ela, falando com uma voz suave.

- Sim, – fala friamente, continuando com tom irônico – se quiser pode ir “relembrar os velhos tempos”.

- Então é isso? – rindo, deixando-a ainda com mais raiva, aproxima-se dela e abraça sua cintura por trás – Regina é só uma amiga de infância.

- Amiga de infância? Sei. – Nadia, agora com os braços cruzados, mas sem retirar os dele de sua cintura – Percebi a “Amizade” – diz com o tom irônico – só pelo o que ela disse para você. – percebia-se que Nadia não sabia esconder a raiva.

- Tudo bem, houve algo a mais que uma amizade, mas já passou, agora só somos amigos, ela só estava brincando com você, por você estar tão séria. – o mais alto encostou sua cabeça no ombro de Nadia, ainda abraçando-a – Mas se houvesse algo, qual o problema? – falou para irritá-la.

- Nenhum. – agora retirara os braços de sua cintura e se afastara dele, sua raiva era claramente percebida em seu tom de voz.

Thiago riu por um curto tempo, ele estava feliz com a reação dela, e ao mesmo tempo achava graça. Aproximou-se de Nadia, ficou na sua frente, segurou seu rosto delicadamente, olhou em seus olhos, ela os desviou olhando para baixo.

- Fique tranqüila, não há nada entre nós. – falando com uma voz meiga e logo depois dando um beijo na testa de Nadia. – Mas agora tenho que ir, vou ver se consigo alguma coisa para comermos. Tudo bem? – ela só acena que sim com a cabeça, Thiago beija sua testa novamente e se retira do quarto.

Assim que ele se retira Nadia senta na cama e fica pensando no que aconteceu, sua raiva tinha passado um pouco, mas não entendia por que estava assim, novamente aquele sentimento deixava-a confusa.

Thiago ao sair do quarto encontra Regina esperando-o.

- E aí sua namoradinha ficou com muito ciúme? – rindo

- Ela não é minha namorada – fala sério, mas fica corado.

- Ai que lindo. Thiago você está apaixonado. – rindo e caçoando do amigo.

- Pare com isso Regina. – ficou ainda mais corado com o comentário – Você poderia pegar um pouco de comida para nós?

- Huumm, o que eu ganho em troca hein? – aproximando-se do rapaz, mordendo os lábios.

- Não, por favor, Regina. – fechando os olhos.

- Eu consegui um quarto e vou conseguir comida, não vou ganhar nada em troca? – desamarrando o cordão do espartilho.

- Regina, por favor... – afastando-a – a Nadia...

- Então é isso, você está com medo que ela veja. Venha comigo. – puxa Thiago para um quarto vazio – Agora não tem mais por que resistir. – retirando seu espartilho, e fazendo com que seus seios fiquem à mostra, começa a beijar Thiago.

Thiago não resiste e retribui o beijo, deitando-a na cama e começando a passar a mão em seu corpo, mas de repente ele para, senta-se na cama, fecha os olhos, Regina tenta puxá-lo novamente, mas não consegue.

- Não posso. – diz ainda com os olhos fechados

- Realmente você está apaixonado meu amigo. – a amiga se levanta e começa a se vestir – vou conseguir comida para vocês, pode ir para seu quarto, se ela quiser posso emprestar uma de minhas roupas mais decentes para ela.

- Tudo bem, deixe a roupa lá com ela. Eu vou ao bar um pouco. – Thiago estava com tom de arrependimento na voz, levantou-se e saiu do quarto.

Regina foi até o quarto de Nadia e deixou um vestido com ela, esta o pegou e foi tomar um banho, antes de sair Regina disse “Ele te ama.”. Essa frase ficou na mente de Nadia, sentiu que algo havia acontecido.

Enquanto isso Thiago estava no bar esperando Regina chegar com a comida, assim que esta chegou Thiago voltou ao quarto. Nadia estava dormindo, deixou então a comida sobre uma mesa e foi tomar um banho, ao sair ficou observando Nadia dormir, ela estava com um vestido completamente diferente do normal, um vestido rodado, com um espartilho, e tampando seu colo e ombros um pano branco e fino, uma manguinha fofinha, ele ficou encantado com ela, deitou-se ao seu lado e começou a acariciar seu rosto.

- Me desculpe meu anjo, cometi um erro terrível. Eu te amo. – falando com uma voz triste, ainda se culpando.

- Também te amo. – abrindo os olhos, ainda sonolenta, sorrindo para ele – Eu sabia que algo havia acontecido, mas eu te desculpo. – agora levantando e sentando-se na cama. – Você trouxe comida? – olhando automaticamente para a bandeja.

- Sim. – agora sorridente – Vamos comer? – levanta-se e pega bandeja. – Ah, Nadia, você está linda com esse vestido. – sorrindo com os olhos de apaixonado como da vez do quase beijo.

Começaram a comer e depois Thiago pergunta, corado, “Posso fazer o que no outro dia não fiz?”, Nadia acena com a cabeça que sim, um pouco corada, ele se aproxima da mesma, segura seu rosto com carinho e a beija, um beijo puro e inocente, vindo de um sentimento de mesmo porte. Após o beijo deitam-se para dormir um pouco, Thiago deita-se em um pequeno sofá que estava no quarto e Nadia na cama, ele preferiu assim.

Já estava amanhecendo, quais serão as surpresas que esse dia guarda para eles?