Não seria fácil o caminho, ela uma procurada e ele um ladrão.

Quando saíram da pensão os soldados os viram e começaram a correr atrás deles, Nadia não entendeu nada, ela não estava em sua forma normal, como poderiam saber que era ela? Sim, eles descobriram seu disfarce, e ela ficou sabendo disso da pior maneira, agora o caminho seria ainda mais arriscado. Para piorar a situação dos dois, quando estavam correndo, alguns policiais viram Thiago e já estavam preparados para ir atrás dele.

- Por aqui. – Thiago puxa Nadia para um beco com muitas sombras, encosta-a na parede e fica na sua frente com o corpo bem perto do seu.

- O que está fazendo? – Assustada.

- Shh, nos escondendo.

- Mas... – é interrompida, Thiago coloca o dedo em sua boca para esta se cale.

- Confie em mim. - Olhando fixamente para os olhos da moça, estes pareciam assustados, o coração dela estava acelerado e sua respiração ofegante. Mas ele estava sério tentando lhe passar confiança e aos poucos conseguiu, ela ficou mais tranqüila, e ficaram daquele jeito até que não houvesse mais perigo sair dali.

Quando não havia mais perigo começaram a andar pelo beco, Thiago guiava Nadia, de repente ela parou.

- O que houve Nadia?

- O que foi aquilo? – falava séria.

- O que?

- Você me puxou e me encostou na parede... – foi interrompida, estava meio constrangida em falar isso.

- Ahh, isso? Estava nos escondendo. – sorrindo de frente para ela e segurando sua mão.

- Mas como? Indo para um beco, ainda mais no início dele onde qualquer um poderia nos ver?

- Ah, por isso você está tão perplexa? – rindo, ela fica um pouco irritada com isso – Uma das artimanhas de nós, ladinos, é se esconder nas sombras, e isso eu aprendi a fazer muito bem. – sorrindo – agora fique tranqüila e vamos, tenho um lugar para ficarmos.

- Ta. Pra onde você vai me levar? Esse é um beco sem saída.

- Quem disse que vamos sair do beco? – nem ao menos a olhou.

Abre a porta de uma casa, e faz uma reverencia para que Nadia entre.

- Bem vinda lady.

- O que é isto?

- Uma casa abandonada que virou meu esconderijo. – vai entrando na casa vai até a sala e se senta no sofá – Você gosta de fazer perguntas hein.

Nadia ri com o que Thiago diz, entra e senta do lado dele.

- Uma última pergunta. Por que você se assustou quando aqueles policiais nos viram e me puxou pro beco?

- Você não é a única que está sendo procurada.

- Não me falou isso. – com um olhar de desaprovação

- Pensei que não precisasse. – sorriu e piscou com um olho para Nadia.

- Tudo bem, mas devia ter me contado. – ainda com o mesmo olhar. – Ai, ai, já estou cansada disso, fugir, fugir e fugir, quero paz ao menos por uma semana – se joga no sofá ficando deitada.

- Venha cá, deita aqui no meu colo. – ela o olha, não entendendo, mas ele com aquela carinha, consegue lhe passar confiança.

Nadia então deita na perna de Thiago e este começa a fazer carinho em sua cabeça, alisar seus cabelos, e ela já quase dormindo.

- Nadia, quantos anos você tem?

- 16. Por quê?

- 16? Mas você não é mestiça de elfo e harpia? Como pode ter só 16, você aparenta essa idade.

- Ah, por isso? Também não sei, acho que quando misturou anulou isso. – agora olhando para Thiago, ainda deitada em sua perna, sorrindo – e você quantos anos tem?

- 17.

- Você não é elfo?

- Meio elfo, a única coisa que sei de meus pais é que um era humano e outro elfo, aí nasci parecendo um elfo, mas demonstro minha idade original. – sorrindo – Mas agora descanse.

Nadia se vira novamente e Thiago continua afagando sua cabeça, ela acaba dormindo, e Thiago fica ali, deslumbrado com Nadia, “O Anjo” está dormindo em seu colo, mas antes disse, uma menina está ali, uma menina desconfiada, mas que por algum motivo, que nem a mesma sabe, ela confia nele, mesmo o conhecendo a tão pouco tempo.

Thiago as vezes se pegava pensando na cena do beco, não conseguia entender, mas na verdade não queria entender.

Em um certo momento Thiago pegou Nadia no colo e levou-a para o quarto, colocou-a sobre a cama e voltou para a sala, dormiu no sofá. Passaram a noite ali, Nadia parecia um anjinho mesmo, dormindo, desta vez estava tranqüila, conseguira dormir em paz. Thiago dormira pensando naquela cena, vê-la tão tranqüila, nem ele sabia o porque, mas tranqüilizava-o.

Conseguiram descansar, mas o que será que os espera daqui pra frente?