(Ignore)

“Eu aprendi que... Ignorar os fatos não os altera.” 

William Shakespeare.

Era segunda feira, e naquele dia completavam duas semanas desde o “desaparecimento” do Edward. Na escola, todos com exceção do time haviam aceitado e se acostumado com a ausência do capitão e o garoto mais desejado entre as meninas de Forks. Na escola. 

A família de Edward continuava revoltada com a escolha dele. Alice sofria por isso. Por todos os motivos dela. O mesmo acontecia com Rose comigo e todos os nossos amigos. No entanto eu descobri que sempre haveria um novo amanhã. Que se a tempestade não acabasse e a ferida não pudesse se cicatrizar, sempre viria a conformação. A capacidade do ser humano de se ajustar seja qual for a situação. Eu estava parada sobre a grama ressecada que se amarelavam no verde envelhecido. Aquele era o típico dia perfeito para mim. Um manto grosso de nuvens cinza chumbo cobria o céu. Havia alguma neve da tempestade anterior sobre a grama que não derretera As poucas arvores no vasto gramado da escola, tinha seus galhos ressecados e despidos. Resultado de um fim de semana inteiro em puro gelo. Droga! Isso deveria ser considerado chuva de primavera? Liguei o Ipod em minha seleção de musicas de fossa. Ri com o apelido da lista. Era muito deprimente. Olhei em volta procurando algum sinal do fim do intervalo.

Eu buscava ter mais concentração nas aulas. Coisa que não costumava ser um problema. Mas parecia que quando relaxamos para algo, descobrimos “o sabor da preguiça”. Dava minhas desculpas para minhas negligencias, mas geralmente elas não soavam convincente nem para mim mesma, então no ultimo fim de semana deixara de sair ou visitar meus amigos para criar vergonha e estudar. Lembrei-me com impaciência as mensagens de texto de reclamação de Damon. Revirei os olhos. Era um folgado mesmo. O pior é que nem mesmo eu me sentia confortável em não visitá-los. Parecia que os dois morreriam se vivessem naquele apartamento sozinhos por muito tempo. Fosse de fome ou por más condições. Ri lembrando-me da faxina que demos. Eu não acreditava que um queijo poderia adquirir aquele tom de verde. E nunca vira salsichões dentro de travesseiros antes. “Ou guardar ou Edward comer tudo Bella!” Damon explicara-se. Sorri pelo jeito engraçado dos dois de fingirem que estavam preocupados.

Andei, a aula continua pensei entediada. No corredor vi Rosalie que conversava com Emmentt, os dois sorriam, mas o sorriso de Rosalie sugeria ser um pouco forçado. Era uma conversa entre os dois e apesar da curiosidade não me intrometeria. Perguntava-me constantemente como Rose conseguia lidar com a situação. A barriga ainda era imperceptível. Minha estimativa era em torno de um mês e meio, mas Rose não me dera nada muito claro em relação a datas. E eu não sabia muito sobre gravidez e tamanhos. Ainda assim embora naqueles meses ninguém soubesse não tardaria até que todos na escola inclusive Emmentt descobrisse e a culpassem. Eu não queria pensar naquilo. Eu e Rose num acordo não verbal decidimos esquecer e não pensar no depois. Ela parecia estar indo muito bem. Desde a Quinta feira nunca mais a vira falando de seus problemas, ou entristecendo-se com eles. Vendo-a ser tão “Rose” Eu poderia facilmente acreditar que tudo não passara de um sonho, de uma brincadeira feita por nós duas. Mas não era brincadeira. Não era ilusão.

Escapei da aula de Educação física e fui até onde os meninos do time treinavam. Não sabia o porquê. Eu não gostava de futebol e nem entendia muito bem. Mas estava ali. De alguma forma o rendimento deles me preocupava embora muito vagamente. Como quando não nos importamos com nosso país em jogos olímpicos que também não são importantes na maioria das vezes. Fiquei parada observando o treinador. Eu não sabia o seu nome. Ele tinha a cara amarrada e conversava com os garotos. Discutia estratégias para o grande jogo. Embora não entendesse muito sabia que a ausência do Edward teria um impacto enorme neles. E o treinador deveria tentar compensar isso. Os meninos estavam sentados na arquibancada, eu não conhecia a maioria por nomes, mas vira seus rostos suas brincadeiras. Ali a expressão grave e a concentração contrastavam e muito com a normal atitude infantil dos garotos. Às vezes faziam sugestões, outras apenas ouviam. Olhei em volta procurando pelas lideres de torcida. Do lado oposto elas falavam animadamente umas com as outras, embora uma parte delas se encontrasse na frente praticando movimentos. Rosalie e Alice estavam entre as que praticavam. Quando me viram acenaram, pedindo para que eu fosse até lá.

 Enquanto seguia notei olhares furtivos sobre mim, mas ignorei. Aquilo não me incomodava além do normal humano.

-Oi meninas! -Cumprimentei animadamente. Somente as duas sorriram, algumas fizeram caretas e outras não me acharam suficientemente importante para se transtornar com uma saudação casual. 

-Bella! -Rose veio em minha direção. Alice ao seu lado. -E aí?

-Tudo ok -Eu ri. Entramos numa conversa rápida. Elas ainda me falaram sobre o jogo. Balancei a cabeça contrariada, enquanto pensava que ele era um idiota por estar deixando de lado algo que gostava tanto como o time. Em nada se comparava a família, sua casa... Mas ainda era muito ruim. Suspirei.

-Então, o que a Srta Swan veio procurar por aqui? -Perguntou rose com um sorriso malicioso. Fingi que não notei o duplo-sentido. Olhei em volta procurando algum motivo. Não havia nada.

-Nem mesmo eu sei. -Ela revirou os olhos. Alice ao seu lado me olhou com uma expressão incrédula. 

-Eu duvido muito. -Falou como se encerrasse o assunto. Franzindo um pouco as sobrancelhas, levantei minhas palmas com os dedos em direção ao rosto.

-Hã? E o que seria? -Elas sorriram;

-Naada. Claro que veio aqui atrás do Jacob. -Falou como se atestasse um fato muito obvio. O que não era verdade.

-Ah! Por favor, Alice. Essa historia de novo? Pelo amor de Deus!

-No mínimo veio ver alguns jogadores sexys. -Procurei os tais “sexys” Que Rose citara.

-Sociedade machista! O mundo das mulheres gira em torno dos homens?

-É por aí. -Revirei os olhos. Nesta hora Tânia vinha em nossa direção com um sorriso que eu duvidava que fosse verdadeiro. Olhei para outra direção com uma expressão contrariada. O traço de exasperação que vibrou em seu olhar por alguns segundos me fez acreditar que ela notara.

-Oi meninas. -Nós sorrimos.

-Aaaaiii Tâniaaa você precisa ver a nova coleção de bolsas da Louis e Tones! -Alice de repente eufórica a recebeu. Tinha a impressão de que ela fora a única verdadeira ali. Tânia riu. E algumas meninas na arquibancada também, embora com o deboche mais evidenciado.  Elas se lançaram numa conversa rápida sobre marcas e grifes que eu realmente não conhecia.

-Oooh! -Rosalie chamou. Tânia pareceu remotamente aliviada. Elas se voltaram para nós. Alice riu amarelo.

-Ah! Qual é? Ela é a única que gosta de falar sobre isso né! -Nós rimos, sem ter o que fazer.

-Bom, voltando ao assunto Bella. Homens são geralmente Todo ou a maior fração do mundo das mulheres. -Tânia gargalhou com o comentário de Rose.

-Isso é verdade. -Concordou maliciosa. Novamente preferi ignorar o duplo sentido.

-Não o meu. -Falei decidida. Rose me olhou com uma careta engraçada.

-É claro que é. Ou você esta enganando a si mesma ou mente muito mal. - Tânia falou rindo. Eu não falava com essa garota e ela não gostava de mim. Que droga era aquela?

-Ou então eu não sou igual a todo mundo.

-Eu decido! Você se engana! -Alice falou.

-Eu decido! Sou diferente.

-Ou louca! -Tânia de novo gargalhou. Minha expressão tornou-se exasperada. 

-Bela Piada! -Ela riu amarelo. Bufei. Rose percebeu o clima e Alice também. Elas se entreolharam.

-Bom, Ok Ok.... Deixa esse assunto pra lá. -Rose seria depois riu para mim. -Eu te convenço mais tarde. -Falou piscando. Dei de língua. Alice gargalhou.

-Mas então Alice, o Edward tem falado com vocês? -Tânia perguntou.

-Normalmente o Maximo que ele faz e enviar uma mensagem para mim ou Emmentt. -Alice tentou esconder, mas eu notei a pontada de chateação na resposta. -Ele fala com você? -Tânia riu.

-Até parece, ele aparece na minha casa às vezes ou outras apenas marca encontros em lugares que devia ser um crime! -Ela riu um pouco.

-Caríssimos estou certa? -Rose adivinhou. Tânia gargalhou.

-Também! Edward não perde o estilo. Mas são longe daqui. Às vezes em Port Angellis, da ultima vez foi em Seattle! - ela falou um pouco inconformada. Revirei os olhos.

-essa fuga dele é meio absurda. -Rose atestou.

-E você Bella, como vocês estão agora? -Tânia perguntou. Notei então que o objetivo dela fora magoar Alice e me irritar. Mostrando que os dois estavam muito bem. Ela era ridícula.

-Não mudou muita coisa. -Ela franziu a testa como se tentasse ligar algo. E depois me olhou com especulação.

-Sabe onde ele está?

-Hmmm? Pensei que soubesse.

-Sim ou não? -Revirou os olhos.

-Não.

-Ele não te contou também? -Rose perguntou rindo, provavelmente notara o mesmo que eu.

-Não. Ele diz que é uma informação sigilosa. Ridículo! -Depois da raiva ela sorriu. -Mas ele completou que se eu descobrisse estaria tudo bem. -Irritou-se de novo. De repente havia um garoto ali.

-Olha ouvi falar no Edward traidor Cullen, E vim logo dizer que se eu encontrar aquele moleque vou encher a cara dele de socos. - ele beijou as três e sorriu para mim.

-Como se você agüentasse ele. -Tânia defendeu rindo. Ele passou os braços por seu ombro.

-Sabe que eu agüento. -Ele riu e ficou serio. -Não é serio o Edward é um imbecil mesmo! Deixar o time assim! Aposto que desse jeito ele vai entrar rapidinho na liga americana! Isso foi muito irresponsável!

-Ah claro! Os Slodewrs não funciona sem Edward! -Alguns caras vieram fingindo-se de ofendidos.

-Hey hey garota! Olha como fala hem! Os Slodewrs é xadrez e o Edward é um pião! Agente vence o jogo fácil sem ele!

-Só se for bem fácil mesmo! A final de temporada já era sem o Eddie!

-Acho que agente consegue! -Emmentt falou. Ele mantinha isso sempre guardado, mas ele também estava muito ressentido.

-Ignora a Tânia cara, essa menina nem parece líder de torcida! Aê! Oh menina dos Cullen. -O rapaz me chamou.

-Bella cara! -Emmentt falou rindo.

-Ela é dos Cullen. Você não é dos Cullen?

-hã não. -Respondi um pouco sem graça. Ok A Elite intimidava. Ele riu.

-Ta, Mas então porque você não vai lá e toma o lugar da Tânia? Ela não torce por nosso time sabe. -Eles gargalharam. Depois eles não falaram mais comigo. Melhor, pensei. Na conversa toda notei certa raiva ressentida pelo desaparecido, e um entrosamento anormal com a Tânia, embora com as outras eles também parecessem íntimos. Eu estava novamente excluída ali. A Elite nunca permitia novas entradas. E obviamente eu não queria estar ali. Alice e Emmentt haviam saído dali provavelmente notaram que a conversa não era deles, embora Rose estivesse lá e literalmente, me prendendo, usando os braços.

-Ah vocês querem saber? Essa saída dele foi ridícula mesmo! -Tânia inconformada soltou de repente.  

-Hey ninguém ainda está falando nisso Tânia!

-Não, mas ele um idiota!-Eles riram e eu ouvi incrédula. - O garoto tem uma briguinha com o pai e sai de casa como uma menininha chorona! -Os meninos gargalharam. E começaram a colocar as mesmas opiniões a tona.

-Acho que você está mal informada. -Falei impondo-me pela primeira vez e sentindo meu estomago borbulhar com todos ali que me encararam. Tânia riu.

-Ah cale a droga da boca Swan! E se eu não sei você também não. O óbvio é que ele saiu como um bestão fugindo de casa.

-É mesmo aquele gay já tem dezessete anos! Deixou todo mundo na merda agora!

-Ele não saiu de casa por nada. Edward tinha os motivos.

-A princesinha tinha os motivinhos dela Tânia. -Luke falou com uma voz fina. Os dois gargalharam e metade dos que estavam ali também. Fechei a cara. Rose enrijeceu ao meu lado.

-Escuta o “Nerd dos Cullen”, você mal sabe do que agente estava falando para começar. -Eles enfatizaram o apelido.

-Estão falando mal do meu amigo e meu nome é Bella. - Todo mundo riu. Fiquei enjoada, sentindo que estava me metendo em território do inimigo.

-Tânia por que diabos você trouxe essa menina para cá hem?

-Eu não! É culpa da Rosalie. -Todos a olharam e ela se manteve calada.

-Tira a criancinha, patinho feio, daqui agora!

-É vaza! Esta no lugar errado e vê se conta tudo para o viado do Edward Cullen! -Então eles gargalharam, mas Tânia iniciou uma nova discussão defendendo Edward. Sai dali correndo sentindo meu sangue pulsar de raiva. Eles presenciaram a cena.

-Oh Clássico, a mocinha correndo chorando.  -Mais risadas e gargalhadas cruéis.

-Chame sua mamãe aqui para conversar com a diretora bichinho de estimação.

-Credo, os Cullen tem mau gosto para cachorrinhos!-Disse uma das lideres de torcida. Aqueles meninos estavam acostumados a humilhar os outros. Quando você é muito notado por alguma coisa que não seja beleza e popularidade, vai apanhar, quando se é como eu, invisível, apenas não diga nada perto deles.  Cheguei a um banco que ficava perto da cafeteria. Pretendia ficar ali até que as aulas terminassem, sem me lembrar que podia ser apanhada.

Senti raiva de mim mesma por não ter dito nada na hora. Por simplesmente ouvi-los calada como uma imbecil. Normalmente o pior não eram os xingamentos, ou os apelidos, mas era sentir como se não pudesse se defender. Era essa a sensação humilhante, sentir que Jacob e Rosalie estavam ali e sentiram pena de mim. Sentiram pena por eu ser bobinha e não saber me proteger, por eu não ter coragem de dizer nada. Balancei a cabeça estressada.  

(Música ótima para ouvir, e super combinou com essa cena é “Mean”)

-Bella! -Chamou Rosalie que estava agora ao meu lado. -Bella você está bem? - crispei a testa tentando encontrar formas de fingir que estava calma. Sorri frívola.

-Oi Rose! É claro que estou.

-Eles são uns idiotas! Desculpe não ter dito nada, mas não adiantaria, entende? - sorri mais sinceramente.

-Tudo bem Rose, não importa. -E não importava mesmo. Eu não podia esperar que ela saísse brigando com todos os amigos por causa do Edward. Apesar de ela querer muito o bem dele, sempre era difícil, mesmo discordando deles, enfrentar os amigos. Ela balançou a cabeça revoltada.

-Mas que droga da Tânia! Eu devia falar isso para Emmentt!

-Não é só ela Rosalie. -Falei com cuidado. Começava a acreditar que Tânia fosse um pouco menos menina popular e um pouco mais obsessiva capaz de qualquer coisa para manter seu status. Eu não duvidava que ela pudesse simplesmente contar toda a verdade ao Emmentt como chantagem ou vingança da Rose se ela falasse demais. Eu também não queria estragar a amizade das duas. Rose pareceu pensar.

 -Acho que tem razão. Emmentt também já esta sofrendo muita pressão dos meninos do time. -Ela suspirou. -Eles estão realmente irritados com essa loucura do Edward. -Pensei um pouco na razão deles. Apesar de tudo aqueles garotos estavam apenas defendendo algo importante. Lembrei-me da concentração dos alunos no treino, era quase difícil associá-los com aqueles idiotas com quem eu havia discutido. Futebol era praticamente a vida deles e Edward era quem engrenava o time apesar de todos serem talentosos.

-Eu não posso tirar a razão deles, mas também eles não sabem de nada droga! Edward não fez isso só por aquela briga. Havia muito mais Rose! -Rosalie encarou-me pensativa. Ela sabia que eu não diria nada mesmo que ela insistisse.  

-Sabe onde ele está certo? -Suspirei pronta para negar a afirmação, mas depois notei que seria inútil.

-Ele não me disse nada.

-Como descobriu?

-Edward é ridiculamente previsível. -Rose gargalhou.

-Seus pais não estranham o fato de você viver em “Sabe lá onde” agora? -Ela perguntou rindo.

-Mas é claro. Aqueles enxeridos! Diminuí um pouco a frequencia e mesmo assim eles já devem estar desconfiados. -Revirei os olhos.

-Aposto que já sabem de tudo. -Gargalhamos.

-Tanto faz, felizmente, por enquanto não me obrigaram a falar nada. Apenas aqueles olhares furtivos. Estou aproveitando as tardes em que estou sozinha agora.

-Acho que devíamos falar com Alice. -A olhei sem acreditar no que ela havia acabado de dizer, era obvio que eu não diria nada. Rose riu.

-Calma! Estou dizendo para falarmos com ela agora. Alice pareceu triste àquela hora.

-Ah! -Ri sem graça. -Tem razão.

Fomos até a Ally que estava aparentemente normal. E passamos o resto do último tempo juntas.

                                                                    ***

-Idéias chatas de Alice... -Cantarolei irritada com minha amiga. Ela aproveitou o fato de meu pai sair de casa extremamente cedo e poder recebê-la e se infiltrou na minha casa as 5:00 AM! Agora estava no meu quarto fazendo coisas mirabolantes em mim.

-Cale-se Bella! Vamos terminar logo. -Revirei os olhos, sentindo os pinceis na minha cara.

-Que droga Alice! Sabe que eu odeio isso! - Ela riu amarelo.

-Desculpe, eu não resisti. Sabe como é.

-Eu não sei! De onde tirou essa idéia absurda? -Ela gargalhou.

-Acordei a três horas sozinha, sem despertador e nem nada e de tão feliz tive essa idéia iluminadora.

-Yagh! Que isso não aconteça novamente, por favor, Deus!

-Minha dificuldade de levantar tem piorado Bella.

-Você quer dizer a preguiça não? - Ela gargalhou.

-Não! Hunf! -Revirei os olhos novamente.

-Bella?

-Sim.

-Edward vai voltar para casa?

-Hã, eu não sei Ally... Por que...

-Disse que não mudou nada ontem na escola. Significa que ainda se falam.

-Eu... Eu não sei Ally, eu ... -Eu não sabia como explicar a Ally que ele não voltaria. Suspirei. -Não. -Decidi ser verdadeira com ela.

-O que?

-Ele não vai voltar Ally, não por enquanto. -Ela olhou para baixo entristecendo-se.

-Eu já sabia... Isso é horrível Bella! Por que não diz a ele que Carlisle não vai recriminá-lo por isso? -Os olhos escuros me encararam com a boca num biquinho. 

-Eu estaria mentindo Alice.

-Não!

-Sabe que sim. Carlisle está muito decepcionado. E sabe que ele não foi a única razão.

-Acho que Esme não está mais naquela.

-Por que diz isso?

-Bem... É fácil... Saber. Esme fica sempre mais... Alegre e também ela sai muitas vezes na semana. Ela não está assim Bella! Está sofrendo tanto pelo cara quanto por ele. -Eu não sabia o que dizer ou fazer. Eu realmente achava que havia muito mais nessas decisões do Edward, e eu também sabia que não o convenceria. Passei a mão pelo cabelo que estava inacreditavelmente totalmente ondulado. Depois de deixá-los presos e enrolados em grampos Alice havia conseguido aquele efeito eu podia confessar que estava maravilhada, talvez fosse o mais perto de cachos que eu fosse conseguir. Alice seguiu seria até o meu armário.

-Não! -Gritei alarmada. Ela riu.

-Que foi?

-nem pensar! Eu escolho.

-Bella!

-Sem chance Alice! E é bom que esta tralha no meu rosto esteja imperceptível a olho nu!-Ela gargalhou.

-Não ta forte, relaxa! -Olhei no espelho e felizmente a maquiagem apenas disfarçava os defeitos naturais da pele, e as olheiras. Outra idéia da Alice que não era tão potencialmente assustadora. Levantei-me e fui até o meu armário escolhendo minhas roupas comuns. Alice fez uma careta quando me viu segurando o Suéter cor de sopa de ervilha, de gola rulê, com uma estampa típica.

-Não, da licença Bella! - Ela abriu o armário. -A calça eu escolho!

-Não! -falei inutilmente. Ela revirou minhas roupas segurando uma calça azul.

-Mas que droga! Onde estão as roupas “Vestíveis” do seu guarda-roupas? Aquele jeans escuro Bella?

-Ai sei lá! Devo ter jogado fora! -Ela bufou. Continuou revirando espalhando as roupas. Eu teria que recolher tudo depois se não quisesse levar uma bela bronca de Renée. Sobressaltei quando ela gritou.

-Aqui! -Mostrou-me a calça escura de que ela falava. Revirei os olhos enquanto vestia. Ela mordeu o lábio olhando-me persuasiva. Depois olhou para o suéter largo.

-Não.

-Bella!

-Fora de cogitação Alice. -Ela bufou de novo e eu ri. Dirigimos-nos para a escola no carro de Alice. Ally ficou seria pelo caminho, provavelmente irritada pela minha obstinação em usar roupas melhores, mas não demorou até que a convenci a voltar ao normal, e normalmente desejei não ter conseguido.

Ainda não estava recuperada da minha pequena aparição e em suas conseqüências. Eu não podia perder amigos por que eu já não os tinha. Perguntava-me de que lado Jacob estaria. Provavelmente seria como Rosalie, mas eu esperava que ele me defendesse o que era muito ridículo por que eu não precisava ser defendida. Quando sai do carro fui vitima de alguns olhares furtivos e malignos em minha direção. Três garotas vestidas com o uniforme de líder de torcida cumprimentaram-me.

-Oi, Nerd dos Cullen! - Alice do meu lado fechou a cara para elas que sorriram amarelo.

-desculpa Ally.

-Vaza Ashleys. -Elas se entreolharam e me fuzilaram antes de sair.

-Ashleys? -Perguntei curiosa.

-É tudo a mesma coisa. E não da para ficar gravando esses nomes não?  -Nós rimos. -Eu odeio essas meninas sugadoras de popularidade. Fazem de tudo para se sentar conosco no almoço.

-Vantagens da Elite. -falei gargalhando. Mas me sentindo internamente mal.

Na entrada os comentários maldosos ferviam. Não havia nada que eu pudesse fazer e mandei que Alice parasse de xingá-los. Os apelidos eram os mais variados. “Nerd Dos Cullen” “Patinho Feio”, “Monstro”, “Criança”, “quatro olhos”.

-E aí, você ainda não foi lá contar tudo para o seu traidor favorito? -Perguntou outra garota e saiu gargalhando com o amigo. “ai que inferno!” Murmurei comigo mesma.

-Inferno mesmo! Agente está até vendo os demônios do Lúcifer. -Lúcifer era Edward traidor e Bella a demônia dele. Ou então ele só quis dizer que eu era feia como o capeta. Estava realmente piorando. Pensei em falar com o diretor, mas refletir na repercussão disso me fez mudar de idéia. Ai que falta que eu sentia da invisibilidade.

Estava sentada no gramado ignorando todo mundo. A única forma que eu achei de me livrar deles era ignorando. Houve um momento em que as garotas estavam preparando uma briga. Eu ri. Elas realmente estavam unindo forças contra mim, mas os meninos as impediram, para mim a idéia era muito ridícula. Jacob disse que nenhuma delas me faria mal, era obvio que não, mas não seria ele quem me defenderia, seria eu mesma pela primeira vez.

-Oi Bella. -Jacob cumprimentou. Assustei-me um pouco com a aparição repentina, mas já estava acostumada, e eu estava louca para que ele aparecesse ali de qualquer forma, apesar de não retribuir os possíveis sentimentos de Jacob eu era realmente amiga dele. Amava nossas conversas e os momentos em que passávamos juntos. Jacob me fazia sentir melhor do que todos os outros. Por que com ele eu me sentia importante. E não diferente.

                                                                         ***

As insistentes e mais mal humoradas mensagens de texto fizeram-me desistir de voltar para casa e seguir direto para Port Angellis. Revirei os olhos. A quem eu estava tentando enganar? Era óbvio que eu já não agüentava mais ficar longe dos dois, e principalmente morria de preocupação pelo que eles aprontariam se ficassem muito tempo sozinhos.

Ao chegar no apartamento a porta estava semi-aberta. Eram muito descuidados mesmo! Fui atraída por um conhecido som. Entrei devagar esperando não ser notada e parei escorada na porta sorrindo enquanto o via dedilhar na guitarra, uma guitarra Fender. Ri. “Alguns tinham mais sorte que outros”. Pensei lembrando-me da guitarra de segunda mão a qual eu lutara para conseguir. Era engraçado como os modos de vida diferentes nunca fora um problema para nós apesar de tudo. Ele estava meio deitado no sofá, e tinha o rosto concentrado na canção. Eu gostava muito da música.

“I’m Here Withoud you” Era uma das minhas favoritas. E nós a ouvíamos muito quando estávamos na fossa. A forma talentosa com que ele deslizava os dedos pelas cordas era incrível

A hundred days have made me older

Since the last time that I saw your pretty face

A thousand lies have made me colder

And I don't think I can look at this the same

But all the miles that separate

They disappear now when I'm dreaming of your face

I'm here without you baby

But you're still on my lonely mind

I think about you baby

And I dream about you all the time

I'm here without you baby

But you're still with me in my dreams

And tonight, it's only you and me

The miles just keep rolling

Is the people leave a way to say hello

I've heard this life is overrated

But I hope that it gets better as be we go

I'm here without you baby

But you're still on my lonely mind

I think about you baby

And I dream about you all the time

I'm here without you baby

But you're still with me in my dreams

And tonight girl, it's only you and me

Everything I know, and anywhere I go

it gets hard but it won't take away my love And when the last one falls, when it's all said and done it gets hard but it won't take away my love

I'm here without you baby

But you're still on my lonely mind

I think about you baby

And I dream about you all the time

I'm here without you baby

But you're still with me in my dreams

And tonight girl, it's only you and me

-É você ainda diz que talento não existe. -falei quando ele terminou. Ele sobressaltou cumprimentando-me com um sorriso de arrasar qualquer coração. Olhei seu rosto ignorando a pontada de culpa que eu sentia de saber de tudo o que a Tânia fazia e não ser corajosa o bastante para dizer.

-O que está fazendo aqui? -perguntou ainda sorrindo.

-Eu? Nada. Só atendendo o Damon. -Ele riu amarelo.

-É... Só o Damon mesmo... Sua puxa saco! -revirei os olhos. Ele riu. -Seu cabelo ta lindo. - Senti minha pele queimar.

-onde ele está?

-Vazou daqui com uma loira que nossa... Onde o Damon conseguiu aquilo eu não sei, mas ... Wow! -Gargalhei.

-Deixa sua namorada ouvir isso. -Ele fez uma careta.

-Ter namorada nunca significou deixar de ser homem, se prepare ta. -Disse rindo extravagantemente. Rolei os olhos ignorando o comentário.

-E não. Talento não existe, o que existe é pratica.

-E dons. E você tem um dom.

-Dom? Ok, eu não tenho um, mas conheço uma menina que tem.

-vai começar. -Atestei ceticamente.

-Vai mesmo, então, Essa menina tem um dom incrível sabe... Mas ela insiste em não enxergar isso, e eu digo que isso é se subestimar. Mas ela que não se engane, dom não é mais que 10% da receita do sucesso esta bem? O que faz uma pessoa vencedora Bella?

-Andou lendo aqueles livros de auto-ajuda de novo. Não é? -Ele riu.

-Não li nada e deixa de ser chata.

-Vai, continua aí, por que eu fui tocar no assunto? -Ele riu.

-Ok. Qual você quer? - Perguntou-me com um sorriso fraco.

-hmmm, Eu não sei... Lembra-se daquela do James Blunt? -Ele sorriu e sem que eu precisasse dizer o nome começou a tocá-la. Sua voz ecoou em harmonia com a canção. Eu sorri abobalhada como sempre ficava se encarasse demais o seu rosto.

-Você é incrível.

-valeu. -Ele insistiu para que eu tocasse algo também e ficamos ali por algum tempo dividindo as músicas. Eu pretendia importuná-lo um pouco, para voltar para casa, mas decidi que deixaria isso para outro momento, seria inútil mesmo. Exclui de minha mente aqueles últimos dias e suas descobertas. Fosse o fato de eu ser a criatura mais odiada daquela escola no momento, Rose grávida, as traições da Tânia e tudo mais. Encontraria tempo para os problemas mais tarde.

-Faz muito tempo desde a última vez em que fizemos isso não?

-é... Damon podia estar aqui.

-Ele teria reclamado do inicio ao fim, acredite. -Nós gargalhamos.

-Ele nem é assim Edward!

-Nããããoo... Imagina... -Rimos. -Ele é uma pessoa incrível não?-Ele perguntou meio sentimentalista.

-É verdade.

-Bella?

-Oi?

-Estou com fome.

-E daí? Não sou sua mãe. Não vou cozinhar nada. -Ele revirou os olhos.

-Não vou pedir para cozinhar! Por favor! E mesmo que eu quisesse fazer isso acha que eu sou louco? Mesmo que fosse minha mãe, você cozinha pior que o Damon!

-Mentira! -Ele me ignorou.

-Tem algum restaurante que goste por aqui?

-Que tal o Mcdonalds? -Ele fez careta.

-Nossa que bom gosto! Eu não agüento mais comer hambúrguer, quero comida de verdade.

-A escolha não era minha?

-Mas agora é minha. Tem um restaurante italiano, no centro. O que acha?

-O que eu acho? -Ele riu.

-Você vai gostar.

-eu não vou a lugar nenhum que, não seja o Mcdonalds, vestida assim. -Tudo bem que eu não me importava muito, mas aquele suéter era deprimente.

-Está ótima. E você nem liga com essas coisas! -Eu ri.

-Mas também não estou louca.

-É serio, você está bem. O que fez no cabelo falando nisso? Como conseguiu deixá-los assim?

-Alice

-Mas você gostou certo?

-Pela primeira vez. -Ele riu.

-Como eu disse, ficou bom. Então vamos? -Gemi

-Edward!

-Por favor, vai! Nós dois juntos... Qual foi a ultima vez que fizemos isso? -

-Decidi apagar essas lembranças, para não parar de gostar de Ketchup - Ele gargalhou. 

-Vai dar tudo certo, serio mesmo!

-Vou torcer.

-Isso é um sim? -Perguntou com um sorriso grande.

-Não!

-Não acredito que você vai me dar um fora.

-Não vai ser a 1ª vez.

-acreditaria se eu dissesse que é? Então você não tem opção por que eu não vou levar um fora de uma garota.

-Não é um fora. Isso não um encontro.

-Foras não servem só para encontros. E não é mesmo um fora. - ele riu concluindo o raciocínio.  

 Troquei o Suéter ridículo pela jaqueta, não tanto, mais ainda ridícula, que eu havia esquecido lá. Ao seguir até o carro estranhei o fato de ele estar levando a guitarra.

-Por que está levando isso? -Perguntei enquanto o via colocando-a na porta traseira.

-Eu gosto de levar, da sorte.

-desde quando acredita em sorte? -Ele riu. Decidi não perguntar mais. Ele era louco mesmo.

(...)Fim