O barulho de pés se arrastando, de conversas e risinhos, era constante e insuportável. Minhas mãos cansadas de carregar o pesado malão, chegavam a doer. Fiquei anormalmente feliz em deixa-lo no saguão de entrada enquanto rumava ao salão principal.

Os alunos mais velhos entravam enquanto os primeiranistas esperavam a porta. Angie olhou para mim alternando o olhar entre eu e a porta do grande salão.

- Pode ir! Eu te encontro depois! – Apesar de minhas palavras serem tranquilizadoras, eu mesma estava confusa. Eu sabia que ia ter uma seleção privativa, mas  quando? Eu deveria entrar no salão agora?

- Kate! - Uma voz conhecido soou atrás de mim respondendo as minhas perguntas.  – Por aqui!

- Elle? – Eu perguntei apesar de ter certeza de quem era a dona da voz.

- Claro que sou eu! Você vai vir ser selecionada ou não?

Fitei-a com raiva. Em todo lugar eu era a Katherine metida, arrogante, a que metia medo com um olhar, e eu gostava disso. Gostava da sensação de poder que vinha em ser temida e invejada... Mas Elle era a única pessoa que consegui me fazer parecer uma criança fazendo birra. E eu odiava isso.

- Ah! Desculpa! Eu acho que só fiquei um pouco distraída  pelo fato da minha irmã mais velha que não se dá ao trabalho de mandar uma carta nos quatro últimos anos para prestar atenção em qualquer outra coisa. Erro meu. – Eu disse sarcasticamente.

- Olha Kate, agora não é o momento para discutir isso... McGonagall pediu que eu fosse rápida! Os alunos do 1 ano estão esperando...

- E quando será o momento para discutir isso? Antes ou depois de você me abandona... – Ela me interrompeu iimpaciente.

- Eu não podia te mandar cartas tá? Eu achava que você estava com ELE!!

- E com ele você quer dizer o nosso pai?

- Se é assim que você chama o Comensal responsável pelo assassinato de nossa mãe, então sim, é dele que estou falando...

Nós duas ficamos em silêncio. Não havíamos mencionado minha mãe desde sua morte, e desde então esse assunto ficou sendo mais uma das múltiplas barreiras que se colocavam entre eu e minha irmã.

- Vai ser selecionada ou não? – Elle quebrou o gelo, falando dessa vez, bem mais docemente.

Eu assenti com a cabeça enquanto tentava me acalmar e fazer desaparecer o denso nó que se formava em minha garganta. A impresso que eu tinha era que qualquer palavra que eu dissesse me dissolveria em lágrimas.

Elle e eu, agora mais afastadas dos primeiranistas, chegávamos de volta ao saguão de entrada, aonde se encontrava uma mulher alta. Os cabelos presos em um coque e o rosto severo.

- Aqui está – Ela apontou para um banquinho com um chapéu em cima. – Seja breve senhorita Grimallking.

Sem dizer nada, andei até o banco  e peguei o chapéu. O mesmo era muito velho e tinha um indisfarçável cheiro de poeira.  Tentei não fazer uma careta de nojo ao sentar no banco e coloca-lo sobre a minha cabeça.

Hmmm... Muitas dificuldades você já enfrentou, coragem... Sim posso senti-la dominando os seus pensamentos.

Ah Não! Por favor não me mande para grifinória! Meu pânico crescente fez meu estômago se embrulhar. O que seria de mim se não fosse sonserina? Teria de abandonar toda a minha personalidade? Não. Jamais.

Arrogância também faz parte de seu mundo. E o desejo de ser reconhecida não importa como... Sim, sim a sonserina a ajudaria  com a sua ambição...

Ouvi quase de longe o chapéu gritar “Sonserina” e suspireri aliviada.

 Contudo é importante se lembrar, que sonhos são muitas vezes desperdiçados pelos que não os conseguem enxergar...