Everything Changes escrita por ReLane_Cullen


Capítulo 5
Breathe Again


Notas iniciais do capítulo

Hey! Galera, eu vou ser bem rápida. Mil desculpas pelo atraso! E mil desculpas pelas péssimas respostas as reviews que vocês irão ler, mas eu estou passando mal e sinceramente não estou com saco de responder reviews, e esperar eu melhorar para postar o capítulo não seria legal da minha parte. De qualquer maneira: Sorry :( Espero que gostem!



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Car is parked, bags are packed, but what kind of heart doesn't look back
At the comfortable glow from the porch, the one I will still call yours?
(...)

All I have, all I need, he's the air I would kill to breathe
Holds my love in his hands, still I'm searching for something
Out of breath, I am left hoping someday I'll breathe again
I'll breathe again

Capítulo 4- Breathe again

A escuridão em seu quarto, parecia ser o único refúgio que havia lhe restado. Naquela escuridão havia paz, uma serenidade que não havia em qualquer outro lugar. Deitada naquele breu, Bella já perdera a noção do dia e da noite. Dias se passaram sem que ela saísse de casa. Escola, amigos e qualquer lazer haviam sido cortados de sua rotina. A única coisa que persistia era um enorme vazio que tomava conta do seu peito. A dor da perda era tanta que chegava a ser física.

Nunca na vida pensara sentir tamanha tristeza. O único dia que se sentira tão triste assim havia sido quando sua avó materna havia falecido. Mas essa dor era muito mais intensa e cruel de uma maneira completamente diferente. Saber que o veria, mas não o tocaria. Que teria que viver vendo-o a distância, sem nunca mais compartilhar momentos e segredos, parecia ser a punição mais severa que alguém lhe podia infligir.  Para completar o triste cenário, ainda havia a pequena vida que crescia dentro de si e cujo destino parecia ser tão incerto quanto o da mãe. 

O barulho incessante do telefone atordoava Bella, ao mesmo tempo que lhe dava esperança. Todos ligavam para ela: Alice, Tanya, Kate, Garret, Alec, Carlisle, Esme...  No entanto, a ligação que ela tanto esperava não acontecia.

O que eu faria se ele ligasse?, ela se perguntava.

Desligaria ou falaria com ele? Embora tivesse prometido a si mesma que não falaria mais com ele, Bella tinha certeza que não conseguiria manter o silêncio por muito tempo, caso ele ligasse. Se ele desse o primeiro passo, ela tinha certeza que completaria o caminho até que ambos estivessem juntos novamente.

"Bella, posso entrar?" Renée perguntou do lado de fora. Aquela era a pior hora do seu dia. Não aguentava ver a dor nos olhos de sua mãe, dor essa que ela havia causado.

"Pode." Respondeu, contrariada.

"Oi." Renée forçou um sorriso. Cortava-lhe o coração ver o estado que sua filha se encontrava. Ela havia perdido peso, e o pouco que comia os enjôos colocavam para fora do seu organismo, as olheiras escuras e fundas tiravam a beleza juvenil do rosto. Bella estava se afundando e ela não sabia como trazê-la de volta. "Filha, Tanya está aqui."

"Eu não quero ver ninguém!" Reclamou.

"Eu sei disso, mas ela falou que não vai embora até ver você."

"Eu não quero vê-la." Bella respondeu ainda mais ríspida que antes.

"Eu sei que você está magoada e a última coisa que você quer são as pessoas olhando para você com aquele olhar de complacência."  Renée a olhou, compreensiva   "Mas você precisa reagir! Uma hora ou outra as pessoas vão descobrir sua gravidez, e é bom que seus amigos descubram por você do que pelos outros."

"Ela não é minha amiga, é amiga dele." Bella acusou.

"Colocar a culpa na Tanya não vai amenizar nada." Sua mãe tentou raciocinar com ela. "Você precisa reagir, se não por você, ao menos pense no seu filho."

"Está bem." Bella concordou visivelmente contrariada. "Mas não garanto ser simpática." A mãe sorriu mesmo diante tal aviso nada amigável. Minutos depois uma Tanya tímida e receosa adentrava em seu quarto.

"Oi." A loira cumprimentou.

"Oi." Bella respondeu secamente.

"Você está bem?"  Tanya perguntou gentilmente, porém a resposta de Bella se resumiu a um olhar hostil.   "Pergunta errada, não é?"

"O que você está fazendo aqui?" Bella perguntou agressiva.

"Você sumiu do mapa. Eu fiquei preocupada."

"Como pode perceber, não tem razões para tal." A morena respondeu ácida.

"Bella, o que aconteceu?"

"Nada."

"Eu não te conheço há anos, como Edward ou Alice, mas eu sei quando você está mentindo."  Tanya apontou. "Meu Deus! Você não vai dizer nada? O que há de errado com vocês dois?"

"Nós dois?" Bella perguntou, assustada. Será que ela já sabia do bebê?

"Você e o Edward." A outra esclareceu. "Ele não anda muito bem também. Vive calado e mal fala com a gente. O que aconteceu com vocês?"

"Pergunte a ele. Afinal ele é seu amigo."

"Bella..." Tanya tentou falar, mas foi interrompida.

"Eu não quero falar mais, por favor."  Bella desviou o olhar da sua amiga.   "Eu quero ficar sozinha."

"Tudo bem, mas se precisar..." As palavras ficaram no ar e Tanya saiu do quarto deixando Bella sozinha mais uma vez.

A solidão podia ser cruel, mas no caso dela era quase uma terapia. Renée havia sugerido que ela fizesse algum tipo de terapia como uma maneira de ajudá-la a passar por todas essas mudanças. No entanto, Bella não se sentia à vontade em sentar-se em um sofá e contar sua vida para um estranho que só murmuraria em resposta ou então repetiria o final das frases que ela dissesse. Ela precisava de uma cura, mas não seria um psicanalista qualquer que faria isso. Ela sabia que essa cura teria de vir dela, ela só não sabia como consegui-la.

Alguém bateu a sua porta, e pelas batidas Bella pôde perceber de quem se tratava.

"Oi." Charlie sorriu para ela ao entrar no quarto. "Sua mãe quer saber se você vai descer para jantar."

"Não." Ela respondeu o mesmo que respondera das outras vezes.

"Posso ficar aqui com você?" Charlie perguntou, sem graça.

"Você vai ficar mesmo que eu diga o contrário." Bella encolheu os ombros.

"De quem você acha que herdou essa teimosia?" Ele sorriu.

"Da mamãe?"

"Não, dela você herdou a beleza e a inteligência. De mim, a teimosia e a inabilidade de demonstrar o que sente."

"Mas parece que eu não sou tão boa assim. Vocês dois parecem me ler tão facilmente." Ela observou.

"Nem tanto assim. Nós conhecemos você um pouco mais, porquê conhecemos você a mais tempo e porque você faz parte de nós dois. Mas o que você deixa transparecer é apenas a superfície. O que está guardado bem aí dentro, você deixa trancado a sete chaves." Ouvir aquelas palavras poderia ser incômodo para algumas pessoas, mas ela gostava de ser do jeito que era.

"Desde quando você é tão observador?" Bella arqueou uma sobrancelha.

"Não sou. São palavras da sua mãe, não minhas" Charlie sorriu ao ver um esboço de sorriso no rosto de sua filha. "Sabe, eu ainda lembro do dia que ela me disse que estava grávida de você."

"Pai, por favor..."  Ela pediu. Não queria ouvir histórias sobre gravidez. Muito menos de uma que ocorreu na adolescência.

"Eu quero contar." Bella percebeu que seu pai estava irredutível e nada tinha a fazer a não ser ouvir a história. "Nós tínhamos apenas dezoito anos e tantos planos pela frente. Eu queria cursar Direito e sua mãe Artes, até tínhamos decidido as universidades que iríamos. Não era a mesma, mas ambas ficavam relativamente próximas. Mas aí, no nosso último ano no colégio ela me deu a notícia. Eu fiquei tão atordoado que a primeira coisa que veio na minha cabeça foi fugir."

"Até parece." Ela duvidou. Não consegui imaginar o seu pai Charlie-Ultra-Mega-Responsável-Swan pensando em fugir de uma responsabilidade.

"Acredite em mim. Eu sempre fui responsável, mas essa responsabilidade era demais para eu aguentar." Ele respondeu, quase que lendo os pensamentos dela.

"Vocês pensaram em... se livrar de mim?" Bella perguntou sentindo um nó se formar em sua garganta.

"Nunca. Eu nem cheguei a pensar no assunto, mas sua mãe falou que se eu sugerisse isso ela nunca mais olharia na minha cara."

"Por que você não fugiu?" Ela perguntou curiosa.

"Eu pensei bastante. Demorei um bom tempo analisando tudo. Fiquei mais de duas semanas sem falar com sua mãe enquanto eu tomava uma decisão. O que me fez ficar foi entender que a responsabilidade não era só dela e que você era o fruto do nosso amor."

"Você nunca se arrependeu de ter ficado? Você poderia ser um advogado famoso hoje."

"Mas eu não teria você nem sua mãe. De que isso me valeria?" Charlie a olhou. "Dê tempo ao tempo. Se ele não perceber o que está perdendo, nós sempre estaremos aqui com você." Bella assentiu e viu o pai sair do seu quarto logo em seguida.  Finalmente, ela estava livre para voltar para suas dúvidas e pensamentos.

***

Bella estava deitada em sua cama quando sua mãe adentrou em seu quarto e sem dizer nenhuma palavra abriu as cortinas e as janelas deixando a luz e o ar fresco entrar.

"Mãe!" Bella protestou. A garota mal conseguia abrir os olhos que já estavam mais do que acostumados com a escuridão.

"Sem reclamar! Eu já permiti que você ficasse assim por muito tempo." Renée disse enérgica."Está na hora de reagir, Bella."

"Eu não quero." Bella alterou a voz.

"Ficar deitada esperando ele voltar..."  Renée se calou.  Desde que receberam a notícia de que Edward havia embarcado para a Califórnia, Bella se fechara ainda mais em seu mundo.

"Eu sei que ele não vai voltar! Ele deixou isso bem claro quando resolveu ir para a Califórnia." Ela gritou. Tinha vontade de chorar, mas não tinha mais forças.  Gostaria de pensar que ainda havia alguma esperança, mas qualquer esperança existente havia ido embora junto com ele naquele voo.  "Eu sei o lugar que eu ocupo na vida dele. Ele deixou isso bem claro."

"Ele ainda não está pensando com clareza. Seu pai..." Renée tentou amenizar as coisas, mas Bella parecia irredutível.

"Eu sei, ele demorou duas semanas até ir falar com você. Acontece, que o papai não viajou para o outro lado do país para poder pensar."

"Eu sei, mas..."

"Mãe, para de tentar arranjar desculpas para ele."

"Eu paro, mas com uma condição."

"Qual?" Bella respirou fundo, temendo qual seria a próxima frase da mãe.

"Que você fale com o Carlisle e a Esme."

"Não." A garota disse automaticamente.

"Bella, eles não tem culpa das ações do filho." Sua mãe tentou fazê-la enxergar.

"Eu sei, mas eu não estou preparada. Se eu vê-los tudo o que eu vou enxergar é ele." Como conseguiria olhar para seus ex-quase-sogros e não se lembrar dele? Ainda era doloroso demais.

"Está bem." Renée deu-se por vencida. Sabia muito bem que não conseguia convencer Bella do contrário quando a menina colocava uma ideia na cabeça.  "Alice ligou, vai chegar em meia hora. Então se eu fosse você, levantava dessa cama, tomava o café que eu trouxe e tentava parecer apresentável."

Assim que a mãe saiu do quarto, Bella levantou-se e foi em direção à janela. O sol tímido aparecia entre nuvens, mas era possível sentir o calor que emanava dele. Ela fechou os olhos, sentindo os raios ainda amenos aquecendo sua pele ao mesmo tempo em que o ar úmido e limpo preenchia seus pulmões. Talvez sua mãe estivesse certa. Talvez fosse o momento de reagir.

Bella estava procurando as roupas para vestir, quando ouviu a buzina do carro de Alice. Odiava a pontualidade da amiga e a precisão dela em acertar tudo. Mas Bella também sabia ser precisa. Ela sabia muito bem que no instante que Alice chegasse naquela casa, levaria exatos três minutos até que ela cumprimentasse sua mãe, falasse sobre a família, fizesse alguma piadinha idiota e subisse as escadas até o seu quarto.  

"Oie!"  Uma garota baixinha de cabelos escuros e curtos, bem repicados sorriu alegremente para ela.

"Alice!" Bella murmurou, antes de se jogar nos braços da amiga. Vê-la depois de três anos provocara um turbilhão de emoções que ela não conseguia mais segurar.

"Hey!" Alice se surpreendeu com a atitude da amiga, que logo em seguida começou a chorar. "Bells, não fica assim." Tentou consolá-la “Olha para mim. Vai ficar tudo bem."

"Como você sabe?"

"Eu sou Mary Alice Brandom, eu sei de tudo." Ela sorriu para a amiga.  "Como você está?”

“Mais ou menos.” Bella respondeu, secando as lágrimas.  “Enjoar é a pior parte do processo.”

“E o…” Alice meneou a cabeça, esperando que sua amiga continuasse sua frase.

“O pai?” Bella perguntou. Recusando-se também a pensar o nome dele, muito menos falar! “Está na Califórnia.”

“Mas…o quê?" Alice surpreendeu-se. "Eu não acredito nisso! Como ele pôde? Você chegou a falar com ele?”

“Depois daquele dia não.”

‘Eu vou ligar para ele agora mesmo e…” Alice disse, procurando o celular na bolsa. Edward precisava ouvir umas boas verdades e ela faria isso!

“Não.” Bella gritou.

“Mas, Bella...”

“Não. Ele fez a escolha dele. Quem vai se arrepender depois não será eu.” Ela encarou a amiga. Bella sabia usar o orgulho para se proteger, mas Alice sabia o quanto isso podia ser perigoso. A raiva cedia com o tempo; já um orgulho ferido demorava mais tempo para curar. Quando isso acontecia.

“Você sabe que estarei aqui sempre que precisar, não sabe?” Alice se ofereceu.

“Sei. Mas podemos parar de falar sobre mim? Cadê o famoso Jasper?” Bella mudou de assunto, precisava parar de falar sobre seus problemas por um momento. 

“Lá em baixo com a sua mãe”

“Pobre coitado.” Bella comentou, recobrando um pouco do seu bom humor.

“Ele precisa sofrer um pouquinho” Alice sorriu,  “Eu posso ir lá chamá-lo ou...”

“Eu não sei se estou no meu melhor humor para recebê-lo.”

“Ele não vai se assustar. Ele convive comigo todos os dias inclusive durante a TPM. Além disso ele sabe da situação.” Alice tentou animá-la.

“Você contou?” Bella arregalou os olhos.

“Eu precisava avisá-lo do clima que ele encontraria por aqui quando chegássemos.” Alice explicou e Bella assentiu, entendendo que a amiga tinha razão.

“Tudo bem, pode pedir para ele subir.” Assim que ouviu as palavras, Alice saiu do quarto. Bella teve poucos minutos para respirar antes que ela voltasse acompanhada. O acompanhante em questão era um rapaz alto, de cabelos loiros e olhos cor de mel capazes de hipnotizar qualquer garota. Ao vê-lo Bella podia entender o que fez a amiga apaixonar-se.

“Jazz, essa é a Bella. Bells, esse é o Jasper.” Alice fez as apresentações.

“É um prazer finalmente conhecê-la, madame.” Ele sorriu e depositou um beijo na mão dela. Se Bella já tinha se derretido com o charme e o sotaque dele, aquele beijo na mão tinha sido o golpe final.

“Você é do Texas?” Bella perguntou ao perceber o sotaque.

“Sou, mas o sotaque é falso. Fui para New York antes de completar cinco anos.” Ele sorriu, culpado.

“É muito bom conhecê-lo depois de ouvir tanto sobre você.” Bella sorriu, obrigando-se a ser simpática.

“A recíproca é verdadeira.” Ele sorriu e passou as mãos no cabelo, fazendo a mente de Bella lembrar-se daquele gesto tão familiar sendo executado por outra pessoa.

“Eu estava louca para conhecer o maluco que se atreveu a namorar a Alice. Você fugiu de algum manicômio ou algo parecido?” Resolveu implicar com a amiga, numa tentativa de fugir das peças que sua mente lhe pregava.

“Deve ter sido o mesmo que o seu, afinal você a atura há mais tempo.” Jasper devolveu na mesma moeda, o que surpreendeu Bella.

“Own! Minhas duas pessoas favoritas no mundo se dão bem.” Alice comemorou ao ver o embate.

“Não seja precipitada.” Bella avisou.

“Acho melhor nós irmos, Bella precisa descansar.” Jasper comentou, perceptivo.

“Está bem, mas amanha você não me escapa.”  Alice avisou.

“Isso é uma promessa ou ameaça?” Bella arqueou uma sobrancelha.

“É uma certeza.” Alice jogou um beijo para Bella e saiu do quarto puxando Jasper, que mal teve tempo de acenar para a garota.

***

“Não, Alice, eu não vou.” Bella cruzou os braços irredutível. Para sua infelicidade Alice havia cumprido sua promessa e tinha retornado.

“Sua mãe disse que faz duas semanas que você não sai de casa.”

“Eu não quero ver ninguém.” Em casa sentia-se segura dos olhares e das perguntas, no momento em que colocasse os pés para fora de casa, essa segurança acabaria.

“Enquanto você fica aqui sofrendo, trancada no quarto; ele está na Califórnia, aproveitando cada minuto que ele tem.”

“Não precisa falar assim.” Bella se encolheu. Ela sabia que era verdade, mas ouvir outra pessoa pronunciando aquelas palavras causava uma dor ainda maior.

“O Edward não é o único que tem que ouvir umas verdades.” Alice disse firme. Ela havia chegado há dois dias na cidade e já estava farta daquele sofrimento e auto-piedade que Bella estava vivenciando.

“Não fala o nome dele.”

“Você diz que não quer saber dele e que mesmo que ele ligue você não vai atendê-lo. Então pare de ficar esperando por essa ligação e vai viver a sua vida! Você agora tem uma pessoa que vai depender de você. E esse bebê vai precisar que você seja forte o bastante para enfrentar tudo o que vem pela frente.” Com olhos mareados, Bella olhou para a amiga. A verdade doía. Ela que sempre achara que tinha uma vida perfeita, ou quase, agora se via abandonada pelo namorado, sem qualquer perspectiva de futuro e ainda com um bebê que dependeria dela para tudo.

“Eu não sei se consigo." Bella deixou-se cair na cama. "Se ao menos ele…” Não conseguiu continuar, pois o choro embargou sua voz. Coincidência ou não, desde que Alice aparecera suas lágrimas haviam voltado.

“Ele não está." Alice sentou-se ao lado da amiga e passou o braço em volta dela. "É triste eu sei,. Se o Jazz me deixasse eu não sei o que seria de mim. Mas você tem um motivo a mais para lutar. E um motivo muito forte.”

"Eu sei, mas dói." Bella disse num sussurro. "Ele tinha duas escolhas, mas ele escolheu a Universidade sem ao menos pestanejar. Ele me tratou como se eu fosse nada. Como se tudo o que vivemos nesse tempo todo não tivesse significado nada."

"Eu não consigo entender isso. O Edward que eu conhecia nunca faria isso."

"O Edward que você conheceu não passava de uma fachada." Pronunciar aquele nome depois de dias, deixava um gosto amargo em sua boca.

"Tem certeza que não aconteceu nada?"

"Eu dei a notícia e ele não me procurou. A mensagem dele foi clara o suficiente." Bella disse amargurada, enquanto secava suas lágrimas. Já estava cansada de chorar por ele, mas as lágrimas pareciam não se esgotar.

“Vamos fazer o seguinte. Nós vamos apenas ao restaurante da Sue. Se você não se sentir bem, voltamos logo em seguida.” Alice voltou ao tópico anterior da conversa. "Você precisa sair desse quarto antes que fique doente!"

Enquanto esperava os pedidos serem entregues, Bella se perguntava como deixara Alice arrastá-la justamente para aquele lugar, onde vivera tantas coisas com Edward. Tantas memórias que naquele momento apareciam como um bombardeio em sua mente. 

“…Daí ela me perguntou onde ficava a sala 20 e quando eu olhei naqueles olhos verdes, estava perdido.” Jasper contava a história de como ele e Alice haviam se conhecido, distraindo Bella por alguns momentos. 

“Você com certeza não imaginou a besteira que estava fazendo.” O humor de Bella estava agressivo, mas nada que Alice não soubesse como contornar.

“Olha como fala!” Alice reclamou com um sorriso.

“Esse cheiro de camarão está me enjoando.” Bella comentou assim que o garçom passou por eles com uma bandeja cheia de camarões.

“Quer sair daqui?” Alice perguntou.

“Acho que dá para ficar.”

“Você está com quantos meses?” Bella se assustou ao ver a naturalidade com que Jasper tratava sua gravidez, quando para ela mesma permanecia um tabu.

“Dois.”

“Você já sabe o que fazer da vida?” Alice perguntou, preocupada. Bella era boa demais para desperdiçar sua vida naquela cidade.

“Não faço a mínima ideia. Não tenho mais nenhuma condição de ir para a CalArts, mas também não quero ficar num lugar onde tudo me lembra ele. Onde todos vão ficar me encarando, me julgando. Como posso correr o risco de criar um filho num lugar que ele vai esbarrar com o pai pelas ruas e não vai nem poder falar com ele? Ou como explicar que ele tem avós paternos , mas que o pai dele mesmo não liga para ele?”  Bella não queria que o filho sentisse na pele a mesma rejeição que ela havia sentido. Naquele momento ela percebeu o quão forte eram seus sentimentos com relação ao bebê que crescia em seu ventre.

“Talvez o Ed…ele mude de ideia.” Alice tentou encorajá-la.

“Eu não acredito em milagres.” Respondeu secamente. Na verdade, ultimamente só acreditava em Deus, em sua família e em Alice, porque sabia que sem eles já teria cometido uma loucura.

“Por que você não vem para New York com a gente?” Jasper falou subitamente, fazendo ambas olharem para ele.

“O quê?” Bella arregalou os olhos estupefata.

“Excelente ideia, Jazz!” Alice comemorou.

“Nós estamos para abrir a empresa e logo precisaremos de pessoas trabalhando nela.” Jasper apresentou sua lógica.

“Mas eu não vou poder trabalhar depois que o bebê nascer.” Apontou Bella.

“Claro que vai. Daremos um jeito nisso!” Afirmou Alice, otimista como sempre. “Existem tantas mulheres que trabalham e conseguem criar os filhos mesmo sem a ajuda de ninguém.”

“Eu não sei.  New York é um sonho, mas é uma mudança muito radical. Meus pais nunca aprovariam.” Embora completasse dezoito anos antes do ano acabar, Bella tinha receios de sair de casa naquelas condições. Como faria para manter um bebê e se manter, sem poder trabalhar? Mesmo com Alice e Jasper oferecendo ajuda, Bella tinha medo de arriscar.

“Você tem que ver o que é melhor para você e para seu filho. Se você ficar aqui vai acabar se afundando numa depressão sem fim.” Observou Alice.

“Eu sei.” Bella suspirou. Ela sabia que Alice estava certa.

“Pense nisso. Você pode ficar na casa dos meus pais enquanto a Lice está enrolada com a empresa.” Ofereceu Jasper.

“Eu vou pensar, mas obrigada pela oferta.”

Dias depois

“Você tem certeza?” Renée perguntou pela última vez. Era sua última chance de conseguir fazer com que sua filha ficasse.

“Tenho. Eu não posso ficar aqui.” Bella disse decidida. Depois de passar dias questionando e pensando em seu futuro, Bella percebeu que era melhor arriscar um futuro do que ficar em um lugar sem qualquer futuro.

“Eu sei.” Renée já havia se conformado que aquela partida era o melhor para a sua filha, mas nem por isso a separação era menos dolorosa. "Se alguém perguntar por você, o que eu digo?”

“Diz qualquer coisa, só não diz onde eu estou.” Pediu Bella.

“Mesmo para Esme e Carlisle?”

“Sim. Eu não posso lidar com isso agora.” No momento, Bella precisava se afastar de tudo e de todos, principalmente dos pais dele.

“Eles tem diretos. ” Renée disse simplesmente.

“Eu sei.” Bella assentiu. Um dia ela permitiria que eles tivessem aqueles direitos. Só que aquele dia não era hoje. Ambas saíram da casa, onde Charlie se encontrava com Jasper e Alice.

“Tchau, pai.” Bella se despediu, abraçando-o. Foi um abraço estranho- já que ambos não eram muito afetivos- mas nem por isso tinha menos sentimentos.

“Tchau. Se cuide. Está levando o spray de pimenta?”

“Sim.” Bella riu. “Tchau, mãe.”

“Tchau, meu amor. Assim que você completar as 30 semanas, eu vou ficar com você” Renée lembrou, enquanto abraçava a filha. Bella queria dizer que não seria preciso, mas ela sabia que ia precisar da sua mãe a cada segundo no fim de sua gravidez.

“Está bem”

“Eu vou morrer de saudades.” Renée finalmente a soltou.

“Eu também.” Bella tentava controlar as lágrimas.  “Adeus.”

“Tchau, Sr e Sra Swan.” Jasper se despediu de ambos com um aperto na mão.

“Tchau. Cuidem bem dela.” Charlie ordenou.

“Não duvide disso.” Alice sorriu.

“Tchau.” Renée despediu-se dos dois.

“Eu amo vocês.” Bella abraçou ambos os pais.

“Nós também.” Charlie e Renée sussurraram.

Bella se separou dos pais e entrou no carro. Por um instante, as memórias de dezoito anos invadiam sua mente. Memórias essas que sempre a acompanhariam. Não podia apagá-lo delas. Ele havia sido uma pessoa importante em sua vida, mas aquele passado ficaria ali em Forks. Ela respirou fundo quando o carro passou em frente a casa dele. Precisava enterrar aqueles sentimentos de uma vez por todas pois só assim conseguiria seguir em frente.

Ela estava começando uma nova vida, e aquele era seu primeiro passo. 


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