Inconsciência escrita por Gabi


Capítulo 1
Único




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Ele havia me pedido para ir até lá. Lembro-me perfeitamente de sua voz tranqüila no telefone marcando um encontro neste lugar perto de nossas casas. Lembro-me como meu coração bateu forte ao ver que o número chamando era o dele, mesmo já tendo recebido ligações dele diversas vezes. Mas é essa a sensação que ele causa em mim, como se eu nunca fosse me acostumar com sua presença. Sempre me deixando vermelho e com o coração aos pulos. Mas agora não era esse tipo de sensação que eu estava sentindo. Com os olhos arregalados, não acredito no que vejo à minha frente.  Meu corpo treme numa mescla de raiva e decepção. Sinto que vou desabar a qualquer momento, enquanto as lágrimas já escorrem, marcando dolorosamente meu rosto. Meu coração parece que vai explodir ou se quebrar em milhares de pedacinhos, sendo então levados pelo vento.

Enquanto meus olhos captam a imagem inacreditável à minha frente, minha mente luta inutilmente, desacreditando de tudo isso e recusando-se a aceitar. Minhas mãos começam a suar e minha garganta fica seca e áspera. Uma onda de náusea desencadeia em mim com grande rapidez e tudo à minha vai ficando cada vez mais confuso. Balanço a cabeça para trás e para frente mecanicamente, enquanto forço minha vista para ter certeza absoluta de que o que estou vendo não é um engano. Mas por mais que eu tentasse minha mente havia bloqueado todos os sentidos em mim.

 Vou me aproximando devagar, em direção àquelas duas pessoas aninhadas entre si. Corpo a corpo, mãos com mãos e face com face. Meu estômago se embrulha com a cena repugnante e minhas pernas ficam fracas e trêmulas. Sinto que estou escorrendo pelo chão, caindo mais a cada passado dado com dificuldade. Parece que neste momento o tempo parou, porque enquanto me aproximo de seus corpos unidos, eles se afastam mais de mim. Não vejo o que está em minha volta, meus olhos estão fixos na imagem à minha frente. Não tenho mais noção alguma do que estou fazendo e para onde estou indo. Minha mente me abrigou a não prestar a atenção em nada mais, apenas naquilo que eu realmente não queria ver.

Então fico próximo o bastante para confirmar o que eu já sabia, mas que ainda insistia em acreditar que era apenas uma imagem da minha mente, um engano. Mas é ele, disso eu não tenho dúvidas. Eu nunca iria confundir sua imagem com outra. Lá estavam seus cabelos castanhos escuros, um pouco grandes, caindo-lhe a face. Aquelas costas já me eram conhecidas e seu corpo magro, mas forte, que sempre me acalentou, naquele momento abraçava outra pessoa. Suas mãos quentes que viviam acariciando meu cabelo e meu rosto, agora seguravam fortemente a cintura do indivíduo ao lado. A imagem se repete em minha mente e eu procuro seu real significado, mas não achando nenhum.

Meu coração palpita profundamente, ocasionando uma dor aguda em meu peito. Então meus olhos enxergam o que eu tinha esperanças de ainda não ver. Seus lábios macios e rosados colados com tamanha veracidade nos lábios do desconhecido. Arfo, sentindo as lágrimas caindo dos meus olhos compulsivamente. Sinto o enjôo tomar conta de mim mais uma vez, tão forte quanto antes que por um momento sinto que vou cair. Meus joelhos devem ter começado a tremer, porque de repente tudo à minha volta oscilou. Nojo é o que eu sinto, misturado com a dor e a aversão. A consciência começa a me invadir, as ocorrências já não estão tão confusas e a realidade dói. Dói como ácido em minhas veias.

Então antes que eu pudesse chamar por seu nome, ele descolou seus lábios do indivíduo, ainda com o corpo abraçado ao dele, e olhou para mim. Paraliso a poucos metros dele no momento em que seus olhos encontram os meus. Calorosos e alegres como sempre foram, não possuíam um pingo de arrependimento ou culpa. Ele me olhava como se nada estivesse acontecendo, ao mesmo tempo em que permanecem com a mesma intensidade que sempre tiveram. Agora ainda mais impactantes, machucando-me apenas com seu olhar.

- Taemin, achei que você nunca fosse chegar – ele diz, sem se desgrudar da pessoa ao lado. Sua voz era calma, quase como se estivesse brincando comigo do jeito que sempre fez. Estranhamente normal. Como se o errado fosse eu por estar ali atrapalhando seu “encontro”.

Não sei o que responder. Tudo isso estava me deixando louco. Por que ele estava fazendo isso comigo? Olho sem compreender para seu rosto e ele me fita de volta sem desculpas. Eu poderia enxergar além de seus olhos e ver a essência por dentro das pedras de ônix, mas, no entanto, cair nas profundezas do buraco que estava se formando dentro de mim, sem conseguir ver uma resposta para tudo isso. Eu não conseguia alcançá-lo como antes.

- MinHo... – começo, quase num sussurro. É difícil dizer seu nome naquele momento sem fraquejar. Eu mal conseguia reconhecê-lo. Eu mal conseguia respirar. – O que você... Como pôde?

Não queria estar chorando na frente dele, mas eu já não tenho controle sobre minhas lágrimas. Elas escorrem livremente molhando todo meu rosto. Meus olhos provavelmente já estão inchados e vermelhos.

Ele respirou fundo.

- Taemin, você já deveria saber disso há muito tempo. Venho tentando lhe contar sobre isso há meses, mas você nunca me deu uma oportunidade.

Respiro fundo também, parecia uma opção aceitável, considerando que eu não sei o que fazer. Engulo em seco, sentindo a aspereza da minha garganta.

– Me avisar o que? – minha voz é rouca e fraca, diminuindo a cada palavra.

MinHo faz uma pausa, analisando-me por um momento. Com movimentos leves ele se afasta da pessoa ao seu lado, mas a conexão entre os dois era tão forte que mesmo separados ainda é visível que estão juntos. Mordo meu lábio inferior com força, esperando sua resposta. Não estava mais agüento ficar ali. O que ele esta fazendo comigo é imperdoável e inadmissível. Durante todo esse tempo em que estivemos juntos... Ele estava brincando comigo, era isso? Neste momento eu já não tenho dúvidas que sim.

Ele suspira profundamente, pensando em como prosseguir. Talvez vendo uma a melhor forma de dizer sem me machucar. Mas isso não fazia sentido nenhum, pois já estava feito. Eu já estou machucado. Depois que me retirasse daqui, independente da resposta que eu receber, a feriada aberta em meu peito nunca mais vai se curar. Cicatrizar sim, com o tempo irá sobrar apenas um marca, mas a dor continuará ali, disso eu tenho certeza.

Seus olhos intensos se fixam em mim e então ele diz:

- Eu não quero você – pronuncia com um aspecto diferente. As palavras saíram de modo calmo e preciso, seus olhos radiantes em meu rosto, observando-me absorver o que ele estava dizendo. Mas eu não fiz nada, permaneci quieto e parado. Fico surpreso comigo mesmo por ainda não ter ido de encontro ao chão. Deve ser porque estou completamente entorpecido. Não entendo ainda o que ele diz. As palavras soavam ao redor de mim, mas eu não consigo decifrá-las. O mais entranho havia sido sua forma de dizer. Sua voz era calma, mas suas palavras cruéis. Novamente a sensação de que eu estou errado por querer satisfações vindas dele.

Houve uma pausa enquanto eu repetia suas palavras na minha mente, tentando encontrar uma razão para tudo isso. Mas nada, definitivamente nada parecia ter solução. As palavras não foram absorvidas por mim. Por um momento eu apenas enxergo os lábios dele se mexendo, mas sem sair som algum. O único barulho estável era o das batidas fracas e melancólicas do meu coração. Ficando cada vez mais baixas até permanecer apenas uma leve vibração em meu peito. Sinto-me num vácuo, onde som algum me alcança, mas os sentimentos dolorosos perpetuem.

- Você... não... me ama? – experimento perguntar. A forma como as palavras se juntaram na frase era estranha. Nunca havia imaginado que um dia iria ter que lhe fazer essa pergunta.

Seus olhos não ficaram arrependidos, confusos ou frios. Pelo contrário, permaneceram radiantes e alegres, como se nada o abalasse. MinHo olha para traz na direção da pessoa que havia arrancado de mim a minha razão de eu viver. Aparentava duvida, mas logo depois ele volta a me encarar. Nada, nem uma simples mudança em seu olhar calmo.

- Não.

Fecho meus olhos com força, sentindo o enjôo subir por minhas estranhas, enquanto a dor lancinante surge em meu peito. As lágrimas passaram a escorrer num escarcéu. Mesmo com a visão embaçada, vejo ele se levantar e se desprender do abraço apertado daquele indivíduo. Ele era invisível para mim, por mais que eu olhasse, não conseguia enxergá-lo. Como se minha mente tivesse bloqueado tudo que não está ligado a ele, tudo que pode me deixar pior. Antes de MinHo se afastar completamente, segurou calmamente o rosto da pessoa e a beijou na minha frente.

Desvio o olhar rapidamente, mas era tarde. Ele já tinha feito. Meu coração de repente para por uns segundos, para depois voltar a bater numa frenética dolorosa e desgastante. Todo meu corpo ficou dormente e eu não sinto mais nada da cabeça para baixo. Inspiro com dificuldade e reflito porque ainda estou ali. Não tinha mais porque permanecer neste lugar e engolir isso tudo. Já tinha visto demais e me decepcionado demais. Com as mãos em punhos, abro meus olhos, já pronto para dar meia volta e deixar para trás tudo aquilo que eu tinha amado e acreditado. MinHo estava arrancando parte de mim e, ao invés de usar para si mesmo, estava destruindo-a na minha frente.

Mas no momento em que abri meus olhos o encontrei perto de mim. Perto demais, de forma que meu coração doeu novamente. Começou a bater em ritmo de indecisão, enquanto parte de mim queria bater nele a outra parte queria traçar os braços ao redor de seu pescoço e nunca mais soltar. Com movimentos leves MinHo levou a mão ao bolso de sua calça, procurando algo bem ao fundo. Então ele abriu sua palma novamente e eu pude ver uma aliança prateada, igual à que estava em meu dedo. Ainda me lembro bem. Ele mesmo havia me dado a aliança depois de alguns meses que estávamos juntos e me surpreendeu com este simples e delicado anel prateado.

Ele pegou a minha mão, vendo que eu não me mexia, e a abriu. Colocou a aliança no meio da minha palma e esperou. Novamente aquele choque elétrico de leve que seu toque causa em mim, fazendo cócegas no local onde sua mão quente passou. Mas agora essa proximidade dói dentro de mim. Devagar meus olhos descem até a aliança em minha mão, ao lado do par que estava em meu dedo. Olho para cima e MinHo está sorrindo para mim. Isso estava me matando. Eu não o reconheço, é uma pessoa completamente diferente da que eu amei. Engulo em seco. Eu ainda o amo.

Aperto a aliança com força, ainda sentido as lágrimas escorrerem. Respiro profundamente e sinto meu peito inchar e meu interior doer. Então novamente o choque elétrico desencadeou por meu corpo, no momento em que MinHo bateu de leve sua mão no topo de minha cabeça. Ele não podia fazer isso, tinha que se afastar. Depois de tudo isso eu não consigo ter ele por perto mais.

- Cuide-se – sussurrou ele contra minha pele. Então antes que eu pudesse falar qualquer coisa, ele se afastou. Distanciou-se de mim e voltou ao encontro do indivíduo, entrelaçando novamente seus braços naquele corpo.

Eu sabia. Eu o tinha perdido para sempre. Não... Ele havia me perdido.

Não tenho mais porque ficar ali. Com a visão turva por causa das lágrimas, olho as alianças em minha mão. Sinto uma amargura crescente e intensa naqueles simples aros de prata. Retiro a aliança que está em meu dedo e miro agora as duas juntas, mas ao mesmo tempo completamente separadas. Então, com as mãos fracas, as solto no chão. Ouço apenas o tintilar delas de encontro ao chão. Com isso eu estou deixando tudo para traz. Definitivamente.

Viro-me, ainda de cabeça baixa, não me permitindo olhar novamente para os dois. Minhas pernas continuam bambas, mas traço o caminho de volta sem parar. A consciência voltando à estabilidade, o lugar onde estou deixando de ser confuso, para tomar a forma de antes. A realidade torna-se densa em meus ombros. O que irei fazer agora é um mistério. Um dilema do qual ainda não estou em condições de resolver.

O tempo já não fazia sentido enquanto eu avanço bem devagar para lugar nenhum. Passaram-se horas, mas também se passaram segundos. Parece que não saio do lugar independente da distância que percorro. Não me permito olhar para trás em momento algum, enquanto arrasto meus pés lentamente pelo chão. Respirar se tornou difícil a cada passo dado. Eu não era o mesmo e nunca iria ser. MinHo havia conseguido criar uma ferida profunda demais em meu peito. Desprendeu-se de mim de forma tão brusca que parte de mim não resistiu e se foi com ele.

Inspiro profundamente e com dificuldade, não sabendo até onde vou agüentar. Paro por um instante, sentindo minhas pernas cada vez mais fracas, até que uma brisa leve passa por minhas costas. Levemente a brisa vai agitando os cabelos da minha nuca e causando barulhos em meu ouvido. Sonidos irreconhecíveis no primeiro momento, até que no meio deles uma voz surgiu.

Alguém chamava por meu nome. Era uma voz abafada e longínqua, mas totalmente reconhecível. Não havia sombra de dúvida, a voz era dele. Franzo o cenho, irritado. Não iria olhar para trás. Depois de tudo ele ainda tinha coragem de chamar por mim? Estava arrependido? Veio me machucar ainda mais? Tenho milhares de perguntas e nenhuma resposta, mas não faço questão de tê-las.

Volto a andar, mas agora um pouco mais rápido. Ouço novamente sua voz aveludada me chamar. Como era insistente. Meus passos ficam mais fortes, extravasando a raiva a partir de minhas ações. Mas então sua voz começa a ficar mais alta e meu corpo começa a ser balançado. Pressiono meus olhos com força, tentando lutar contra ele. Tentando lutar contra o sentimento que sinto por ele que ainda existe dentro de mim.

- Taemin. Taemin...

Não, eu tenho que resistir a isso. Não posso me deixar levar com tanta facilidade. Sua voz agora me dava repulsa. Mesmo tentando me livrar de seu toque, meu corpo continua a sacudir. Agora era tarde demais para voltar. Por mais que ele me chame nada irá mudar. Ele quis que eu me desprendesse então agora terá que arcar com as conseqüências. Sinto raiva, enquanto interiormente me coração clama para que ele pare, pois estou por um fio de desmoronar.

- Taemin, me responda, por favor.

Continuo de olhos fechados, enquanto meu corpo volta a ser balançado. Então percebo outras percepções em mim. Mesmo de olhos fechados percebo uma claridade mais forte em direção aos meus olhos. Não estou mais de pé e agora me encontro deitado em algo mais macio que o chão. Meu tato se aguça e sinto as pontas de dedos em meus braços de leve, balançando-me devagar. Curioso como esses sentidos que antes estavam escondidos, agora estão presentes e acentuados. Abro os olhos devagar e me surpreendo. A realidade é ali.

Mas bem na minha frente estava quem havia criado uma ferida profunda em meu peito.  MinHo parou de me balançar quando percebeu que meus olhos se abriram. Firmo minhas mãos na superfície macia e me sento. Fico cego por um momento, até meus olhos se acostumarem com a luz que vinha da janela. Então, quando a claridade já não é mais incômoda, reparo em MinHo na minha frente.

Também estava sentado na cama – como percebo agora – vestindo apenas uma calça branca folgada. Seus cabelos estavam desarrumados e seus olhos não eram como eu havia visto antes. Não estavam radiantes e sim repletos de preocupação. Olho para mim mesmo e percebo que estou praticamente no mesmo estado, mas estou vestindo também uma camiseta cinza clara. Então a realidade cai em mim de uma vez e eu suspiro aliviado. Tinha sido apenas um sonho.

Um pesadelo para ser mais claro.

- Taemin, você está bem? – ele pergunta com a voz baixa por causa da nossa proximidade. Mas mesmo estando praticamente sussurrando é perceptível que ele esta preocupado.

Respiro profundamente e balanço a cabeça em confirmação.

- Foi apenas um pesadelo – digo, suspirando logo depois. Era bom sentir o alívio.

 Ele pareceu ficar aliviado, não tenho certeza. Ainda não tive coragem de olhar diretamente em seus olhos. Fico imaginando o que eu devo ter feito enquanto estava sonhando, se disse algo ou fiquei inquieto demais, pois MinHo estava mesmo preocupado.

A cama balança um pouco e o colchão fica mais fundo onde estou. MinHo se apoiou com as mãos na cama ao meu lado, pressionando para dar sustentação para seu corpo. Estava a centímetros de mim. Mesmo sabendo que tudo aquilo havia sido um sonho, meu peito ainda sentia pontadas fracas da dor que tinha sentido. Queria abraçá-lo e traçar uma linha de beijos de seu pescoço até os lábios, mas a imagem dele ao lado daquela pessoa ainda estava em minha memória, se repetindo incansavelmente. Olho de soslaio para cima, a procura de seu rosto e encontro as duas pedras ônix a olhar para mim. Tão atrativas e hipnotizantes que eu me esqueço de tudo por um momento. 

Então calmamente ele se apoiou nos joelhos e colocou suas mãos em meu rosto. O mesmo choque elétrico sobe por minha espinha e a sensação de cócegas fica à flor da pele. Vejo seus olhos ficarem semi-abertos no momento que em seus lábios estão a mínimos centímetros dos meus. Já posso sentir seu hálito fresco em meu rosto, fazendo minha cabeça girar. Mas segundos antes, quando ele está prestes a me beijar, eu me lembro do sonho. A lembrança se fixando exatamente na cena em que ele esta beijando os lábios do indivíduo. Bastou apenas isso para eu encostar minhas mãos em seu peito nu e o afastar.

MinHo não me impede, mas não se afasta totalmente de mim. Passa agora a me olhar confuso.

- O que foi? – perguntou, parecendo preocupado novamente.

Arranho a garganta um pouco. – Não é nada. – Tento ser sincero, mas no final ele sempre iria perceber. MinHo me conhece melhor do que qualquer um.

- Com o que você sonhou? – me surpreendo com a pergunta. Como ele sabia que era por isso?

Não respondo de primeira. Abaixo o rosto e passo a olhar minhas próprias mãos. Não fazia nenhum sentido, mas eu estava com medo de contar a ele. Engulo em seco e sinto sua mão quente descansar em cima da minha, apertando-a de leve, me incentivando a responder. Suspiro, deixando o ar sair por meus lábios lentamente.

- Sonhei com você... – começo e ele me olha de forma categórica. Talvez imaginando como um sonho com ele poderia ter sido tão ruim. Engulo em seco, não sabendo como prosseguir – E tinha outra pessoa, e vocês eram... Vocês estavam... – paro, não conseguindo terminar. Meus olhos lacrimejam sem que eu pudesse perceber, deixando-me irritado por não conseguir controlar minhas emoções hora nenhuma. Não estava adiantando nada isso. Eu deveria apenas esquecer e deixar para lá.

Ele suspira, ficando com o olhar pensativo. Ele havia entendido a minha resposta, mesmo eu não chegando ao fato definitivo. Então se aproxima de mim novamente, entrelaçando os braços ao redor dos meus ombros e abraçando-me delicadamente. Percebo a semelhança desse abraço para o que ele havia dado à outra pessoa no meu sonho, mas a diferença, apesar de pequena, era gritante. Seu abraço em silêncio dizia mais do que mil palavras. Era diferente porque eu sinto o calor de seu corpo se propagar até o meu, acalentando-me por completo. Seus batimentos calmos, quase numa sinfonia, invadirem meus ouvidos. Ouço-o dizer, no silêncio do quarto, que pertence só a mim.

Ele se afasta o mínimo possível e leva suas mãos ao meu rosto novamente. Seus dedos enxugam as lágrimas que estavam prestes a cair.

- Você é muito bobo sabia? – diz MinHo, rindo de mim e deixando-me maravilhado por sua beleza encantadora. – Você não precisa ficar se preocupando com isso, foi apenas um sonho.

Ele tem razão. Ele sempre tem razão. Não tenho mesmo porque ficar preocupado com isso. – Eu sei...

Ele não se convenceu, parecendo ouvir o ceticismo em minha voz. Num movimento rápido ele se aproximou de mim e selou seus lábios contra os meus, ignorando qualquer que fosse o esforço para afastá-lo. Mas eu não o fiz. Não o neguei. Toda a resistência virou pó no momento em que nossos lábios se encontraram. Deixei-me levar por seu beijo quente, enquanto suas mãos foram do meu rosto para a minha nuca. Tudo que eu havia sonhado foi sumindo devagar, as lembranças horríveis se desmanchando como pintura a óleo. Até que apenas a sensação de seu toque permaneceu.

Seu beijo foi ficando mais intenso eu retribuo da mesma forma que ele. Meu coração martelando num ritmo desarticulado contra meu peito. Minha respiração transforma-se num arquejo quando ele me empurra devagar, deitando-me na cama, segurando minha cintura com força e pressionando meu corpo contra o seu seminu. Sinto um arrepio subir pelas minhas costas até a minha nuca. Seus cabelos um pouco grandes fazendo cócegas em meu rosto.

Então da mesma forma repentina que ele me beijou, ele se afastou. Novamente o mínimo possível, eu ainda podia sentir seu hálito fresco em meu rosto. MinHo deita seu corpo ao lado do meu, puxando-me para perto e beijando o topo de minha cabeça. Eu arfava sem me preocupar em ser percebido, não tinha como esconder os sentimentos perto dele.

- Eu amo você – sua voz saiu num sussurro quase perto do meu ouvido, mas alto o suficiente para eu ouvir. Novamente meu coração da um pulo certeiro e meu interior se agita de felicidade. Eu também o amo, mais do que ele pode imaginar, mas a minha alegria é tanta que eu consigo apenas abrir o maior sorriso possível. E para ele fora o suficiente, pois só com as batidas frenética do meu coração ele sabe que eu sinto o mesmo.

As pedras ônix ficam olhando para mim, reparando em cada linha do meu rosto. Eu já não estava constrangido, só podia aproveitar sua companhia naquele momento. Nossos rostos estavam próximos e sua mão acaricia meu cabelo devagar.

- Durma novamente, ainda é cedo. – ele diz, roçando os dedos de leve pela linha do meu queixo e subindo novamente até a curvatura dos meus lábios.

Balanço a cabeça em negação. Não queria dormir agora. Temo em ter o mesmo sonho no momento em que meus olhos se fecharem novamente.

Ele pareceu entender minha oposição.

- Você não vai mais ter pesadelos – sussurra, parando de acariciar meu rosto e segurando a minha mão. – Afinal de contas, eu estou aqui com você.

Olho para nossas mãos dadas, admirando a aliança que estava em seu dedo completar a que estava no meu. Elas estavam juntas de verdade agora. Uma completando a outra em todos os sentidos. Dou uma ultima olhada para o rosto de MinHo e sorrio desajeitadamente. Então vou fechando minhas pálpebras devagar, ainda de mãos dadas com ele. Como MinHo havia dito não tem porque eu temer. Aperto minha mão contra a sua, sentindo mais uma vez o calor de seu toque. Ele está ali. Suspiro devagar, entrando então nas profundezas da inconsciência. 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Eu queria mais do final, mas enfim... eu nunca fico satisfeita mesmo IUDHASUI D:Estarei postando mais uma oneshot logo logo e uma longfic mais futuramente, então espero ver vocês aqui novamente em breve :DReviews serão MUITO bem vindos *-*Obrigada por lerem,beijos da Gabi unnie.