Come And Save Me Tonight escrita por Lively Storm


Capítulo 8
Duas faces da mesma moeda


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente...
Ainda tem alguém aí?
Eu juro, juro pra vocês que eu estou tentando.
É muito difícil... E a minha rotina não ajuda.
Não vou abandonar essa história.
Não desistam de mim... Não me abandonem.
Eu só peço um pouco de paciência.



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O suspiro comprido escapou-lhe enquanto escovava os cabelos castanhos que lhe chegavam quase até o meio das costas. Olhou com o rabo dos olhos para a peça de roupa vermelha e branca dobrada com perfeição sobre  a penteadeira do quarto decorado em tons de amarelo.

A já esperada batida delicada na porta não demorou a vir. Rachel não estranhou... Ela sabia que viria. Era um ritual. Um ritual que se repetia todos os dias, desde que ela tinha consciência de que existia.

Quem batia, não esperou pela resposta e no segundo seguinte, Rachel via Leroy vindo em sua direção. Um sorriso enorme já característico no rosto e um copo de água na bandejinha cor de rosa, comprada única e exclusivamente para aquilo.

A bandeja foi deixada no criado mudo ao lado da cama e só então Leroy se aproximou de Rachel, que acompanhava os movimentos do homem extremamente alto pelo reflexo do espelho.

Viu quando ele se inclinou para beijar-lhe o topo da cabeça o sorriso cansado foi quase instantâneo, diferente dos outros que se obrigara a dar desde que chegara da escola naquela segunda-feira.

- Água para a garganta de ouro de Lima.

O sorriso aumentou, não deu pra segurar. Rachel se deixou recostar contra o corpo que se postara atrás dela, ainda de frente para o espelho. As mãos carinhosas do pai ganharam os ombros cobertos pelo pijama de bichinhos.

- O que está preocupando minha estrelinha? Problemas com o Finn?

Rachel suspirou, fechando os olhos por uma fração de segundos.

Não que Finn não estivesse em seus pensamentos... Mas curiosamente nem a briga horrorosa na noite de sábado a afetara tanto quanto o que vira no banheiro pela manhã. Forçou-se a sorrir outra vez.

- Está tudo bem com o Finn, papai... – Não, não estava. Mas o problema que estava tendo com o namorado não era bem o tipo de problema que você conta para o seu pai, caso queira que o rapaz continue inteiro... E “macho reprodutor”.

- O que foi então, hum?

Os olhos castanhos por instinto correram para o amontoado de tecido dobrado a apenas alguns centímetros dali.

- É aquela sua saia? O seu pai é ótimo com manchas daquele tipo, meu amorzinho. Não precisa ficar preocupada, ela não foi completamente arruinada.

- Não é isso, papai...

- O que foi então?

Outro suspiro... Como explicar para uma das únicas pessoas que sabem e secaram suas lagrimas por causa das humilhações repetidas que você está preocupada justamente com a causadora de mais da metade de todo aquele choro?

- Eu vi uma amiga minha chorando hoje...

- Chorando?

- É...

- Sei... E onde ela estava chorando?

- No banheiro...

- Oh... Uma amiga da escola – Rachel concordou com um gesto de cabeça. – Uma das meninas do coral? – Outra concordância. – E o que você fez?

- Eu... Ahn... Bem... Eu a abracei. Ou melhor, ela me abraçou.

Leroy sorriu, acariciando agora os cabelos castanhos. Esperou que ela continuasse... Não aconteceu.

- Quer falar sobre isso, estrelinha?

- Foi estranho, papai.

- Por que?

Rachel chegou a abrir a boca para responder. Mas pela primeira vez em muito tempo, Rachel Berry não sabia exatamente o que dizer. Não sabia responder aquela pergunta absurdamente simples. Por que ela se sentira tão estranha só por Quinn tê-la abraçado daquele jeito? O que exatamente era estranho, Quinn se deixar ver naquela situação ou Quinn ter visto em Rachel um porto seguro?

Leroy sorriu quando o silêncio se estendeu por segundos a fio. Beijou-lhe a cabeça uma vez mais e não demorou a sair do quarto, desejando à filha adorada uma boa noite de sono e que não se preocupasse tanto. Adolescentes choram e é normal, porque crescer dói.

Leroy se foi.

A dúvida não.

O livro que seria usado na última aula daquela terça-feira veio para a mochila que Quinn trazia à tiracolo e por fim o armário foi fechado.

- Berry – Mickahill sussurrou e Quinn se virou por instinto para a direção em que seu anjo olhava.

Rachel estava ainda no começo do corredor. Vinha abraçada a um par de livros. Livros de literatura, Quinn deduziu.

Por algum motivo desconhecido, Rachel desaparecera o dia todo... E em troca recebera toda a gratidão de Quinn, por evitar algum tipo de situação além de constrangedora.

Mick passara a manhã toda tentando lhe convencer de que não era lá assim tão ruim ser pega chorando no banheiro da escola. Mas Mick não era uma Fabray e não entendia como o orgulho Fabray machucava às vezes.

O segundo dia sem a armadura a qual Quinn já estava confortavelmente habituada não fora tão ruim quanto o primeiro. E agora, podendo usar uma de suas tiaras favoritas que combinava perfeitamente com o tom de loiro de seus cabelos, a sensação de que talvez abandonar o rabo de cavalo comportado demais às vezes não era uma ideia tão ruim assim.

Quinn acompanhou Rachel com os olhos. Barbra sempre um passo a frente, tomando para si a maior parte dos olhares maldosos que a turma de jogadores de futebol que estava alguns metros à frente no corredor lançou para Rachel e os devolvendo da melhor maneira possível. O que parecia era que toda aquela negatividade não atingia Rachel Berry, que continuava a andar de queixo erguido.

“Então é assim que funciona...”

Mick concordou com a cabeça, orgulhosa, e Quinn não pode conter uma risadinha enquanto pensava que anjos eram muito, muito exibidos.

- Quinn?

Rachel se aproximara o suficiente para que Quinn pudesse ouvi-la.

A resposta foi um erguer de sobrancelhas.

- Eu vim agradecer... E devolver a saia que você me emprestou.

Quinn jogou a mochila sobre o ombro esquerdo e estendeu ambas as mãos para receber a peça de roupa que lhe era oferecida, concordando com a cabeça.

- Eu realmente não vi você ontem, Rachel.

‘Rachel...’

A morena piscou algumas vezes, confusa e Quinn franziu o cenho.

- Ela está estranhando você ter usado o nome dela.

Mick respondeu antes mesmo de Quinn formular a pergunta.

“Mas eu sempre a chamei pelo nome...”

- Não mesmo. – Barbra empertigou-se, erguendo o nariz enquanto esbanjava arrogância.

“Você não gosta de mim mesmo, não é?”

Quinn suspirou, desviando os olhos de Rachel por fim.

Rachel pigarreou... E Quinn teve certeza que novamente sua sanidade estava em questionamento.

- Tudo bem, Quinn. De qualquer forma, obrigada. Agora eu preciso ir, não posso me atrasar para a aula de literatura. Minhas notas estão ligeiramente abaixo da média e isso não é bom. Quer dizer... Não a média da sala. A minha média. Meus pais já estão ficando preocupados e...

 Quinn sorriu, meneando a cabeça. Há duas semanas atrás, toda a tagarelagem de Rachel a irritaria... Acontece que Mick sofria exatamente do mesmo mal. E o que antes ela julgava ser irritação, descobriu que era apenas graça. Achava engraçadinho aquela mania Berry de disparar a falar. O que a irritava era achar alguma coisa em Rachel que fosse “engraçadinha”.

Mas agora Rachel não estava mais falando. Novamente a olhava de uma maneira estranha.

- Bem... Você está indo para a aula de literatura, não?

Rachel ponderou. Quinn Fabray sabendo de sua agenda era um pouco demais.

- Estou... – A desconfiança ficou mais que evidente. Ela simplesmente não soube disfarçar.

- Somos da mesma turma, Rachel. – Quinn explicou, enquanto abria o armário uma vez mais para guardar a saia recém devolvida. – E eu acho que se não nos apressarmos, vamos chegar atrasadas.

Rachel ainda a olhava com aquela expressão estranha, mas simplesmente anuiu, esperando Quinn.

Não chegaram a dar mais de três passos e Sue Sylvester se colocou na frente da dupla. Trazia Becky consigo.

- Quinn Fabray...

- Treinadora.

- Eu posso saber qual o motivo de não estar te vendo no treino das cherrios, Quinn? Ontem eu tive que pedir para Santana cuidar dos tomates para jogarmos nas calouras porque você não estava lá para cumprir o seu papel, Fabray. Você acha isso justo?

Rachel sentiu os próprios olhos se arregalando, enquanto olhava de Quinn para Sue e então para Quinn novamente.

- Miss Sylvester, eu estou doente.

- Estou te vendo de pé, Fabray.

- Treinadora...

- Sem mais, Quinn. Acho bom te ver nos nossos treinos a partir de amanhã, se ainda quiser fazer parte da minha equipe. – Só então Sue pareceu perceber Rachel ali tão perto. E a pequena se encolheu, sem conseguir se conter, quando os olhos azuis de Sue se prenderam nela. – E eu fiquei sabendo por aí que você anda cedendo o manto sagrado das cherrios para gente que não seria merecedor de usa-lo nunca, Quinn. Espero sinceramente que isso seja mentira. – Obviamente Sue falava do uniforme emprestado. Rachel se sentiu corar até a raiz dos cabelos.

- Eu não sei do que você está falando.

O cinismo de Quinn fez Rachel voltar a encara-la, os lábios ligeiramente entreabertos.

Sue não respondeu, apenas passou por entre as duas meninas, empurrando Rachel o mais duramente possível contra o conjunto de armários à sua direita.

E foi então que Quinn pode ver.

A ligeira onda de tontura que ela julgou ser por culpa do movimento de Sue trouxe junto consigo a visão de um rapaz. Se vestia em um tom de marrom horrível dos pés à cabeça e olhava Rachel com um sorriso tão horrível quanto a cor de suas roupas.

Olhou para Quinn e por uma fração de segundos, ela sustentou-lhe o olhar. Pode ver o sorriso de puro escárnio morrer nos lábios bem feitos pouco a pouco, antes que ele continuasse a seguir Sue, enquanto ela arremessava outros estudantes enquanto passava, abrindo caminho para si e para Becky.

Podia sentir Mick ao seu lado... Podia sentir Barbra acariciando quase o mesmo ponto que Rachel esfregava, temendo um hematoma... Suspirou, a cabeça latejando.

- Quinn...

“O que é aquilo?”

Foi a vez de Mick suspirar. Quinn se virou para encontrar os olhos castanhos preocupados, como se não soubesse como falar o que precisava ser dito.

- Toda moeda tem duas faces.

A frase foi dita com toda a simplicidade do mundo. Simplicidade traída pelo tom preocupado da voz.

Era óbvio, não?

Quinn sentiu as próprias cores se esvaindo. A onda de tontura ficou ainda mais forte. A mão direita ganhou a parede, enquanto a esquerda apertava a ponte entre os dois olhos.

Pode sentir quando Rachel se aproximou. O silencio durou ainda por bons segundos. Quinn começava a desconfiar que Berry tinha uma espécie de receio de lhe dirigir a palavra e isso a incomodou de uma maneira extremamente estranha que Quinn não soube explicar o porquê.

- Está tudo bem?

A preocupação novamente se fez notar na voz idêntica à anterior, mas que Quinn aprendera a distinguir da outra em muito pouco tempo.

- Não.

Sinceridade lhe pareceu o melhor caminho. O que mais ela poderia fazer?

Rachel se aproximou. Cobriu a mão que lhe servia de apoio... Trouxe-a para si.

- A enfermaria não fica muito longe...

“Mick...”

- Eu estou aqui. Vai ficar tudo bem.

- Vamos, criança. – Barbra também se achegou, acompanhando o gesto de Mickahill de tocar as costas de Quinn, enquanto a menina se deixava conduzir por Rachel, fraca demais para sequer pensar em se opor.


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Notas finais do capítulo

Com amor,
Larissa
PS: eu sei que a história está confusa.
Eu não posso escancarar tudo... Mas se vocês lerem com atenção, tenho certeza que vão entender.