Come And Save Me Tonight escrita por Lively Storm


Capítulo 5
Just Quinn


Notas iniciais do capítulo

Eu voltei, ó.
Disse que voltaria. Hahaha
Vocês pediram Rachel... Eis Rachel!
Eu não posso responder tooodas as dúvidas de vocês, porque senão vai perder a graça. Tento deixar claro através da própria história, o mais claro possível, mas se vocês ainda estiverem tendo problemas pra pegar minhas dicas, eu vou tentar ser um pouco mais objetiva.
Ok, lets go.
Sem mais enrolação.



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O carro popular parou no estacionamento da escola e Quinn se limitou a observar os outros adolescentes que se dirigiam para a entrada do William McKinley. Suspirou, tentando conter a vontade de encostar a testa no volante do carro e chorar só pra ver se aliviava um pouco daquela frustração toda.

Dois meses de repouso.

Sem saltos, sem piruetas, sem movimentos muito bruscos e principalmente sem pirâmides.

Dois meses sem ser uma cherrio.

Dois meses sem sendo apenas Quinn.

Engoliu em seco, ponderando que se chorasse, muito provavelmente o rímel tão trabalhado borraria e a última coisa que ela queria naquela manhã era aparecer civil e manchada.

Há dois anos atrás, ela se encontrava  na mesma situação... A única diferença agora era que não tinha sido Puckerman quem a tinha empurrado penhasco abaixo, como fizera da última vez. Quinn já conhecia como era essa sensação de estar assim, sem a armadura que o uniforme vermelho e branco representava. Talvez passasse mais rápido do que ela imaginava e não fosse assim tão ruim. Talvez..

- Ok, drama Quinn, chega.

Mick se inclinou, apoiando a mão direita no ombro da loira, enquanto se debruçava e tocava a pequena alavanca que abria o carro do lado de dentro.

“Pequenos toques apenas” fora o que a versão de Rachel que era o anjo de Quinn havia respondido com um dar de ombros quando perguntada porque ela conseguia tocar nas coisas. Anjos não tem corpo, certo?! “Pequenos toques apenas. São muito úteis quando vocês são crianças e nós temos que fazer pequenas intervenções.”

A outra moça permaneceu assim, ainda apoiada em Quinn até que o enorme sentimento de perda de Quinn se tornasse bem mais ameno. Quinn aprendera a distinguir o sentimento de infinita paz que o toque de pele com pele trazia logo nas primeiras vezes, embora Mickahil fosse extremamente sutil para toca-la. Quinn desconfiava que ela fazia aquilo de propósito, porque sabia que muitas das vezes em que precisasse de consolo, o orgulho de Quinn não deixaria Mick se aproximar (era muito fácil se esquivar de uma coisa que você vê). Então, aquela versão meio torta de Rachel não fazia como os outros anjos que Quinn havia visto uma ou duas vezes no hospital, que simplesmente espalmavam alguma parte do corpo de seu protegido.

Quinn suspirou, ajeitando a franja recém cortada enquanto se olhava no retrovisor do carro.

Muito bem. Para o campo de batalha.

Os corredores pareciam duas vezes mais cheios do que ela se lembrava e toda aquela claridade estava começando a incomodar os olhos cor de âmbar. Claridade feita na grande maioria de roupas brancas e peles reluzentes.

Quinn se movimentava com dificuldade. As pessoas simplesmente não saiam da frente como costumavam fazer há exatamente uma semana atrás e isso começava a irritar.

Uma ou outra piadinha sobre o acidente juntavam-se àquele aperto todo e Quinn estava realmente a beira de um taque de histeria quando por fim conseguiu chegar ao seu armário

“Eu odeio isso aqui...”

- Eu sei.

Mick se recostou ao armário exatamente ao lado do que Quinn acabara de abrir. Olhava a multidão com pesar, enquanto a loira remexia nos livros. A primeira aula seria de literatura inglesa. Uma das favoritas de Quinn.

- Hey, Fabray, porque você não cai daquele jeito na minha cama?

Um rapaz gritou, enquanto passava com outros rapazes que como ele também curvavam os ombros para frente, numa tentativa para parecer ter um pouco mais de massa corporal e os que o acompanhavam riram.

Quinn bufou, batendo a porta do armário com força enquanto pensava no porquê dos jogadores de hóquei serem tão imbecis.

Mick espalmou suas costas, enquanto a guiava corredor adentro, na direção da sala de aula. A risada do grupo há poucos metros de distancia dela, no corredor ficou ainda mais alta. O que muito provavelmente incentivou o ego do rapaz que gritara, pois agora ele caminhava na mesma direção de Quinn, repetindo a mesma piada. Uma, duas, três vezes.

“Se talvez você fosse quarterback e bem dotado...”

A voz de Rachel soou alta e clara para Quinn, mas de uma maneira um pouco diferente da que ela já tinha se acostumado. E o choque de ter Rachel em sua mente foi tão grande que Quinn se obrigou a interromper a marcha. Mick ainda mantinha as mãos nas costas da menina e quando Quinn procurou os enormes olhos castanhos, encontrou uma expressão de puro divertimento acompanhada de um meio sorriso cínico que quase a fez sorrir também.

- Talvez se você fosse quarterback... – Ela falou ainda meio de lado para o jogador que andava na direção dela, mas que parou tão logo ouviu a voz da ex-cherrio. Os que o acompanhavam também pararam, meio passo atrás. – Ou bem dotado...

Quinn nem chegou a se virar de fato. Também não esperou para ver o estrago que aquela expressão de terror no rosto de feições masculinas comuns e nada atrativas representavam. Mas pode ouvir há bons metros de distancia que a onda de gargalhadas que se sucedeu foi três vezes maior do que aquela que tinha vindo da piadinha inconveniente.

A multidão tinha diminuído consideravelmente agora, o que indicava que Quinn estava ligeiramente atrasada. Quando por fim chegou à sala de Mr. Davis, o professor meio calvo e extremamente desinteressante, a aula acabara de começar. Todas as cabeças se viraram na direção da porta quando esta foi aberta e Quinn se sentiu numa espécie de aquário.

- Vejam se não é a senhorita Fabray que resolveu nos agraciar com sua presença. Depois de uma semana.

“Morcego!”

- Era o apelido dele na escola. – Mick falou e o senhor todo vestido de branco que parecia ter o dobro da idade de Davis a olhou feio, sentado à mesa do professor.

Quinn sorriu para a Rachel que a acompanhava enquanto entrava com ligeira timidez na sala de aula. O senhor voltara a falar e Quinn analisou a sala de aula, enquanto metade dos outros alunos ainda a olhavam. Os anjos ali naquele espaço, se dividiam e se espalhavam por toda a sala. Sentados sobre as carteiras, nas janelas ou até mesmo de pé, ao lado de uma ou outra mesa.

E foi assim que achou Barbra. De pé, ao lado da única carteira livre ali naquele cômodo.

As regras (não oficiais) do colégio eram muito claras quando se tratavam do lugar a se sentar na sala de aula: Ele era seu enquanto você zelasse por ele. E como as aulas de literatura eram diárias para Quinn, uma semana fora é muito tempo. E é claro que seu lugar, ao lado de Anthony Parker, o galã do terceiro ano, já tinha sido ocupado.

Os olhos castanho-esverdeados voltaram a percorrer a sala na direção de Rachel, a de verdade, que parecia estar muito compenetrada no que quer que fosse que o professor falava.

Quinn estava sendo ridícula, não? Era só Rachel. A mesma Rachel que tinha estado com ela a semana inteira. Que a tinha acolhido quando as primeiras lágrimas que o medo de não conseguir ser mais a mesma desde a notícia de seu afastamento das cherrios vieram.

- Quantas vezes eu vou ter que falar que nós não somos a mesma? Ela é ela. Eu sou eu, parecida com ela porque você quis assim.

Mick estava com as duas mãos na cintura quando Quinn se virou para ela. Parecendo tão incomodada como ficava sempre que comparada à verdadeira Rachel.

Quando Quinn voltou a se virar para a sala de aula, todos os rostos novamente  a olhavam, inclusive Rachel e Quinn se sentiu corar com violência quando os dois olhares se cruzaram, como se tivesse sido pega em flagrante ou algo assim.

- Fabray. – A voz de Davis voltou a soar, chamando a atenção da garota loira novamente. – Ou você se senta, ou assiste a aula do corredor.

Risadas abafadas.

E sem outras alternativas, Quinn encaminhou-se para a terceira carteira de fileiras. Rachel, que voltara a prestar atenção à aula, sobressaltou-se quando o par de livros foi colocado sobre a mesa e por fim Quinn sentou-se com extrema naturalidade ao seu lado.

Empertigou-se, extremamente incomodada, e Barbra no segundo seguinte estava ao seu lado, a mão direita sobre o ombro da pequena.

- Ela está com medo.

“De mim?”

- De mim é que não é, né?

“Mas eu não fiz nada...”

- Ainda... Pelo menos é o que ela pensa.

“Isso é um absurdo eu nunca...”

Mick a olhou com desconfiança e Quinn voltou a corar. Foi a vez dela se mexer na cadeira, desconfortável.

“Faz tipo uns dois anos que eu não apronto com ela..”

- Uma semana e meia. Isso porque você estava hospitalizada.

“Mas...”

- Ela está pensando nesse exato momento se você não tem uma aranha no bolso e se sentou aqui única e exclusivamente para colocar essa tal aranha na bolsa dela.

“Aranha?!”

- Aranha. Agora mudou... Um escorpião.

“ESCORPIÃO?!”

- Dá pra parar?! – Barbra se fez ouvir e Quinn a buscou com o olhar. Mas não era com Quinn que ela falava. Barbra e Mickahill se encaravam de uma maneira pouco amistosa e Quinn se viu olhando de uma para a outra, confusa sobre o que realmente estava acontecendo ali.

- Eu não consigo me controlar. É como se eu não pudesse evitar.

- Eu acho que você é só uma tagarela.

“O que...?”

- Eu não posso te contar essas coisas... Digo... O que as outras pessoas estão pensando. Mas o problema é que eu não consigo me controlar.

Mick falou ainda olhando para Barbra.

Quinn acompanhava a discussão com o canto dos olhos, ciente de que seria extremamente estranho alguém olhando de um lado para o outro enquanto nada estava acontecendo (aos olhos comuns).

- Quinn... – Rachel, a verdadeira, falou e Quinn pela primeira vez desde que Mickahill entrara em sua vida pode perceber a diferença entre a voz das duas. A de Rachel era um pouco mais forte, mais decidida, enquanto a de Mick era muito sutil... Quase um cantarolar. Os olhos de Rachel eram diferentes também... Pareciam mais... Vivos.

Mick revirou os olhos perante a comparação e Barbra ergueu a sobrancelha direita, um meio sorriso se desenhando nos lábios delicados, analisando a menina loira.

- Você está bem? – A expressão de Rachel era agora muito parecida com a de Judy Fabray, enquanto fazia exatamente a mesma pergunta.

O professor pigarreou e Quinn se viu, uma vez mais, sendo observada por quase trinta pares de olhos.

- Fabray, eu vou colocar você para fora de minha aula. E eu estou falando sério. Isso vale para você também, Berry.

Rachel baixou os olhos, envergonhada e Quinn xingou o professor mentalmente outra vez. Sustentou o olhar dele, o queixo orgulhoso erguido como tinha que ser e esperou que ele fosse o primeiro a desviar os olhos.

Suspirou quando por fim ele voltou a escrever no quadro negro. Então abriu o caderno que ainda estava do mesmo modo desde que se sentara e alcançou o estojo cor de rosa de Rachel, sobre a carteira dela.

*Estou bem, estou viva e não cheguei a me machucar muito. Essa bronca foi culpa minha, me desculpe. E eu não estou planejando te matar ou alguma coisa assim.

As palavras foram escritas em uma caligrafia perfeita e então Quinn estendeu o caderno para Rachel, que passara a acompanhar seus movimentos com estranheza desde que tivera uma de suas canetas furtadas e lia o que Quinn escrevera com olhos arregalados. Engoliu em seco, lendo outra vez... E mais uma... E outra. Meneou a cabeça, com descrença e só então aceitou a caneta que lhe era estendida para responder.

Ok.

- Ela está se perguntando porque você se sentou aqui então. – Mick voltou a falar e Quinn não precisou olhar Barbra para saber que ela estava fuzilando a Rachel brilhante com os olhos.

Quinn tirou a caneta da mão de Rachel sem vacilar e voltou a escrever.

Ou eu me sentava  aqui, ou me sentava ao lado daquele cara que se droga e nunca responde a chamada. Não sei nem o nome dele para falar a verdade. Mas se eu estou incomodando, eu peço para ele acordar e se levantar de pelo menos uma das mesas que ele está ocupando nesse exato momento para que eu possa me sentar.

Os olhos de Rachel pareceram dobrar de tamanho e ela pareceu vacilar quando aceitou a caneta que outra vez lhe era oferecida para responder.

Não precisa ir. Óbvio que não. Está tudo bem.

Quinn sorriu satisfeita, voltando a pegar a caneta de Rachel e foleando o próprio caderno em busca da  página em que terminavam suas anotações.

Então, como se fosse a coisa mais comum do mundo, Quinn passou a copiar o que estava no quadro negro. Ignorando a Rachel boquiaberta que olhava em estado quase catatônico para sua caneta nas mãos de Fabray.

Não... Com certeza Quinn não estava normal. Talvez fosse melhor falar com Mr Schue sobre a saúde mental de Quinn ou algo assim...

- Ela está achando que você enlouqueceu.

Quinn sorriu, ainda escrevendo, sabendo que se olhasse para Mick, a encontraria quase tão desconfiada quanto Rachel estava. E levando em consideração que tinham exatamente a mesma aparência, a expressão seria a mesma. O sorriso se tornou ainda maior... Sorriso esse que foi acompanhado por uma Barbra Streisand que já não parecia assim tão ofendida por ter os pensamentos de sua protegida expostos sem pudor nenhum por outro anjo.


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Notas finais do capítulo

Eu tenho que me controlar pra não responder os comentários de vocês... Porque se não eu contaria a história toda só com spoilers. É por isso que eu não respondo. Mas conheço cada carinha que eu vejo por aqui e eu leio todos os comentários mais de uma vez. Maior que o medo de decepcionar vocês, é o de parecer muito metida ou algo assim. Por favor, gente, não me entendam mal.

Com amor,
Larissa.