É claro, mal os dias se passaram e as pessoas não sabiam comentar outra coisa. Agora não me olhavam mais feio e todas as garotas estavam excitadas porque Tiago estava solteiro novamente. E eu não posso deixar de admitir que isso me deixou com um pouco de ciúmes, mas isso é coisa de ex.

- Bom dia classe. E por favor, parem de fofocar. – olhou para um grupo de garotas desesperadas da corvinal que não cansavam de soltar risinhos.

Draco parecia mais feliz do que o normal naquela aula. É claro, ele provavelmente já sabia das notícias. No ritmo que as coisas se espalhavam por Hogwarts, todos já deviam saber. Inclusive o zelador Filch e a diretora McGonnagal. E quando a aula acabou, ele pediu para conversar comigo, provocando olhares nervosos de Ella e Al, que sabiam que ele provavelmente daria em cima de mim, mas eu os tranqüilizei.

- Soube que terminou com o Potter. – seu sorriso debochava e ao mesmo tempo me seduzia.

- É. Acho que todos já souberam.

- Por quê?

- As coisas mudaram entre nós.

- Você está a fim de outro? – perguntou esperançoso e eu neguei.

- Só está tudo... diferente. É como se, do nada, eu não goste mais dele como nada além de amigo.

- E vocês estão... amigos? – pareceu preocupado, pela primeira vez naquela sala, comigo, não com ele.

- É. Claro que não vai ser tudo igual. Mas sem a nossa amizade tudo isso que estamos passando seria ainda pior. – mantive minha expressão neutra.

- Você tem alguma idéia de quem seja? – seus olhos mostravam que ele escondia algo de mim.

- Não. Você tem?

- Eu não tenho certeza... Alguém que odeie os Potter? Para começar, a grande maioria dos sonserinos. Mas também pode ser um grifinório, cansado de como eles chamam mais atenção que os outros, ou um corvino, você sabe como eles são ciumentos. – suas hipóteses mostravam que ele tinha considerado muito mais que eu as possibilidades.

- Mas você não tem idéia de ninguém em particular?

- Eu tenho alguns nomes, mas não quero dar nenhuma possibilidade a você antes de considerar algumas coisas.

- Certo. Eu vou indo, então.

- Até mais.

- Até mais. – fui me dirigindo devagar até a porta, para que eu tivesse tempo de pensar. – Draco? – virei-me, a um passo da saída.

- Sim? – seus olhos brilhavam esperançosos.

- Você nunca vai me dizer quem matou o meu pai, não é? – tentei não soar chorosa para persuadi-lo a contar-me.

- Sinto muito, Se. Eu sinto muito mesmo. Eu sei como isso é importante para você. Mas tenho certeza de que muito pior será quando você descobrir quem é. – seu rosto preocupado estava mais pálido que o comum. Talvez esse assunto também não o deixasse nada à vontade.

- Quando?

- Eu acredito que não vai tardar muito até que você descubra sozinha. E, por mais que eu te aconselhe profundamente a não fazer isso, você provavelmente vai guardar um enorme rancor dele e vai tentar se vingar. Isso é natural, como me disse uma vez o professor Dumbledore. E eu prefiro prolongar ao máximo o tempo que você está poupada de saber quem é o assassino. – sua voz agora soou mais séria do que eu jamais ouvi. Mais séria que quando ele brigou comigo algumas semanas antes.

- Esse assassino... – comecei, duvidosa e pensativa. Eu sentia que tinha alguma pista escondida em suas palavras, mas naquele momento, não era isso que me preocupava. – tem alguma coisa a ver com as facas?

- Eu temo que sim. – naquele momento, sua preocupação tornou-o irreconhecível. – mas acredito fortemente que não. – suspirei baixo, aliviada. – Mas se tiver, estamos lidando com algo muito pior do que imaginamos.

- Isso é uma dica? – minha esperança não poderia estar mais aparente.

- Pode considerar como uma, se quiser. Mas já aviso que é uma péssima dica. – sorriu malicioso e eu o amaldiçoei por ser tão traiçoeiro.

- Realmente tenho que ir agora. – virei-me, decepcionada, para a porta novamente.

- Como estão as coisas entre você e Tiago? – perguntou Ella, enquanto íamos juntas para a biblioteca.

- Normais, por incrível que pareça. Mais normais que nunca. – sorri, finalmente me tocando de que eu tinha um motivo para sorrir.

- Que bom. – abaixou o tom de voz, enquanto nos aproximávamos dos garotos, já dentro da biblioteca.

- Finalmente vocês chegaram. – disse Al, claramente impaciente.

- Eu tenho algumas idéias que podem nos ajudar. – todos me fitavam ansiosos. – acredito que têm muitos mais suspeitos do que imaginávamos. Para começar, uma boa parte da sonserina. Basicamente todos que já se traumatizaram com feitiços de magia negra. E vocês sabem que são muitos. E os corvinos e grifinórios ciumentos que ou não gostam de magia negra, ou são inocentes demais para isso, ou ainda atrapalhados demais para isso.

- Você está certa. Vamos procurar. – falou Alvo, já abrindo alguns livros de uma só vez.

- Calma! – todos voltaram novamente seus olhares para mim. – eu acredito que a resposta esteja debaixo do nosso nariz. E também acredito que tenha alguma coisa a ver com comensais da morte. E talvez, só talvez... – fui interrompida antes que pudesse completar minha conclusão.

- Comensais da morte? Mas isso eliminaria automaticamente todos que não são da sonserina. – disse Ella em um misto de esperança e confusão.

- Não necessariamente. – argumentou Thi. – não significa que seja filho de um comensal. E também, nem todos os comensais foram sonserinos, isso é um estereótipo.

- Ele tem razão. – continuou Al.

- Gente! – interrompi-os. – posso terminar? – todos assentiram envergonhados. – como eu estava dizendo, antes de ser rudemente interrompida, deve ter alguma relação com comensais, e talvez, só talvez... – todos me olhavam confusos e assustados – tenha alguma coisa a ver comigo, não sei como.