- Eu queria falar com ele hoje. – falei, me virando para beijá-lo. – com você, Alvo e Gabrielle.

- Eu não acho que ele vá te ouvir. – suas palavras me acordaram. É claro que não iria. Mas eu não desistiria tão rápido de tentar.

- Mas eu preciso falar com ele. Por pouco me controlei por não falar com ele em frente à turma inteira. Não que tenha feito diferença, depois dessa, todos já devem saber que alguma coisa está acontecendo. – percebi que estava indo, involuntariamente, até Madame Pomfrey.

- Então vamos. Ele não pode ser grosso com você, temos que fazer alguma coisa. – abri um sorriso discreto.

- Vocês vem então? – perguntou Tiago finalmente.

- Sim – responderam Ella e Al em uníssono.

Rapidamente saímos pelo salão comunal. Por um ponto, as coisas tem sido mais fáceis desde que eu contei a verdade, pois as pessoas não param mais para comentar sobre eu e Tiago, e não tenho que esconder o nosso relacionamento. Algo bom tinha que ter...

- Entre. – a voz entristecida e monótona de Draco disse de dentro da sala. – Ah, são vocês.

- Porque está fazendo isso com ela? – começou Tiago.

- Tiago, eu posso cuidar dessa parte. – falei, e ele fechou sua boca. – Não me odeie. Não me odeie. A última coisa que eu quero é seu ódio. – Draco olhava em meus olhos – Eu te amo, Draco. Porque é tão difícil aceitar que eu menti? Você podia ser ao menos um pouco compreensivo.

- É tudo que tem a dizer? – perguntou e eu assenti. – certo, então se não se importa, peço que se retirem da minha sala agora, porque eu estou bem ocupado, tenho essas coisas para corrigir e...

- Não a ignore, professor! Não faça isso só porque você não tem capacidade para lidar com isso! Você está a magoando! Ela é a pessoa que você mais ama e você a está magoando! Não percebe isso? – para minha surpresa, Alvo perdeu o controle.

- Realmente preciso concluir esses trabalhos e, se não se importam, minha opinião não vai mudar. Então gostaria de pedir...

- Que nos retiremos! – o interrompi – já sei, já sei. – lágrimas escorreram por meus olhos.

- Espere, Se. Eu ainda te amo. Só não quero... – eu o cortei, batendo a porta com força. Em poucos instantes, ela foi aberta violentamente. – te perdoar! Você me magoou, Serena! Volte aqui, preciso conversar a sós com você. – Olhei para meus amigos, que assentiram, então entrei na sala novamente.

- É bom que você me peça desculpas.

- Escuta, Se, eu sei que fui um idiota. – começou – eu sei que eu fui cruel e infantil, mas o Potter está certo! Eu te perdôo, por que esse foi o seu primeiro e único defeito!

- Quando ele disse isso?

- Não importa! Escuta, Se, eu sei que as coisas não vão mais ser as mesmas entre nós. Eu não espero que isso aconteça. Mas eu ainda te amo, mesmo que eu não vá ficar com você, nem se você largasse o Potter eu ficaria. Não porque tenho certeza de que isso traria problemas para nós dois. Mas eu ainda te amo. E eu só quero te ver feliz. – seus olhos marejavam e eu fiquei feliz por poder ver o Draco que eu amei outra vez.

- Também ainda te amo, Draco. Mas não pareceu que me queria feliz hoje durante a aula. – tentei manter meu rosto afastado do seu. Não podia cometer esse erro novamente.

- Sei disso. Acho que fui egocêntrico e egoísta e só queria que você ficasse mais triste que eu. – abri um leve sorriso.

- Acho que funcionou. – olhei para seu rosto e percebi que ele deixava a barba crescer de leve. – esqueceu de se barbear hoje?

- Não sei, acho que só quis me descuidar. Sei que foi idiota ter feito isso. Vou fazer a barba agora. – disse e se levantou da poltrona.

- Não precisa, você fica bonito de barba. – disse rapidamente.

- Obrigado, Serena.

- De nada, Malfoy.

- Te vejo esse fim de semana, quando aparatar com você até sua casa. – falou ele sorrindo.

- Ou amanhã, na aula de DCAT...

- Eu sei disso. Foi só um jeito idiota de dizer que eu não esqueci. – bagunçou os cabelos ao dizer isso. Resista. Seja forte.

- Também não esqueci. – abri a porta, e vi que Al, Ella e Tiago estavam escutando a conversa.

- Oi, Se! Que... coincidência.

- Vou fingir que não vi. – um sorriso de alívio se abriu no rosto dos três.

- Será que eu fico bem de barba? – perguntou Tiago, quebrando o silêncio quando estávamos chegando à passagem do retrato.

- Claro, fica bem de qualquer jeito. – fechei meus olhos para beijá-lo, mas não antes de ver as caretas de Al e Ella.

- Você é uma fofa.

- Tiago, precisamos continuar tentando descobrir quem pôs a faca em seu travesseiro. – falei, assim que entramos no salão comunal.

- É, mas ainda tem muito tempo. Podemos fazer isso depois do natal? – jogou-se em um sofá próximo da lareira.

- Podemos começar a pesquisar na sexta. Mas é o máximo que vou adiar. – só quando disse isso percebi como soou chato.

- Certo, e até lá... – se inclinou para beijar meus lábios, provocando mais caretas de Gabrielle e Alvo.

- Vocês dois não podem fazer isso em outro lugar? – perguntou Gerald, que chegou e logo se debruçou para beijar Gabrielle.

- Olha quem está falando, pombinho apaixonado! – disse Al. Ele pareceu um pouco solitário. Embora eu quisesse ajudar, não podia. Ele não gostava de ninguém.