The Secret Of Our Lives escrita por DanielaMiranda
A luz do candeeiro de rua incidia-me sobre os cabelos dourados que se soltaram com o vento. Era uma noite quente de um verão que finalmente decidira chegar. Fumei pela última vez o cigarro que tinha tirado á Cheryl e levantei-me. Tinha que voltar para dentro, a mãe estava á minha espera.
A gritaria começou-se a ouvir mal abri a porta, naquela casa as pessoas eram tudo menos discretas. Subi as escadas sem que a mãe me visse, ela estava demasiado preocupada em ver se a empregada não queimara o seu vestido Chanel.
Deixei-me cair finalmente na cama, aquela festa era onde eu queria menos ir naquele momento. De repente senti enorme peso nas minhas costas, e por um momento deixei mesmo de ouvir. Não acredito que ela tenha gritado aos meus ouvidos.
-Ainda assim? – Ela já se vestira. O vestido rosa não chegava aos joelhos e tinha uma abertura em forma de coração nas costas.
- Cheryl, na próxima vez podes-te lembrar que os meus ouvidos não querem ouvir os teus berros?! – Levantei-me da cama e dirigi-me ao closet dela, de certeza que tinha alguma coisa para eu vestir.
-Hoje decidis-te não chatear a mãe, foi? – perguntou enquanto tirava um vestido também ele rosa do closet e o colocava á minha frente. – Este . – Entregou-me o vestido para mão enquanto ia escolher uns sapatos dos quais eu provavelmente iria cair.
-Não, hoje não estou é com paciência nenhuma para a ouvir. Só vou vestir isto para o bem da minha cabeça.
-Sim, sim, vai tentado convencer-te disso. – Disse-me enquanto me entregava os sapatos e me empurrava para a quarto de banho – Agora veste isso e desce, a mãe já deve estar a ficar maluca.
-Como sempre. – Exclamei enquanto começava a tirar umas das botas pretas com que sempre andava.
Tirei a roupa que estava colada ao corpo por causa do calor e achei por bem tomar um banho rápido, estava realmente horrível. A água fria encontrava-se com o meu corpo quente provocando-me arrepios que nem por um segundo me pareceram maus.
Finalmente tinha conseguido apertar os sapatos, era quase preciso tirar um curso para o fazer. Agora vinha o meu maior dilema, conseguir-me por de pé com eles. Segurei-me ás paredes e levantei-me. Comecei a dar um passo de cada vez e vi que aquilo não era tão difícil como parecia, era ainda pior.
Decidi deixar o cabelo solto e desci as escadas. A mãe ainda continuava á procura da sua Louis Vuitton, que jurava ter posto em cima da cama, enquanto o pai e a Cheryl andavam a empurrar-se um ao outro para ver quem ficava com o comando.
Parei na última escada e fiquei a olhar para eles, de certeza que foi adoptada ou me trocaram á nascença.
Quando a mãe reparou em mim parou de andar de um lado para o outro e abriu a boca. Ela hoje que não comece com as suas mexeriquices.
-Tu estás linda! – Disse-me enquanto vinha até mim analisar as pulseiras que tinha decidido colocar no meu braço. Eram da avó. Ela sorriu-me envergonhadamente quando reparou nisso.
-Tu hoje não sais da minha beira. – Disse o meu pai de repente assustando-me.
-Porquê? – Perguntei-lhe logo.
-Achas que eu quero ver a minha filha mais nova nas mãos de qualquer um?! Aqueles rapazes de agora não podem ver um rabo de saias que vão logo todos atrás. – disse todo protector.
-E tu achas que aqui a tua filha se deixa ir com qualquer um?
-Claro que não, nisso és igualzinha á tua mãe. – beijou-me a testa. O meu pai era o único que me tentava compreender, mesmo que não tivesse sucesso com isso.
-Encontrei! – Ouvi-mos a mãe a gritar do quarto e a sair de lá disparada. – Vamos, despachem-se! Já estamos atrasados! – e saiu de casa a correr dirigindo-se á limusina que já esperava por nós á cerca de 45 minutos, como sempre.
Hoje não reclamei por irmos de limusina durante o pouco caminho que íamos percorrer, os meus pés não iriam aguentar esse esforço.
Tínhamos chegado, por mais vezes que a visse aquela casa sempre me iria parecer um castelo dos contos de fadas acabados á muito na minha cabeça. As pessoas entravam exactamente como príncipes e princesas e sorriam como se a as suas vidas fossem perfeitas, coisa que eu tinha a certeza que não eram.
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