- Alice, vai tomar um banho, rápido! – gritei a ela.

- Ah, tem que ser agora? – ela fez bico.

- AGORA! – gritei.

- Ok. – ela subiu correndo as escadas em direção ao banheiro.

Suspirei auto e irritada. Me joguei no sofá e enterrei minha cabeça na almofada. Tudo que eu queria era descanso, minha adolescência de volta. Criar uma filha era difícil, muito difícil. Ainda mais quando o pai dela astro pop resolve fazer uma visita inesperada.

Me levantei novamente quando ouvi a campainha tocar. “Merda” – murmurei e caminhei lentamente até a porta, não estava com a mínima vontade de atender, sabia que era Justin. Estava preocupada de ele sair com a minha filha.

Abri só um pouquinho a porta, o impedindo de entrar.

- Oi. Boa tarde. – coloquei uma das mãos na cintura, enquanto a outra ainda segurava a porta.

- Hey, Claire. – ele tentou entrar. Empurrei a porta e dei um sorriso sarcástico. – Não vai mesmo me deixar entrar? – Justin fez biquinho.

- Não.

- Qual é, Claire. – ele empurrou do outro lado. – Vou gritar. – ele riu.

- NÃO. NÃO! – gritei.

- ALICEEEEEEEEE! – ele gritou e começou a rir e empurrou a porta.

- Não! Não! – fui obrigada a deixá-lo passar. Ou eu soltava a porta ou meu dedo seria arrancado. Sabe, né. – Porr... EU ODEIO VOCÊ! – dei um tapa no seu ombro.

- Sei que ainda te deixo louquinha, Clar. – ele sussurrou perto do meu ouvido e riu. – Você até tem sonhos comigo.

- Cala boca, seu idiota. Eu te odeio, falou? – dei um tapa no seu peito. – Você me deixou, eu odeio você e você não é bem vindo na minha casa. – cruzei os braços.

- Cadê a hospitalidade de ontem? – ele andou até a sala e se jogou no sofá.

- Ontem, foi ontem.

Esse garoto era um folgado. Me sentei na poltrona a sua frente e o fitei... Emburrada. Ele sorria sarcástico e me fitava como se nada nunca tivesse acontecido. Tão idiota. Aparecer na minha casa sem mais nem menos.

- Cadê a nossa pequena? – ele quebrou o silencio que se iniciara a alguns minutos.

- Nossa o caralho! Ela é minha. – enfatizei.

- Mas, você precisou da minha ajuda pra fazer ela. – Justin fez uma careta e riu.

- Mas, não precisei da sua ajuda pra cuidar dela por três anos e nem vou precisar pelo resto da vida. – ergui as sobrancelhas e sorri sarcástica.

- Será mesmo? Acho que pode precisar de mim. – ele se inclinou pra frente.

- Nunca vou precisar de você. – cruzei os braços. - Nem do seu dinheiro.

- Vai sim, eu que vou pagar o Mc hoje pra Alice.

- Não. Eu vou dar o dinheiro.

- Não.

- Então, ela não vai com você! – gritei.

- Tudo bem... Como você quiser, madame. – ele riu

Dei de ombros. Suspirei e fitei o relógio na parede. Eram quatro e meia da tarde. Ah, o tempo mal passava. Odeio ficar ali, com Justin, o fitando no silencio. Ele é o pai da minha filha, e eu o odeio. Eu acho. Quem não odiaria? Bom, claro que ter Justin Bieber como o pai da sua filha também tem suas vantagens e... Balancei rápido a cabeça para despistar meus pensamentos.

- Tem certeza que não sente mais nadinha por mim? – Justin perguntou se levantando e andando em minha direção.

- Sinto ódio, serve? – sorri sarcástica, mais uma vez.

- Haha, engraçadinha. – ironizou. – Você me amou, sabe disso... Não sente mais nada? Tipo, nem uma atração? – ele riu. Dizia isso normalmente.

- Como sabe que te amei? – ri

- Sabendo, ué. Não tranzaria comigo se não amasse.

- Justin! – gritei. Não podia deixar Alice escutar palavras assim, apesar da minha mãe ter um vocabulário horrível e ela ficar os fins de semana na casa dela.

- Eu amei você. Eu era um garotinho bobo, mas, amei. – ele deu de ombros em se sentou no braço da poltrona.

- Fico feliz que não ame mais. – revirei os olhos.

- Sei... Não sente realmente nada? – ele se inclinou, aproximando seu rosto do meu.

- Já disse que não. Só sinto ódio por você. – disse um pouco baixo e sorri sarcástica mais uma vez.

- E se eu te beijasse, agora? – ele riu, de novo. Fitando meus lábios.

- Estaria traindo sua namorada. – fitei minhas unhas.

- Cadê a garotinha doce que existia dentro de você?

- Ela morreu. – o fitei.

Ele riu sarcástico mais uma vez. Eu odiava aquele “Justin sarcástico”. Preferia o garotinho fofo que ele era há um tempo. Fechei os olhos e suspirei, sentindo seus lábios se encostarem em meu pescoço e dar alguns beijinhos ali. Dei um risinho. Com certeza não era eu que ainda sentia algo. Com certeza não.

- CLAIRE! – ouvi alguém gritar meu nome, com certeza Alice.

Empurrei Justin, fazendo-o cair no chão. Comecei a rir descontroladamente, enquanto ele me olhava emburrado e se levantava com dificuldade.

- Estou pronta! – Allie apareceu a minha frente, com as mãos na cintura.

- Ótimo querida. – disse parando de rir aos poucos. – Está linda. – sorri a ela.

- Obrigado. – ela disse graciosamente e foi até mim, me dando um abraço e um beijo na bochecha. – Justin! – ela gritou a ele e agarrou uma de suas pernas, já que ela era bem baixinha.

- Awwwn. – Justin riu e passou a mão nos cabelos da minha pequena Allie.

Era incrível como eles ficavam tão fofos juntos. Eu não podia tirar isso da Alice, mesmo que Justin viajasse pra todo canto, não podia deixar que ela não soubesse que ele era seu pai.

- Não vai haver problemas com paparazzi? – perguntei.

- Não, acho que não. – Justin coçou a nuca.

- Certeza? Tipo, podem tirar fotos e várias perguntas... –

- Eu arrumo uma resposta a todas elas.

- Tudo bem, vou pegar o dinheiro.

Me levantei e fui até a estante, peguei minha carteira e tirei uma nota de 50 dólares dali, entregando a Justin.

- Se quiser, eu já disse que não precisse, Clair. – ele disse a pegando.

- Ela é minha filha claro que precisa.

Justin suspirou.

- Então, vamos Allie? – ele sorriu a ela e pegou sua mão.

Os guiei até a porta, Alice saiu primeiro e antes de Justin sair pela porta, ele segurou meu braço.

- Quando estiver pronta pra contar que sou... Sabe, o pai dela, me diga. – ele sorriu.

- Claro. – suspirei e senti Justin estralar um beijo em minha bochecha.

Peguei o balde de pipoca na cozinha e me sentei ao lado de Lisa no sofá da sala, iríamos assistir um filme. Acho que se chama Coincidências do Amor. Lisa adorava esses filmes de romance, eu era tanto faz. Talvez gostasse mais de uma comedia ou sei lá. Mas, era um filme muito fofo.

- Quando vai contar pra Alice?

- Contar o que? – me fingi de desentendida.

- Que Justin é o pai dela!

- Logo. Quando for a hora certa. – a fitei.

- E quando você e o Justin vão voltar?

- Nunca! – gritei.

- Qual é, ele tentou te beijar... Ainda há sentimento nisso aí.

- Esse filme é legal, não é? Awn. – ri

- Mudou de assunto?

- Cala boca! – ataquei a almofada nela. – Fico preocupada com Allie, Justin não vai ser um pai... Presente na vida dela, sabe?

- Talvez seja.

- Talvez não! – ri novamente. – Minha vida é uma droga. Meus pais me odeiam, o pai da minha filha é um astro pop tarado e minha melhor amiga é uma anta. – ergui os ombros e dei uma risada curta.

- EU NÃO SOU UMA ANTA! – ela deu um tapa no meu ombro e riu.

- Claro que é! – ri junto dela. – A anta que eu mais amo.

- Também te amo, ok? – ela riu. – Depois do Derek, você é a pessoa que eu mais amo e confio no mundo.

- Derek? – a fitei.

- Ah, meu deus!

Rimos mais um vez. Tentamos prestar atenção no filme e rimos mais, muito.

- Podíamos aproveitar que Justin ta com Alice e irmos... Dar uma saída. – ela me olhou meio maliciosa.

- Não! Não mesmo, Lisa! – gritei e lhe dei mais um tapa. – Sou uma garota santa.

- Ok, ok... Senhorita santinha do pau oco, que teve um filho aos 16 anos.

- Cala boca!

Lisa ficou tentando me irritar mais umas duzentas vezes e eu, tentei ignorar, mas... Pode ser difícil. Estava um pouco preocupada com Alice, mas, ainda assim, estava totalmente feliz por passar um tempo assistindo filme com a Lis sem ter Alice pra perguntar sobre tudo, e o ruim é que a maioria dos filmes que Lisa trás tem coisas... Que Alice não pode ver. [risos] Então, já viu.