Coloquei meus óculos de sol e sentei-me sobre uma das cadeiras de praia postas ali.

Comecei a folhear uma revista, enquanto observava minha pequena Alice brincando na areia, ali a minha frente. Ela parecia feliz ao menos.

Havia ido jantar com Justin na noite passada e não parava de sorrir uma vez sequer. Ela brincava na areia com alguns baldinhos como se nunca houvesse feito aquilo na vida, o que de fato era verdade. Minha pequena não tinha vindo à praia até agora.

- Claire, posso ir ao mar? – ela me olhou fazendo biquinho.

- Ainda não querida. Não sozinha. – coloquei minha revista ao lado e dei um meio sorriso a ela.

- Vamos comigo? – ela estendeu a mãozinha.

- Não estou afim, desculpa filha. – dei de ombros

Ela fingiu chorar, mas logo voltou a mexer na areia.

Eu ri com aquela cena. Estávamos esperando Justin chegar à praia. Ele havia ido buscar sua namoradinha no aeroporto e logo estariam todos aqui na praia se divertindo felizes como se fossemos uma boa família, todos amigos e nos amassemos.

A verdade é que eu não sabia até quando poderia agüentar essa viagem. Paparazzi, mentiras, namoradinhas nojentas... Segundo Lisa, eu estava presa em uma grande enrascada. Ela apostou que eu não agüentaria nem uma semana. E talvez não agüentasse. Mas, era preciso. Pela minha Allie.

Eu não ia deixar minha filha viajando pelo mundo com ao pai tarado e irresponsável que ela tem. De jeito algum! Ainda mais quando Justin tem uma mãe e um empresário bem bravinhos que provavelmente se souberem que ele já tem uma filha, seriam capazes de pegar minha pequena e a mandarem pra um orfanato lá na China. E o que sua namoradinha Selena seria capaz de fazer então? Nem quero pensar. E tem também as fãs, a imprensa... O que iriam falar? O que iriam pensar de Justin? O empresário dele poderia achar que sua carreira ia por algo a baixo e tentaria vender minha filha em um leilão de caridade.
Que coisa horrível para se pensar.

- Papai! – Alice levantou e foi correndo até Justin que chegava, andando devagar ao lado da sua namoradinha.

- Papai? – Selena riu, enquanto puxava uma cadeira de praia para sentar ao meu lado.

- Ah, sim... Bom, eles passam tanto tempo junto que Alice já vê Justin como um pai. – dei uma risadinha falsa. – Não é, Bieber? – sorri forçada e suplicante a ele.

- Claro. Allie já faz parte da família. – ele pegou minha garotinha no colo e bagunçou seu cabelo.
Justin adorava contar piadinhas pra Alice. E por mais sem graça que elas fossem, a garotinha sempre se contorcia de tanto rir. E Justin? Ficava com aquele sorriso enorme no rosto.

- E o pai dela? – Selena perguntou ao meu lado.

- Ahn? Pai de quem? – perguntei meio desentendida.

- O pai de Alice, lógico. Onde ele esta? – fitei a garota minha frente. Selena tinha aquele sorriso misto de sarcasmo e doçura.
Que garota nojenta.

- Ah, o pai da Alice é um tremendo canalha. – falei um pouco alto, querendo que Justin ouvisse, claro. – É um irresponsável que fugiu logo depois do sexo, sabe? Ele não sabia que tinha uma filha até alguns dias atrás. E esses dias ele veio querendo ter alguma posse da filha sendo que nem ligou pra saber nada. Vê se pode? Do nada querer se apossar da menina que eu criei sozinha. – lá estava eu, falando alto novamente.
Selena me olhou meio desentendida.

- Entendo. Que horror. Esses homens são mesmo uns idiotas. Eles só pensam nisso querida e tão nem ai com as responsabilidades. – Selena suspirou, tentando passar uma imagem de que entendia bem do que eu dizia.

- O pai te ajudou a fazê-la, Claire. – Justin se aproximou um pouco de nós. – Ele tem todo direito sobre a filha. Aposto que se ele soubesse antes da existência dela, ia se importar mais. – Justin deu aquela piscadela.

- Ele não devia ter me usado daquela maneira. Não acha, Selena? – olhei pra ela que assentiu concordando.

- Claro que não! Você tinha quantos anos na época? – ela perguntou.

- 16 anos. Inocente. O cara me tirou tudo. – olhei pra Justin com um meio sorriso irônico e enfatizando bem o “tudo”.

- Minha mãe também me teve aos 16. – ela suspirou novamente, enquanto arrumava seu cabelo em um rabo de cavalo.

- É. Época horrível para se ter um filho. Por causa desse cara idiota, eu fui até expulsa de casa. – suspirei, pensando naquela época.

- Ai... Que triste. – Selena murmurou ao meu lado.

Por qual razão eu estava contando essas coisas para essa garota?

Selena até podia dar uma de simpática, mas, ainda assim eu não confiava nela. E... Droga, o que estou pensando? Cheia de indiretas ao Justin desse jeito poderiam sacar na hora. Espere, Claire. Isso não tem nada haver.

Olhei para frente, vendo Justin e Alice correndo até o mar.
Ele a colocou no chão, segurando-a pela mãozinha. Ela era tão pequenininha. E ria tanto ao lado do pai que... Eu estava ficando realmente com medo de perdê-la.

-Com licença. Tenho que passar protetor solar na minha pequena. – sorri e me levantei.

Agora que eu percebera que Pattie, Kenny e mais algumas pessoinhas estavam ali também. Selena conversava com a sogra e ria em meio da conversa nojenta que eu não tive a vontade de observar.

Caminhei pela areia quente, até Justin e Allie, que pareciam pular algumas ondas. Parei ao lado deles, colocando as mãos na cintura. Mas, eles nem ao menos pareceram me notar.

Pigarreei umas quinhentas vezes e eles apenas continuavam pulando ondas.

- Qual o seu problema? – gritei, empurrando Justin, fazendo ele quase cair de cara na água.

- Qual o meu problema? – ele riu, se ajeitando a minha frente e me chacoalhou pelos ombros. – Você que fica falando aquelas coisas cheias de indiretas pra Selena! Quer ou não que todos saibam sobre Alice? Quer que saibam que eu sou o pai cafajeste logo de vez? – ele soltou meus ombros e franziu a testa.

Parecia um pouco irritado.

Alice se afastou um pouco de nós.

- Talvez assim eles fossem ver que você não é o garotinho ingênuo que parece. Assim enxergariam que você é um tremendo idiota aproveitador. – esmurrei seu peito, mas, acho que não doeu nada, porque Justin ficou simplesmente parado me fitando com aquele olhar cortante.

- Você não é tão melhor que eu. – ele deu de ombros.

- Eu sou bem melhor que você. Eu sofri, fui taxada como vadia com uma filha de pai desconhecido... Ninguém acreditava em mim. Nunca. – suspirei ao terminar de falar.

- Talvez você fosse mesmo uma vadia. – ele disse simplesmente, com aquele sorriso de canto.

Estapeei seu ombro.

- Você não presta! – o empurrei de novo.

Ele acabou rindo.

- Ta rindo de que besta? – coloquei as mãos na cintura.

- Você continua um pouco ingênua, Claire. – ele apertou uma das minhas bochechas.

Resmunguei algum palavrão e bati na sua mão em seguida.

Ele me segurou pelo pulso, com uma expressão mais séria agora.

- Chega de briga! – Alice agarrou minha perna e fez uma voz de choro.

Olhei pra ela, que estava olhando pra cima, diretamente para mim e Justin, com seus olhinhos brilhantes e cheios de lagrimas. Ela fez um biquinho suplicante. No mesmo minuto, Justin soltou meu pulso. Allie largou minha perna e abriu um sorriso.

- Vamos brincar! – ela bateu palminhas.

- Allie, eu... – não pude terminar, senti Justin me pegar no colo. Mesmo. E eu dei um berro. – SOLTE-ME! – berrei, esmurrando suas costas.

Justin ria junto com Alice.

E eu estava lá no seu colo como se eu fosse um saco de batatas na sua mão. Berrei muito e Justin me mandou calar a boca. Aliás, eu poderia chamar atenção de muita gente curiosa.

Fui tacada na água. Literalmente. Emergi tão rápido como submergi. Quando estava já na superfície, pude ver Justin e Allie rindo de mim a beça. Rindo mesmo, gargalhando até não poder mais.
E eu? Deveria estar parecendo um panda, porque me lembro de ter passado rimel antes de vir pra cá. Então, minha maquiagem borrou e estou parecendo um panda dentro d’água. Meu cabelo deve ta uma coisa horrorosa.

Passei a mão pelo meu rosto, tentando tirar o preto da minha maquiagem. Acho que borrei um pouco mais. Meu dedos estavam pretos e meus olhos ardiam um pouco com a água salgada.

- Acham isso engraçado? – fitei os dois que ainda riam. – Vai ter troco! – gritei, antes de puxar Justin pelo braço e afundar sua cabeça na água do mar.

Ele emergiu arfando e balançando seus fios de cabelo molhado.
Me lançou um olhar daqueles que diziam “o que pensa que esta fazendo?” – eu apenas ri alto e joguei água na minha pequena filha que começou a rir mais e revidar, jogando água pra todos os lados.

Aquilo chegava a ser estranho.

Estranho como um sonho.

(...)

- Claaaaaaaaaaire! A porta! – Alice berrou de algum canto do nosso quarto.

- Porque você não atende? – gritei em seguida.

- Estou assistindo. Não posso perder esse desenho. – gritou novamente em resposta.

Eu bufei, me enrolando em uma toalha.

Havia acabado de sair de um banho bem relaxante. E eu não estava mais parecendo um panda.

Dei uma penteada rápida no meu cabelo antes de sair e ir atender a porta. Quando sai do banheiro, encontrei Alice deitada na cama, segurando uma fatia de pizza e olhando atentamente para a grande TV de LCD. Passava algum desenho desconhecido por mim.

- Pediu mais pizza? – arqueei as sobrancelhas.

- Pizza é a melhor coisa do mundo! – ela disse animada, com um sorriso grandioso.

Em seguida apontou pra porta, dizendo que eu teria que atender. Que ótimo.

Tivemos uma ótima tarde na praia hoje. Almoçamos todos juntos. Tive que ouvir Selena contando historinhas nojentas e tediosas sobre suas grandes viagens ao redor do mundo. Fui obrigada a contar um pouco mais sobre minha historia. Tive que omitir alguns fatos, mas, tudo bem. Tudo para proteger minha pequena. Eu até queria jogar na cara de Pattie Mallette que seu filho não era um anjinho virgem como ela pensava. Mas, deixei quieto. Acho que eu teria que simpatizar a mulher antes. Aliás, ela seria a avó da minha filha.

Abri a porta despreocupada e dei de cara com Justin. Ah, que ótimo.

- O que quer? Alice não sai por nada de frente da TV agora. – cruzei os braços, levantando uma das sobrancelhas.

- Eu quero falar com você. – ele sorriu safado, mordendo os lábios.

- Ah, desculpe eu tenho que me trocar... – disse um pouco sem jeito ao perceber que eu ainda estava de toalha.

- Não. Pode ficar assim. Sem problemas. – deu de ombros, ainda com seu típico sorriso.

- Idiota. Entre logo antes que eu mude de idéias. – pisquei.

Enquanto ele entrava e fechava a porta atrás de si, eu caminhei até onde havia guardado minhas roupas e peguei qualquer coisa para se vestir.

Coloquei cuidadosamente minhas roupas intimas antes de pegar a toalha e jogá-la em algum canto.

- O que quer falar? Mais um de seus papos furados? – perguntei, sem fitar Justin.

- Hm... Ahn... É... – ele gaguejou. – Se troque rápido. – ele disse por fim, me fazendo rir.

Coloquei um vestido lilás florido e tomara que caia. Ele era um pouco curto, mas, não liguei. Aliás, estava em uma cidade de praia. Isso não importava.

- Pode falar agora. – dei um pequeno sorriso, me aproximando.

- É sobre o nosso... Plano. – ele fez careta.

- O que há de errado? Não consegue mentir pra namoradinha? – fiz bico.

- Não... É que... Do jeito que você falou... Ela ficou desconfiada. – ele bagunçou o próprio cabelo.

- Ah... Agora a culpa é minha? – cruzei os braços.

- Sempre foi sua culpa. – ele arqueou uma das sobrancelhas.

- Cale a boca, Bieber... Você que nos deixou. A culpa sempre foi inteiramente sua. – apontei pra ele.

- Se você não fosse tão gostosa, não teríamos ficado e nada aconteceria. – ele riu fraco.

- Como é? – eu dei uma risada um pouco alta. – Você é... Nojento. – fiz uma careta de nojo.

Ele deu uma gargalhada gostosa de ouvir.

Eu apenas revirei os olhos.

Justin se aproximou, mordendo meu lábio e o puxando para si. Eu fiquei um pouco parada, sem nenhuma expressão sequer. Até ele começar a me encher de selinhos, um atrás do outro. Vários selinhos deliciosos, e ir o baixando... Mordendo meu queixo, meu pescoço... E ir fazendo uma trilha de beijos por ele, até o meu colo. Sua mão apertou minha bunda e seus lábios chegaram aos meus, os selando levemente.

- N-nojento. – empurrei seu peito, mal percebendo que havia acabo de gaguejar.

- Você gosta. – ele piscou.

- Gosto. Gosto de você longe de minha e da minha filha. Saía já daqui! – apontei pra porta.

- Você provocou. Sabia que era eu e atendeu de toalha. – ele riu.

- SAÍA! Você é um... Tarado! – o empurrei até a porta. – Boa noite. – disse enquanto abria a mesma.

- Tudo bem... Boa noite, nervosinha. Teremos um longo dia amanhã. – ele beijou meu rosto antes de sair pela porta.

Um longo dia amanhã... Me assustou como ele disse aquilo. Como se... Não sei. Tivesse alguma surpresa não muito boa a espera.

Balancei a cabeça negativamente e suspirei, tentando esquecer aquilo. Fitei Allie novamente, que não havia mexido nem um músculo. Ainda comia pizza e cantava a musica de abertura de algum outro desenho animado.

Bom, parece que eu teria que ser forte.