Destinos Partilhados escrita por shamps_e_washu


Capítulo 4
Renascimento e Morte




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Renascimento e Morte

Raito recostou-se na cabeceira da cama, sentindo o corpo pesar. Ao seu lado, L, de olhos fechados, recebia de Watari os primeiros cuidados nos pés.

- Watari também é enfermeiro? - Raito perguntou, ao notar a maestria e agilidade com que o mordomo tratava dos ferimentos do patrão, que não parecia estar em corpo presente ali.

- Eu tive muitas experiências na guerra. - Watari sorriu, sem interromper seu trabalho. Raito não perguntou mais nada, percebendo que o pacato velhinho era um mistério tão grande ou até maior do que o próprio Ryuuzaki.

- Afinal, Watari é a única pessoa em quem ele confia de verdade.

- Terminei Ryuuzaki. Agora, apenas descanse.

Apenas um aceno leve de cabeça comprovou que o paciente não dormia. Watari se virou para Raito, o eterno sorriso no rosto.

- Agora, Yagami-kun, sua vez. Vai ser rápido.

Foi só aí que o garoto percebeu o kit médico na mão do mordomo, que retirou dele uma nada amigável seringa de injeção. Raito empalideceu, mas tentou se conter. Não tinha nenhum orgulho desse detalhe de sua personalidade.

- Isso é mesmo...necessário, Watari?Eu só estou..um pouquinho machucado no pulso...né?

- E no rosto e um pouco nos pés e joelhos também, Yagami-kun. Agora, por favor, apenas relaxe. - enquanto Watari se aproximava, a seringa parecia crescer ameaçadoramente aos olhos de Raito.

- Isso é MESMO necessário, Watari? - sorriu nervosamente - Sabe, eu posso agüentar uma dorzinha...

- E certamente pode suportar uma leve picadinha. Assim eu vou pensar que você tem medo de agulhas, Yagami-kun.

- Eu?Medo de agulhas?Absolutamen... - desviou o rosto, desbaratinando, só para encontrar os olhos de Ryuuzaki bem abertos. Encararam-se em silêncio.

- Aliás, ainda estou tentando entender como os vidros da janela não eram blindados. - Raito despejou, tentando mudar o foco da conversa. L não pareceu se abalar.

- Eles são de um tipo especial. Não é possível quebrá-los pelo lado de fora, mas, como você percebeu, o oposto acontece. Se tudo o mais falhasse, ninguém ficaria preso para dentro. Jamais calculamos que algo assim pudesse acontecer... ou que eu o chutasse com tanta força.

Enquanto Watari,aproveitando a conversa dos dois, esticava o braço de um nervoso Raito para conseguir aplicar-lhe a injeção, L observava em silê não era a inesperada fobia de agulhas do garoto que ocupava seus pensamentos. Concentrava-se na marca roxa no rosto dele, resultante do chute letal.

- Por que eu o chutei tão forte?Isso não era necessário. Desculpe-me, Raito-kun.

- Talvez eu deva...blindar os vidros... - disse para dentro, no instante em que as técnicas de Watari sobrepujavam as artimanhas de Raito e finalmente o sedativo era aplicado.

- Há uma solução mais fácil para isso, senhor. - disse o mordomo, fazendo o curativo no rosto de Raito - Não briguem mais.

Ryuuzaki olhou mais uma vez para a expressão do garoto que, mesmo sedado, teimava em manter os olhos semi-abertos.

- Tem razão. Ainda mais agora, que estamos a cada dia mais próximos da solução do caso. E isso é, em grande parte, graças a Raito-kun...não devemos continuar assim.

- Tenho certeza de que esse incidente os alertou para o futuro, e tudo caminhará para um bom alguma coisa, senhor?

- Não, obrigado. Já estou bem. Cuide de Raito, sim? - fez menção de levantar-se, mas Watari segurou-o de leve pelo ombro. L levantou uma sobrancelha, mostrando-se contrariado.

- Peço que o Chefe Yagami entre? Ele quer explicações.

- E enquanto eu explico como quase matei o filho dele, você aproveita para me deixar de molho, certo?

- Enquanto isso eu trago o sorvete alemão que encomendei.

- Hm.- pensou um pouco - Aquela marca que eu gosto?

- Certamente, senhor.

- Estou precisando disso, com certeza.

Encarando isso como um consentimento, Watari se dirigiu à porta e pediu que o Sr. Soichiro entrasse, deixando-os a sós. Ele não dissera nada que Ryuuzaki não esperasse ouvir, já que além das brigas, também sérias suspeitas pesavam sobre o filho do chefe de polícia. A situação se encontrava realmente tensa.

Entretanto, reconhecendo como justa a impaciência da equipe em relação àquelas brigas, e agradecendo por eles serem sempre colaborativos, tudo terminou com a promessa de que não haveria mais quedas mortais e distribuição de chutes e socos pelos corredores por parte dos meninos.

- Isso. Sem motivos para brigas... e eu também não gosto de brigar com Raito. Se não fossem essas algemas hoje.. mas acredito que Watari me deu uma dose de sedativo maior do que o necessário...

Quando Sr. Yagami se retirou, L não pôde evitar cair no o corpo cansado no travesseiro e levou o dedo à boca, fechando os olhos lentamente.

E, depois de muito tempo, teve belos sonhos. Mas não só ele, pois, na outra cama, Raito percebia inconscientemente que estar algemado a Ryuuzaki salvara sua vida nesse dia.

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Eles conseguiram, incrivelmente, não brigar por muito tempo. O maior desafio de Raito no momento era escapar às investidas de Misa, que obviamente estava cheia de motivos para correr atrás dele. Para qualquer garoto do Japão, isso seria um sonho realizado. Entretanto, não era esse o caso.

Ele conseguira convencê-la de que eles precisavam se concentrar na investigação, e se por um lado ela desistiu de procurá-lo à noite, por outro só ficou mais afoita em ajudá-los a capturar Kira e assim ter seu amado de volta o quanto antes.

Mas esse não era o único problema. A presença de Ryuuzaki perturbava Raito cada vez mais, e ele sabia muito bem que não era ódio ou irritação. O sonho que teve foi apenas o começo, e ele lutava para esconder esses sentimentos estranhos ao máximo. Inclusive de si mesmo.

Mal sabia ele que Ryuuzaki sentia o mesmo tipo de reação. Já havia, a essa altura, admitido que o que motivara o "chute exageradamente forte" nada mais era do que um ridículo ataque de ciúmes por ter visto seu suspeito junto à suposta namorada. E não escondia de si mesmo a alegria de vê-lo afastá-la.

- Imagino se ele me afastaria também... oras, que não deveria cometer um erro grosseiro desses, afinal, Yagami Raito é meu principal deixou de parei de pensar nele.

Estacou, com o creme de morango a meio caminho da boca.

- Nunca parei de pensar nele...isso abre novas possibilidades. Estarei...?

Engoliu o creme e, no mesmo instante, suas divagações foram interrompidas por uma pontada no estômago. Um espasmo imperceptível passou por seu rosto, antes que ele se levantasse bruscamente com apenas um objetivo.

- RYUUZAKI!!

Só restava a Raito gritar, sendo arrastado sem aviso até o lado de fora da cabine do banheiro mais próximo, quando Ryuuzaki encontrou o que precisava.

- Estava tão apertado assim? - bufou, sentando-se no chão mesmo - Crianção...

Passou-se muito tempo antes que Raito ouvisse o som da descarga. E mais tempo ainda até Ryuuzaki sair da cabine, não sem antes puxar novamente a descarga. Raito não imaginava que alguém pudesse ser mais pálido que L, mas era isso o que via. Chegava a ser perturbador.

- Ryuuzaki...você não está nada bem.

- Só deve ter sido...algo que comi.

- ÓBVIO que foi uma porcaria doce que você comeu!!Isso tinha que acontecer, mais cedo ou mais tarde! - fez menção de ampará-lo, mas antes que pudesse, ele voltou para a cabine e colocou todo o creme de morango para fora. Depois que finalmente terminou, Raito se aproximou.

- Vem, Ryuuzaki. Vou pedir ao Watari que traga um remédio.

L apenas fez que sim com a cabeça, emitindo um gemido baixo. Abraçou o estômago e permaneceu em posição fetal, sem falar mais nada. Se não fosse Raito arrastá-lo, poderia ficar ali mais tempo ainda.

- Definitivamente, como uma criança.

Cuidadosamente, Raito o levou até o quarto e o deitou na cama, depois de trocar os travesseiros. Pegou uma toalha e limpou o suor que escorria da testa.

- Nunca o vi suar tanto. Por quanto tempo será que se segurou? Quanta teimosia...

- Obrigado, Raito-kun...

- Não tem de quê. Como ligo para o Watari deste telefone?

- Use o 7...

- Ok...Watari, é o Raito.O Ryuuzaki teve um súbito problema de estômago, ele precisa de um remédio, e um chá seria bom também. É, eu acho que deve ter sido o creme de morango. Obrigado. Sim, tudo bem.

Desligou o telefone e ajeitou as cobertas de Ryuuzaki, que já se encolhera todo novamente.

- Já vai passar. Watari já vai trazer o remédio. -Raito ajoelhou-se aos pés da cama, falando com ternura - Aliás, como ele deixou você comer algo estragado?Isso não se faz... Deus, como está suando. E ficar assim todo encolhido não vai ajudar.

Com esforço, Raito conseguiu ajeitar L em uma posição mais adequada. Mediu a temperatura, atestando um pouco de febre, e se adiantou em ligar novamente para Watari e pedir toalhas e água. Quando o mordomo adentrou o quarto um tempo depois, Raito utilizava o próprio lenço para secar os suores do rosto e mãos de Ryuuzaki.

- Ah! Watari. - pegou as toalhas e a água, visivelmente contrariado - Afinal, como você o deixou comer algo estragado? A saúde do Ryuuzaki não é sua responsabilidade? Agora ele está ardendo em febre!

- Aqui está o remédio. Ele logo se sentirá melhor.

- Ah, obrigado. Aqui, Ryuuzaki, tome o remédio. Não se atreva a pensar em fazer manha!

Com relutância e cara feia, L engoliu o remédio. Raito suspirou.

- Watari, você trouxe o chá?

- Irei prepará-lo agora, Yagami-kun. Deixe o remédio fazer efeito. E... obrigado por se preocupar com ele. - disse, antes de se retirar. Raito piscou, mas antes que pudesse responder, ouviu a movimentação de Ryuuzaki na cama.

- Não se mexa demais. - aproximou-se - Ainda dói muito?

- Dói sim. Espero que esse remédio horrível funcione depressa... - enfiou o travesseiro no rosto, amuado. Estava pronto para gemer e reclamar de novo, mas sentiu duas mãos sobre seu estômago e olhou imediatamente, não acreditando que Raito puxara sua camiseta para cima e agora massageava sua barriga.

- Raito-kun... – L sentiu o rosto queimar e as mãos gelarem, duas interessantes sensações opostas. Impassível a isso, o garoto continuava a massagem com todo o cuidado.

- É bom para aliviar as dores. Ao menos comigo funcionava. Relaxe, Ryuuzaki.

L ficou encarando o teto, sentindo os dedos leves de Raito deslizarem pelo seu estômago. O toque gentil realmente parecia fazer a dor se recolher, como se tudo o que precisasse para se acalmar fosse um carinho. Ponderou internamente se aquelas seriam as mãos do assassino que procurava... e esse pensamento causou uma dor mais profunda do que a indigestão.

- Está melhor?

- Sim. Isso realmente funciona. Onde aprendeu?

- Com a minha mãe. Quando eu tinha dores assim, ela massageava minha barriga depois do remédio. Parecia mágica. Eu não sou tão bom quanto ela, mas...

O olhar de Raito se perdeu por um instante nessas lembranças de infância, e se deu conta de que não falava com ninguém em casa já fazia muito tempo, desde que fora preso por sua própria vontade (uma idéia idiotíssima, percebia agora). Sua mãe devia estar morrendo de saudades, e a falta começava a atingi-lo também.

- É algo bom de aprender com a mãe. – Ryuuzaki comentou, tirando o amigo do transe.

- É sim. Você deve ter aprendido coisas ótimas com a sua mãe também!

- Na verdade não, já que não a conheci e nem a meu pai.

Um buraco no chão para enfiar a cara não seria o bastante para Raito depois disso.

- De..desculpe, eu...eu não sabia...

- Não faça essa cara de velório, Raito-kun. – sorriu de leve – está tudo bem. Eu já sou bem crescidinho.

- Certo...crescidinho que ainda faz manha para tomar remédio de indigestão, né? – não podia deixar passar essa deixa. L rebateu na hora.

- Sorte que não era uma injeção, né, Raito-kun!- tentou sentar e uma rápida expressão de dor mostrou que ainda não estava tudo bem. Ajeitou-se na cabeceira, reclamando que não queria ficar deitado, e Raito arrumou os travesseiros para ele.

Os dois permaneceram em silêncio enquanto Raito continuava a massagem, ainda se sentindo culpado pelo que considerava uma gafe. Mais ainda, percebia que sabia muito, muito pouco de quem Ryuuzaki realmente era. Não que estivesse com pena, mas quantos pré-julgamentos mais ele faria por conta de sua ignorância?

Era um bobo por ter considerado todas aquelas peculiaridades de L apenas manias e tiques de um esquisito. Não... sempre foi mais conveniente pensar assim, quando era óbvio que havia muito mais por trás disso.

- Eu quero saber. Quero entender de verdade porque você é assim. E eu quero ajudar se puder. Não só porque você esconde seu nome, senta diferente, come doces até ter indigestão, morde a ponta dos dedos e não liga para a aparência.

Ryuuzaki, tem mais uma coisa que minha mãe me ensinou.

- Eu quero conhecê-lo melhor.

Ela diz que abraço de mãe cura qualquer coisa. Eu não posso te dar um abraço de mãe, mas posso dar um abraço de amigo.

- Eu quero saber por que seus olhos não têm brilho.

- Eu posso?

L apenas fez que sim com a cabeça, sem tentar entender o que aquilo significava. No mínimo, um pedido de desculpas pelo que Raito-kun consideraria uma gafe. Mas, quando sentiu os braços do amigo o envolverem e o trazerem para junto de si, até engoliu em seco. Se aquilo era um abraço de amigo, percebeu que não podia imaginar a bênção que seria um abraço de mãe. E pelo tempo que ficaram abraçados, ele quase considerou uma dádiva aquela indigestão, que agora se recolhia pequenina, insignificante, diante da força daquele abraço terno.

Ou apenas se retirava elegantemente, após cumprir esplendidamente seu papel.

- Acho que não vou precisar do chá. – fechou os olhos, sorridente.

- Obrigado, Raito-kun.

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Quando Raito entrou naquele helicóptero, tinha certeza de muitas coisas.

Tinha certeza de que terminaria. De que capturariam Kira. De que ele e Ryuuzaki comemorariam com uma empolgante partida de tênis.

Mas o que Raito faria se tivesse certeza do que aconteceria se pegasse aquele caderno preto em mãos?

A curiosidade me consome, e quando percebo minhas mãos já o tocaram.

Um segundo – menos que isso, até. Uma fração de momento, e sinto meu cérebro se partir em mil fragmentos. Dói.

Enquanto os cacos de pensamento giram ao meu redor, tendo como trilha sonora o grito que deve ser meu, a verdade aparece clara, resplandecente, quase zombeteira.

Eu sou Kira.”

Ao mesmo tempo, o turbilhão cessa e ouço a mim mesmo falando no fundo da minha mente, em uma voz que me arrepia.

Exatamente como planejei.”

Tudo escurece.

A vitória é minha.”

É a ultima coisa que ouço antes de cair.

Tudo bem, Raito-kun?

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Algo mudou.

Na expressão corporal, no jeito de andar, no sorriso.

Nos nos olhos.

O Raito Yagami que saíra do helicóptero não era o mesmo que era tão óbvio que chegava a ser ridículo. Mas, por mais que L observasse, não encontrava o ponto exato dessa mudança. Ainda era Raito, mas não o mesmo. Era mais como o garoto com quem se encontrou pela primeira vez, aquele que observou por câmeras, aquele que foi preso.

- Aquele que possui maior probabilidade de ser Kira.

Mesmo livre das algemas ele não ia embora, e a sensação ruim de L também não. Uma sombra parecia rondar, um espectro o perseguia a cada passo - sem ser o Shinigami quieto e carrancudo que agora perambulava pelo QG. E uma certeza insana acompanhava essa presença.

- Posso morrer a qualquer momento.

- A qualquer momento agora, Ryuuzaki.

Raito tomava tranquilamente seu café na cozinha, contendo o sorriso. Tudo tinha se passado absurdamente tão bem que ele tinha vontade de gargalhar como o Ryuuk costumava fazer. Só mais alguns dias, e tanto L quanto Remu fariam exatamente o que deveria ser feito. Simplesmente perfeito. E ele finalmente poderia rir o quanto quisesse, sem se conter.

Ligou para Misa novamente. Ela estranhamente demorou a atender, e quando o fez, ele destilou seu doce tom de sempre.

- Olá, amor. Preciso falar com você. Pode ser agora?É...estou morrendo de saudades...ok, até logo.

Desligou o telefone e se dirigiu para a porta, as mãos nos bolsos e um sorriso tranqüilo.A devotada súdita viria rapidamente, e seria simples. A instruiria a desenterrar o caderno e agir como Kira.

- A partir de hoje, tudo se desenrolará como em uma ópera. Mas não orquestrada por L, e sim por mim.

E realmente, haveria ópera, pois haveria tragédia. Pensando nisso, não pôde conter o sorriso rasgado que voltara a fazer parte de sua face.

E a tragédia veio antes do que Raito esperava.

Ele esperou, esperou e esperou. Mas Misa não apareceu. Todos estranharam, pois ela não perdia um encontro sequer com Raito, e não foi difícil imaginar o pior.

- Nem para telefonar... onde ela se meteu?? - cruzou os braços, impaciente. Decidiu ele mesmo ligar, mas ela não atendia a nenhum celular.

- Bem, acho que terei que ir até a casa dela, já que estou extremamente preocupado. - disse quando perguntado, ainda que sob o olhar inquisidor e silencioso de Remu.

- Deixe-me dar-lhe uma carona, Yagami-kun. É realmente estranho que Amane desapareça dessa maneira, e o deixe esperando.

- Oh, agradeço muito, Ryuuzaki. Mas você irá sair da central? O que está pretendendo, L?Você está por trás disso?

- Não tem perigo. Só você sabe que sou L aqui fora.

- Tem razão. Ainda suspeita de mim, não é?Pois muito bem. Suspeitará até a morte... o que não irá demorar.

Com o shinigami a tiracolo, entraram no Rolls-Royce particular de L e foram até o apartamento de Misa. Raito percebeu que era a primeira vez que entrava no elegante automóvel, contrastante com a aparência externa de Ryuuzaki. O encarou por um momento.

- Se ele se apresentasse de forma a combinar com esse carro... bem, isso não importa. Não posso deixar de me sentir confortável aqui.

Seguiram até o prédio em silêncio e, ao chegarem lá, foram informados pelo porteiro que a srta. Amane não saíra do apartamento. Mesmo assim, ninguém atendeu ao interfone.

Preocupado de verdade, Raito subiu as escadas apressado. Não imaginava o que poderia ter acontecido à Misa para que ela o deixasse esperando em um momento tão importante.

- Se isso for uma brincadeira idiota...bem, é melhor que seja.Ela é uma peça fundamental agora.

- Misa! - batia à porta, aumentando o volume da voz de acordo com a demora de resposta. Impaciente, Remu atravessou a parede antes deles.

- Yagami-kun, creio que a situação exige medidas mais drásticas... como derrubar a porta. - apesar da frase de efeito, a expressão de Ryuuzaki não denotava urgência alguma.

- Invadir? Sim, isso é o que farei. Afinal, estamos falando da minha Misa. Estamos sem tempo, e isso definitivamente não cheira bem. Será que L tem mesmo algo a ver com isso?

- A 'sua Misa' que até três dias atrás era rechaçada a cada tentativa de aproximação. Você não consegue me enganar, Yagami-kun.

Ao adentrarem o apartamento, tudo era silêncio.

- Misa? - Raito chamou, sem retorno. Deram alguns passos e o shinigami surgiu vindo do banheiro, com uma expressão aterrorizante na direção de Raito. Esticou ameaçadoramente o braço ósseo para ele.

- Você só não morre agora porque eu fiz uma promessa. Mas não espere qualquer apoio de minha parte. Está sozinho, Yagami Raito. Para mim, acabou.

Dito isso, ele abriu as grandes asas e se retirou pela janela sob o olhar de todos. L se adiantou e entrou no banheiro de onde viera Remu, já desconfiado de toda aquela cena e da aparente intimidade do shinigami com Raito, mas pensaria nisso depois.

- Yagami-kun, Matsuda-san... é melhor entrarem.

Matsuda entrou correndo no banheiro e soltou um grito. Ao chegar à porta, Raito arregalou os olhos assustadoramente e passou as mãos no rosto com força. Uma vertigem o atingiu, e ele apoiou-se na parede. Não importava a causa, ISSO definitivamente não estava nos planos.

- Certo. Preciso de um novo plano.

Um plano que se adequasse ao fato de Amane Misa estar estirada e morta no banheiro de seu apartamento.

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Notas finais do capítulo

Notas finais: até que foi rápido o capítulo 4!Esse foi gostoso de escrever...e agora a reviravolta acontece!Espero que quem leia esteja se divertindo tanto quanto a gente que cria e escreve isso!Eu confesso que os dois se abraçando me deixa com nó na garganta T-T E agora que o empatão-mor retornou...bem, quem sabe o que pode acontecer...Ah!A morte da Misa? A gente explica logo logo!! XD - vai dizer que você não gostou...

No próximo capítulo: novas estratégias para Raito, e mais cultivados com sinceridade podem ser apagados da memória tão facilmente?