World Of Chances escrita por Semi_Forever


Capítulo 3
What Lies Beneath


Notas iniciais do capítulo

Breaking Benjamin - What Lies Beneath
;*
Só músicas dramáticas, não é ? Mals
Sabe, se vocês gostaram dessa história provavelmente vão gostar dessa One Short: http://fanfiction.com.br/historia/149924/My_Guitar (My Guitar)



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- Megan vomitou horrores depois de acordar. – arrepiei-me ao terminar a história ao lado de Miley.

- Pelo menos ela voltou. – ajudou Miley.

- Obrigada. – sorri.

Circulei o olhar pela praça.

Estávamos Miley e eu sentadas em nosso banco preferido da praça mais perto de casa, onde costumávamos brincar.

- Você falou com a Demi em algum desses dias? – perguntou curiosa.

- Não, bem... sim. – tentei lembrar. – Ontem ela estava na cozinha quando cheguei da sua casa, nós nos cumprimentamos e fomos cada um para seu lado. Já vai completar uma quase uma semana e ela nem tocou no assunto daquela noite, parece que esta tentando... fugir! É isso!

- Quê?

- Ela não quer ajuda!

- Por que ela não quereria?

- Não sei... curioso.

- É, você não mudou nada. – disse ela. – Sabe, acho melhor você esquecer essa história. E, alem do mais, eu queria te apresentar a uma pessoa.

- Quem?

- Aaah, uma amiga minha e da Emily. – Miley puxou o celular e teclou viciadamente no teclado virtual. – Pronto, ela esta a caminho.

- Quem? – repeti.

- Eu a conheci ano passado, quando ela mudou para a casa do lado da minha. – começou. – Ela é legal e toca violão.

- Você tem a ficha criminal dela também? – ironizei.

- Há-há. Engraçada como sempre.

- Selena, Taylor. Taylor, Selena. – apresentou-nos Miley.

- Prazer. – disse simpática, pegando sua mão estendida.

- É todo meu, famosa Selena. – disse Taylor.

- Pelo jeito sou realmente famosa por aqui. – olhei Miley com olhos estreitos. – Fico surpresa que não tenha dado nenhum autografo.

- Tem razão Miley, ela é engraçada. – riu Taylor sentando-se ao meu lado, deixando-me no centro das duas.

- Disse. – piscou Miley para mim.

- Da onde você veio mesmo? – perguntou-me Taylor.

- De New Jersey. – respondi. – Bem, minha mãe viajava bastante e vivíamos em constante mudança. Foi uma experiência nova arrumar minhas roupas em um guarda-roupa.

- Entendo essa vida. – bufou ela. – Também vivia assim quando morava com meus avôs, mas era porque eles eram aventureiros. Então me cansei e voltei para meus pais.

- Sério? – simpatizei. – Nunca conheci uma pessoa que entendesse essas coisas.

- Nem eu. – sorriu. – Acho que fiz a escolha certa vindo pra cá.

Correspondi seu sorriso com timidez. Isso foi um flerte.

- Você mora onde? – perguntou ela.

- Virando a segunda esquina dessa rua. – apontei para a primeira entrada na mão da direita. – Uma casa branca e vermelha com uma janela gigante. Impossível errar.

- Posso me auto convidar a te fazer uma visita? – piscou.

- Claro.

- Ok, fui ignorada. – disse Miley. – Depois me perguntam o porquê eu e Emy andamos tão juntas.

- Ignora ela. – avisei a Taylor que riu. – Seus avôs eram aventureiros, então?

- É. Foi bem legal viajar com eles, mas tem algumas horas que a única coisa que você quer é... estabilizar, entende?

- Pra falar a verdade, sim. – comecei. – Era normal eu e minha mãe fazermos mudanças a cada dois meses e sua rotina, imagino eu, não ser tão diferen...

- Com licença. – pediu uma voz suave.

- Aaah, olá Demi. – senti-me ligeiramente desconfortável perto dela. Não nos falávamos a quase três dias e era como se ela fosse uma estranha. Mas, ao mesmo tempo em que era estranha, não queria que me vê-se com outra garota. Minha mente estava confusa sobre ela. Queria dar minha ajuda de qualquer maneira, mas era difícil me aproximar de uma pessoa que não conheço.

- Não consigo falar com sua irmã, o que tem acontecido? – perguntou.

Aaah claro, Megan. O único assunto que comentávamos.

- Não sei. Ela anda bem parada esses dias, a ressaca foi grande acho. – tentei parecer engraçada, mas ela sentiu a timidez em minha voz.

- Tem algo errado? – disse desconfiada.

- N-não. – sorri. – Não sei o que deu em Megan, anda se arrastando pela casa.

- Hm, ok. – disse percebendo minha mudança de assunto. – Oi.

Taylor assustou-se com o olhar de Demi e pareceu desconfortável.

Acenou a cabeça sem encará-la.

- Ok. – Demi entendeu o ato como passagem de saída.

- Você não quer ficar? – perguntei, antes de ela sair.

- Quem? – olhou para os lados.

- Você. – ri, pela primeira vez com sinceridade.

- Hm... – ela fitou os rostos das garotas. – Acho que vou atrapalhar, deixa para próxima. Passo na sua casa depois.

- Você conversa com ela? – perguntou Taylor, a voz baixa enquanto Demi se afastava.

- Sim, por quê? – perguntei curiosa.

- Minha mãe disse que ela é drogada e se mutila. – respondeu ela.

- Se mutila? – disse Miley, adicionando-se na conversa.

- É. – confirmou Taylor. – Meus pais não me querem perto dela, acho que nem eu quero.

- Minha irmã mais velha é usuário de drogas. – disse com normalidade.

- Sério? – disse ela se chocando quando assenti. – Não me entenda mal Selena, não falei que sua irmã...

- Tudo bem, não se preocupe. –assegurei. – Já estou tirando umas conclusões bem parecidas com as suas, acho.

Aquele dia mudou completamente minha visão para com Demi.

Percebi o que por mais que queira parar, seu corpo não deixava e decidi que se quisesse atingir minha irmã tinha que começar por alguém mais fraco.

 O que me incomodava era uma voz bem no fundo de minha cabeça que dizia coisas que não queria ouvir. Sabia que não era totalmente verdade o que dizia, ou era?

“Você não vai mudar nada, por mais que tente, nada acontecerá”

Sabia que Megan era forte e crente demais em suas drogas para parar e, em algum lugar, eu sabia que era impossível. Mas não admitiria isso tão cedo, preciso de provas. Preciso ver com meus próprios olhos e sentir em minha pele.

E Demi. Eu vi em seus olhos naquela noite o quão desesperada estava, mas tudo se confundiu quando ela apareceu com um cigarro nos dedos no dia seguinte. Depois de todas aquelas palavras de aparência sincera e de dormir como uma pedra no sofá ao meu lado.

Sabia que ela precisava de ajuda. Talvez, quando pensasse em lutar por si própria, desistia em perceber que a luta era injusta. Drogas x Sanidade.

Sanidade é para os loucos – diz a frase.

Sanidade é para os fortes – digo eu.

 Não me julgo forte, mas penso ser maior que muitas pessoas nesse tópico tão esquecido. Hoje não se existe mais o orgulho de ser virgem aos dezessete, você é chamada “otária” por isso. E a mesma coisa acontece com as drogas, você se vê fraco demais para agüentá-las sozinho. Por isso segurei a mão gelada de Demi naquela noite e deixei que falasse, para fazê-la perceber que não esta sozinha. Fracassei.

Abri os olhos e me vi sentada no mesmo lugar. As horas já eram passadas e percebi que era noite.

Estava sozinha naquele banco. Miley e Taylor foram-se há tempos e eu fiquei. Precisava pensar, mas tinha que ir para casa. Essa cidade não é tão pequena quanto parece e sempre tem aqueles que preferem a noite. Eu não sou um deles.

Levantei-me do banco de pedra e caminhei letamente, contornando a praça.

Não tenho medo da noite, mas sim das coisas que andam por elas. Alguns pensam que só porque o sol se foi o mundo fica sombrio o bastante para serem o que realmente querem, e isso me assustava.

- Não deveria estar na cama? – perguntou aquela mesma voz ouvida mais cedo.

Olhei para o lado, confirmando minhas hipóteses.

- Demi. – sorri.

Ela levantou-se do banco que se apoiava e foi até meu lado.

- O que faz aqui agora? – disse ela. – Esta me seguindo?

- Não. – disse rapidamente. – Só perdi a noção do tempo.

- Seu pai pode estar preocupado, se fosse você corria para casa.

- E você? Não vai para a sua? – perguntei.

Ela riu desviando o olhar do meu.

- Não acho que sou bem vinda em casa hoje. – ela ri novamente. – Hoje...

- Porque não hoje?

- Bem, isso foi uma piada na verdade. – disse ela. – Nunca sou bem vinda em lugar nenhum. Mas, você deveria ir para casa.

- Bem, você me deve uma.

- Devo o que?

- Quando te convidei para ficar conosco mais cedo você disse: “deixa pra próxima”. – encolhi os ombros. – Essa pode ser a próxima?

- Você ‘ta bem? – perguntou-me como se houvesse algum problema.

- Como assim? – disse confusa. – Só quero, sei lá, passar um tempo com você.

- Por quê?

- Aaah porque... não sei, só... – enrolei-me. – Porque essas perguntas sem sentido?

- Porque... ninguém nunca falou comigo assim. – disse ela, surpresa.

- Você quer dizer que ninguém nunca pediu sua companhia?

- Bem, se quer resumir nessas palavras, sim.

- Isso é...

- O certo. – disse ela. – As pessoas estão certas. Vá para casa.

Ela se virou para o banco, mas permaneci imóvel.

- O quê!? – perguntou quando sentou-se novamente. – Vai ficar ai parada?

- Acho que Megan iria ficar agradecida por você me levar para casa, afinal, já é tarde e as ruas são perigosas. – falei olhando meus pés. – Não foi você mesma quem disse que eu deveria estar na cama agora?

Ela hesitou alguns segundos me encarando, mas logo levantou novamente e começamos a andar.

- Como conheceu minha irmã? – perguntei.

- Aaah, foi na escola. – respondeu. – Entrei ano passado, mas começamos a nos falar nesse e viramos amigas.

Assenti deixando o silencio dominar.

Era bom sentir alguém perto, quero dizer, alguém diferente perto.

- Se importa? – ela pegou um cigarro no bolso no jeans escuro e acendeu em sua boca, tragando.

- Claro que sim. – arranquei o pequeno tubo dentre seus lábios e joguei-o no chão.

- O quê... você é louca? – disse observando meu rosto de indignação.

Ignorei-a e continuei o olhando para frente.

Senti o cheiro de fumaça novamente e repeti o gesto quando vi um novo rolinho entre seus dedos.

- Você... aargh! – serrou os punhos.

Ignorei-a novamente, sorrindo com o divertimento.

- Posso fazer isso quantas vezes forem precisas. – ri, jogando um novo cigarro no chão.

- Esse maço foi caro, é de marca! – queixou-se.

- Então da próxima vez que sair comigo compre um mais barato, por que se eu ver um, vai pro chão. – paremos em frente a minha casa.

- Da próxima vez? – perguntou confusa.

- Bem, se você quiser claro. – sorri.

- Veremos. – disse me conduzindo até a porta.

- Obrigada, até mais. – disse antes de entrar.

- Selena. – chamou-me.

- Sim. – encarei-a.

- Hm, obrigada por... você sabe... aquela noite. – coçou a nuca constrangida.

- Estou aqui para isso. – sorri fechando a porta por dentro.

Por alguns segundos meu coração só pulou por conversar com Demi por mais de cinco minutos desde aquela noite.

Espiei pela janela e a encontrei com um novo cigarro entre os dedos.

Cruzei os braços sobre o busto até que meu olhar encontrou o dela.

Vi seu olhar chateado ao jogar o pequeno borrão branco no chão propositalmente.


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Notas finais do capítulo

Pessoal ... eu chorei quando li com reviews. Muito obrigada por me mostrar o quanto estava errada sobre essa fic. Meu primeiro pensamento quando esse assunto veio em minha cabeça foi: "Ninguem vai ler e, muito menos, comentar" "A história é uma porcaria."; mas vocês me mostraram que a realidade pode ser um bom cenário pra um romance. Obrigada por tudo, até o próximo post ;*Review ? *.*