Uma Prova de Amor escrita por Lauren Reynolds, Jéh Paixão


Capítulo 36
Capítulo 34 - Definindo a Vida




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Capítulo 34 – Definindo a vida.

Duas semanas depois...

Isabella deixava o prédio de seu campus com um sorriso estampado no rosto. Era evidente tal felicidade e as pessoas a encaravam de esguelha quando passavam por ela.

- Bella! É raro vê-la andando para este lado do campus. – Christine disse, quando a encontrou atravessando o jardim principal e dirigindo-se para a ala principal da universidade. Lá ficavam outros cursos.

- Sim, eu saí mais cedo, vou fazer uma surpresa a Edward. – Ela respondeu. – Ainda faltam alguns minutos para ele sair. Vou esperar um pouco.

- Ótimo, fico aqui um pouco, depois vou para a outra aula. – Christine sentou-se num dos bancos das mesinhas.

Bella colocou a bolsa lateral e alguns livros sobre a mesa.

- Oh, eu tinha me esquecido completamente! Fiquei tão atolada de trabalhos, que nem me lembrei de te perguntar sobre Jasper. – Christine exasperou-se por alguns instantes.

- Jazz foi transferido. Ele ficou em Edimburgo por dois dias e depois pôde vir para Londres. – Ela comentou. – Agora está no hospital onde trabalho. Vai ficar lá mais duas semanas.

- Isso é ótimo. Ele fica melhor aqui em Londres. E Alice?

- Alice está impossível. Ela freqüenta as aulas, passou sem nenhum problema, já está liberada da faculdade e vai todos os dias após o horário do trabalho ao hospital.

- Alice é impossível. – Christine enfatizou. – Bella, preciso ir. Tenho aulas para dar hoje.

- Boa sorte!

Bella despediu-se de Christine Lyon e foi para dentro do prédio principal. Ela não fora muitas vezes à sala de Edward, mas sabia onde era. E, imitando um gesto dele, ela parou próxima a sala e esperou alguns minutos.

- Você aqui? – Edward franziu o cenho.

- Sim, eu! – Bella sorriu. – Eu tenho boas notícias!

- Passou e não tem dependência alguma? – Ele chutou.

- Também. – Ela sorriu. – Vamos andando. Ontem à noite, quando eu já tinha terminado meu serviço, subi para o andar da cardiologia, para chamar Alice. E encontrei Ângela no corredor, um pouco antes de entrar no quarto.

Uma ruga formou-se no meio da testa de Edward.

- E?

- E... Que Âng me disse que eles haviam feitos novos exames e monitoramentos para acompanhar a aceitação do novo órgão. – Ela dizia devagar. – E hoje optei por sair mais cedo com Carlisle, porque queria ir ao hospital para saber se já tinham algum resultado. E de acordo com Ângela, o coração de Jasper está se adaptando bem ao corpo, os remédios vão ficar apenas por sete meses ou um ano... E, tem mais, daqui uma semana ele sai do hospital e passa a fazer o tratamento em casa e pode voltar a prática leve de exercícios!

Edward exibiu um sorriso cintilante que fez Bella suspirar. Ela adorava vê-lo com os olhos tão brilhantes e com aquele ar de felicidade que contagiava qualquer um. Em resposta, Edward apertou levemente a mão dela na sua e virou-se, quando estavam próximos ao refeitório, para beijá-la.

- E eu também tenho que te pedir desculpas. – Ela murmurou.

- Pelo quê, exatamente? – Edward encarou-a.

- Com tudo o que aconteceu... Eu me mudar para sua casa, ter que dar conta de um projeto da faculdade, o trabalho e o caso do Jasper, Alice quase surtando... Acabei nos deixando de lado.

- Bella, isso é tolice. – Ele encarou-a. – Eu admito que você nos deixou um pouco de lado, mas não há pelo que se desculpar.

- Sim, há. Eu ainda estou tentando lidar com tudo. Sei que é uma desculpa bem mal feita, mas não consigo pensar em uma maneira melhor de descrever.

- Não se preocupe, eu entendo tudo isso. – Ele disse baixinho, enquanto percorriam o refeitório, indo para a mesa que sempre costumavam sentar. – Você nunca precisou estar sempre ao lado de alguém e a única pessoa que você tinha era...

- Alice. – Bella sorriu e viu a irmã chegando saltitante.

Alice desfilava, parecia quase flutuar, pelo refeitório ao lado de Rosalie. Ela exibia um sorriso de orelha a orelha e todos sabiam que era pela melhora constante e progressiva de Jasper. Quando se aproximou da mesa, ela sentou ao lado de Bella e deu-lhe um beijo no rosto.

- Parece estar radiante, Alice. – Edward comentou.

- E ela está. – Rosalie disse com algum azedume. – Ela não parou a manhã inteira. Dê um jeito nela, Bella.

- Vai ficar impressionada se eu disser que ela mal dormiu a noite? – Bella contou-lhe.

- Alice é uma pilha.

- Falando em pilha... – Alice debruçou-se sobre a mesa para pegar alguns dos salgadinhos de Bella. – Você está uma pilha ultimamente. Conseguiu terminar o trabalho?

- Finalmente! Preciso só fechar algumas aulas hoje, por isso vou ficar no campus até mais tarde.

- Não vai ao hospital? Pensei em passar lá de tarde para ver o Jazz. – Edward acrescentou.

- Vou, mas só depois das seis horas. Talvez as sete.

- A propósito, Rose, onde está Emmett?

- Ele tinha um treino hoje cedo e algumas aulas à tarde. Disse que iria direto aos vestiários. Talvez ele não passe por aqui. – Rosalie comentou. – Vou passar na sala dele quando eu for embora e levar algo para ele comer.

- Então... Hoje também é meu último dia letivo. É de mais alguém? – Alice perguntou.

Edward levantou a mão, em sinal positivo, pois mastigava um pedaço de qualquer coisa que ele comprara. Rosalie assentiu e olhou em seu celular só para confirmar.

- Sim, é. Eu tenho só mais duas aulas. E, acho que o Emm tem apenas jogos depois. – ela digitou alguma coisa no celular touch.

- O papo está descontraído e ótimo, mas eu preciso ir. – Bella suspirou.

- Eu te espero em frente ao campus.

- Ótimo, nos vemos mais tarde então.

(...)

Esme estava em sua sala, digitando incessantemente em seu notebook e observando um desenho que havia numa mesa. Ela levantava várias vezes e riscava alguma coisa no papel e voltava ao computador. Rosalie entrou apressada no escritório da chefe.

- Boa tarde. Desculpe o atraso.

- Não tem problema. – Esme sorriu. – Eu preciso que você abra a sala de conferência e reúna o pessoal. Nós temos um grande projeto.

- Farei isso.

- E Rosalie. – Esme chamou-a novamente. – Lembra do que havíamos combinado algum tempo atrás, sobre a verba destinada a filantropia?

- Oh. – Ela fez uma expressão de surpresa e choque. Havia se esquecido completamente do que deveria ter sido feito. – Deus, esqueci. Eu sei, culpa minha, tudo aconteceu muito rápido.

- Pegue os arquivos necessários e leve para a sala de conferência, vamos tratar dele lá.

- Sim, senhora.

A loura saiu, deixou o casaco e bolsa num armário próximo a pequena cozinha que havia ali, fechou a porta e foi para sua mesa. Ela separou os arquivos que Esme pedira, passou-os para um pen drive, quando foi interrompida.

- Rosalie, a encomenda de Esme chegou. – Uma voz feminina disse ao viva-voz do telefone.

- Mande subir. Eu receberei. – A loura apertou um botão e anunciou.

Alguns minutos depois, um homem de meia idade saiu do elevador. Ele trazia uma caixa nas mãos, uma prancheta e mais alguns papéis.

- Bo-boa tarde. – Ele gaguejou ao ver Rosalie. – Assine aqui, por fa-favo-vor.

- Obrigada. – Ela pegou a caixa e abriu.

Quando todos estavam reunidos na sala de conferências, Rosalie chegou com a caixa em suas mãos. Ela ficou ao lado de Esme e começou a distribuir os novos ipad’s.

- Os arquivos que precisam já estão aí. – Ela sorriu.

- Eu pedi que comprassem alguns desses, acho que será mais fácil acompanharmos os projetos nas conferências. Vamos começar. Rosalie vai apresentar o projeto filantrópico.

(...)

- Posso entrar?

- Edward, claro. Sente-se. – Carlisle apontou-lhe a poltrona. – O que faz aqui?

- Vim trazer Bella e quero ver Jasper, antes de ir para casa. – Ele comentou. – Está tudo bem?

- Tudo ótimo.

Carlisle trocou algumas palavras com Edward, enquanto Isabella percorria o corredor principal do andar da oncologia. Ela passava na enfermaria, pegava os prontuários deixados pelas enfermeiras do plantão e os levava para sua mesa.

Enquanto preenchia algumas folhas com nomes complexos de medicamentos, ela se pegou pensando, novamente, em sua rotina diária. Não estava incomodada, de maneira alguma, ainda se surpreendia quando acordava pela manhã e achava que estaria em seu quarto – cubículo – na quitinete.

“Dra. Swan, comparecer ao pronto atendimento na ala 10. Repito: Pronto atendimento na ala 10.” Uma voz no alto falante soou.

Bella deixou as pranchetas na enfermaria e desceu ao térreo, usando o elevador principal. Quando chegou ao PA (pronto atendimento), encontrou enfermeiros em torno de uma maca.

- O que houve? – Ela perguntou.

- Foi encontrado caído no banheiro, com sangue em volta dos olhos e no canal lacrimal.

Bella colocou rapidamente um par de luvas e, com a ajuda dos dedos, abriu levemente o olho do rapaz, onde encontrou uma mancha branca no meio da pupila. Logo, o enfermeiro auxiliar lhe entregou um arquivo médico, onde relatavam todo o histórico médico do rapaz.

- Mandel Rodriguez, espanhol, 28 anos, reside em Londres. – O enfermeiro disse rapidamente. – Pressão arterial em 16x9 e subindo. Pulso acelerado. Temperatura axilar em 36,5ºC.

Logo, outras duas enfermeiras chegaram para ajudar Isabella.

- Levem ele para o laboratório, higienizem a área e façam uma ultra-sonografia  da região dos olhos. Quero os resultados para ontem. Sabem onde me encontrar.

Bella entrou no elevador junto às enfermeiras e percorreu rapidamente algumas páginas do histórico do rapaz. “Pelo jeito não saio daqui tão cedo”. Pensou consigo mesma.

- Está tudo bem? – Carlisle perguntou-lhe, quando ela entrou no escritório.

- Ah, sim. Olhe isso. – Ela entregou o arquivo para o médico. – Seria possível que essa mancha branca fosse um tipo de tumor dentro do olho?

- Que exames você pediu?

- Ultra-sonografia. Se os resultados indicarem uma massa volumosa e esbranquiçada, tenho quase certeza que é um tumor. – Ela pensou por alguns instantes.

- Está correto. – Ele sorriu. – Vai se dar bem na ala de diagnóstico, Bella.

- Obrigada. – Ela sorriu, orgulhosa e recebeu um beijo rápido de Edward. – Acho que vou demorar um pouco.

- Eu espero. – Ele voltou a sentar-se na poltrona.

- Peça um exame oftalmológico também.

Carlisle levantou-se e escreveu alguns sintomas num quadro branco. Logo depois, virou-se para Isabella:

- Com quais sintomas ele chegou aqui?

- Canal lacrimal com sangue e toda a região dos olhos. Humor vítreo ligeiramente ressecado.

- O que você conclui?

- Fibroplasia retrolental¹? – Ela respondeu.

- Ele não nasceu prematuro e não foi para a incubadora, pelo que se consta e, também não corresponde a idade. O que mais?

- Não existe qualquer menção a contaminação por carne de porco, cães, apesar de constar que ele possui um cachorro.

- Então? – O médico riscou os nomes que Isabella lhe dissera.

- Não estou certa de que seja Doença de Coats², porque ele deveria ser uma criança e o sangramento deveria ser maior. – Bella sacudiu levemente a cabeça e foi até uma prateleira onde encontrou um livro. – Se eu não estiver pensando errado...

- Diga-me antes de consultar o livro. Em que está pensando?

- Retinoblastoma³. – Ela soltou. – Se a massa volumosa for esbranquiçada, consiste com um tumor, que respectivamente, consiste com os sangramentos, já que ele, provavelmente deve ter afetados alguns nervos e vasos sanguíneos.

Carlisle sorriu e sua secretária, que agora se transformava numa médica excelente, abria uma enciclopédia de 2500 páginas, onde ela consultou os sintomas da doença que acabara de falar. Quando terminou de ler, Bella ficou de queixo caído. De onde foi que surgiu tudo aquilo? Quando foi que aprendera tudo aquilo?

Bella nunca fora muito emotiva, ou o tipo que agia mais sob a emoção do que a razão. Na verdade ela acabou se tornando uma pessoa cética e, se antes ela tinha alguma dúvida de que estava na profissão certa, hoje ela havia tirado todas elas.

- Quando os exames chegarem, apenas confira os resultados. – Carlisle instruiu. – Quimioterapia e radioterapia orbitária4 vão resolver o problema.

- E a massa esbranquiçada? Nenhuma punção ou raspagem?

- Creio que não será necessário, se ela não tiver comprometido mais que 30 por cento do globo ocular. Se passar disso, teremos que encomendar uma prótese. – Ele assinou alguns papéis para ela.

- Se me dão licença, vou ver meu amigo. – Edward levantou-se e deixou o escritório.

Isabella pegou a papelada que o médico lhe entregou e anexou a outras na prancheta. Por alguns instantes, ela ficou parada, apenas observando o quadro branco. Ela seria capaz de repetir aquilo novamente?

- Lembra que eu lhe disse que passaria alguns testes para você?

Ela assentiu.

- Creio que não precisarei lhe aplicar um. – Ele sorriu. Carlisle estava exultante! Na verdade, exultante não era bem uma palavra que descrevia com exatidão como se sentia. Entretanto, embora sentisse muito orgulho de ter tido Josh como filho e de ter visto o sucesso dele e a forma como ele trabalhava; e apesar de ter Edward, que lhe deu trabalho por um tempo, também estava orgulhoso dele; mas mesmo assim, ele estava muito orgulhoso de Bella.

- Isso é... Ótimo. – Ela disse meio perdida.

- Bella. – Carlisle apontou à poltrona. – Estou, realmente, muito orgulhoso de você. Pode não percebeu, mas você fez exatamente o que deveria ser feito, não iria precisar da minha ajuda, porque você saberia onde consultar, o que consultar, que tratamento deveria ser dado ao paciente. E, além disso, você superou muitas situações e saiu de todas elas muito bem. Além de estar tremendamente feliz pelo seu trabalho, e digo isso como seu chefe e superior, também estou muito orgulhoso como seu pai.

Bella piscou e algumas lágrimas caíram.

- Eu nunca ouvi isso de Renée e Charlie.

E num gesto que ela jamais se imaginou fazer, não por frieza ou falta de sentimentos, mas por não conseguir, simplesmente, fazê-lo, Bella levantou-se e abraçou Carlisle.

- Certo. Eu detesto ser carrasco, mas agora vá ver os resultados do exame no laboratório e depois está liberada. – Ele falou, entregando-lhe sua prancheta.

(...)

Edward saiu do escritório de Carlisle, pois sabia que, eventualmente, Isabella e Carlisle teriam alguma conversa no qual ele não era o assunto. Assim, ele desceu até o andar da cardiologia, assinou uma lista de visitas na recepção do andar e foi ao quarto que Jasper estava.

Jasper Withlock estava acordado, como passava a maior parte do dia. Seus cabelos estavam arrumados naquele dia e um pouco mais compridos, quase passando da altura das orelhas. E diferente das últimas vezes que o tinha visto – antes de ser operado -, ele não estava com olheiras.

- Ei, Ed! – Jasper exclamou.

- Oi, Jazz. – Edward deu um abraço rápido nele e um beijo no rosto de Alice. – Oi, baixinha.

Alice sentou-se na poltrona do canto e deixou a mais próxima para que Edward sentasse.

- E como estão as coisas? – Jasper perguntou.

- Muito bem. Creio que Alice já contou que todos estão liberados das aulas.

- Claro que já. – Ele sorriu para a namorada. – Felizmente, com a licença médica, eu consigo estudar e terminar os exames antes do natal.

- Nada mal. Você sempre foi o que se saiu melhor. – Edward zombou.

- Talvez eu consiga voltar aos testes práticos mais difíceis da academia. – Jasper pensou por alguns instantes em seus treinos.

- Você vai ver, vai voltar rápido. Já tem idéia de quando sai? – Edward perguntou, mesmo lembrando-se de Bella ter lhe falado.

- Acho que em uma semana. E poderei sair andando!

- Isso é sensacional. Vamos fazer uma comemoração moderada. – Edward policiou-se.

(...)

- Espero que você saiba onde está indo.  – Bella sibilou, quando estava no carro junto com Edward. Ela havia saído do hospital mais tarde do que tinha imaginado.

- Não se preocupe, eu sei aonde vamos. – Ele olhou-a de esguelha e sorriu.

Eles ficaram em silêncio durante todo o percurso. Bella nunca tinha ido àquela parte da cidade antes, ou, pelo menos não tinha se dado conta. Assim como o lugar onde moravam, que era afastado, aquele lado de Londres, que parecia ser o oposto de onde vinham, era cercado de pequenos restaurantes, bares e algumas tabernas típicas inglesas. Edward estacionou de um lado da rua, mas ele guiou Isabella para o outro lado.

O restaurante era pequeno, isolado, o último de uma rua sem saída. Havia janelas de vidro grandes, mesinhas na frente e pequenas árvores que decoravam a frente do local.

Um garçom apresentou-se ao casal e indicou a mesa reservada, eles fizeram o pedido e foram deixados a sós.

You – Take That

“Não é uma faísca que me dá a luz

Não são os dias

Que estou acordado durante a noite,

Não é uma história que eu li

E nem uma imagem em minha cabeça.”

- Sabe, você foi muito bem hoje. – Edward falou, após bebericar o vinho servido pelo garçom. – Quando chegou aquele cara...

- É. – Ela sorriu em resposta. – Carlisle disse que sim.

- Então, você estava certa? Não me lembro bem o nome da doença, mas...

- Sim, - ela abriu um sorriso brilhante. – Eu estava certa. Mas não vamos falar do hospital, nem de casos, nem de ninguém.

- Eu apoio. – Edward escorregou seus dedos sobre os de Bella.

“Não é o mundo que me puxa

Não era uma pergunta

Antes que eu soubesse.

É somente uma resposta aqui ao meu lado

Que eu encontrei com o tempo.”

Ele inclinou-se levemente e depositou um beijo na mão da amada. Parecia que se passaram séculos, em que ele não ficava sozinho com ela, sem preocupação alguma. Mas apesar de não fazê-lo há tanto tempo, agora ele sabia que não existiriam mais problemas que os impedissem de continuarem suas vidas felizes.

“É você, sim.

É você.”

- Obrigada, por tudo. – Bella murmurou de repente.

- Vamos parar com isso.

- Não, é sério, Edward. Você realmente não se importou quando eu não tinha tempo e, principalmente, você me deu tempo quando eu precisei. – Ela sorriu. – Eu não podia imaginar final melhor.

- Final? Você está presunçosa demais, Bella. Isso é só o começo. – Edward exibiu um sorriso torto desconcertante.

- Você me deslumbra.

- Eu sei.

- Convencido. – Ela piscou.

- Você não se vê com muita clareza.

- Isso é uma afirmação?

- Sim, é. – Ele respondeu.

- Com tantas garotas, por que eu?

- Porque sim e ponto. Bella, achei que tínhamos passado da fase em que você não confia em si mesma. E, pelo que vi hoje no hospital, aqui você age de forma oposta. Lá você é autoconfiante e aqui se deprecia ao achar que eu poderia estar com outra pessoa. – Edward dizia categoricamente.

“Compartilhe a mágoa, se estiver sentindo dor.

Conte-me os seus segredos

E eu os manterei seguros.

Dá-me o seu amor, misturado com o pecado.”

Bella não respondeu, sabia que ele estava certo. Permaneceu em silêncio terminando sua refeição e bebericou um gole de vinho, após terminá-la. Talvez ouvir a verdade de alguém de fora fosse o que precisasse.

“É você, sim

É você.”

- Me desculpe se o que falei te ofendeu.

- Não ofendeu. Você nasce, cresce, tem uma vida boa e então tudo desmorona e você tem que começar do zero, num lugar em que você não conhece ninguém. Em seu primeiro emprego teu chefe acha que você é boa demais e que pode ter certas liberdades. E tudo o que você faz é trabalhar e estudar, porque era só o que dava para fazer. Então, de repente, sua vida dá uma guinada e você se vê rodeada de amigos, família, um emprego bom, salário excelente e mal precisa se preocupar com qualquer coisa em que você se preocupava antes... – Ela listou sua vida, resumindo em poucas palavras, mas que pareceram inúmeras. E, fazendo aquilo, realmente percebeu que, naquele momento, ela era a única que precisava deixar de ser tudo aquilo que precisou ser durante alguns anos.

Edward sorriu. Ele levantou-se, quando terminou a sobremesa e estendeu a mão para ela. Isabella a aceitou de imediato e ele a guiou para um pequeno espaço onde alguns casais dançavam.

The Forgotten – Green Day

“Estamos no mundo dos esquecidos,

E perdidos dentro de sua memória

Você está se arrastando, com o coração em pedaços

Porque todos nós sucumbimos á história.”

- Esqueça tudo, Bella. Se deixe levar. – Ele sussurrou ao pé do ouvido dela, enquanto a girava delicadamente pelo espaço.

“Onde foi parar o tempo no mundo?

É onde seu espírito parece ter ido vaguear

Como perder a fé em nosso abandono

Ou um corredor vazio de um lar despedaçado.”

O vestido de Bella esvoaçou levemente. Sentiu o perfume delicioso e inebriante que Edward usava, que ela não sabia qual era e, internamente, se perguntou que tipo de namorada não sabia tal coisa. Ela podia sentir a mão dele, quente e macia sobre sua cintura, guiando-a; ela podia ouvir, lá no fundo de sua mente, as palavras que ele lhe dizia.

“Estamos no mundo dos esquecidos,

Como soldados de uma longa guerra, há muito perdida.

Nós compartilhamos as cicatrizes do nosso abandono

E o que lembramos se torna mito.”

Edward aproximou seus lábios ao dela e beijou-a apaixonadamente. Naquele instante, ela deixou-se levar e esqueceu-se de tudo e de todos. Havia somente ela e Edward ali.

“Não desvie os olhos

Dos braços de um momento.

Não desvie os olhos

Dos braços do amanhã.”

- Era exatamente disso que eu estava falando. – Ele riu baixo. – Eu te amo tanto, Isabella Cullen.

- Eu também. – Ela respondeu aproximando-se novamente e lhe dando outro beijo.

“Não desvie os olhos

Dos braços de um momento

Não desvie os olhos

Dos braços do amor.”

F I M

--

N/A: Para ninguém ficar perdido, glossário!

Fibroplasia retrolental¹ - é uma fibrose vitreorretiniana (que ocorre entre a parte branca do olho e a retina), com formação de novos vasos, decorrente de hiperoxigenação de incubadora. Assim, esses vasinhos novos acabam estourando e causando inúmeros problemas.

Doença de Coats² - Distúrbios de desenvolvimento vascular da retina, que, em uma de suas formas clínicas, apresenta-se como tumor. Geralmente envolve sangramentos no canto dos olhos.

Retinoblastoma³ - tumor primário da neurorretina, manifestando-se por diversos padrões clínicos, segundo seu estádio evolutivo. Trata-se, realmente, de uma massa branca, como uma “bolinha pequena”, que se forma dentro do olho. Essa doença é hereditária e, em alguns casos, pode causar a perda do olho. É um tumor.

Radioterapia orbitária4 – Para a região das orbes, olhos.


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Notas finais do capítulo

Oláa!
Desculpem a demora.
Bem, este foi o último capítulo. Logo mais eu venho com o epílogo.
Quero ver comentários, muitos comentários, opkay? :)
E, assim que der, eu posto mais um capítulo em Opera Paris :3~
Nos vemos depois.
Beijinhos



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