O Aprendiz de Mago escrita por TaediBear


Capítulo 2
No qual Matteo faz um amigo


Notas iniciais do capítulo

Yo! Mais um capítulo de O Aprendiz de Mago!
Espero que gostem. Boa leitura.



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Matteo já havia ouvido falar que a Floresta das Lágrimas era o lar de muitas criaturas mágicas. Realmente, ele comprovou esse pensamento logo que chegou às primeiras Árvores Sussurrantes que a compunham: uma pixie sobrevoava algumas flores enquanto cantarolava em sua língua tilintada.

O garoto sorriu para ela. Porém a criatura não retribuiu, apenas se escondeu atrás de uma pétala de violeta. Então também era verdade que alguns seres tinham mais medo dos humanos que estes daqueles.

Engoliu em seco. Aquela viagem seria difícil, já que ele não sabia exatamente aonde iria, sabia apenas seu nome, Castelo Invisível, que já dizia que seria ainda mais difícil encontrá-lo. Mais cinco passos, e ele já estava em meio às árvores. Continuou.

Mas se eu me perder aqui, pensou, posso pedir ajuda a alguma criatura mágica que não tente nem me devorar nem fugir de mim. Com esse pensamento, ele retomou a caminhada, mais confiante um pouco de que conseguiria pelo menos voltar para casa, se por acaso se perdesse.

No entanto, pouco tempo depois, ele já estava arrependido de ter saído de casa tão afoito, pois esquecera algo muito importante: era hora do almoço e ele não havia trazido sequer um lanche!

Seu estômago reclamava de fome enquanto ele piscava com cada vez mais freqüência. Ele não havia comido nada desde que tomara o café da manhã bem cedo. Certamente que estava bastante faminto.

Limpou o suor que havia se acumulado em sua testa por causa do sol do início da tarde e sentou entre as enormes raízes de uma Árvore Sussurrante. Como queria voltar para casa e comer algo! Mas seu sonho dependia daquilo, ele queria realmente conhecer aquele mago e tornar-se seu aprendiz. Não, ele não dependeria mais daqueles tolos Magos Reais.

Matteo puxou seu inseparável caderno marrom de sua bolsa de pano e o abriu, já com a tinta e a pena em mãos também. Com sua letra impecável e sem pressa, começou a anotar tudo o que havia acontecido até o momento. Desde sua chegada à entrada da floresta até quando ouviu seu estômago roncar. Ele anotou até mesmo a aparência da pixie que havia conhecido e fez um esboço de como ela era, com um sorriso nos lábios. Sim, escrever e desenhar naquele caderno faziam-no esquecer-se do mundo que o cercava e até de si mesmo. Ficava distante. Viajava nos próprios pensamentos. Aquele era o poder do caderno.

— Oh, você encontrou uma pixie já? – indagou uma voz vinda de seu lado. — Eu estou procurando uma há bastante tempo, pode me dizer...

Mas antes que a frase pudesse ser completada, Matteo levantou-se de um salto, com o coração aos pulos em razão do susto que havia levado. Os olhos arregalados viraram-se para o dono daquela voz. Era um garoto, humano, talvez com a sua idade. Os cabelos ruivos estavam desalinhados, como se ele nem tivesse escovado-os quando acordara – o que realmente não havia feito -, que mal chegavam ao começo de seu pescoço de pele alva. Algumas sardas tomavam conta das maçãs de seu rosto, alaranjadas e bem visíveis. Seus olhos eram grandes, de um tom bem escuro de verde, mas eram gentis, talvez porque o garoto estivesse sorrindo do jeito como Matteo se assustara. Lentamente, levantou-se – já que estivera sentado ao lado do outro, o observando escrever tudo o que havia visto na encantadora Floresta das Lágrimas.

— Desculpe por assustá-lo, garoto. Eu apenas achei interessante encontrar outro humano por aqui - disse, esticando sua mão para Matteo. —Sou Leo, e você?

Matteo acalmou seu coração, com uma respiração profunda. Então, levou sua mão até a de Leo, apertou-a e sorriu.

— Meu nome é Matteo. É um prazer conhecê-lo – disse.

— Por acaso você é um aprendiz de mago, também? Acho que os únicos humanos que vêm a essa floresta são os salteadores, os curandeiros e os magos. Afinal, os outros têm muito medo dos seres daqui. Não acho que seja um salteador, para ficar nesse lugar escrevendo, nem um curandeiro, pois se fosse um, possivelmente, não teria sentado em cima daquela erva que diminui febres – adicionou, apontando para uma planta esmagada, em cima da qual Matteo havia sentado.

— Ah, que horror! Eu não tinha visto... Desculpe – pediu, sentindo seu rosto esquentar.

- Oh, não se desculpe comigo, mas com ela. Afinal você não se sentou em cima de mim.

Leo caminhou até a erva e ajoelhou-se na terra. Sua mão tocou levemente o chão e algumas palavras incompreensíveis deixaram seus lábios que se moviam velozmente. Matteo conhecia apenas algumas coisas daquela língua estranha usada pelos magos, o garoto dizia algo como “cresça” ou “veja o sol”. Um brilho estranho irradiou de debaixo de sua mão e, quando tudo o que ele fazia acabou, a planta estava novamente em pé, verde e viva.

Matteo observava aquilo com surpresa. Leo deixou que seus lábios depositassem um beijo sobre as folhas pequenas e depois ele sorriu para Matteo e para a planta.

— Não deixe que mais ninguém te esmague, plantinha. Eu posso não estar por perto –disse.

— Que... O que você fez? – indagou Matteo, ainda espantado.

— Um feitiço, oras. Aquele que faz com que sementes cresçam mais rápidas e com saúde – disse, simplesmente, enquanto batia em seus joelhos, limpando a terra que sujava suas calças.

Então, é assim que os feitiços deviam funcionar normalmente, pensou Matteo, admirado com aquela demonstração simples, mas perfeita de magia.

— Incrível! – ele disse, com um enorme sorriso iluminando seu rosto. — Você consegue fazer magia!

— Claro que sim. Eu sou um aprendiz de mago, você não é também?

Matteo balançou a cabeça negativamente e soltou um suspiro alto e triste. Leo levantou uma das sobrancelhas, curioso pela expressão melancólica que havia tomado a face do garoto.

— O que houve? – indagou, abaixando seu rosto a fim de observar a face de Matteo que havia deixado a cabeça cair um pouco para frente.

— Eu... Sempre quis me tornar um aprendiz de mago, mas... Nunca consegui. Quando tento fazer um feitiço, ele sai errado toda vez, e eu sou expulso da casa dos magos reais. Eles nunca vão me aceitar – ele deu uma pausa e olhou com determinação para Leo. — Por isso que estou aqui! Soube que um mago que não trabalha para o rei se mudou para cá e eu decidi... Decidi que seria seu aprendiz! Ele é diferente daqueles magos reais, tenho certeza!

Por um momento, Leo não soube como reagir àquelas palavras, afinal ele não conhecia aquele sentimento de rejeição que tomava conta de Matteo. Porém conhecia aquela determinação. Lutar por aquilo que queria, aquele sentimento ele conhecia muito bem. Havia pouco tempo, tinha passado pela mesma situação: queria tornar-se um mago, tinha a mesma determinação. Não fora rejeitado, como Matteo o foi, mas, mesmo assim, a determinação dos dois era a mesma.

Leo sorriu e cruzou os braços em frente ao peito. Era um sorriso orgulhoso aquele estampado em sua face, ao mesmo tempo em que se tratava de um sorriso divertido. Ele virou-se para o outro lado da Floresta das Lágrimas, aquele que o levaria ao lado mais fundo e menos visitado.

— Se é o que você quer, talvez eu seja de alguma ajuda – Leo disse, ainda com o mesmo sorriso no rosto. — Acontece que meu mestre me contara antes de eu partir que um mago acabou de se mudar para o outro lado da floresta, próximo ao Castelo dos Espinhos, conhece?

Como Matteo poderia não conhecer o Castelo dos Espinhos? Era a maior prisão do Reino de Bronze, feita especialmente para os piores criminosos de todos os tempos, assassinos sem coração, bruxas malévolas que haviam se recusado a partirem para as Terras Longínquas e ladrões de artigos reais. No entanto, naquela época, ela estava em desuso, poucas pessoas tão perigosas apareciam no reino. Mesmo assim, o garoto fez que sim temeroso.

— Oh, então está feito. Eu vou te ajudar a realizar seu sonho, Matteo. Em troca, seremos amigos, certo? Quando você se tornar um aprendiz de mago, podemos nos encontrar na floresta para procurarmos pelos ingredientes de feitiços juntos. Certo?

Matteo sorriu para o garoto e balançou a cabeça positivamente. Leo virou-se para ele por um instante, para vislumbrar o belo agradecimento mudo que havia se estampado no rosto do outro garoto.

Então, eles começaram a longa caminhada para o outro lado da Floresta das Lágrimas, juntos.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? 8D
Reviews, comentários, críticas?
Leo é ou não é fofo? Eu acho que ele é um personagem bem fofo, devo admitir. Foi um dos primeiros que eu criei, foi para homenagear um amigo meu, então, espero que tenham gostado dele (:
Até o próximo capítulo, então!
Takoyaki ~ Bolinho de Polvo!