Um vulto corria entre as copas das árvores com uma rapidez que até dava a impressão de estar voando. Aquela silhueta estranha contrastava com a luz branca da lua. Correu até avistar uma cidade em ruínas no coração de uma densa floresta, se decidindo ficar parar por lá até que se acalmasse. Ele se sentou no resto de muro de uma casa e observou seus próprios braços. Deles escorriam vários fios de um líquido escuro avermelhado; apenas sentindo o trajeto do líquido, dos braços até a ponta dos dedos e via as pequenas gotas caírem de seus dedos e respingarem no chão de terra.

Aquele sangue não pertencia à ele, tinha certeza que não e suas memórias de minutos atrás estavam embaçadas e escuras demais para que ele pudesse se lembrar perfeitamente. A única coisa que se lembrava era do 'antes': Tédio mórbido. Durante: incerteza. Depois: Grandes olhos cor de violeta marejado com um choro entalado na garganta e as palavras: "tsc, tsc, tsc... De novo, Amaimon? Desse jeito terei que trancá-lo em Gehenna...". Era seu irmão mais velho, Mephisto. E pelo tom, o mais novo concluiu que havia 'brincado' com os humanos novamente, quando o tédio chegou ao nível de morbidez.

Às vezes, passava pela cabeça de Amaimon, voltar por vontade própria.

'Quem sabe lá esteja mais divertido?' ele pensava sério, apesar de ter passado quinhentos anos em Gehenna. Mas Assiah tinha algo que cativava seus sentidos: Uma sensação de que algo inesperado, interessante e novo poderia acontecer, e isso fazia seu sangue borbulhar de excitação.

Só de lembrar-se dessa possibilidade, um sorriso sinistro surgiu em seus lábios e soltou uma pequena gargalhada. Porém, essa sensação nunca, até agora, deixou de ser uma sensação.

Seu pensamento foi interrompido quando percebeu que algo se aproximava. Antes que a coisa chegasse nele, ele a atacaria. Mas para seu desaponto, era apenas uma garota. Ela caiu sentada com o tombo e seus olhos estavam extremamente fechados de medo e apertava um objeto contra o peito.

—Hm, já cansei de brincar. - Ele olhou mais uma vez para a garota encolhida no chão e deu às costas, voltando para as ruínas.

—Ah...! E-espere! Isso é...! - A garota tentou dizer, mas quando abriu os olhos ele já não estava mais lá. Sentiu apenas uma brisa fresca.

—Você é uma idiota mesmo, Tsubaki! Em vez de ir falar com ele depois de horas procurando por ele, a única coisa que você faz é ficar no chão e gaguejar baboseiras! AAAARGH! - a garota se repreendia severamente batendo na própria cabeça.

A noite se aproximava da floresta; os últimos raios de Sol se apagavam gradativamente deixando a floresta medonha. Tsubaki continuava procurando por Amaimon correndo aleatoriamente pela floresta, e como era de se esperar, ela se perdeu.

—... Droga... Sua idiota...