Faz um mês desde a sua partida. Um mês que eu me emocionava e chorava ao ler seus recados deixados através do computador.

Havia ido ao outro lado do globo, e eu não podia fazer nada. Até mesmo apoiava. Ajudá-lo-ia futuramente, então porque não?!

“sou kawarazuni kaete iku no sa oretachi no mirai darou? “

“Sem transformar o que eu sou, eu vou mudar o nosso futuro, certo?”*

Era isso que desejávamos. Pois por minha inevitável lerdeza, fora isso que ouvimos naquele dia maravilhoso que passamos juntos.

Flashback on

-VOLTA AQUI!!! – Ele dizia/gritava enquanto corria atrás do amigo que estava em disparada, enquanto segurava o marshmallow em sua mão, não deixando de rir da situação.

-AAAAAAH!!! PARA!!! – Era o que podia dizer e pedir. Não queria marshmallows em suas orelhas. Era nojento. A única saída foi sair da fila, correndo como um desembestado.

Chegando à esquina da rua da casa de show onde haveria a presença do artista japonês que reunira pessoas de muitos estados brasileiros, cansados de correr como dois doentes, se tocaram de uma coisa. Havia uma construção!

-Ah não! – A “vítima” praguejara enquanto os peões de obra olhavam para os dois seres estranhos ali presentes.

-Vem cá! – O maior deles, rindo, passou o braço pelo ombro do menor, agora provocando olhares curiosos e preconceituosos da parte dos trabalhadores.

-Agora chega!

Flashback off

No final, fui enganado pelo outro amigo que dissera que acabara com a brincadeira, mas foi só me aquietar e marshmallows foram colocados em minhas orelhas e nas alheias.

As lembranças vêm à tona quando estamos distante das pessoas que amamos.

E olha que não temos nenhum envolvimento a não ser o fraterno. E é como ele diz pra mim: A saudade é mais um motivo para nos vermos. Uma hora a mataremos. Afinal, nenhuma das duas famílias aceita envolvimento - mesmo que a amizade – pela internet.

Flashback on

-Eu disse que você é do escoteiro! – Riu o maior com a confissão.

-E eu que um dos meus amigos da escola particular, que mudou de estado. – Riu cúmplice da mentira para os pais, ou não iria vê-lo.

Flashback off

E agora vivemos disso, como este relato é feito: De lembranças.

Lembranças que nos dão certeza que queremos e iremos lutar por um futuro, para que haja mais lembranças. Recordações. Para que um dia sentemos juntos rindo do que foi vivido e nos fortalecendo para o que virá. Essa é a certeza que queremos.

Afinal, seja daqui nove meses ou dois anos, nós iremos nos reencontrar. Seja por alguns minutos que possam se tornar horas, ou por um tempo indefinido dentro de um imóvel compartilhado. Com tanto que a certeza da vontade permaneça, continuaremos a ligar o foda-se e caminharemos rumo ao desconhecido desejado.

Isso tudo, só faz parte do meu projeto enquanto você não está. É o meu refugio para falar com você a qualquer hora, e lugar. Pois bem estou no meu trabalho e são 16:13**, logo sendo 05:13 da manhã aí na Austrália. Porque infelizmente toda vez que penso em você eu quero chorar desesperadamente; E quero me bater por te contar isso, sabendo que posso provocar seu choro também. Te desejo força e espero que com esse singelo gesto, você possa sentir o que sinto agora em meu peito, imaginando seu sorrisinho meigo.

E a pergunta a se fazer no momento é: Qual a coragem que a distância dá?