Distante do mundo e de tudo mais ao seu redor: era assim que encontrava-se naquele momento o mais jovem Malfoy. As horas e minutos corriam no grande relógio de pêndulo encostado na parede ao seu lado; os dias passavam ainda mais rápido, como se tudo estivesse querendo apressar o tempo para algum grande acontecimento que viria a seguir. Sua vida tornara-se tão patética que poderia ser resumida em algumas poucas palavras: medo, terror, angústia, mais medo... Uma reviravolta incrível de ideias e ideais para quem tinha orgulho de exibir-se como o senhor de uma vida perfeita. Tudo parecia ter desmoronado de uma hora para a outra, simplesmente como se tivesse evaporado de repente.

Seu mundo havia simplesmente virado de cabeça para baixo desde o... “incidente”... do ano passado. Depois do fracasso de seu pai na importante missão conferida à ele por seu líder, aquele a quem todos temem mesmo pela simples pronúncia de seu nome, sua família fora desgraçada gradualmente, decaindo cada vez mais até não restar-lhes nem mesmo a dignidade própria.

Depois de tantos meses trancafiado dentro da casa, que antigamente tinha tanto orgulho de residir, mas agora transformara-se num covil de serpentes, ele já não distinguia sombras de pessoas: passava todo o tempo amedrontado, escondido, encolhido, com medo de si próprio. Desde o que acontecera no Ministério no fim do ano passado, sua vida resumia-se a se esconder de tudo e todos.

Agora, sentado, ou melhor, encolhido em uma poltrona bordô dentro de uma sala escura e totalmente solitário, ele refletia sobre tudo o que se sucedera desde a “queda” de sua família: a falha de seu pai, consequentemente a ira de seu mestre; a tristeza de sua mãe e sua própria perturbação depois de tanta confusão e finalmente a captura e prisão de seu pai. Mesmo sabendo que logo o Lorde das Trevas o libertaria com os demais, estava aflito e amedrontado como nunca antes estivera. Quando pensava que nada mais poderia atingi-lo, quando estava em seu auge máximo, tudo simplesmente desmoronou em uma única e maldita noite. A noite que o atormenta ria para todo o sempre.

Mas é claro que mesmo depois de tanto sofrimento, tudo sempre pode piorar...