O Alvorecer de Uma Era escrita por Tifa Lockhart Valentine


Capítulo 6
Capítulo 05 - Cálido Pôr-do-Sol




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Alvorecer de uma Era

Capítulo 5 – Cálido Pôr-do-Sol.

Em casa, quatro dias após o show.

“Kagome...?”

Escuto a voz de minha mãe me chamar ao longe. Novamente não dormi bem. Como poderia se não paro de sonhar com eles?

“Minha filha... Você vem tomar café comigo?”

Minha mãe está novamente preocupada. Não a culpo, afinal como não poderia estar se eu não vou à escola há dois dias?

“Sim mamãe, vou descer já.”

“Estarei esperando você, querida.”

Já é quarta-feira, logo vai fazer uma semana que as aulas começaram e que reencontrei meus amigos. Lembro-me da felicidade que senti quando os vi. Como pode essa felicidade ter se tornado tristeza em tão pouco tempo?

E pensar que eram todos tão amigos até aquele fatídico dia...

Domingo, na praça da cidade.

Ainda me pergunto porque aceitei o pedido de Miroku. Na verdade me pergunto o porque ele me pediu em namoro, afinal, ele não está apaixonado pela Sango? É tudo tão estranho...

E eles...? Será que existe algo entre eles? Será que a cruel verdade é que nunca poderei estar junto de meu amado? Sempre que o encontro terei que sofrer, pois ele já ama outra?

Kagome!”

E então eles chegam. Juntos. Como sempre.

Inu Yasha! O que você fez no seu cabelo?!”

E com essa pergunta Kouga cai na risada.

Inu Yasha apenas o olha com ódio.

Não se lembra Kouga?”

Lembrar-me do que?”

A voz dele estava carregada de ódio. Poderia jurar que saíam faíscas de seus olhos.

“‘Faça a aposta Inu Yasha, é claro que você vai vencer Inu Yasha.’ Viu o que você e sua insistência me fizeram fazer?!”

Ei Inu Yasha! Calma aí... Você perdeu? Mas você nunca perde!”

Ao que parece sempre tem uma primeira vez para tudo...”

Mas acabou que a Sango tinha razão. Ele está simplesmente maravilhoso! Ah, o que eu daria para poder dizer isso a ele... E antes mesmo que eu pudesse dizer algo, ela tomou a dianteira e o abraçou.

Eu já disse que você está lindo Inu-chan!”

E eu já disse que odiei o apelido...”

E com isso ele assumiu o apelido.

Oras Inu-chan... Afinal qual foi a aposta? Nós só ficamos sabendo o que aconteceria se um ou outro ganhasse. Sobre o que era?”

Miroku está irritando o Inu Yasha muito mais do que o normal. Com certeza ele não perdoa o amigo pelo que aconteceu... Mas a culpa seria mesmo deles?

Se eu realmente fosse falar, não seria para você.”

Quanto ódio. Mal posso acreditar que isso esteja acontecendo...

Inu Yasha, Miroku... Aconteceu alguma coisa?”

Não Ayame, não aconteceu nada.”

Ambos responderam ao mesmo tempo. Entendo o ódio que o Miroku está sentindo neste momento pelo Inu Yasha, mas por que o Inu Yasha está odiando tanto o Miroku?

Ficamos em silêncio por alguns momentos até que finalmente alguém o quebrou.

E então... Vamos para o cinema?”

Sim vamos lá, Kouga!”

É absolutamente perceptível que Kouga e Ayame estão desconfortáveis com esta situação, não que eu também não esteja, mas o que posso fazer? Afinal agora realmente minhas chances com Inu Yasha se acabaram, não? Estou namorando o Miroku, não estou? Afinal... Por que aceitei?!

Kouga e Ayame desistem de tentar manter uma conversa amigável entre o grupo. Todas as vezes que eles falam, um discorda do outro e uma discussão começa. Nem chegamos ao cinema quando Sango finalmente faz escutar a sua voz.

Inu Yasha, você vai continuar agindo como uma criança?”

Sango, me desculpe, por favor, fique.”

Estranhamente ela olha para mim, até o presente momento me mantive calada, apenas concordando com algumas coisas.

Você sabe o que faz Sango, não possuímos nenhuma força para impedi-la de ir.”

Apenas quando vejo em sua face o olhar machucado que ela me lança percebo o que disse. Céus, o que foi que eu fiz...?

Você está certa Kagome... Não possuem...”

Dizendo isso ela se vira e começa a caminhar na direção oposta a que estamos indo e antes que eu perceba estou chorando.

Kagome o que foi?”

Nada... Não foi nada...

Nada. Apenas me lembrei de uma coisa triste...”

Enxugo minhas lágrimas. Nada...? Eu realmente disse isso? Eu realmente fiz isso?! Como eu pude fazer isso com uma pessoa que eu amo tanto? Como eu pude machucá-la assim sendo que nem sei se algo está realmente acontecendo? No que estou me transformando?

Sabem de uma coisa... Acho que eu também vou para casa.”

E sem esperar resposta saio de perto do grupo andando a princípio e depois correndo para casa. Mas não consegui deixar de escutar a discussão que se iniciou após a nossa partida. Os quatro remanescentes brigando acerca de quem provocou aquela situação constrangedora.

O suspiro que solto é muito dolorido e fico pensando como pude deixar que as coisas chegassem a esta situação. As lembranças do passado e do presente me machucam. Será que devia confiar mais nela? O que eu deveria fazer?

“Kagome, venha! O café da manhã está esfriando!”

“Estou indo mamãe!”

Vou para a cozinha e escuto a mesma pergunta de minha mãe. A preocupação dela é perceptível.

“Você ainda não se sente à vontade para ir para a escola?”

Minha mãe... Perdoe-me, sei o quanto deve ser difícil ver sua filha nesse estado, mas eu ainda não posso... Ainda não consigo encará-los...

“Não mamãe... Não consigo ir...”

“Seus colegas estão preocupados com você, assim como a sua professora. Todos eles já ligaram ao menos uma vez, sendo o mais insistente o Miroku.”

Imagino que ele esteja precisando de mim, de sua namorada... Pelos deuses! O que estou pensando?! Não... O Miroku só deve estar preocupado, ele é e sempre foi muito gentil...

“Eu sei mamãe... Me desculpe...”

“Ei, querida, não fique assim...” Ela se levanta e me abraça.

“Eu sei que deve estar difícil para você ver que seus amigos estão juntos, mas será que não consegue perdoá-los? Eles não fizeram nada de errado, fizeram? Estão apenas tentando ser felizes, não é?”

Sinto que meu rosto se enche de lágrimas novamente.

“Você está certa mamãe... Acho que posso ficar feliz por eles... É isso que importa, não é mesmo?”

“Sim, minha filha. É isso que importa.”

E com isso minha mãe me deixa com minhas lágrimas e meus pensamentos. Realmente minha mãe está certa. Como pude desejar o mal àqueles que me são tão caros?

Meus novos pensamentos são interrompidos pela campainha que começou a soar. Escuto então minha mãe abrir a porta.

“Bom dia senhora Higurashi, por acaso a Kagome se encontra?”

Fico paralisada ao ouvir a voz de Sango. Sei que decidi que desejo o bem e a felicidade dela, mas ainda não me sinto pronta para vê-la.

“Bem, querida, ela está sim, mas não sei se...”

“Tudo bem senhora Higurashi, eu entendo, mas diga a ela que não sairei daqui enquanto ela não me escutar. É importante.”

“Tudo bem, verei o que posso fazer.”

A vejo entrar na cozinha e perguntar calmamente se eu gostaria de vê-la. Lembro-me que corro escadas acima, me arrumo em poucos minutos e volto a descer.

“Mamãe, vou sair para conversar com ela.”

“Tudo bem querida. Lembre-se do que eu disse, está bem?”

“Pode deixar...”

Assim que atravesso a porta de casa vejo que Sango está ajoelhada no templo rezando. Sua expressão transmite calma e por alguns instantes fiquei a observá-la me lembrando de quando ela estava exatamente da mesma forma na frente do túmulo de seus familiares...

Após alguns instantes ela se levanta e percebe que estou a esperando. Pergunto-me se ela ainda está chateada pela forma como a tratei no domingo, e por segundos desejei não ter descido, mas, quando vi o sorriso que ela abriu ao me ver, percebo que tudo já foi perdoado.

“Kagome... Pensei que não sairia. Eu sei que está chateada comigo.”

“Sango... Na verdade eu gostaria de pedir-lhe desculpas. Sei que o que fiz é imperdoável, mas...”

“Por favor, não diga isso. Vim aqui para dizer-lhe algo muito importante. Eu não poderia ir embora sem contar a você.”

Ela está tão formal... O que será que aconteceu enquanto me mantive reclusa? O olhar que ela lança ao templo é triste e saudosista, o que será que ela tem de tão importante para me falar?

“Você quer conversar aqui mesmo?”

“Por que não passeamos um pouco? Tem alguns lugares que eu ainda gostaria de ir... E seria até melhor para contar-lhe essa história.”

“Então vamos...”

Ela está tão misteriosa... Nunca no passado ela agiu assim, a não ser... Não! Não me diga que o Kohaku...

“Como andam as coisas na escola?”

“Não sei Ka-chan...”

“Como assim?”

“Não é só você que não tem ido às aulas...”

Oras... Que descoberta interessante.

“E por que não tem ido Sango?”

Ela permanece em silêncio por alguns instantes e para na mesma praça onde nos separamos no domingo.

“Eu não vou continuar no Japão.”

Ela se vira para me olhar de frente e vejo que ela continua a sorrir, mas com o mesmo sorriso triste que ela tinha quando enterrou Kohaku.

“Como assim? O que houve?”

“Se lembra de domingo?”

Claro que me lembro... Como poderia esquecer daquele odioso dia?

“Sim...”

“Quando voltei para casa Kohaku estava com a cara fechada e Sesshoumaru disse que meu pai havia ligado.”

Como assim...? O Sesshoumaru avisou que o pai dela havia ligado? Não estou entendendo... E como se lesse minha mente ela sorri e enquanto ela vai explicando sua história todas as peças se encaixam. Como poderia imaginar...?

Enquanto ela contava cada detalhe andávamos por toda a cidade e ela me mostrava por onde tinha brincado, lanchado, lido, caído, machucado, treinado. Terminamos nosso passeio ao lado da escola justamente na hora da saída.

“Agora vou entrar. Preciso me despedir da Kaho e do Touya... Eles foram ótimos para mim.”

“Certo... Ainda não posso acreditar. Todo esse tempo...”

Ela me abraça carinhosamente.

“Fique bem, ok? Preocupei-me muito com você naquele domingo, mas fico feliz que tudo tenha se resolvido.”

“Você está certa Sango... Aquele dia eu não estava no meu juízo perfeito.”

“Está tudo bem querida...”

“Quando nos veremos de novo?”

Ela sorri e balança a cabeça.

“Só os deuses tem conhecimento disso.”

E ela começa a fazer o caminho contrário das pessoas que saiam da escola. Logo meu olhar se encontra com o dos garotos, eles estão parados a certa distância de Inu Yasha e Sango que se abraçam antes que ela continue o seu caminho. Logo se encaminham até mim.

“Kagome! Por que não atendeu nossas ligações?”

“Por que não as retornou?”

“O que está acontecendo?”

Mas eu só tinha olhos para Inu Yasha, a única pessoa que não estava me perguntando absolutamente nada.

“Sango me contou o motivo do cabelo branco.”

Todos então encaram Inu Yasha e ficam com cara de espanto.

“E daí?”

“Queria pedir desculpas. Eu nunca poderia imaginar. Afinal você nunca fala nada.”

E cada vez mais o resto das pessoas do grupo não entendiam nada. Apenas o olhar de Inu Yasha em meus olhos. Apenas nós dois no mundo. Apenas...

“O que posso fazer...? Eu sou assim.”

“Poderia começar a compartilhar mais seus sentimentos com as outras pessoas. Se tivesse feito isso poderia ter nos poupado de muitas coisas.”

Apenas seu olhar triste e envergonhado. Apenas o sentimento finalmente se revelando. Apenas a coragem em meu olhar.

“Talvez. Mas sou assim e não vou mudar. Vou para casa.”

Ele começa a se retirar, mas não consigo me conter. Preciso falar algo antes que ele se vá, senão o perderei para sempre!

“Sinta-se à vontade, mas saiba que pode confiar em seus amigos...”

E com isso ele pára e, antes o que era um olhar de tristeza e vergonha, se transforma num olhar de ódio.

“Amigos? Que amigos? A única pessoa que realmente eu podia confiar está indo para a Inglaterra hoje e nunca mais irá voltar!”

E isso espanta a todos os nossos amigos.

“A Sango está...? Indo embora...?”

“Sim! E não importa o que ela diga, eu sei que...”

Mas antes que ele completasse a frase ele se vira e vai embora. O que será que ele quis dizer com isso...?

“Kagome! Você sabia disso?!”

Com um longo suspiro eu balanço a cabeça ao ver os cabelos brancos dele se distanciarem. Sei que meus chamados não serão atendidos e, assim sendo, nem mesmo tento impedi-lo.

“Vamos para minha casa. Preciso contar algo a vocês.”

Eu rezo para que corra tudo bem, preciso contar a eles, explicar-lhes o que acontece e, ainda assim, as palavras de Sango permanecem em minha mente.

Estarei viajando hoje às seis da tarde. Se possível fosse, gostaria de vê-los todos juntos uma última vez, mas conhecendo Inu Yasha...”

E dá um sorriso triste dando a entender que isso seria impossível.


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