- Por Merlim! Eu nunca vi tantos repórteres em um casamento antes! – Rony resmungou, desatando o nó da gravata e se jogando na poltrona do quarto para libertar-se também dos sapatos lustrosos.

                Hermione gargalhou também tirando os sapatos e deixando-os ao lado da cama.

                - Ah, não diga isso até sua irmã se casar com Harry... Ah, querido, pode me ajudar aqui? – ela pediu, indicando o zíper nas costas de seu vestido e ele saltou da poltrona meio desajeitado, abrindo tremendo a peça de roupa da garota. – Obrigada!

                - Minha irmã e Harry? – o ruivo tornou a se sentar, terminando de abrir o colete sobre a camisa. – Eles disseram alguma coisa?

                - Depois que o motivo pelo qual os dois se separaram se foi, não tem outra coisa na qual sua irmã pense... – a garota vestiu o pijama e pegou a escova para desembaraçar os cabelos. – Pode ter certeza de que o número de repórteres hoje no casamento de Hagrid não vai ser nem metade do número no do “Eleito”... – ela gargalhou gostosamente, mas o rapaz não a acompanhou.

                Rony despiu as vestes de gala em silêncio e vestiu o próprio pijama, preparando-se para deitar ao lado da namorada. Os dois dividiam o apartamento há pouco tempo, quase três meses, desde que ambos começaram a trabalhar no Ministério da Magia.

                - O que você acha dos repórteres desse jeito no casamento? – ele perguntou, depois que o silêncio já tinha se prolongado demais.

                - Eles sabem ser inconvenientes, não sabem? – ela deu risada, largando a escova no criado mudo ao seu lado e virando-se para o rapaz, aconchegando-se em seu peito e tendo os ombros pelo braço dele.

                - Mas você... Você gostaria que... Tivessem... Repórteres... No seu casamento? – ele perguntou, inseguro, sem olhá-la.

                Hermione ergueu o tronco, surpresa com aquela pergunta, buscando os olhos claros do namorado.

                - O quê? – sua voz saiu um pouco falha.

                - É que... Recentemente, eu percebi que não sou Harry Potter, sabe? – o rapaz tentou brincar, mas parecia um tanto ansioso demais para conseguir manter a voz descontraída. – Sou ruivo demais... E meus olhos são azuis e não verdes...

                - Seu bobo! – ele apertou-a mais em seu abraço.

                - Eu sou um simples auror... Posso oferecer um tantinho só a mais de conforto, nada que a Secretária Sênior do Departamento de Execução das Leis da Magia não possa fazer sozinha... Sempre precisei mais dela do que ela de mim... – ele deu de ombros.

                - Isso não é verdade! – a morena segurou-lhe o rosto com gentileza, afagando-lhe a face com carinho.

                - Obrigado! – ele deixou um beijo no topo da cabeça dela. – Eu não posso oferecer um casamento grande... Uma festa luxuosa... Repórteres... Mas... Eu amo você! Mais do que eu jamais pensei em admitir a você... – ela deu risada. – Por mais que pareça brincadeira, eu falo sério. Antes, eu não levantava a possibilidade de admitir pra mim... Mas eu percebi que se eu não parasse de mentir pra mim mesmo, acabaria perdendo você! Mesmo assim, não achei que eu admitiria pra você o quão importante você é pra mim... Conseguiria levar a situação como estava... Até morando com você... Mas não foi o suficiente, você entende?

                Ela sorriu abertamente, sem encontrar as palavras pra dizer a emoção que estava em seu peito. Rony abriu a primeira gaveta de sua cômoda e de lá tirou uma caixinha pequena e preta de veludo que ele deixou sobre o joelho dela.

                - Eu quero mais, Mione! Você entende? E, por uma ironia do destino, pedir mais é o mesmo que lhe dizer o quão importante você é pra mim... – o ruivo deu risada e abriu a caixinha, revelando uma aliança fina, enfeitada com pequenos diamantes, desenhando uma bela jóia, por mais simples que fosse. – Mi, eu quero viver toda a minha vida com você... Quero ter uma família com você! Porque você é tudo o que eu mais quis em toda a minha vida!

                Hermione arfou, levando a mão ao peito, olhando para a jóia e depois para o namorado.

                - Você me aceita? Como seu marido? Aceita dividir sua vida comigo?

                - É claro que eu aceito, Ron! – ela quase gritou, passando para o colo dele e enchendo-o de beijos, fazendo-o gargalhar.

                O rapaz tirou a aliança da caixinha e deslizou-a pelo dedo anular dela, deixando um beijo ali também.

                - Eu não preciso de repórteres, Ron! Não preciso de uma festa luxuosa, um casamento grande! Só tem uma coisa que eu preciso na minha vida desde que eu tenho onze anos e é você! Se eu tiver você pra mim, eu serei a mulher mais feliz de todo o mundo!

                - Nós dois sempre fomos muito bons juntos! – ele deu risada. – por isso, já tivemos tantos conflitos nos tempos de escola...

                - Temos gênio forte... Pode ser um casamento perturbado – ela gargalhou.

                - Pobres crianças... – o rapaz brincou.

                - Serão criadas com muito amor... – ela deu de ombros.

                - Eu amo você! – Rony puxou o rosto dela, segurando-lhe gentilmente a nuca e selando-lhe os lábios com carinho.

                - Eu amo você! – ela respondeu num ofego, quando os dois se separaram. – Amo! Amo, amo, amo, amo e amo!

                - Eu vou passar minha vida inteira repetindo isso, Mi! Eu te amo e amo e amo e amo e amarei eternamente! Mesmo que existam brigas e discussões... Eu vou tentar sempre fazê-la se lembrar desse amor quando eu fizer bobagens!

                Ela gargalhou, unindo os lábios dos dois.

                - Nossas brigas tinham mais a ver com imaturidade, Ron... Nós saberemos ser maduros daqui em diante...

                - Eu espero! – ele riu.

                - Eu tenho certeza!

                - Se minha Hermione tem certeza... Deve então ser uma verdade absoluta!

                - Como você é bobo! – ela gargalhou, acariciando-lhe os cabelos com suavidade.

                - Foi assim que eu levei minha vida! Você nunca errou... Sempre o que você disse foi a mina verdade absoluta! Desde o primeiro wingardium leviosa!

                - Você nunca superou isso, superou? – ela afundou o rosto no peito dele.

                - Eu me apaixonei por você ali... – ele deu de ombros. Hermione ergueu o rosto, pasma, esperando que ele explicasse. – Você me humilhou gravemente! – ele gargalhou. – Mas não pra que todos ouvissem, como Fred e Jorge sempre fizeram... E você olhou pra mim, mesmo tendo o Harry ali... E me deu tanta importância que me mostrou o caminho certo... Eu sempre caminhei atrás de você com essa ideia, Mi... Você sabe onde ir... E eu quero ir com você! Se você... O que teria sido de mim? O que teria sido de mim sem o seu narizinho empinado me dizendo sempre o que era certo a fazer?

                - Você quer uma esposa ou uma chefe, Ron? – Hermione brincou.

                O rapaz olhou-a fixamente, com aqueles brilhantes olhos azuis que sempre fugiam dela, mas que, pela primeira vez, a encaravam com tamanha devoção que a fizeram ofegar sem um único toque.

                - Eu? – ele disse rindo, acariciando-lhe a pele da face, corada só com um olhar. – Eu só quero você!