Thalia não sabia como reagir diante da noticia, ela havia passado a noite toda acordada pensando nas palavras de Jason, a vida inteira ela acreditou que tinha duas irmãs e em menos de uma semana descobriu que tudo em que ela acreditava era mentira. Ela acreditava que odiava Ava, mas ela mais uma vez estava enganando a si mesmo, pois se odiasse realmente sua mãe ela jamais choraria por sua morte. Ela acreditava que odiava Annabeth, mas no fundo sabia que amava sua meia irmã afinal ela não haveria ficado preocupada com ela.

Talvez Jason estivesse certo, talvez Frederick, a única pessoa que Thalia realmente acreditava ser o lado bom da historia fosse o vilão.

A medica os contava como havia sido a morte de Ava, ela explicava que havia sido quando ela estava dormindo e que provavelmente não sentiu nada.

–Ela teve uma parada cardíaca- Annabeth retrucou – como ela pode não ter sentido nada?

A medica ignorou Annabeth e caminhou até um paciente que a chamava. Percy abraçou Annabeth que soluçava. Thalia queria poder dizer algo, mas tudo oque passava em sua cabeça:

–Talvez Jason estivesse certo- Nico murmurou como se lesse os pensamentos de Thalia.

–Que Jason?- Annabeth perguntou surpresa.

Percy explicou calmamente a Annabeth oque havia acontecido e Annabeth apenas assentiu.

O corpo de Ava foi enterrado ao lado do tumulo de Frederick. Nico, Annabeth e Percy se olhavam cuidadosamente e foi ai que Thalia teve a certeza que eles sabiam de algo que ela não sabia. Annabeth se trancou em seu quarto logo depois que o corpo foi enterrado com a desculpa de que estava cansada. Thalia sentia que devia ir conversar com a irmã.

Annabeth estava parada na janela do quarto observando os campos de seu pai. Thalia abriu a porta com cuidado e se sentou na cama da irmã e imaginou oque poderia estar se passando pela cabeça dela e de todos ali.

–Acha que Jason pode estar certo?- Annabeth falou por fim com um suspiro.

Thalia analisou cuidadosamente oque diria.

–Não acho que Frederick seja capaz de fazer tal coisa. Talvez ele fosse, mas não acho que o faria.

–Não me referia a isso, talvez meu pai possa mesmo estar matando a própria família- Thalia tentou não se ressentir por sua meia irmã ter usado o termo “meu pai” afinal aquilo era verdade- mas a ordem alfabética...

–Talvez ele só quisesse nos assustar, Ava tinha muitos problemas ela pode ter se matado- Thalia murmurou.

–Era oque queriam que a gente pensasse eu falei com ela algumas horas antes ela morrer e tenho certeza que ela tinha sanidade mental- Annabeth falou sem tirar os olhos do vidro.

–Mas se fosse à ordem alfabética- Thalia analisou as informações – você estaria morta agora, não Ava.

Annabeth andou ate seu criado mudo e tirou de lá uma folha de caderno rabiscada escrito:

Annabeth

Ava

Frederick

Jason

Luke

Nico

Percy

Quíron

Silena

Thalia

Zeus

Seus inimigos são seus amigos.

Thalia sentiu seu corpo se arrepiar.

–Onde você achou isso?- Thalia perguntou tremula

–Estava nas coisas de Ava, ela provavelmente tinha isso muito antes do acidente de carro – Annabeth pegou o papel das mãos de Thalia e o jogou dentro da gaveta novamente – é muito parecida com a letra de Frederick.

Thalia analisou as ideias que percorriam sua cabeça por um instante.

–Mas por que seu nome esta riscado?- Thalia perguntou.

Annabeth ficou em silencio por um tempo com o olhar voltado para a janela.

–Eles querem te matar?- Thalia perguntou já ficando maluca com as ideias que percorriam a sua mente.

–Talvez – Annabeth se virou para encarar a meia irmã.

–E por que não esta?

–Talvez por que eles não podem matar uma das herdeiras, por que se não as terras de Frederick seriam perdidas.

Silena havia encontrado uma balança próxima ao riacho, ela se sentou ali e ficou se balançando e tentando juntar as peças deste quebra cabeça, mas no fundo não conseguia parar de pensar em sua mãe.

–Estou atrapalhando?- Soou uma voz atrás dela. Luke se sentou no balanço ao lado dela.

–Não – Silena respondeu.

–Oque esta pensando?- Luke quis saber por curiosidade ou talvez uma forma de puxar assunto.

–Não sei tantas coisas- Ela respondeu olhando a agua – quando eu era criança meus pais se sentavam naquela arvore com uma cesta de piquenique - Silena apontou para uma grande arvore a direita deles – e eu, Thalia e Annabeth ficamos nos balançando aqui e via quem conseguia ir mais alto e então nos jogávamos dentro da agua – Silena sorriu e fechou os olhos para evitar as lagrimas- e eu lembro que Ava gritava para que Frederick fizesse a gente parar por que íamos nos machucar afinal erramos apenas crianças e a correnteza poderia nos levar pra longe daqui.

Luke esticou o braço e segurou a mão de Silena que recusou por um instante, mas por fim a aceitou.

– Annabeth sofreu muito depois que vocês se foram-Foi tudo oque Luke conseguiu dizer.

Silena ficou em silencio por um tempo.

–Às vezes eu queria poder mudar tudo isso sabe? Às vezes me pergunto por que isso aconteceu com a gente oque fizemos para ser assim- Silena suspirou – às vezes procuro alguém pra botar a culpa.

–Acho que a culpa não é de ninguém, afinal todos vocês sofreram com as ações precipitadas dos seus pais- Luke falou calmamente.

Silena suspirou mais algumas vezes como se fosse difícil respirar e piscava com frequência.

– Quando lembrei que tinha um pai e ele tinha uma fazenda eu pensei “puxa é o melhor jeito de eu fugir da minha vida, um lugar onde ninguém me conhece, quem sabe terei uma vida que nem a Hanna Montana”- Luke riu fazendo Silena rir também, mas ela continuou- mas parece que vim aqui para assistir o resto da minha família se destruir.

–Mas agora você conheceu suas irmãs- Luke tentou parecer positivo – agora sabe como elas são.

Silena sorriu.

–Nunca as imaginei assim, na verdade eu tinha medo de imaginar elas sabe, quando eu via um noticiário e dizia que uma jovem com a idade delas morreu eu não podia dizer “não é minhas irmãs” ou “minha irmã morreu” eu não tinha certeza de nada sobre elas, até mesmo o sobrenome mudou.

Luke procurou algo para dizer, mas como não as encontrou optou pelo silencio.

– Quando soube da ideia do testamento eu pensei que talvez Frederick pudesse ter mudado que talvez fosse uma forma de nos unir, acho que toda a vez que eu tinha certeza de algo parecia que estava errado, mas o engraçado é que me sinto melhor aqui, minha mãe morreu e meu pai talvez esteja morto, mas me sinto bem por que eu conheci as minhas irmãs e aprendi tanto sobre a vida.

Luke sorriu.

–Nem tudo é tão ruim. Eu gosto deste lugar me trás boas lembranças- Luke murmurou.

–Oque você faz da vida?- Silena perguntou por fim.

–Por enquanto sou mochileiro, vou aonde acho que talvez precisem de mim, basicamente estava na cidade trabalhando como policial pra ganhar uma grana aqui eu fui para o exercito e tinha feito um curso de segurança – Luke sorriu – e aqui não é necessário um diploma pra ser alguém.

–Então você pode matar ou prender pessoas?- Silena falou rindo e Luke assentiu.

–Mas eu prefiro viajar, meus pais me odeiam por não fazer oque eles me pedem meu avô então às vezes parece que ele quer se encanar em mim e dominar o mundo.

Silena riu.

–Não deve ser assim tão ruim.

–Não é, é sempre bom ter algo do que fugir.

–Queria ter uma vida assim, ir a qualquer lugar, sem fãs, sem mídia ou paparazzi.

– Acho que sei do que você precisa- Luke falou sorrindo.

–Do que?

– de duas coisas – Luke sorriu e levantou o indicador – primeiro de um segurança lindo, gostoso que meta pancada em qualquer um.

–Onde será que eu arrumo um deste?- Silena perguntou rindo- por que ele precisa ser muito forte né?

– Olha eu conheço um que você vai amar, ele é mais perfeito que o Ken da Barbie.

–Quero conheço então- Silena falou rindo- e o numero dois?

–Você precisa ser corajosa- Luke falou segurando um sorriso.

–Mas eu sou corajosa- Silena falou convencida.

–Ah eu não acho- Luke falou forçando uma voz seria- Por que se você é corajosa você vai ter que se jogar dentro daquele riacho.

Silena riu.

–isso não é coragem é besteira!

–Medrosa - Luke ficou em pé na balança e começou a se balançar rápido gritando- Medrosa! Medrosa! Medrosa!

Silena ficou em pé também e se balançou rápido e logo se jogou dentro do lago e Luke foi em seguida. Ele surgiu a poucos centímetros do rosto de Silena com um sorriso.

–Viu eu sou corajosa- Silena falou devagar para não engolir a agua.

–Agora só falta você segui o primeiro ponto- Luke murmurou antes de beija-la.