Os alunos da minha sala estavam fazendo baderna, como sempre. Só que agora em um novo local: o aeroporto.

- Silêncio! Silêncio! – a professora Maria, que também estava indo viajar com a gente, tentava (em vão) controlar os alunos que estavam endoidando na sala de espera.

- Parece que eles estão bastante animados. – o professor Valdir falou calmamente, enquanto tomava um copo de café.

Ela ficou envergonhada ao olhá-lo (porque ela tinha uma queda por ele, pelo que eu ouvi da Ana), e comicamente se sentou ao seu lado, dizendo:

- E-eu não sei mais o que fazer professor! Esses alunos não me respeitam...

- Eles fazem isso porque você é legal demais para repreendê-los, Maria. – o professor disse, pegando em sua mão. Ela o olhou vermelhíssima, enquanto ele dava um sorriso.

Mas o que diabos estava acontecendo ali?

- Olha, que fofinho! Eles parecem um casal de namorados! – Manu disse enquanto me entregava um copo de refrigerante e sentava-se ao meu lado.

Peguei sua mão livre e disse, sorrindo:

- Como nós.

Ela deu um grande sorriso e beijou meu rosto demoradamente, me fazendo ficar arrepiada. Isso acontecia freqüentemente, já que o leve toque dela me deixava assim...

- Olha, que bonitinho! Vocês parecem um casal de pombinhos! – uma voz sarcástica ecoou atrás da gente.

Olhei rapidamente para ver quem era, e vi a Daniela nos encarando de braços cruzados. Em seu rosto se encontrava um sorriso maldoso.

- Ou seria de pombinhas? – ela continuou, sorrindo ainda mais.

- O que é que você está... – eu comecei a argumentar, com raiva, mas Manu tapou minha boca com o dedo e falou calmamente pra ela:

- E se for?

Daniela apenas ficou sorrindo e disse, finalmente indo embora:

- Se for, eu desejo sorte para vocês.

Eu tentei dizer alguma coisa, mas Manu continuava me impedindo, enquanto olhava Daniela ir embora. Quando eu finalmente consegui me livrar dela, eu disse:

- Manu! Se a Daniela saber, ela...

- Ela não vai contar nada. – Manu disse com a voz um pouco diferente. – Porque ela não me parece ser esse tipo de garota fofoqueira.

- É... – concordei, desconfiada. Desde quando a Manu a conhecia tão bem?

De repente, uma voz monótona tirou esses pensamentos ruins da minha cabeça.

“Senhores passageiros, última chamada para o vôo 174. Repetindo: última chamada...”

Ao ouvirem esse anúncio, os alunos começaram a gritar e rodar em desespero, fazendo a sala de espera virar um caos, até que alguém gritou:

- Esse não é o nosso vôo!

Um silêncio mórbido pairou sobre a sala, mas não durou muito tempo: logo os alunos começaram a fazer baderna de novo. Eu coloquei as mão sobre o meu rosto, envergonhada, e pensando como eu tinha sido parte daquilo à algum tempo atrás.

Ouvi uma risadinha ao meu lado: era Manu. Eu fingi estar brava com ela, mas depois que ela me deu outro beijo no rosto eu logo fiquei toda derretida, Então era assim que era estar apaixonada...?

De repente, ela se separou de mim e falou, sorrindo:

- Amor, eu tenho que ir ao banheiro rapidinho.

- Ok. Quer que eu vá com você? – eu disse, me levantando com um sorrisinho maldoso. Poderíamos fazer muita coisa naquele banheiro...

Mas por algum motivo, ela pareceu nervosa e me impediu de continuar.

- Nã-não precisa! Eu só vou fazer... Er... Umas coisas! E-eu volto já!

Assim que disse isso ela saiu, quase correndo. Eu fiquei bastante surpresa com aquilo, mas logo percebi que o motivo de ela ter ido talvez fosse... Aqueles dias.

Me sentei, tentando não pensar muito no assunto. Reparei que, sem a Manu, aquele lugar parecia ser um vazio total. O estranho era que eu me sentia assim naquela viagem em que eu a conheci, quando estava com saudades da...

Sacudi a cabeça, tentando não pensar mais nela. Se ela não queria mais minha amizade... Que fosse! É claro que eu me sentia triste com isso mas... O que eu poderia fazer?

“Muita coisa”, uma voz falava na minha cabeça. Era a parte que queria se reconciliar com a Bia.

Suspirei, coçando a cabeça. Eu tinha que dar um jeito nisso...

- Você continua fazendo o mesmo gesto que você faz quando está confusa, Carol.

Essa voz!

Olhei rapidamente para trás, à procura de quem estava falando isso. Logo vi Ana, que sorria para mim. Mas não era ela que tinha falado, e sim a pessoa que estava ao seu lado.

Essa pessoa, como vocês já devem saber, era a Bia.

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- Parece que as coisas estão dando certo pra você.

Daniela me olhava pelo espelho, enquanto eu retocava a maquiagem. Bem, o que ela disse estava absolutamente certo. Meu plano de ferrar a Carol estava indo muito bem... Ela estava na palma da minha mão! E ela estaria ainda mais se não fosse por aquela amiga emo dela. Mas parece que minha simples presença fez com que elas brigassem... Hahaha! Eu sei que sou demais.

Terminei o que estava fazendo e dei uma olhada demorada em Daniela. Ela não era linda de morrer como eu, mas tinha seu charme... E que charme. Era uma pena que estivesse interessada em uma garota tão sem-sal como aquela Ana. Mas se tudo desse certo, quem sabe eu não fazia com que as coisas ficassem ao meu favor...?

Me virei e a encarei, sorrindo de um jeito sexy. Ela não moveu um músculo, e eu tive vontade de rir disso. Ela certamente era teimosa, mas não iria resistir por muito tempo...

- Eu estou indo embora. – ela disse enquanto caminhava em direção à porta do banheiro. Como se eu fosse deixar.

Peguei pelo seu braço e sussurrei em seu ouvido:

- Não se esqueça do que planejamos naquele dia. Se der certo, nós duas iremos conseguir... O que tanto queremos.

Ela me olhou com raiva e foi embora, enquanto eu dava uma gargalhada alta. Ela era definitivamente meu tipo...

Voltei a me encarar no espelho. Era realmente difícil me fingir de boazinha... Mas eu tinha meus objetivos. E eles iam se concretizar custe o que - ou quem, custar.

Sorri, fazendo minha cara de anjinho. Dei um último retoque na maquiagem e voltei à sala de espera. Essa viagem iria ser muito divertida!